Incontinência Urinária

[accordion-model-lca titulo=”O que é a Incontinência Urinária?”]

A incontinência urinária é uma condição caracterizada pela perda involuntária de urina. É um problema comum, especialmente entre idosos, mulheres pós-menopausa, gestantes e mulheres com filhos (especialmente no caso de parto vaginal).

37% das mulheres acima de 65 anos apresentam incontinência urinária (1). Os homens também podem ter incontinência, mas a incidência é duas vezes maior em mulheres (2).

Em alguns casos, a incontinência urinária pode ser resultado de um problema pontual e transitório. Em outros, os problemas são permanentes ou de longo prazo.

Em alguns casos, o vazamento da urina é ocasional e acontece ao tossir ou espirrar. Em outros, a vontade de urinar é tão repentina e forte que o paciente não é capaz de chegar ao banheiro a tempo.

A prevalência de incontinência significativa, com um ou mais episódios semanais de perda urinária, ocorre em 5 a 8% de todas as pessoas com incontinência.

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[accordion-model-lca titulo=”Qual a causa da incontinência urinária?”]

O primeiro passo para compreender as causas da incontinência urinária é entendendo como funciona o sistema urinário.

O sistema urinário é composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra.

  • Os rins são os filtros do corpo. Eles removem os resíduos e o excesso de algumas substâncias presentes no sangue para formar a urina;
  • A urina é transportada dos rins até a bexiga através de dois tubos finos, chamados de ureter;
  • A bexiga armazena a urina. Uma vez que ela esteja cheia, um sinal é enviado para o cérebro, que interpreta que está na hora de urinar;
  • O cérebro responde com outro sinal, que faz com que o músculo que controla a saída da urina da bexiga para a uretra relaxe. Com isso, a urina flui livremente para fora do corpo através da uretra.

A incontinência urinária pode acontecer em decorrência do mau funcionamento de qualquer parte deste sistema.

Causas de incontinência urinária temporária

Bebidas e alimentos

Algumas bebidas e alimentos podem fazer uma pessoa urinar com mais frequência, incluindo:

  • Café;
  • Álcool;
  • Bebidas gaseificadas;
  • Frutas cítricas;
  • Chocolate;
  • Açúcar e adoçantes artificiais.
Infecção urinária

As infecções podem irritar a bexiga, fazendo com que o paciente tenha fortes desejos de urinar e, às vezes, incontinência;

Gravidez

As alterações hormonais e a compressão da bexiga pelo útero podem levar à incontinência de esforço.

Constipação

o reto está localizado perto da bexiga e compartilha muitos dos mesmos nervos. Fezes duras e compactadas no reto fazem com que esses nervos sejam hiperativos e aumentem a frequência urinária;

Medicamentos

Diuréticos e antidepressivos, entre outros medicamentos, podem aumentar a necessidade de urinar.

Causas de incontinência urinária temporária

Problemas com o assoalho pélvico

Podem afetar o funcionamento de diferentes órgãos, incluindo a bexiga, levando à incontinência urinária;

Mulheres com filhos

A maioria das mulheres que experimentam incontinência durante a gravidez notam que ela desaparece nas semanas seguintes ao parto.

Em alguns casos, porém, ela pode permanecer por longa data. Isso porque a gestação pode comprometer os músculos do assoalho pélvico, responsáveis pelo suporte da bexiga.

A bexiga, o útero, o reto ou o intestino delgado podem ser empurrados para baixo de suas posições habituais, projetando-se para dentro da vagina. Uma das consequências disso é a incontinência urinária.

Envelhecimento

O envelhecimento dos músculos da bexiga pode diminuir a capacidade de armazenamento da urina.

Além disso, as contrações involuntárias da bexiga se tornam mais frequentes à medida que as pessoas envelhecem.

Muitos idosos pensam que a incontinência é uma parte normal do envelhecimento e que não pode ser evitada.

Embora seja verdade que o risco de incontinência aumenta à medida que envelhecemos, existem tratamentos disponíveis para ajudar a controlar e minimizar essa condição.

Menopausa

Após a menopausa, as mulheres produzem menos estrogênio, um hormônio que ajuda a manter o revestimento da bexiga e da uretra saudáveis, contribuindo para a incontinência.

