Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
O que é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
A DPOC é uma doença pulmonar inflamatória crônica caracterizada pela obstrução do fluxo de ar nos pulmões.
O dano pulmonar no DPOC está geralmente relacionado a uma combinação de duas outras condições, o Enfisema pulmonar (destruição das paredes dos alvéolos nos pulmões) e a bronquite crônica. (inflamação crônica dos brônquios, caracterizado por tosse crônica).
Por definição, o diagnóstico do DPOC se baseia em três critérios:
- Limitação fixa ao fluxo aéreo, que não responde ao uso de broncodilatador (com base no teste de espirometria)
- Exposição a partículas nocivas (tabaco, químicos e poeira relacionados ao trabalho, poluição ambiental)
- Sintomas respiratórios persistentes, que não se resolvem com o uso de broncodilatador.
Qual a causa do DPOC?
A principal causa para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é o tabagismo.
É preciso considerar, porém, que embora grande parte dos fumantes de longa data apresentem uma capacidade pulmonar reduzida, apenas uma parte deles evoluem com falta de ar e outros sinais clínicos evidentes da DPOC.
Outros fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do DPOC, além do tabagismo, incluem:
- Exposição ao fumo passivo;
- Exposição à poluição do ar: Para pessoas mais sensíveis, a poluição do ar de longo prazo pode levar ao desenvolvimento de bronquite crônica;
- Exposição crônica a poeira, fumaça ou gases químicos no local de trabalho;
- Predisposição genética
- Idade: A maioria das pessoas com Enfisema Pulmonar começam a apresentar sintomas a partir dos 40 anos.
Sintomas
O principal sintoma do DPOC é a falta de ar. Entretanto, ela só costuma estar presente em uma fase avançada da doença.
Isso porque, em um pulmão normal, a capacidade de oxigenação do sangue pelos pulmões é muito superior às necessidades fisiológicas do corpo.
Assim, mesmo que a capacidade de troca dos gases nos pulmões seja progressivamente comprometida, o indivíduo continua sendo capaz de suprir toda a sua demanda por oxigênio.
Quando ele passa a apresentar falta de ar, desta forma, significa que o comprometimento pulmonar já está avançado.
No início, a falta de ar só é percebida com maiores esforços, como subir escadas ou ladeiras. Com a evolução da DPOC, ela pode ser percebida com esforços menores, como tomar banho, ou mesmo no repouso.
Além da falta de ar, alguns outros sintomas poderão acompanhar o paciente com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, incluindo:
- Chiado
- Aperto no peito
- Tosse crônica, geralmente com muco (escarro);
- Infecções respiratórias frequentes
- Falta de energia
- Perda de peso não intencional (em fases mais avançada)
- Inchaço nos tornozelos, pés ou pernas
Embora os sintomas habitualmente estejam sempre presentes, o paciente tende a apresentar períodos de exacerbações, durante os quais os sintomas se tornam piores, geralmente em decorrência de uma infecção sobreposta.
Por fim, é preciso considerar que pessoas com DPOC correm maior risco de desenvolver doenças cardíacas, câncer de pulmão e uma variedade de outras condições. Estas condições podem levar ao desenvolvimento de outros sintomas que se somam aos da DPOC.
Complicações
A DPOC pode causar muitas complicações, incluindo:
Infecções respiratórias
Pessoas com DPOC são mais propensas a pegar resfriados, gripe e pneumonia. Qualquer infecção respiratória pode dificultar a respiração e causar mais danos ao tecido pulmonar.
Além disso, a infecção pulmonar pode comprometer ainda mais a função dos pulmões. Isso significa que os riscos associados a uma infecção respiratória são muito maiores no paciente com DPOC quando comparado com uma pessoa com a função pulmonar normal.
Hipertensão pulmonar
A DPOC pode causar um aumento da pressão nas artérias que levam sangue aos pulmões, condição essa chamada de Hipertensão Pulmonar. Ela acontece em decorrência da hipóxia (falta de oxigênio no sangue), inflamação e redução no número de capilares, que acontece em decorrência do enfisema pulmonar (1).
Sua presença está associada a menor sobrevida e pior evolução clínica
A administração de oxigênio a longo prazo é o único tratamento que retarda a progressão da hipertensão pulmonar do paciente com DPOC. No entanto, a pressão da artéria pulmonar raramente volta aos valores normais e as anormalidades estruturais dos vasos pulmonares permanecem inalteradas (2).
Problemas cardíacos
A DPOC pode resultar em aumento na pressão sobre as artérias que irrigam os pulmões, o que é chamado de Hipertensão Pulmonar.
A hipertensão pulmonar, por sua vez, leva a um aumento na demanda sobre o ventrículo direito do coração, podendo levar a uma Insuficiência cardíaca.
Por fim, o paciente passa a apresentar acúmulo de líquido nos membros, abdome e pulmões.
Tudo isso pode levar ao desenvolvimento de Arritmias cardíacas, especialmente da Fibrilação Atrial, além de aumentar o risco para Infarto do Miocárdio.
Câncer de pulmão
O câncer de pulmão é duas a quatro vezes mais comum em fumantes com DPOC do que naqueles cujos pulmões funcionam como deveriam. (3, 4)
Diagnóstico da DPOC
Por definição, o diagnóstico do DPOC se baseia em três critérios:
- Limitação fixa ao fluxo aéreo, que não responde ao uso de broncodilatador (com base no teste de espirometria)
- Exposição a partículas nocivas (tabaco, químicos e poeira relacionados ao trabalho, poluição ambiental)
- Sintomas respiratórios persistentes, que não se resolvem com o uso de broncodilatador.
