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Infecção por HIV / AIDS

O que é a AIDS?

A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é uma condição crônica, potencialmente fatal, causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).
O vírus atua danificando o sistema imunológico, impactando com isso a capacidade do corpo de combater infecções e doenças.

Qual a diferença entre HIV e AIDS?

É muito comum a confusão entre os termos HIV e AIDS. Estes termos são muitas vezes usados como sinônimos, o que não é verdade.

HIV se refere ao Vírus da Imunodeficiência Humana. Ele é um agente causador da doença, não é uma doença em sí.

Já a AIDS se refere a uma doença que afeta o sistema imunológico e que tem como causa a infecção pelo HIV.

Sem tratamento, o HIV se transforma em AIDS geralmente dentro de um prazo de 8 a 10 anos.

Com o tratamento, a maioria das pessoas não desenvolve AIDS.

Como o HIV é transmitido?

O HIV é uma infecção sexualmente transmissível.

Ele também pode ser transmitido através do contato com sangue infectado, pelo uso de drogas injetáveis ou pelo compartilhamento de agulhas contaminadas.

Também pode ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação.

Quais os sintomas da AIDS?

A infeção pelo HIV pode ser dividida em três fases:

  • Fase primária (infecção aguda)
  • Fase Latente
  • Infecção sintomática pelo HIV

Infecção primária (infecção aguda)

Algumas pessoas infectadas pelo HIV desenvolvem uma doença semelhante à gripe dentro de 2 a 4 semanas após o vírus entrar no corpo.

Esta doença, conhecida como infecção primária (aguda) pelo HIV, pode durar algumas semanas.

Os sintomas da infecção aguda podem ser leves e são facilmente confundidas com outras condições.

Os sintomas que podem estar presentes nesta fase incluem:

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Dor musculares e nas articulações;
  • Irritação de pele;
  • Dor de garganta;
  • Feridas dolorosas na boca.
  • Gânglios linfáticos inchados, principalmente no pescoço
  • Diarréia
  • Perda de peso
  • Tosse
  • Suor noturnoA quantidade de vírus na corrente sanguínea (carga viral) é bastante alta neste momento.
    Como resultado, a infecção se espalha mais facilmente durante este estágio.

Infecção clínica latente (HIV crônico)

Nesta fase da infecção, o HIV ainda está presente no corpo e nos glóbulos brancos. No entanto, muitas pessoas podem não apresentar nenhum sintoma.
No caso de pacientes em uso de terapia antirretroviral, esta fase pode em alguns casos durar a vida toda.

Infecção sintomática pelo HIV

À medida que o vírus continua a se multiplicar e destruir suas células imunológicas, os seguintes sinais e sintomas podem se fazer presentes:

  • Infecções de repetição;
  • Aumento dos linfonodos;
  • Infecção fúngica oral;
  • Herpes zoster;
  • Pneumonia;
  • Diarreia de petetição;
  • Fraqueza;
  • Perda de peso inexplicável.

Infecção por HIV em bebês e crianças

Quando uma mãe é portadora do vírus HIV, a infecção dos bebês geralmente acontece durante o parto ou após o nascimento, por meio da amamentação. A transmissão transplacentária, durante a gestação, é incomum.

Esta contaminação pode ser evitada por meio da identificação precoce da mãe infectada durante o acompanhamento pré-natal (a mãe pode desconhecer ser portadora do HIV até então), tratamento da mãe com medicamentos antirretrovirais (buscando-se minimizar sua carga viral) e pela alimentação do bebê com as fórmulas infantis (sem o leite materno).

O parto cesária também pode ser considerado, embora gestantes com carga viral não detectada tenham segurança para a realização do parto vaginal (1).
Com estes cuidados, o risco de contaminação do bebê fica muito baixo, de forma que a transmissão vertical do HIV (da mãe para o filho) se tornou bastante incomum no mundo desenvolvido.

Ainda assim, o acompanhamento do bebê pelo infectologista pediátrico deve ser recomendado, no caso de uma mãe portadora do HIV.

A infecção entre os adolescentes, no entanto, tem aumentado progressivamente. Isso se justifica principalmente por uma falsa percepção de que o HIV é um problema “já resolvido” e menor aderência às medidas preventivas.

