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Medicina Esportiva

O que é medicina esportiva?

A medicina do esporte e do exercício, muitas vezes chamada simplesmente de Medicina Esportiva, é uma especialidade médica dedicada aos cuidados com a saúde do atleta e do esportista, incluindo atletas profissionais, amadores, sênior ou atleta de base.

Além disso, ela também busca utilizar o exercício como mecanismo de promoção da saúde da população não atlética e até mesmo como meio para otimizar o tratamento das mais diferentes condições clínicas.

Neste sentido, é sabido que condições como obesidade, hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, osteoporose, dor crônica, insônia e depressão podem ser potencializados pelo sedentarismo. Todas estas condições podem ser de alguma forma melhoradas com a prática regular de atividade física.

Um exemplo disso é a Hipertensão Arterial. Diferentes estudos indicam que o exercício, de uma forma simplista, poderia ter o papel equivalente a um remédio anti-hipertensivo no tratamento da pressão alta. Uma pessoa que utiliza dois medicamentos anti-hipertensivos tende a precisar de apenas um medicamento ao se tornar mais ativa, enquanto aquelas que fazem uso de um único medicamento tende a não precisar mais de medicamento para controlar a pressão.

Qual a formação do médico do esporte?

Entender a formação do médico do esporte é fundamental quando se procura por um destes profissionais, já que as competências e atuações dentro da especialidade são muito diversas.

A residência médica em medicina esportiva existe no Brasil desde 2007. Para fazê-la, é necessário ter o diploma de médico e registro no Conselho Federal de Medicina.

Esta residência médica tem foco em uma formação mais generalista, em que o profissional possa ajudar o atleta com todas as suas necessidades do ponto de vista médico.

No entanto, existe também a opção de ganhar o título de especialista da Sociedade Brasileira da Medicina do Esporte e do Exercício por meio de uma atuação reconhecida pelo médico nos cuidados com os atletas, podendo incluir dentro disso a realização de pós-graduação lato sensu na área.

Estes profissionais muitas vezes têm uma formação inicial em especialidades como a ortopedia e traumatologia, fisiatria, nutrologia ou cardiologia, entre outras. Por mais que tenham o título de médico do esporte, sua prática clínica fica restrita em alguns casos à sua especialidade de origem.

O cardiologista do esporte, por exemplo, pode limitar sua atuação aos cuidados cardiológicos do atleta, ainda que possa ser intitulado também como médico do esporte. Por este motivo, ele pode não ser o melhor profissional para uma atleta tratar de uma fratura por estresse, por exemplo.

Áreas de atuação

A medicina Esportiva engloba diversas subespecialidades e áreas de atuação, incluindo:

Ortopedia esportiva

A Ortopedia esportiva se dedica aos cuidados musculoesqueléticos do atleta e do esportista. Ele está preparado para utilizar a atividade física como meio de recuperação para dores musculoesqueléticas, tendinites, busites e artrose, entre outros problemas.

Embora a atividade física não seja capaz de reverter uma artrose no joelho, por exemplo, ela pode oferecer uma melhora substancial da dor. Nesse sentido, é preciso considerar que algumas pessoas com artrose muito grave podem estar correndo uma maratona, enquanto outra com artrose muito mais leve pode estar sofrendo mesmo em atividades do dia a dia. O que ortopedista esportivo busca é justamente isso, orientar o uso da atividade física como parte do processo de recuperação de uma lesão.

Cardiologia Esportiva

O cardiologista do esporte tem dois focos principais de atuação:

Endocrinologia Esportiva

O endocrinologista esportivo busca tratar deficiências e distúrbios hormonais em esportistas, bem como orientar a prática esportiva por pacientes com deficiências hormonais. É sabido, por exemplo, que o exercício pode ter um papel muito importante para o paciente com diabetes ou com doenças da Tireoide, por exemplo.

Um ponto fundamental de se entender é que não é papel do endocrinologista esportivo a prescrição de hormônios anabolizantes com a finalidade de melhora do rendimento esportivo ou mesmo com finalidade estética – algo que inclusive é proibido pelo Conselho Federal de Medicina.

As indicações médicas para o uso destes hormônios são bastante restritas e não se justifica por um simples exame de sangue alterado, por exemplo.

Infelizmente, práticas médicas não reconhecidas oficialmente, como a “modulação hormonal” têm sido anunciadas de forma ostensiva e escondida por trás de uma falsa ciência, como imensuráveis consequências.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, “não existe dose segura para o uso destes Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do exercício.

