medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Saúde Mental do Atleta

Quem cuida da saúde mental do atleta?

Existem tanto médicos psiquiatras como psicólogos especializados na saúde mental do atleta, cada um atuando dentro de sua competência.

Ambos são treinados para ajudar um indivíduo que apresenta problemas de saúde mental e psicológica, providenciando meios para contornar a situação.

Além disso, ambos são aptos a conversar com seus pacientes a respeito de seus problemas. No entanto, a abordagem terapêutica é diferente.

O psicólogo se concentra em discutir com o paciente o comportamento dele durante o dia a dia e tentar identificar os gatilhos que estão causando o problema, por meio de abordagens terapêuticas e a análise da psique. No entanto, ele não solicita exames, não faz diagnósticos e não está habilitado para prescrever medicamentos.

O psiquiatra tem a capacidade de identificar, diagnosticar e indicar tratamentos, inclusive com o uso de medicamentos para transtornos mentais.

Em muitos casos, os trabalhos de ambos os profissionais se complementam.

Qual a importância de estudar a saúde mental do atleta?

Diversos estudos mostram que a atividade física é um aliado importante para a melhora do humor e da saúde mental destas pessoas.

O esporte competitivo e de alto rendimento, por outro lado, pode funcionar como um gatilho para diversos problemas de saúde mental.

Aproximadamente 20% da população convive com algum problema de saúde mental a cada ano e 50% ao longo de suas vidas (1).

Entre os atletas profissionais, os dados mostram que até 35% dos atletas de elite sofrem de uma crise de saúde mental que pode se manifestar como estresse, distúrbios alimentares, esgotamento, depressão ou ansiedade (1).

Por muito tempo, a saúde mental foi um grande tabu no meio esportivo. Visto como um sinal de fraqueza, a maior parte deles sofre em silêncio. A atenção dada por clubes e federações historicamente também foi muito limitada.

Felizmente, isso tem mudado gradualmente à medida em que diversos atletas de ponta vêm a público falar sobre seus problemas.

Síndrome de burnout

Síndrome de burnout é o termo usado para descrever o estado de exaustão extrema relacionado ao trabalho, que afeta a saúde física e emocional da pessoa.

Ela o que o próprio termo em inglês indica: “burn out” é a chama que vai se apagando até que a energia desapareça por completo.

Embora possa acometer profissionais de diversas áreas, o problema é especialmente comum no esporte. Isso porque poucos são os profissionais que vivem sua profissão de uma forma tão intensa quanto os atletas, que além do mais são submetidos a uma sobrecarga física e mental bastante intensa.

Os principais sintomas do burnout no atleta são:

  • Sensação de fadiga, sobrecarga, falta de energia, dores musculares e articulares;
  • Falta de atenção e concentração, mudanças bruscas de humor e desânimo;
  • Distúrbios do sono, cefaleia e enxaqueca;
  • Sentimento de incompetência;
  • Falta de produtividade, irritabilidade, agressividade e dificuldade de relaxar;
  • Sensação ou vontade de distanciamento de tudo o que diz respeito ao esporte;
  • Incapacidade de se recuperar fisicamente mesmo após uma folga;
  • Piora súbita dos resultados sem uma explicação lógica ou uma lesão que justifique esta piora.

Depressão no esporte

Diversos estudos mostram incidência relativamente semelhante de depressão em atletas ou não atletas, de aproximadamente 10% ao longo de um ano (1).

Isso não significa que o esporte não tenha interferência na depressão, mas sim que existe um equilíbrio entre os fatores protetivos e os fatores desencadeantes da depressão relacionada ao esporte.
Diversas especificidades do meio esportivo podem deixar o atleta mais vulnerável para a depressão, incluindo:

  • Pressão sofrida por resultados esportivos ruins;
  • Retorno financeiro dependente do resultado;
  • Convívio com a equipe até maior do que o convívio familiar;
  • Ausência da família;
  • Falta de privacidade;
  • Dificuldade de separar a imagem da pessoa da imagem do atleta;
  • Estresse físico elevado.

Por mais que a depressão possa impactar no rendimento esportivo, inúmeros atletas já revelaram estar ou ter estado com depressão ainda enquanto competiam no mais alto rendimento.