Fatores de risco

Pessoas de qualquer idade, raça, sexo ou orientação sexual pode ser infectada pelo HIV/AIDS e tem potencial para transmitir o vírus.
Mesmo pessoas em relacionamentos monogâmicos correm o risco, já que uma infecção passada pode passar bastante tempo assintomática e despercebida.
No entanto, o risco é maior risco nas seguintes situações:

  • Sexo sem proteção em um relacionamento que não seja mutuamente monogâmica.
  • O sexo anal é mais arriscado do que o sexo vaginal.
  • Pessoas com outras formas de Doença Sexualmente Transmissível.
  • Pessoas com ferimentos genitais.
  • Usuários de drogas injetáveis.

Complicações Infecciosas

A infecção pelo HIV enfraquece o sistema imunológico, tornando-o muito mais propenso a desenvolver infecções secundárias e certos tipos de câncer.
Entre as infecções secundárias mais comuns, incluem-se:

Pneumonia Pneumocítica
A Pneumonia Pneumocítica é uma infecção fúngica, sendo a forma mais comum de pneumonia em pessoas com infecção por HIV.
Entretanto, a incidência diminuiu significativamente com os tratamentos atuais.

Candidíase
A Candidiase Oral é uma Infecção comum caracterizada por uma camada espessa e branca na boca, língua, esôfago ou vagina.

Tuberculose
A Tuberculose é uma infecção oportunista comum associada ao HIV. Esta é uma das principais causas de morte entre pessoas com AIDS. Entretanto, ela é menos comum entre pacientes com boa adesão ao tratamento.

Citomegalovírus
O citomegalovírus é um Herpes vírus comum. Ele é transmitido em fluidos corporais, incluindo saliva, sangue, urina, sêmen e leite materno.
Quando o sistema imunológico está saudável, ele inativa o vírus, que pode permanecer no corpo sem causar problemas.
No paciente com AIDS, o citomegalovírus pode causar danos aos olhos, trato digestivo, pulmões ou outros órgãos.

Meningite criptocócica
A meningite criptocócica é uma infecção comum do sistema nervoso central associada ao HIV, causada por um fungo encontrado no solo.

Toxoplasmose
A Toxoplasmose é uma infecção potencialmente mortal causada pelo Toxoplasma gondii, um parasita transmitido principalmente por gatos.
Gatos infectados eliminam os parasitas em suas fezes, que podem se espalhar para outros animais e humanos.
A toxoplasmose pode comprometer o coração e o cérebro, com potencial para causar doenças cardíacas e convulsões.

Cânceres relacionados ao HIV

Linfoma
O linfoma é um câncer que acomete o sistema linfático.
O primeiro sinal da doença costuma ser um inchaço indolor dos gânglios linfáticos no pescoço, axila ou virilha.

Sarcoma de Kaposi
O Sarcoma de Kaposi é um tumor das paredes dos vasos sanguíneos.
Ele geralmente se manifesta na forma de lesões rosa, vermelhas ou roxas na pele e na boca. Ele também pode afetar os órgãos internos, incluindo o trato digestivo e os pulmões.

Cânceres relacionados ao HPV
Cânceres causados ​​pela infecção pelo papilomavírus humano (HPV), incluindo câncer anal, oral e cervical.

Prevenção

A prevenção da infecção pelo HIV deve idealmente ser feita por meio do uso de preservativos e pelo não compartilhando seringas para uso de drogas.
A profilaxia pré e pós exposição pode ser considerada em situações específicas.

Preservativos

O uso de preservativos é a melhor forma de prevenção contra o HIV. Isso é válido especialmente no caso de parceiros que não sejam mutuamente monogâmicos.

Uma pessoa pode permanecer saudável por muito tempo antes de desenvolver qualquer sintoma relacionado ao HIV.

Assim, ao se decidir por abandonar o uso de camisinha devido a um relacionamento estável, a realização de um teste de HIV pode ser considerada.

No caso do rompimento do preservativo, deve-se considerar o uso da Profilaxia Pós Exposição.

Profilaxia pré-exposição

A Profilaxia pré-exposição envolve o uso de combinações específicas de medicamentos antirretrovirais, podendo ser considerada em pessoas com risco muito alto de contaminação.

