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Esporte Competitivo na Terceira Idade

Quais as diferenças do esporte competitivo na terceira idade?

Muitos idosos são capazes de desafiarem a idade e manterem uma prática intensa de atividade esportivas. Em alguns casos, isso é feito inclusive em nível competitivo e em esportes de alto impacto, como o futebol ou a corrida.

Entretanto, o atleta sênior deve ter ciência de que, mesmo que se sinta saudável, o corpo não é o mesmo de tempos passados.

A reserva funcional é mais limitada, o que significa que o idoso fica mais sensível a uma situação de estresse, como uma infecção respiratória, uma viagem, uma noite mal dormida ou condições climáticas extremas.

Além disso, outras condições clínicas tipicamente observadas nos idosos, incluindo hipertensão arterial e artrose, entre outras também devem ser consideradas e podem exigir adaptações na prescrição de exercícios.

Por fim, deve-se considerar que o idoso é também menos tolerante a erros de treinamento. Mudanças súbitas na rotina de exercícios tende a levar a desconfortos no atleta jovem, mas podem causar sérias lesões no atleta sênior.

Avaliação pré-participação

Por mais que um idoso atleta de 70 anos possa “parecer uma pessoa de 50”, o seu corpo não deixa de sofrer os efeitos do envelhecimento. 

Somando-se o envelhecimento à grande exigência física, o risco para eventos cardíacos agudos ou para dores e lesões musculoesqueléticas aumentam. 

Para evitar isso, o atleta sênior deve ter uma atenção especial com a avaliação pré-participação. Isso é válido mesmo que se sinta muito bem de saúde.

Avaliação cardiológica

A avaliação cardiológica pré-participação de exercícios tem como principal objetivo a prevenção de morte súbita relacionada à atividade física. 

No caso do idoso, a principal causa para isso é a Doença Arterial Coronariana, uma doença silenciosa e que pode se desenvolver sem qualquer sinal clínico. 

A presença de queixas como Angina pode ser um sinal da Doença Arterial Coronariana. A morte súbita pode ser o primeiro sinal clínico da doença. 

A avaliação cardiológica incluindo o teste de esforço cardíaco, também chamado de Teste Ergométrico, permite a identificação e o tratamento precoce da doença coronária coronariana, reduzindo-se assim o risco de morte súbita relacionada ao exercício. 

O teste ergométrico consiste em um teste de esforço progressivo, geralmente feito em esteira.

O paciente é continuamente monitorado do ponto de vista cardiológico durante o teste, para ver como o corpo reage ao exercício. 

O teste ergométrico pode detectar comportamentos anormais da Pressão Arterial e da Frequência cardíaca, bem como sinais de isquemia cardíaca que não foram detectadas nos exames feitos em repouso, um sinal indicativo da Doença Arterial Coronariana.

Avaliação ortopédica

Mesmo em um idoso fisicamente ativo, a presença de limitações de mobilidade e a presença de tendinites ou artrose é comum. 

Alguns ajustes no treino podem ser feitos para minimizar o risco de estes problemas se tornarem sintomáticos. Entretanto, os atletas não devem ser desencorajados a seguirem com o seu esporte uma vez que a dor esteja bem controlada. 

Os padrões da avaliação musculoesquética dependem das condições gerais de saúde, do esporte praticado e do nível competitivo.

Uma avaliação funcional global costuma ser um bom ponto de partida. O Funtional Movement Screen (FMS) é um método de avaliação já bem estabelecido para isso, embora programas equivalentes podem ser usados da mesma forma (1).

A avaliação da força, por meio da dinamometria, também deve ser considerada em alguns casos.

Outras avaliações

O médico do esporte deve atuar como um médico generalista e estar preparado para fazer uma triagem completa da saúde do atleta sênior, seja por problemas relacionados à prática do exercício ou não.

Devem ser consideradas as questões nutricionais, desequilíbrios hormonais, avaliação neurológica, laboratorial e outras.

Prescrição de treino para o atleta sênior

O atleta sênior, na maior parte das vezes, deve ser estimulado a se manter tão fisicamente ativo quanto suas condições clínicas permitirem.

Infelizmente, é comum recebermos no consultório pacientes desolados após passarem em uma consulta médica atletas desolados após passarem em consulta e serem orientados de que não mais deveriam correr ou jogar futebol por causa da artrose no joelho ou artrose no quadril.

Estudos mostram que a prática de atividades de impacto pelo paciente com artrose, uma vez que não piore a dor, não apenas deve ser permitido como protege o paciente contra a evolução da doença.

O mesmo é válido para aqueles com doenças cardiológicas. Ainda que a preocupação com um evento cardíaco agudo, como um infarto do miocárdio, seja mais do que justificado, existem claras evidencias de que, na maior parte dos pacientes, os potenciais benefícios do exercício superam bastante os eventuais riscos.

Treinar sempre no limite da sua capacidade física, porém, fará com que o idoso seja forçado a interromper os exercícios com frequência em decorrência de dores e lesões e outros problemas de saúde.

Como regra geral, uma prescrição de exercício mais conservadora para o idoso permite que ele tenha um treino mais regular, sem muitas interrupções por dores ou lesões. No médio prazo, isso é benéfico não apenas para a saúde mas, também, para o desempenho esportivo.

Outro aspecto que deve ser considerado pelo atleta sênior é a alternância na rotina de treinos. Sempre que possível, o idoso deve buscar intercalar exercícios com demandas diferentes, de forma a evitar o mesmo tipo de sobrecarga em dias consecutivos.

Lesões no atleta Sênior

O atleta sênior está mais vulnerável tanto para lesões traumáticas agudas como para lesões por esforços repetitivos.

O osso do idoso tende a ser mais fracos, principalmente na presença de osteopenia ou osteoporose. Estas são doenças bastante prevalentes entre os idosos, especialmente em mulheres na menopausa

Além disso, o controle neuromuscular e o equilíbrio tendem a ficar prejudicados. Assim, o osso fica mais susceptível tanto para fraturas traumáticas como para fraturas por estresse.

As lesões nos tendões, principalmente no tendão patelar, tendão quadríceps, tendão de Aquiles e outros tendões ao redor do pé e tornozelo, são mais frequentes entre idosos.

Isso porque o tendão é o ponto mais frágil do conjunto músculo – tendão – osso. Frente a uma contração muscular intensa, a criança tende a quebrar o osso; o adulto jovem evolui com lesão muscular; e o idoso tende a romper o tendão.