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Autoestima na maternidade

Autoestima na maternidade

A autoestima na maternidade é um assunto que merece atenção. Isso porque o papel de mãe pode provocar impactos expressivos na autoimagem e no autoconceito da mulher, o que exige um olhar atento por parte dela e dos profissionais da saúde.
Pensando nisso, trouxemos recomendações, informações e orientações que podem ser úteis neste momento. Confira lendo este texto até o fim.

Aspectos envolvidos com a autoestima na maternidade

São diversos os pontos que impactam na autoestima na maternidade. A relação com o(a) parceiro(a); o vínculo criado com o bebê; a agenda da mulher que cuida da família e trabalha fora; dentre outros pontos, podem resultar em problemas ou em fortalecimento da autoestima.
Entenda um pouco mais sobre os aspectos envolvidos com esse afeto que a mulher pode desenvolver por si mesma:

1. Nova identidade
Acima de tudo, a autoestima na maternidade está associada à nova identidade que a mulher adquire. Ela passa a assumir um novo e significativo papel em sua vida: ser mãe.
Antes, ela poderia ser caracterizada como filha, irmã, tia, empreendedora, dona de casa, esposa etc., agora, além disso tudo, ela também assume uma nova identidade e papel social: o de ser mãe.
Muitas vezes, esse papel costuma “apagar” os demais que existem. Não porque eles deixam de existir, mas sim porque a sociedade enxerga o papel de mãe como o mais importante na vida de uma mulher.
Porém, essa importância ao papel de mãe, ao mesmo tempo em que se negligencia o papel de trabalhadora, por exemplo, pode gerar angústias na mulher, que tende a buscar objetivos relacionados à maternidade que estão mais associados com a romantização desse papel, do que com a realidade.
Portanto, quando pensamos em autoestima na maternidade, não podemos deixar de considerar as dificuldades de se assumir um novo papel.

2. Medo de não cumprir com todas as atividades
Quando um filho nasce, nasce também uma mãe. Uma mãe cheia de atividades e responsabilidades. Uma mãe com mil e uma atividades acrescidas em sua agenda. Isso tende a gerar angústias e dúvidas, bem como o medo de não conseguir cumprir tudo o que deve ser feito.
Esse medo pode aparecer no trabalho, nos cuidados com a casa, no relacionamento com o(a) parceiro(a) etc. A mulher, quando não consegue cumprir tudo o que “precisa” ser feito, isto é, tudo o que ela se cobra e acha que precisa ser feito de uma vez só. E, por isso, pode passar a se sentir incapaz ou insuficiente, o que afeta a autoestima na maternidade.

3. O corpo mudou
Sem dúvidas, as mudanças no corpo também costumam mexer com a autoestima na maternidade. A mulher deixa de ser aquela que foi antes da gestação. Algumas mudanças, por mais sutis que possam ser, aparecem depois de uma gravidez.
E mesmo que sejam sutis, a mulher as percebe, as vê e as sente, todos os dias durante o banho, ou na hora de se trocar. Isso pode mexer com a autoimagem e a autoestima dessa mãe que, por N motivos, pode temer não estar mais tão atraente quanto antes.
Ela precisa se reconhecer, encontrar seus atributos e compreender que não são as pequenas mudanças que a deixarão menos ou mais bonita. Existem muitos pontos fortes que podem ser explorados.

4. Dificuldades para manter o autocuidado
Devido à agenda sobrecarregada, a mulher pode começar a ter dificuldades para manter o seu próprio autocuidado. Isto é, antes da gestação a mulher pode ter tido uma rotina de cuidados com a pele, cabelos, unhas, roupas, etc.
Porém, com a rotina tão cheia de atividades focadas no bebê, no trabalho, nos estudos e na família, a nova mãe pode se sentir sem tempo para cuidar de si.
Essa falta de autocuidado pode resultar em sensações de estar sendo desleixada, bem como pode impactar na maneira como a mulher se enxerga diante do espelho.
Consequentemente, é mais um aspecto relevante quando pensamos na autoestima na maternidade.