A Profilaxia pré-exposição pode reduzir o risco de contrair HIV durante uma relação sexual em cerca de 99% e pelo uso de drogas injetáveis ​​em pelo menos 74% (1).

Esses medicamentos só são indicados para no caso de pessoas que ainda não foram infectadas. Antes de iniciar o tratamento, é necessário realizar um teste de HIV.

O teste deve ser repetido a cada três meses nas pessoas em uso de pílulas ou antes de cada injeção, quando se optar por este método.

Vale considerar que estes métodos não previnem contra outras formas de Doença Sexualmente Transmissível. Assim, o sexo com proteção continua a ser recomendado.

Profilaxia pós exposição ao HIV

O uso de um coquetel em até 72 horas após a exposição ao HIV minimiza o risco de contaminação.

Ele deve ser considerado especialmente no caso de violência sexual, após o rompimento do preservativo ou após o contato com o sangue contaminado.

Entretanto, o coquetel não é uma garantia 100% contra a infecção. Ele tem efeitos colaterais e não protege contra outras formas de Doença Sexualmente Transmissível, além do HIV.

Assim, o coquetel não deve ser usado como justificativa para uma relação desprotegida.

Vida sexual do portador do HIV

As orientações relacionadas à vida sexual de um portador de DST incurável variam de acordo com o risco de transmissão e possíveis consequências no caso de transmissão.

Uma regra básica é manter a abstinência sexual no caso de uma doença ativa, o que pode incluir corrimento vaginal ou feridas e bolhas nos genitais.

Manter relação sexual com um portador do vírus é muito mais seguro do que costumava ser, mas o risco de transmissão sempre existe.

Há também muito medo e estigma em torno do HIV. Quando o possível parceiro sexual não sabe que você é portador, é difícil saber como ele ou ela irá reagir à notícia. Algumas pessoas são muito solidárias quando ficam sabendo, outros podem ter medo ou raiva.

Não existe um momento ou uma forma correta de se passar esta informação. Entretanto, ela precisa ser feita antes que qualquer ato sexual seja feito. A não informação, além de antiética, pode envolver inclusive aspectos legais.

Por outro lado, com as devidas precauções, é possível manter uma relação com risco mínimo de transmitir o vírus ao seu parceiro.

Entretanto, quando a carga viral está indatectada, a probabilidade de transmissão torna-se bastante reduzida.

Diagnóstico do HIV

Os exames diagnósticos para o paciente com HIV são divididos em três grupos:

  • Exames para a identificação da infecção pelo HIV;
  • Exames para monitoramento da doença e do tratamento;
  • Exames para a identificação de complicações do HIV.

Exames para a identificação do HIV

O exame para o HIV é feito com o objetivo de detectar a presença do vírus HIV no organismo.

Geralmente, ele é feito com uma amostra de sangue, embora também possa ser feito com a saliva.

Todos os testes de HIV pesquisam a presença de anticorpos produzidos pelo corpo contra os dois tipos de vírus existentes, o HIV 1 e o HIV 2.

Interpretação do resultado
Os possíveis resultados do exame de HIV são:

  • Reagente: Significa que a pessoa esteve em contato e se contaminou com o vírus HIV;
  • Não reagente: Significa que a pessoa não está contaminada com o vírus HIV;
  • Indeterminado: É preciso repetir o teste, porque a amostra não foi clara o suficiente. Algumas situações que levam a este tipo de resultado são a gravidez e vacinação recente.

No caso de resultado indeterminado, é recomendado que o exame seja repetido após 30 a 60 dias para que seja verificada a presença ou ausência do vírus.

Resultado falso negativo
Logo no início da infecção, o corpo ainda não produziu anticorpos suficientes para provocar um resultado positivo no teste do HIV, podendo levar a um resultado falso negativo.
Os tempos esperados desde a infecção para que um teste resulte positivo depende de qual o tipo de teste, confore a tabela abaixo:

TESTE TEMPO PARA CONVERSÃO
Teste de Anticorpo 23 a 90 dias
Teste Antígeno / Anticorpo  18 a 90 dias
Teste de Ácido Nucleico   10 a 33 dias

Fonte: https://www.cdc.gov/hiv/basics/hiv-testing/hiv-window-period.html

Resultado falso positivo
O resultado falso positivo do teste Anti-HIV é incomum, mas pode acontecer. Isso se deve, por exemplo, em decorrência de uma infecção pelo vírus H1N1 (2).