Usuários de esteroides anabolizantes podem desenvolver uma dependência química difícil de ser abandonada, da mesma forma como acontece com o alcoolismo, tabagismo ou outras drogas recreativas.
A dependência por esteroides anabolizantes pode necessitar de um tratamento que envolve tanto o Endocrinologista Esportivo quanto o Médico Psiquiatra.

Ginecologia Esportiva

A ginecologia do esporte busca oferecer os cuidados ginecológicos de rotina para a mulher atleta.
Idealmente, qualquer mulher deve realizar uma consulta ginecológica com frequência no mínimo anual.
Esta avaliação pode contribuir para a saúde de diferentes maneiras, incluindo:

  • Avaliação de eventuais sintomas ginecológicos;
  • Investigação de doenças ou condições que podem se desenvolver de forma assintomática
  • Esclarecimento de dúvidas e orientações relacionadas à saúde sexual, menstrual ou saúde reprodutiva.

Entretanto, quando se trata do atleta, algumas especificidades devem ser levadas em consideração:

  • O ciclo menstrual pode interferir na capacidade de treinamento e na performance esportiva. Por outro lado, a escolha do método anticoncepcional pode minimizar eventuais efeitos negativos;
  • A incontinência urinária, e em especial a Incontinência Urinária de esforço, é mais comum na atleta e pode ser impactada pela atividade física;
  • Problemas menstruais são mais comuns nas atletas do que em não atletas. A amenorreia na atleta (falta de menstruação) é inclusive um dos componentes da Tríade da Mulher Atleta. Os outros componentes são a
  • deficiência energética no esporte e a osteoporose;
  • Outras condições, como a Síndrome do Ovário Policístico, também são mais comuns em atletas;
  • Questões específicas relacionadas à prática de atividades físicas durante a gestação devem ser abordadas, quando necessário.

Nutrologia Esportiva

A Nutrologia Esportiva é uma subespecialidade médica dedicada a estudar, analisar e compreender o impacto dos nutrientes ingeridos no organismo do atleta.

Ele pode ajudar o atleta a usar de sua alimentação ou de recursos ergogênicos (incluindo o uso de suplementos alimentares) para atingir seus objetivos.

Para isso, ele habitualmente trabalha muito próximo do nutricionista esportivo. Como regra geral, o nutrólogo esportivo é o melhor profissional para identificar as necessidades individuais de cada atleta do ponto de vista nutricional, enquanto o nutricionista busca meios de se atingir estes objetivos por meio de ajustes na dieta.

Vale considerar, no entanto, que não é papel do nutrologo esportivo a prescrição de hormônios anabolizantes com a finalidade de melhora do rendimento esportivo ou mesmo com finalidade estética – algo que inclusive é proibido pelo Conselho Federal de Medicina.

As indicações médicas para o uso destes hormônios são bastante restritas e não se justifica por um simples exame de sangue alterado, por exemplo.

Infelizmente, práticas médicas não reconhecidas oficialmente, como a “modulação hormonal” têm sido anunciadas de forma ostensiva e escondida por trás de uma falsa ciência, como imensuráveis consequências.

Concussão cerebral

Neurologistas e médicos do esporte pode se especializar no tratamento da concussão cerebral, um problema comum a muitos esportes.
Concussão Cerebral é uma perturbação temporária no funcionamento do cérebro, como resultado de um movimento repentino e anormal do mesmo.
Para caracterizar a concussão, não deve haver nenhuma lesão estrutural do sistema nervoso central.
Aproximadamente 90% dos casos de Traumatismo Crânio Encefálico são classificados como concussões (1).
Estudos relacionados à concussão no esporte mostram que:

  • A concussão representa 22% de todas as lesões no futebol (2);
  • 1 episódio concussivo ocorre a cada 12 rounds no boxe (3);
  • Ocorrem 7,9 a 21,5 episódios de concussão a cada 1.000 horas de jogo por jogador no rugby (4).

Entretanto, estima-se que 90% das concussões relacionadas ao esporte podem não ser identificadas.

Medicina Esportiva Infantojuvenil

A medicina do Esporte Infanto-juvenil é um ramo da pediatria e da medicina esportiva dedicada aos cuidados e orientações médicas direcionadas ao jovem talento esportivo e também a crianças não atletas que podem utilizar-se da prática de exercícios para melhorar suas condições de saúde.
O pediatra especialista em medicina do esporte pode ajudar estes jovens atletas em diversos aspectos, incluindo:

Saúde mental do atleta

Diversos estudos mostram que a atividade física é um aliado importante para a melhora do humor e da saúde mental destas pessoas.