Problemas com a próstata

Especialmente nos homens mais velhos, a incontinência geralmente decorre do aumento da próstata, uma condição conhecida como Hiperplasia prostática benigna. O câncer de próstata também pode evoluir com incontinência urinária;

Obstrução 

Tumorações em qualquer lugar ao longo do trato urinário podem bloquear o fluxo normal de urina, levando à incontinência por transbordamento.

Problemas neurológicos

Doenças neurológicas podem afetar a musculatura que controla o esvaziamento da bexiga. Inclui, entre outras, a esclerose múltipla, doença de Parkinson, sequela de acidente vascular cerebral, tumor cerebral e lesão na coluna.

Diabetes

A Diabetes faz com que a pessoa produza mais urina, facilitando a incontinência urinária. Além disso, a diabetes pode comprometer os nervos que controlam a liberação da urina pela bexiga.

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[accordion-model-lca titulo=”Tipos de incontinência urinária”]

A incontinência urinária pode acontecer em diferentes situações e por diferentes motivos:

Incontinência de esforço

A urina vaza durante atividades e ações em que o paciente exerce pressão sobre a bexiga, incluindo:

  • Tossir;
  • Espirrar;
  • Rir; 
  • Praticar exercícios físicos;
  • Levantar um objeto pesado.

A incontinência de esforço pode acontecer por dois motivos:

  • Fraqueza dos músculos do assoalho pélvico, que não suportam mais os órgãos pélvicos como deveriam;
  • Incompetência do esfíncter que controla a saída da urina da bexiga para a uretra.

Mulheres que tiveram filhos, atletas e homens que realizaram cirurgia de próstata têm maior risco para a Incontinência de esforço.

Incontinência de urgência

Caracteriza-se por uma necessidade intensa de urinar imediatamente. Muitas vezes, isso acontece de forma tão rápida que pode não dar tempo para chegar ao banheiro. Assim, a urina acaba vazando.

A principal causa para a incontinência urinária de urgência é a Bexiga Hiperativa. Nesta condição, a bexiga apresenta contrações involuntárias, levando a um desejo repentino de urinar. A bexiga hiperativa pode ou não ser acompanhada da incontinência urinária de urgência.

Diversas causas podem contribuir para uma bexiga hiperativa, incluindo:

  • Músculos pélvicos fracos;
  • Danos nos nervos que controlam a bexiga;
  • Infecção urinária;
  • Baixos níveis de estrogênio após a menopausa;
  • Obesidade; 
  • Alguns medicamentos;
  • Bebidas como álcool e cafeína.

Incontinência por transbordamento

O paciente apresenta a perda de pequenas quantidades de urina ao longo do tempo, ao invés de um grande jato de urina.

Acontece quando a bexiga não se esvazia completamente ao urinar, sendo um problema mais comum em pessoas com doenças crônicas como esclerose múltipla, sequela de acidente vascular cerebral ou diabetes. Pode também ocorrer em homens com hiperplasia de próstata.

Incontinência funcional

Ocorre quando uma deficiência física ou mental impede o paciente de chegar ao banheiro a tempo.

Incontinência mista

Decorre de uma combinação dos fatores acima. Na maioria das vezes, há uma combinação de incontinência de esforço e incontinência de urgência. Identificar o que desencadeia a incontinência mista geralmente é a melhor maneira de gerenciá-la.

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[accordion-model-lca titulo=”Diagnóstico”]

O primeiro passo na avaliação da incontinência urinária é determinar qual o tipo de incontinência do paciente (Incontinência de esforço, Incontinência de urgência, Incontinência por transbordamento, Incontinência funcional, Incontinência mista) e as possíveis causas que estejam contribuindo para ela.

Fazer um diário por alguns dias antes da consulta médica, anotando quanto e o que você bebe, quando e quanto você urina e o número de episódios de incontinência pode ajudar nesta avaliação. Isso deve ser feito idealmente por 48 a 72 horas.

O exame de urina poderá ser solicitado para descartar infecção, vestígios de sangue ou outras anormalidades.

