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Discopatia Degenerativa Lombar

Anatomia relevante

A coluna lombar é formada por cinco vértebras, denominadas de L1 a L5. Elas são separadas umas das outras pelos discos intervertebrais, que são estruturas responsáveis por conferir mobilidade e amortecimento para a coluna.

O disco entre as vértebras L1 e L2 é denominado de disco L1-L2, e assim por diante.

A vértebra L5 se articula com o sacro (osso presente no final da coluna). Assim, o disco entre a vértebra L5 e o sacro é denominado de L5-S1.
O disco vertebral é formado em sua periferia por um anel fibroso, uma estrutura mais firme e que confere estabilidade para o disco. A parte central é denominada de núcleo pulposo, uma estrutira mais viscosa e que confere elasticidade.



O terço externo do anel fibroso contém fibras nervosas, enquanto o núcleo pulposo não. A dor discogênica é causada pela ruptura do anel fibroso. Quando isso acontece, o conteúdo do núcleo pulposo irrita os nervos do anel fibroso e causa uma resposta inflamatória local.

Discopatia Degenerativa Lombar

A Discopatia Degenerativa Lombar se caracteriza pela deterioração ou desgaste progressivo de um ou mais discos intervertebrais. Ainda que qualquer disco possa ser acometido, os níveis L4-L5 e L5-S1 são responsáveis por 90% dos casos (1). O principal motivo para isso é que esta é uma zona de transição de um segmento com maior mobilidade para outro segmento de baixa mobilidade.

A queixa mais comum do paciente é a Lombalgia que piora com movimentos de flexão da coluna. Assim,  calçar sapatos ou pegar um objeto no chão costumam ser importantes mecanismos de dor.

A dor também tende a ser pior ao se levantar pela manhã, após um período em repouso e ao tossir ou espirrar.

Obesidade, problemas posturais, tabagismo, insônia e sedentarismo estão muitas vezes associados ao desenvolvimento da Discopatia Degenerativa e devem ser considerados no tratamento.

O problema é especialmente comum em pessoas que passam grande parte do dia sentadas no trabalho.

Evolução da Doença Discal Degenerativa

A evolução da Doença Discal Degenerativa pode ser dividida em três etapas, descritas abaixo:

Primeira etapa

O núcleo pulposo sofre um processo de desidratação, tornando-se menos elástico. Assim, ele perde a capacidade de amortecer o impacto e gerar movimento. Como regra geral, os sintomas são pouco evidentes. Quando presentes, é importante que se busque outras possíveis explicações para a dor.

Segunda etapa

A desidratação leva a uma perda na altura do disco. Assim, o paciente passa a apresentar instabilidade entre as vértebras adjacentes. O anel fibroso torna-se comprometido e pode levar à formação de protusões e hérnia de disco. Com isso, a dor torna-se mais evidente.

Terceira etapa

A perda da capacidade de amortecimento e de gerar movimento pelo disco é cada vez mais evidente. O paciente sofre com a perda de mobilidade e as vértebras se tornam desgastadas. Os exames se caracterizam por uma perda do espaço articular e pela formação de osteófitos (“bicos de papagaio”).

Sintomas da Discopatia Degenerativa Lombar

A Discopatia Degenerativa Lombar é um problema bastante comum. Em muitos casos, ela se desenvolve sem causar qualquer queixa no paciente (2). De fato, algumas pessoas com o disco bastante comprometido são capazes de manter uma rotina intensa de atividade física, ao passo que outros com alterações indolentes nos exames apresentam dor intensa.
Pessoas mais jovens, ativas e com hábitos de vida mais saudáveis tendem a ser menos sintomáticas, considerando duas pessoas com alterações semelhantes nos exames.
A queixa mais comum do paciente é a dor lombar que piora com a flexão do tronco, Permanecer longos períodos sentado ou em pé, tossir, espirrar ou a evacuar também podem piorar a dor.

Os sintomas podem ter início súbito ou gradual e podem ser constantes ou intermitentes.

Caminhar, deitar ou ficar em outras posições que reduzam a pressão sobre o disco podem aliviar parcialmente a dor.

Diagnóstico por imagem

O diagnóstico da Discopatia Degenerativa Lombar deve ser feito pela combinação dos achados clínicos com as alterações características nos exames de imagem.

A simples identificação da Discopatia Degenerativa nos exames de imagem em uma pessoa assintomática não exige qualquer cuidado especial.
O diagnóstico deve ser confirmado pela radiografia, ressonância magnética, tomografia computadorizada ou pela combinação destes exames.

Termos como “alteração degenerativa”, “discopatia”, “protrusão de disco”, “abaulamento discal” e “alteração de modic” podem ser usados para se referir à discopatia degenerativa.

Tratamento da Discopatia Degenerativa

O tratamento da Discopatia Degenerativa Lombar é feito sem cirurgia na maior parte dos pacientes. O objetivo é a melhora da dor. Entretanto, isso não significa a regressão das alterações degenerativas na coluna. A intenção é que o paciente permaneça com as mesmas alterações nos exames, mas sem que isso lhe cause dor.
O tratamento deve ser dividido em duas etapas:

  • Tratamento da crise de dor: o foco deve ser o alívio da dor;
  • Tratamento da dor crônica: o foco passa a ser na melhora dos fatores envolvidos com a causa da dor.

Tratamento da Discopatia Degenerativa Lombar aguda

Durante os períodos de agudização da dor, o paciente deve ser afastado de qualquer atividade que provoque a piora da dor. Isso pode incluir, entre outras coisas:

  • Afastamento esportivo ou a adequação da carga de treino, no caso do atleta;
  • Uso de medicações anti-inflamatórias e analgésicas;
  • Imobilizadores (cintas abdominais);
  • Calor local;
  • Acupuntura;
  • Agulhamento a seco
  • Fisioterapia: incluindo a terapia manipulativa e os recursos de eletrotermofototerapia;
  • Laser de alta potência;
  • Terapia por ondas de choque.

Tratamento na Dor Crônica

Fora dos períodos de agudização da dor, o foco do tratamento deve ser a correção dos fatores causais da Discopatia Degenerativa Lombar. Isso envolve, entre outras coisas:

  • Fortalecimento e reequilíbrio muscular, buscando-se a estabilização da musculatura lombar (CORE)
  • Ganho de mobilidade no quadril;
  • Correção postural.

Pilates ou hidroginástica são excelentes meios de se atingir este objetivos. Entretanto, diversas outras modalidades de exercício também podem ser consideradas, uma vez que se adequem mais aos gostos do paciente.

Independente de qual método utilizado, devemos considerar:

  • Correção de movimentos inadequados na prática esportiva ,como uma má técnica de agachamento ou de levantamento de pesos;
  • Correção postural no trabalho, evitando-se ficar muito tempo em uma mesma posição (em pé ou sentado), correção da altura da cadeira ou do computador, entre outros;
  • Redução do peso, no caso de pacientes obesos;
  • Correção de hábitos, incluindo a melhora do padrão alimentar e abandono do tabagismo;
    melhora no padrão de sono
  • Redução do estresse e do estilo de vida sedentário.

Tratamento cirúrgico

A cirurgia pode ser considerada no paciente com Discopatia Degenerativa Lombar sem melhora com o tratamento clínico adequadamente instituído, quando a dor causa limitação significativa na rotina diária do paciente.
O principal procedimento indicado para isso é a Artrodese Lombar. Nesta cirurgia, uma vértebra é fundida a outra, de forma que elas passam a funcionar como um único osso.