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Deficiência de alfa-1 antitripsina

O que é a deficiência de alfa-1 antitripsina?

A deficiência de alfa-1 antitripsina se refere à ausência congênita da alfa-1 antitripsina, uma proteína anti-inflamatória produzida no fígado e que neutraliza a destruição dos pulmões pelos neutrófilos.

Os danos decorrentes desta deficiência podem estar associados tanto ao fígado como aos pulmões.

Comprometimento hepático

Certas variantes da deficiência levam ao acúmulo de moléculas anormais da alfa-1 antitripsina no fígado.

Cerca de 10 a 20% dos bebês com acúmulo hepático da alfa-1 antitripsina anormal no fígado desenvolvem icterícia neonatal, dos quais cerca de 20% virão a desenvolver a cirrose hepática durante a infância.

Além disso, cerca de 10% das crianças sem comprometimento hepático na infância vêm a desenvolver cirrose na idade adulta.

A cirrose hepática é o estágio final da maioria das doenças hepáticas crônicas. Ela se caracteriza pela substituição do tecido hepático saudável por tecido cicatricial (fibrose). Com isso, o fígado para de funcionar corretamente. Nos estágios avançados, a criança pode precisar de transplante hepático.

Comprometimento pulmonar

Nos pulmões, a deficiência de alfa-1 antitripsina aumenta a atividade da elastase neutrofílica, o que favorece a destruição tecidual e ao desenvolvimento de condições como o enfisema pulmonar ou a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

Estima-se que a deficiência de alfa-1 antitripsina seja responsável por 1 a 2% de todos os casos de DPOC.

A combinação da deficiência de alfa-1 antitripsina com o tabagismo é bastante prejudicial para os pulmões.

Outros tecidos

Certas variantes da deficiência de alfa-1 antitripsina podem estar associadas a problemas em outros órgãos além do pulmão ou fígado.
Entre as possíveis consequências da doença, incluem-se:

  • Paniculite (distúrbio inflamatório do tecido subcutâneo),
  • Aneurismas;
  • Colite ulcerativa;
  • Doença glomerular.

Diagnóstico

Suspeita-se de deficiência de alfa-1 antitripsina nos seguintes casos:

  • Tabagistas que desenvolvem enfisema antes dos 45 anos de idade;
  • Não tabagistas sem exposições ocupacionais que desenvolvem enfisema em qualquer idade;
  • Pacientes cuja radiografia de tórax mostra enfisema pulmonar predominantemente nos lobos inferiores;
  • Pacientes com antecedentes familiares de enfisema ou cirrose sem explicação;
  • Pessoas com história familiar de deficiência de alfa-1 antitripsina;
  • Pacientes com paniculite;
  • Recém-nascidos com icterícia ou elevação de enzimas hepáticas;
  • Pacientes com bronquiectasia ou doença hepática inexplicável.

Em geral, realiza-se rastreamento com genotipagem. Faz-se o diagnóstico identificando os níveis séricos de alfa-1 antitripsina < 80 mg/dL (< 15 micromol/L).
Além disso, é indicado que seja feito o rastreamento com genotipagem.

Tratamento da deficiência de alfa-1 antitripsina

A combinação da deficiência de alfa-1 antitripsina com o tabagismo é bastante prejudicial para os pulmões. Assim, um dos primeiros passos frente ao diagnóstico é abandonar o cigarro. É importante também que outras pessoas que convivem com o paciente também não fumem, pelo efeito nocivo causado pela fumaça do cigarro (tabagismo passivo).

O uso de broncodilatadores também poderá ser indicado, bem como o tratamento precoce de eventuais infecções respiratórias baixas (pneumonia, bronquite).

O tratamento da doença pulmonar é feito com alfa-1 antitripsina humana purificada, com o objetivo de manter o nível sérico de alfa-1-antitripsina acima do nível ideal de proteção de 80 mg/dL.
Este tratamento impede a progressão da doença pulmonar, embora não seja capaz de recuperar a estrutura pulmonar já comprometida.

Ele é reservado para pacientes que não fumam, com os dois alelos anormais, e com a função pulmonar leve a moderadamente comprometida. Não está indicado para os pacientes com doença grave ou para aqueles nos quais um ou ambos os alelos são normais.

Para os indivíduos com comprometimento grave e idade inferior a 60 anos, deve-se considerar o transplante pulmonar.

O tratamento da hepatopatia é paliativo. A reposição de enzima não ajuda, uma vez que a doença é causada pelo processamento anormal da enzima, não pela deficiência enzimática propriamente dita. O transplante de fígado em alguns casos de pacientes com insuficiência hepática.