O Estudo urodinâmico é um exame no qual é injetado soro fisiológico dentro da bexiga de forma gradativa, avaliando-se diferentes variáveis:

  • Volume de enchimento máximo;
  • Propriedades elásticas;
  • Presença de contrações involuntárias;
  • Capacidade de esvaziamento.

Ao longo da fase de enchimento, o paciente é orientado a fazer esforços, como tossir, para avaliar a capacidade funcional do esfíncter.

Ainda que o exame não seja doloroso e tenha baixo índice de complicações, não há dúvidas de que o estudo urodinâmico seja um exame constrangedor e chato de ser feito.

Assim, o exame é geralmente solicitado em pacientes com queixas significativas ou quando ele de fato pode trazer informações importantes para a escolha do tratamento.

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[accordion-model-lca titulo=”Complicações”]

Dermatite (problemas de pele)

A Dermatite associada à incontinência é uma forma de dermatite de contato decorrente do contato da urina com a pele.

Ela decorre de uma combinação de irritação química e física da pele. A presença de urina provoca um aumento do pH, o que aumenta a permeabilidade da pele, afetando a função de barreira e aumentando o risco de infecção. A fricção na pele molhada também causa irritação física, o que deixa a pele mais fragilizada.

A pele se apresenta avermelhada, podendo haver erosões ou bolhas. Ela pode ser simétrica ou assimétrica. A pele circundante pode ter aspecto úmido e macerado na fase aguda, e secura e descamação da pele na fase crônica. 

Infecção urinária

Além de contribuir diretamente para um maior risco de infecção, alguns dos fatores associados à incontinência urinária são também fatores de risco para a Infecção urinária, incluindo a incapacidade de esvaziar completamente a bexiga e doenças crônicas como o diabetes.

Impactos na vida pessoal

A incontinência urinária pode afetar as relações sociais, profissionais e pessoais de um indivíduo.

Se a incontinência não for bem gerenciada, o paciente pode experimentar sentimentos de rejeição, isolamento social, vergonha e problemas com sua imagem corporal.

Infelizmente, nem todos os pacientes com incontinência urinária assumem e conversam abertamente sobre o seu problema.

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[accordion-model-lca titulo=”Tratamento da Incontinência Urinária”]

O tratamento da incontinência urinária depende do tipo de incontinência, da sua gravidade e da causa subjacente.

Sempre que houver uma condição subjacente como causa da incontinência, como uma infecção urinária ou uma hiperplasia prostática, o primeiro passo será o tratamento desta condição, sempre que possível.

Manter um peso saudável, evitar bebidas como cafeína e álcool, evitar alimentos que causam constipação e abandonar o tabagismo são medidas que ajudam no tratamento da incontinência urinária, independentemente de qual for a causa.

Exercícios específicos para a incontinência urinária, medicamentos ou mesmo a cirurgia podem ser considerados a depender da causa e da resposta aos tratamentos menos invasivos.

A adoção de algumas rotinas pode fazer uma grande diferença, incluindo:

  • Programar-se para ir ao banheiro de tempos em tempos, mesmo que não esteja com vontade de urinar;
  • Urinar antes de sair de casa ou antes de realizar atividade física.

Exercícios

Diferentes exercícios podem ser usados para aumentar a capacidade de “segurar” a urina ou para aumentar o esvaziamento da urina.

Uma técnica usada para treinar a aumentar o esvaziamento da bexiga é a dupla micção. Depois de urinar, espera-se por alguns minutos e tenta urinar novamente. Aos poucos, este “esvaziamento extra” passa a acontecer em qualquer micção.

Para treinar o esfíncter a “segurar a urina”, pode-se começar tentando adiar a ida ao banheiro por 10 minutos toda vez que sentir vontade de urinar. O objetivo é aumentar o tempo entre micções até que se esteja urinando apenas a cada duas ou três horas.

Outra forma de se fazer isso é com os exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico, conhecidos como “Exercícios de Kegel” (3).

Existem fisioterapeutas especializados em assoalho pélvico que podem orientar e conduzir a realização destes exercícios. Mas, para uma compreensão básica, imagine que você está tentando interromper o fluxo de urina. Então:

  • Contraia os músculos que você usaria para parar de urinar e segure por cinco segundos. Depois, relaxe por cinco segundos. Se isso for muito difícil, comece segurando por dois segundos e relaxando por três segundos.
  • Trabalhe até segurar as contrações por 10 segundos de cada vez.
  • Tenha como alvo realizar pelo menos três séries de 10 repetições por dia.