5. Sobrecarga que pode levar ao burnout materno
O burnout materno também pode promover impactos expressivos na autoestima na maternidade.
A mulher, diante de uma rotina absurdamente cheia, pode se sentir cada vez mais cansada, desmotivada e, até mesmo, estressada e irritada. Isso pode fazer com que ela comece a se enxergar como alguém que “não dá conta”, que é “incapaz”, “uma esposa e/ou mãe ruim”, entre outras visões negativas.

6. Medo dos julgamentos alheios
Sem dúvidas, a sociedade “pinta” um perfil de mãe/mulher perfeita: sempre bem arrumada, com a casa impecável, filhos doces e educados, trabalho em dia, boa esposa etc.
Porém, manter essa perfeição toda é impossível, tendo em vista que não existe perfeição em nenhuma esfera de nossas vidas.
Sendo assim, essa visão romantizada da mulher mãe pode acarretar em uma série de julgamentos quando a mulher não segue essa “linha” enraizada na sociedade.
Até aí, “tudo bem”. O problema surge quando essa mulher começa a temer e sentir esses julgamentos, diminuindo a sua autoestima e acreditando ser uma pessoa incompleta e ruim.
Neste caso, é imprescindível quebrar essa ideia de maternidade perfeita, pois isso não existe na vida real.

7. Medo de não se vincular ao filho e não ser uma boa mãe
A autoestima na maternidade também está associada com a visão que a mãe tem sobre o seu vínculo com o bebê.
Se ela sente que está distante do seu filho, ou que ele não a ama tanto quanto ela gostaria, pode se sentir triste, desanimada, incapaz, como se fosse uma “mãe ruim”.
A vinculação pode ser mais difícil à medida que a mulher se diminui e se vê indigna do amor do filho. Esse ciclo pode ser quebrado com o auxílio da psicoterapia, para que a mãe entenda os seus limites, reconheça os seus defeitos e perceba que isso não é impeditivo para ser uma mãe possivelmente boa para o seu filho.
Além disso, novamente, a quebra da romantização da maternidade também precisa acontecer. Afinal, não existe mãe perfeita como as pessoas acreditam. O que existem são mães possíveis, dentro dos próprios limites de cada uma.

8. Criação de expectativas acima da média – idealização
As expectativas que a própria mulher cria, com relação à maternidade, ao filho e à nova vida, também podem impactar na autoestima na maternidade.
Afinal, durante a gestação a mulher pode idealizar um filho perfeito, uma rotina regrada e funcional, um dia a dia tranquilo etc.
Porém, quando o bebê nasce é chegada a hora de viver o real. E o real, na maior parte das vezes, sequer se assemelha com a idealização feita na gestação.
Isso pode gerar frustração e diminuir a autoestima, uma vez que a mulher pensa que o fato de o bebê ser difícil, por exemplo, é totalmente sua culpa. Bem como ela pode se sentir uma mãe incompleta ao não dar conta de todas as atividades que ela idealizou que daria.
Aqui, aprender a diferenciar o real da idealização é um passo importante, a fim de compreender que, sim, o real é mais difícil, mas ele é infinitamente mais gratificante de se viver, dentro dos nossos limites, promovendo aprendizagens e vinculando a mãe com um bebê que realmente existe, pensa, sente etc.

9. Mudanças hormonais significativas
Por fim, não podemos deixar de citar as mudanças hormonais que acontecem durante e depois de uma gestação recente. Afinal, essas mudanças podem deixar a mulher mais sensível e mais irritável, por exemplo.
Consequentemente, podem ocorrer alguns impactos na autoestima dessa nova mãe, o que é natural e esperado para o período do puerpério, por exemplo.
Porém, quando a baixa autoestima se torna persistente e profunda, o ideal é procurar auxílio profissional.