O esporte competitivo e de alto rendimento, por outro lado, pode funcionar como um gatilho para diversos problemas de saúde mental.

Estima-se que até 35% dos atletas de elite sofrem de uma crise de saúde mental que pode se manifestar como estresse, distúrbios alimentares, esgotamento, depressão ou ansiedade (1).

Tanto médicos psiquátras como psicólogos podem se especializar no atendimento de questões relacionadas à Saúde mental do atleta.

Equipe multidisciplinar (profissionais não médicos)

Além de contar com os diversos especialistas médicos dentro da medicina esportiva, o médico do esporte também trabalha em conjunto com outros profissionais não médicos, incluindo:

Avaliação pré-participação

A avaliação pré-participação é uma das partes mais importantes da atuação do médico do esporte.
Ela deve ser feita de forma individualizada a depender dos objetivos do paciente, da modalidade esportiva, dos objetivos competitivos, do gênero do atleta, da idade e do histórico pessoal e familiar de doenças.
O objetivo principal da avaliação envolve a identificação de condições que coloquem a saúde em risco, incluindo problemas relacionados à prática esportiva e outros sem relação com o exercício – os quais poderiam ser observadas em esportistas e não esportistas.
Como regra geral, ela envolve ao menos a Avaliação ortpoédica pré-participação esportiva e a Avaliação cardiológica-pré participação esportiva.
Na mulher, a avaliação ginecológica de rotina também é recomendada. Outras avaliações devem ser consideradas de forma individualizada.

Prescrição de exercício

O médico do esporte também tem a atribuição da prescrição de exercícios.
Quando uma pessoa vai a um médico cardiologista, ortopedista ou em diversos outros especialistas, geralmente ele recebe a prescrição de medicamentos.
Para cada medicamento, é informado o tipo de droga, a dose, quantas vezes ele deve ser tomado por dia e quantos dias ele deve ser usado. O paciente também deve ser informado quanto aos eventuais efeitos adversos dos medicamentos.
Ao final da consulta, muitos pacientes são também orientados de que precisam se exercitar para melhorar sua condição de saúde. Mas, infelizmente, orientações mais específicas são incomuns.
Idealmente, o exercício deveria ser prescrito da mesma forma do que os medicamentos, incluindo o tipo de exercício, intensidade, frequência, benefícios esperados e eventuais riscos. Este tipo de orientação é uma parte do dia a dia do médico do esporte.
Alguns espectos que podem ser abordados no momento da prescrição de exercícios incluem:

Doping

Atletas profissionais e outros que participam de competições esportivas oficiais serão eventualmente submetidos a testes antidoping, para a detecção de substância proibidas no esporte.
Muitos associam o doping ao uso de anabolizantes e outras substâncias com o objetivo claro de ganho de desempenho esportivo. Como a maioria dos esportistas não têm de fato o objetivo de “jogar sujo”, este pode parecer um assunto de menor relevância para alguns, o que não é verdade.
Frequentemente, vemos no noticiário atletas atônitos frente a um teste antidoping positivo. Alguns alegam que não sabem como a substância proibida foi parar no seu corpo, outros culpam a equipe médica, outros culpam a contaminação por suplementos alimentares, outros referem ter feito uso de medicamentos para tratar problemas de saúde sem saber que a medicação era proibida.
Na maior parte das vezes, isso não é uma mera desculpa. A lista de substâncias proibidas vai muito além dos esteroides anabolizantes e estima-se que cerca de 75% dos casos de doping não estejam de fato associados ao uso intencional com o objetivo de ganho de desempenho esportivo, mas sim a um dos motivos elencados acima.
Infelizmente, quando isso acontece, já é tarde demais. A Agência Mundial Antidopagem (WADA – World Anti-Doping Agency) considera que o atleta é o responsável final por tudo aquilo que for encontrado no seu corpo. Isso significa que não adianta culpar treinador, médico ou quem quer que seja: eles podem até ser punidos, mas isso não livrará o atleta da culpa e da punição.
Para evitar isso, uma das atribuições do médico do esporte é justamente verificar que o atleta tenha conhecimento das leis antidoping e se colocar a disposição para eventuais consultas sempre que necessário.