Além dos exercícios, outra forma de estimular a musculatura esfincteriana a segurar a urina é por meio da radiofrequência. Eletrodos são inseridos temporariamente no reto ou vagina para estimular e fortalecer a musculatura. Diversas sessões podem ser necessárias para atingir o resultado esperado.

Por fim, o tampão de incontinência vaginal foi especialmente concebido para mulheres com incontinência de esforço.

Este é um dispositivo mecânico intravaginal, semelhante aos tampões para fluxo menstrual. Ele pressiona a uretra para controlar o vazamento urinário durante o estresse físico, como caminhar ou correr.

Medicamentos

Diferentes medicamentos podem ser usados no controle da incontinência urinária, a depender da causa do problema.

Algumas medicações fazem isso relaxando os músculos esfincterianos, para permitir que a bexiga esvazie completamente. Outros medicamentos são usados para inibir a contração da musculatura da bexiga, no caso de uma bexiga hiperativa.

A terapia de reposição hormonal, geralmente com o uso do estrogênio, pode ajudar a restaurar a função normal da bexiga na incontinência urinária relacionada à menopausa.

Os medicamentos comumente usados ​​para tratar a incontinência urinária incluem:

  • Anticolinérgicos: medicamentos usados para relaxar uma bexiga hiperativa. Podem ser úteis especialmente no caso da incontinência de urgência.
  • Mirabegrona: Usado para tratar a incontinência de urgência, este medicamento relaxa o músculo da bexiga e pode aumentar a quantidade de urina que a bexiga pode conter. Também pode aumentar a quantidade que você consegue urinar de uma só vez, ajudando a esvaziar a bexiga mais completamente.
  • Alfa Bloqueadores: relaxam os músculos da bexiga e da próstata, facilitando o esvaziamento da bexiga em homens com urgência miccional ou incontinência por transbordamento;
  • Estrogênio tópico:  pode ajudar a tonificar e rejuvenescer os tecidos na uretra e nas áreas vaginais.

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[accordion-model-lca titulo=”Tratamento cirúrgico da incontinência urinária”]

O tratamento cirúrgico ou por meio de injeções deve ser considerado a depender do tipo de incontinência e da resposta ao tratamento com medidas menos invasivas, conforme discutido acima.

Injeção de toxina botulínica (Botox®)

O Botox é um medicamento muito utilizado para tratamentos estéticos. Entretanto, ele pode também ser usado para o tratamento da incontinência urinária, especialmente nos casos de bexiga hiperativa com incontinência de urgência.

O Botox é injetado no músculo da bexiga, levando a um relaxamento prolongado do mesmo.

Isso aumenta a capacidade de armazenamento de urina por parte da bexiga. O tratamento não é permanente e pode precisar ser repetido ao longo do tempo.

Cirurgia de sling

Procedimento de contenção da bexiga indicado em casos de Incontinência urinária de esforço com deficiência do assoalho pélvico. Envolve a colocação de uma fita cirúrgica específica para apoiar e dar suporte à uretra, aumentando assim a capacidade de segurar a urina.

O procedimento é feito sob anestesia local ou epidural, sendo indicado em casos de incontinência urinária de esforço que não tenham tido o resultado esperado após ao menos 6 meses de tratamento com os exercícios de Kegel e fisioterapia.

Habitualmente, o paciente fica internado por 1 a 2 dias após a cirurgia. Ele deverá evitar esforços por 15 dias, não podendo fazer exercícios, abaixar, pegar peso ou levantar-se bruscamente.

Perineoplastia

A perineoplastia é um procedimento cirúrgico que tem como objetivo reparar o assoalho pélvico quando outras formas de tratamento não apresentam resultado, especialmente nos casos de incontinência urinária pós-parto.

Após a cirurgia, habitualmente será recomendado manter o repouso em casa por uma semana, afastar-se de atividades físicas moderadas ou intensas por duas semanas e não ter relação sexual nas primeiras seis semanas.

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