Assim, um teste positivo deve ser sempre seguido de um teste confirmatório de outro tipo, feito por pessoa treinada.

Nos melhores laboratórios, isso é feito de forma rotineira, antes que o resultado positivo do teste seja liberado. Assim, a probabilidade de um teste positiva estar errada infelizmente é baixo.

Exames para monitoramento da infecção e do tratamento

Dosagem de T CD4
O monitoramento da infecção e do tratamento para HIV é feito por meio da dosagem de células T CD4. Estes exames devem ser feitos inicialmente a cada 4 a 6 semanas e, depois, a cada 3 a 6 meses.
As células T CD4 são glóbulos brancos que são especificamente visados ​​e destruídos pelo HIV.
Mesmo na ausência de sintomas, a infecção pelo HIV progride para AIDS quando a contagem de células T CD4 cai abaixo de 200.

Carga viral (RNA do HIV)
O teste de carga viral busca medir a quantidade de vírus presente no sangue.
Após iniciar o tratamento para o HIV, o objetivo é ter uma carga viral indetectável. Isso reduz significativamente as chances de infecções oportunistas e outras complicações relacionadas ao HIV.

Testes para complicações

Os exames laboratorias para acompanhamento do paciente com HIV deve também buscar identificar eventuais complicações do HIV, incluindo:

Tratamento

Atualmente, não existe cura para o HIV/AIDS. No entanto, existem muitos medicamentos que podem controlar a infecção e prevenir complicações.

O tratamento envolve um conjunto de medicamentos que, juntos, são denominados de Terapia Antiretroviral.

A Terapia Antiretroviral deve ser iniciada assim que for feito o diagnóstico, independentemente do estágio da infecção ou da presença de eventuais complicações.

Qual o objetivo da Terapia Antiretroviral?
O objetivo do tratamento é manter a carga viral indetectável.
Isso é importante para:

  • Manter o sistema imunológico competente;
  • Reduzir o risco de infecções oportunistas;
  • Reduzir o risco de desenvolver HIV resistente ao tratamento;
  • Reduzir o risco de transmitir o HIV para outras pessoas.

Classes de medicamentos Antiretrovirais
Cada classe de medicamentos bloqueia o vírus de maneira diferente.
As classes de medicamentos anti-HIV incluem:

  • Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa: medicamentos que desligam uma proteína necessária ao HIV para fazer cópias de si mesmo.
  • Inibidores de transcriptase reversa: medicamentos que atuam sobre a enzima transcriptase reversa, tornando defeituosa a cadeia de DNA que o vírus HIV cria produz para se multiplicar.
  • Inibidores de protéase: inativam a protease do HIV, outra proteína que o HIV precisa para se multiplicar.
  • Inibidores da integrasse: desativam uma proteína chamada integrase, que o HIV usa para inserir seu material genético nas células T CD4.
  • Inibidores de entrada: medicamentos que bloqueiam a entrada do HIV nas células T CD4.

Efeitos colaterais do tratamento Antiretroviral

Manter o tratamento antirretroviral pode ser um desafio em alguns casos, devido aos potenciais efeitos colaterais.
Entre estes efeitos, incluem-se:

Ao iniciar eventuais tratamentos não relacionados ao HIV, é importante que a equipe médica seja informada sobre o diagnóstico.
Isso porque muitos medicamentos podem ter interações com a terapia Antiretroviral, de forma que eventuais ajustes podem ser necessários.

Prognóstico

Sem tratamento, o risco de progressão da infecção pelo HIV para aids é de cerca de 1 a 2% ao ano nos primeiros 2 a 3 anos de infecção e de cerca de 5 a 6% ao ano nos anos seguintes.
Com o tempo, quase invariavelmente a infecção evolui para AIDS em pacientes não tratados. A maioria dos indivíduos desenvolve AIDS em até 10 anos após a infecção pelo HIV (3).
Já com o tratamento antirretroviral, a taxa de sobrevida tem sido equiparada à da população geral, não infectada (4).