Isso mostra que o impacto no rendimento esportivo pode ser um sinal tardio do comprometimento da saúde mental.

Muitos outros atletas certamente estão competindo sem ter a consciência de que sofrem com a depressão ou ao menos sem expor isso, tanto publicamente como reservadamente para sua comissão técnica.

Anorexia

A Anorexia, também chamada de anorexia nervosa, é um distúrbio alimentar no qual uma pessoa tem um desejo excessivo, ilimitado e sem controle de emagrecer mesmo já estando abaixo do peso esperado de acordo com sua altura.

Mesmo com uma aparência clara de magreza excessiva, o paciente com anorexia não consegue ver que seu corpo está definhando e continua a se ver com sobrepeso.

Este é um problema especialmente relacionado a modalidades esportivas que prezam por um corpo muito magro, incluindo bailarinas e ginastas.

Transtorno de ansiedade

O Transtorno de ansiedade é uma condição de saúde mental no qual uma pessoa desenvolve ansiedade excessiva frente ao que seria esperado em determinadas situações.

Isso não significa que a ansiedade seja sempre um problema, muito pelo contrário. A ansiedade nos ajuda a perceber situações perigosas e nos deixa mais preparados para reagir a situações perigosas ou desafiadoras.

É normal e esperado que se fique ansioso ou nervoso se tiver que resolver um problema no trabalho, ir a uma entrevista, fazer um teste ou tomar uma decisão importante.
O transtorno de ansiedade, por outro lado, acontece quando:

  • A ansiedade interfere negativamente na sua rotina;
  • Você reage de forma exagerada quando algo desencadeia suas emoções.
  • Você não pode controlar suas respostas a situações adversas.

A incidência de transtorno de ansiedade em atletas jovens e atletas de elite é aproximadamente a mesma do que na população em geral.

Fatores específicos do esporte podem desencadear o transtorno de ansiedade em pessoas predispostas, embora não costumem ser a causa original do problema. Entre eles, incluem-se:

  • Pressão por resultado;
  • Escrutínio público e da imprensa;
  • Incertezas e instabilidade da carreira;
  • Insatisfação com a profissão;
  • Afastamento por lesões.

Mulheres, atletas mais jovens e aqueles com menor experiência atlética têm maior risco de desenvolver o Transtorno de Ansiedade.

Além de comprometer a qualidade de vida, a ansiedade pode também afetar de forma significativa o desempenho esportivo.

Dependência aos Esteroides Anabolizantes

A dependência aos esteroides anabolizantes está quase sempre relacionada a aspectos estéticos. O uso se inicia devido a uma insatisfação com o próprio corpo. A pessoa que se sente fraca e vê nos anabolizantes uma forma de melhorar a aparência.

Entretanto, mesmo depois que atinge uma massa magra acima da média, ela continua vendo espaço para mais e mais musculatura.

O abuso dos anabolizantes é cada vez mais vista como uma doença de origem psiquiátrica. Ele funciona como uma estratégia de enfrentamento durante momentos de dificuldade emocional, incluindo estresse, ansiedade, depressão, raiva e solidão.

Pessoas dependentes de esteroides anabolizantes obtêm uma sensação de controle sobre suas vidas, usando a imagem corporal como uma forma de lidar com essas emoções difíceis.

Da mesma forma que com outras drogas, o paciente viciado em anabolizantes pode apresentar sintomas de abstinência quando tentam parar de usar a substância.

Ele sente que precisa continuar usando a substância para funcionar normalmente, mesmo percebendo que aquilo está fazendo mal para ela e que precisa parar.

O abuso e o vício em esteroides anabolizantes devem ser tratados como qualquer outro problema relacionado a dependência de drogas, o que pode envolver desintoxicação supervisionada, medicação de conforto e terapia comportamental.

O paciente deve se sentir acolhido, e não simplesmente ser responsabilizado por algo ao qual ele não tem mais controle. Este tratamento deve envolver uma equipe multidisciplinar, incluindo o médico psiquiatra, médico endocrinologista e psicólogo, entre outros profissionais.