Vômito no bebê e na criança

A regurgitação pelo bebê é uma condição muito comum, na qual uma pequena quantidade de conteúdo estomacal retorna para a boca e é eliminado. Ela não envolve esforço significativo pelo bebê e não parece trazer maiores desconfortos, de forma que são muitas vezes chamados de “regurgitadores felizes”. Nenhuma investigação adicional ou tratamento se faz necessária nestes casos.

Em alguns casos, a regurgitação pode estar associada a uma condição denominada de Doença do Refluxo Gastroesofágico na infância. A diferença nestes casos é que ela provoca incômodo e irritação, podendo resultar em diferentes tipos de complicações.

Já o vômito se refere a uma eliminação desconfortável, involuntária e forçada de alimentos. Diferentemente do refluxo, o vômito do bebê geralmente está associad a uma condição subjacente.
Quando frequentes, pode levar a um quadro de desidratação, devido à perda de líquidos.

Na maior parte das vezes, o vômito no bebê está associado a uma condição relativamente inofensiva, mas ele pode também ser um sinal de uma condição mais séria e que exige cuidados imediatos.
As causas mais comuns dos vômitos incluem:

• Gastroenterite viral;
• Doença do Refluxo Gastroesofágico.

Algumas causas menos comuns a serem consideradas incluem:

• Estenose de piloro: estreitamento ou bloqueio da passagem do estômago para o intestino delgado.
• Bloqueio do intestino causado por defeitos congênitos, tais como torção (volvo) ou estreitamento (estenose) do intestino.
• Intussuscepção: Deslizamento de um segmento do intestino para dentro de outro, geralmente em bebês com 3 a 36 meses de idade
• Intolerância ou alergia alimentar, incluindo a alergia à proteína do leite de vaca, Intolerância à frutose ou Intolerância à galactose.

Em crianças mais velhas, a gastroenterite viral é a causa mais comum.
No entanto, algumas causas menos comuns precisam ser consideradas, incluindo:

• Infecção renal (pielonefrite)
• Meningite
• Apendicite
• distúrbios que elevam a pressão dentro do crânio, incluindo tumores cerebrais ou traumatismo craniano.
• Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
• Úlcera péptica
• Alergias alimentares;
• Gastroparesia, uma condição caracterizada pela lentidão no esvaziamento do estômago;
• Gravidez;
• Transtornos alimentares, com a bulimia
• Ingestão de substância tóxica.

No bebê ou criança que está vomitando, é preciso ficar alerta para alguns sinais e sintomas que podem indicar uma condição mais grave, incluindo:

• Letargia e apatia;
• Irritabilidade e impossibilidade de consolar o bebê ou a criança;
• Abaulamento nas partes moles entre os ossos cranianos (fontanelas);
• Dor de cabeça intensa;
• Rigidez do pescoço que torna difícil encostar o queixo no pescoço;
• Aumento da sensibilidade à luz;
• Febre;
• Dor ou inchaço abdominal;
• Vômitos persistentes;
• Bebês ou crianças que não crescem como o esperado;
• Fezes com sangue.

Crianças que tiveram somente alguns episódios de vômito (com ou sem diarreia), que estão bebendo pelo menos um pouco de líquido e que de resto não estão com aparência muito doente geralmente não precisam ser examinadas por um médico.

No entanto, as seguintes condições devem levar os pais a buscarem atendimento médico imediato:

• Todos os recém-nascidos (bebês com até 28 dias de vida);
• Presença de qualquer um dos sinais de alerta listados acima;
• Vômitos contendo sangue ou que se parecem com café moído;
• Vômitos verde claro;
• Histórico de traumatismo craniano nos últimos sete dias;
• Presença de sinais de desidratação, incluindo redução na micção e menor consumo de líquidos. Bebês e as crianças pequenas que passam mais de oito horas sem urinar ou que não querem beber líquidos por mais
• de oito horas devem ser avaliadas;
• Após mais de seis episódios de vômito;
• Vômitos que se prolongam por mais de 24 a 48 horas;
• Presença de outros sintomas, incluindo tosse, febre ou erupções cutâneas.

Na maior parte das vezes, nenhum exame adicional se faz necessário na avaliação do vômito no bebê ou na criança. A necessidade de exames depende de fatores como a idade, características do vômito ou outros achados na história clínica ou exame físico, sendo que os exames a serem solicitados dependem das possíveis causas para os vômitos.

O primeiro passo para a escolha do tratamento dos vômitos em bebês e crianças é a correta identificação e tratamento da causa dos vômitos.
Vale considerar, no entanto, que a gastroenterite viral em geral se resolve sem qualquer tratamento específico. Esta é a principal causa de vômitos no bebê ou na criança.

Hidratação
O estado de hidratação deve ser avaliado e a hidratação estimulada, de preferência a hidratação por boca por meio de soluções de reidratação oral. Estas soluções contêm o equilíbrio correto de eletrólitos, os quais também são perdidos e precisam ser repostos junto com a água.
Bebidas esportivas, refrigerantes, sucos e bebidas similares contêm pouquíssimo sódio e excesso de carboidratos, de forma que não são indicadas.
No caso de crianças com desidratação grave e aquelas que não ingerem uma quantidade suficiente de líquidos por via oral podem precisar de hidratação intravenosa.

Tratamento medicamentoso
Medicamentos frequentemente usados em adultos para reduzir a náusea e os vômitos são usados com menor frequência em crianças, devido aos maiores efeitos colaterais.
No entanto, se a náusea ou vômitos forem graves ou não desaparecerem, certos medicamentos poderão ser considerados.