Espirometria
A espirometria é um teste usado para a avaliação da função pulmonar. Nesse teste, o paciente sopra em um tubo grande conectado a uma pequena máquina para medir a quantidade de ar que seus pulmões podem conter e a rapidez com que você pode expelir o ar de seus pulmões.
A espirometria é usada tanto para o diagnóstico como para o seguimento e avaliação da gravidade da DPOC.
Como critério diagnóstico, considera-se o Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo (VEF1) pós-broncodilatador, em relação à capacidade vital forçada (CVF). Para diagnósticar o DPOC, é preciso que se tenha uma relação VEF1 / CVF < 0,70.
A restrição do fluxo de ar pode ainda ser classificado em quatro níveis, de acordo com a tabela abaixo:
Classificação da Obstrução do Fluxo Aéreo | |
Grau 1 | VEF1 / CVF >80 |
Grau 2 | VEF1 / CVF 50 – 70 |
Grau 3 | VEF1 / CVF 30 – 49 |
Grau 4 | VEF1 / CVF <30 |
Exames de imagem
Os exames de imagem não são usados como critério diagnóstico, mas seim para a avaiação das alterações que causam o DPOC e também para a avaliação de possíveis complicações, como problemas cardíacos ou um eventual câncer de pulmão.
- Radiografia do tórax: a radiografia de tórax pode mostrar o enfisema, uma das principais causas de DPOC. Ela também pode descartar outros problemas pulmonares ou insuficiência cardíaca.
- Tomografia Computadorizada: pode ajudar a detectar o enfisema e a determinar se o paciente pode se beneficiar de uma cirurgia para DPOC. A tomografia computadorizada também pode ser usada para rastrear o câncer de pulmão.
Gasometria arterial
Este exame de sangue mede o quão bem seus pulmões estão trazendo oxigênio para o sangue e removendo o dióxido de carbono. Ela pode ser usada para a avaliação da eventual necessidade de oxigenioterapia.
Classificação do DPOC
O DPOC pode ser classificado com base nos critérios de GOLD. Essa classificação se baseia em dois parâmetros distintos e será validada pela presença de uma letra (A, B ou E) e um número (1, 2, 3 ou 4). O número indica a gravidade da obstrução através do VEF1, enquanto as letras classificam o paciente de acordo com a morbidade e risco de exacerbação.
Gravidade da obstrução
Classificação da Obstrução do Fluxo Aéreo – Gold | ||
Grau 1 | Leve | VEF1 / CVF >80 |
Grau 2 | Moderado | VEF1 / CVF 50 – 70 |
Grau 3 | Grave | VEF1 / CVF 30 – 49 |
Grau 4 | Muito grave | VEF1 / CVF <30 |
Morbidade e Risco de Exacerbações
A exacerbação aguda da DPOC (EADPOC) é definida como um evento caracterizado por piora da dispneia e/ou tosse com expectoração, com piora dos sintomas nos últimos 14 dias.
Pacientes com duas ou mais exacerbações no último ano são classificados pela letra “E”.
Já aqueles com zero ou uma exacerbação podem ser divididos em dois grupos, de acordo com A escala de dispneia do mMRC (Conselho de Pesquisa Médica Modificado), conforme indicado abaixo. Pacientes com mMRC 0 ou 1 são classificados pela letra “A”, enquanto pacientes com mMRC maior ou igual a 2 são classificados pela letra “B”.
escala de dispneia do mMRC (Conselho de Pesquisa Médica Modificado) | |
0 | só cansa para atividade física |
1 | cansa para subir ladeira / aclive |
2 | Não consegue acompanhar os passos de pessoa com a mesma idade |
3 | cansa para caminhar 01 quarteirão |
4 | Cansa dentro de casa, as vezes no repouso |
Tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
A DPOC não tem cura. Entretanto, o tratamento pode ajudar no alívio dos sintomas e a retardar a progressão da doença.
O primeiro ponto, sem dúvidas, é abandonar o tabagismo. sendo que todos os esforços devem ser feitos nesse sentido.
O segundo ponto relacionado ao estilo de vida envolve a prática regular de atividade física, com o objetivo de preservar ou melhorar a capacidade pulmonar. Nos pacientes com maiores limitações, isso pode ser feito dentro de um programa de Reabilitação Pulmonar .
A oxigenioterapia deve ser considerada quando os níveis de oxigênio estiverem diminuídos, de acordo com a gasometria. Além da melhora sintomática, o oxigênio pode evitar a progressão das complicações relacionadas à má oxigenação tecidual.
Algumas pessoas podem precisar de oxigênio 24 horas por dia, enquanto outros precisam em momentos de exacerbações, especialmente diante de uma infecção pulmonar. Geralmente ele é administrado através de cateteres nasais.
Diferentes medicamentos podem ser considerados deacordo com a classificação do paciente, podendo incluir broncodialatadores de curta e de longação e eventualmente os corticoesteroides inalatórios.
Tratamento Cirúrgico
A cirurgia é um tratamento de excessão na DPOC. No entanto, ela pode ser considerada nos casos mais graves que não respondem às outras formas de tratamento descritas acima.
Cirurgia de redução de volume pulmonar (Lobectomia)
A Lobectomia é um procedimento no qual porções de tecido pulmonar danificado são removidos.
A remoção do tecido doente ajuda o tecido pulmonar remanescente a se expandir e trabalhar com mais eficiência, ajudando a melhorar a respiração.
Transplante de pulmão
O transplante de pulmão é uma opção no caso de danos pulmonares graves, quando outras opções menos invasivas não tiverem resultado satisfatório.