Ações que auxiliam na boa manutenção da autoestima na maternidade

Agora que já pudemos ter uma visão geral sobre a autoestima na maternidade e aspectos que podem impactar esse apreço que a mulher mãe tem por si mesma, vamos pensar nas ações que podem contribuir para o mantimento da autoestima adequada. Confira:

1. Nunca se comparar com outras mulheres
Sem dúvidas, um grande equívoco que pode minar a autoestima de uma mulher mãe é o de se comparar com outras mães e mulheres. Afinal, é totalmente injusto criar essa comparação, tendo em vista que ninguém vive a mesma vida, tem os mesmos medos, forças e fraquezas.
Além do mais, em muitos casos as pessoas podem ter privilégios que nem conhecemos. E ter isso em mente ajuda na hora de impedir que nossos próprios pensamentos fiquem nos comparando com outros indivíduos.
Ninguém é igual. Ninguém tem a mesma trajetória. Então por que se comparar se, na realidade, é impossível ter seguido o mesmo caminho que a outra pessoa?

2. Desenvolver uma rede de apoio sólida
A rede de apoio também tem um papel importantíssimo nos cuidados com a autoestima na maternidade.
Para isso, analise quem pode fazer parte dessa sua rede. Podem ser irmãos, tios, primos, amigos, etc.
Vale ressaltar que o parceiro não é rede de apoio, ok? Ele tem as mesmas obrigações que a mãe. Isto é, ele deve dividir as tarefas com a mãe, e não apenas “ajudar de vez em quando”.
Portanto, quando pensamos em rede de apoio, estamos pensando em pessoas fora do círculo familiar direto.
Converse com as pessoas que você confia e considere esclarecer com ela a possibilidade de contar com alguma ajuda de vez em quando.
Essa rede auxilia na hora de se sentir acolhida, amparada etc. Além disso, permite que a mulher viva momentos de autocuidado, ao contar com a ajuda de alguém para cuidar do bebê.

3. Conhecer os próprios limites sem se auto julgar
Entender que todo ser humano tem limites também é fundamental. É impossível arcar com todas as coisas, o tempo todo, de uma forma impecável.
Em um dia você conseguirá focar mais no trabalho, em outro mais na casa, e assim por diante.
Sendo assim, procure reconhecer o que é possível dentro da sua rotina, e faça aquilo que está ao seu alcance, sem se sobrecarregar e sem ser tão dura nas críticas feitas sobre si mesma.

4. Praticar o autocuidado e não deixar de se priorizar
Não deixe de se priorizar. Conte com a ajuda de quem está ao seu lado para manter a rotina de autocuidado. Peça a colaboração da sua rede de apoio para que você possa cuidar de si mesma, praticar exercícios, ir ao médico, descansar, cuidar da pele etc.
É muito importante aprender a se priorizar e aprender a solicitar apoio para isso. Afinal, o autocuidado aumenta a autoestima na maternidade, traz sensações de prazer e bem-estar e, no caso do autocuidado com a saúde, como as idas ao médico e os exames de rotina, podem resultar em mais saúde, vitalidade e energia para a mulher.

5. Investir na psicoterapia
A psicoterapia também pode contribuir – e muito – para o mantimento da autoestima na maternidade. Afinal, a mulher poderá falar das suas dores, medos, limites, angústias etc.
Ao mesmo tempo, torna-se viável praticar o autoconhecimento e entender os pontos fortes que possui.
Além disso, é possível encontrar mecanismos para lidar com as adversidades sem se sobrecarregar ou se anular.
Sendo assim, a psicoterapia trata-se de um processo que visa a saúde mental e emocional da mulher, auxiliando na manutenção da autoestima.

6. Alinhar as próprias expectativas
Para finalizar, não se esqueça de alinhar as suas próprias expectativas. Isto é, cuidado com aquelas idealizações de perfeição: elas existem só na nossa mente.
Quando entendemos isso e percebemos que algumas expectativas ficam acima da média, podemos remanejar essas expectativas e diminuir os índices de frustração que impactam na autoestima.
Sendo assim, ao invés de imaginar que o bebê dormirá a noite toda se você fizer x ou y, que tal considerar a realidade de que, às vezes, ele ainda assim acordará você no meio da madrugada, e tudo bem?
Ter essa visão mais “normal” da situação é saudável e pode contribuir para a construção de uma autoestima sadia. Pense nisso.

Referências
FIGUEIREDO, D. S. S.; SCHEMUDA, F. C. D. G.; TELASKA, T. S.; SANTOS, A. B. Fortalecimento do vínculo materno e autoestima: Relato de experiência.