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Incontinência Urinária de Esforço

O que é a Incontinência urinária de esforço?

Incontinência urinária de esforço se refere à perda involuntária de urina durante o esforço, prática de exercício, ao tossir ou espirrar.

Ela deve ser diferenciada de outras formas de incontinência urinária, especialmente da Incontinência Urinária de Urgência (bexiga hiperativa), que é caracterizada pela perda de urina após uma vontade repentina de ir ao banheiro.

Clinicamente, a paciente apresenta perdas geralmente em pequeno volume durante um esforço excessivo.

São fatores de maior risco para a Incontinência de esforço:

  • Antecedente obstétrico, especialmente de partos vaginais;
  • Idade avançada;
  • Obesidade;
  • Histórico familiar de incontinência urinária;
  • Atividades físicas ou profissionais que envolvem a contração da musculatura abdominal.

A atividade física não causa a incontinência diretamente. Entretanto, ela é um desencadeante para a perda de urina em uma pessoa com incontinência de esforço.

Uma mostra disso um estudo realizado com 291 atletas de elite de diferentes modalidades. 9,6% das atletas referiram perda frequente de urina durante a prática esportiva, mas apenas 0,8% referiram esta perda frequente fora da atividade esportiva (1).

Qual a causa da Incontinência urinária de esforço?

O primeiro passo para compreender a causa da incontinência urinária de esforço é entendendo como funciona o sistema urinário.

A urina produzida pelos rins é normalmente armazenada na bexiga, sendo que o esfíncter que conecta a bexiga à uretra impede que esta urina vaze.

Uma vez que a bexiga esteja cheia, um sinal é enviado para o cérebro, que interpreta que está na hora de urinar. O cérebro então responde com outro sinal, o qual promove o relaxamento do esfíncter.

A musculatura do assoalho pélvico tem também papel importante no desenvolvimento da incontinência urinária de esforço.

Quando fazemos um esforço sobre o tronco, um dos principais estabilizadores da coluna é a pressão intra-abdominal.

O diafragma se contrai e “empurra” os órgãos abdominais para baixo. Ao mesmo tempo, a musculatura do assoalho pélvico se contrai, evitando a descida dos órgãos abdominais. Com isso, a contração da musculatura abdominal ajuda a aumentar a pressão intra-abdominal, estabilizando a coluna.

Quando a musculatura do assoalho pélvico está deficiente, os ógãos abdominais são empurrados para baixo e aumentam a pressão na bexiga, favorecendo a perda de urina.

A incontinência urinária de esforço, desta forma, tem como causa uma combinação de dois fatores:

  • Alteração na pressão de fechamento da uretra, geralmente em decorrência de uma disfunção esfincteriana;
  • Alteração na posição e na mobilidade da uretra e do colo da bexiga, em decorrência de uma disfunção do assoalho pélvico.

A maioria das mulheres com incontinência urinária de esforço apresenta algum grau de disfunção esfincteriana. Ela pode ou não estar associada à hipermobilidade do colo da bexiga e alteração do assoalho pélvico.

Tratamento da Incontinência urinária de esforço

 O tratamento da Incontinência Urinária de esforço pode ser feito com uma combinação de medidas comportamentais, fisioterapia pélvica e eventualmente cirurgia.

Medidas comportamentais

A adoção de algumas rotinas pode fazer uma grande diferença, incluindo:

  • Programar-se para ir ao banheiro de tempos em tempos, mesmo que não esteja com vontade de urinar;
  • Urinar antes de sair de casa ou antes de realizar atividade física.

Fisioterapia pélvica

Diferentes exercícios podem ser usados na Fisioterapia Pélvica para aumentar a capacidade de “segurar” a urina.

Os índices de cura são tanto maiores quanto mais leve for a incontinência. Por essa razão, a fisioterapia costuma ser indicada nas incontinências leve a moderada.

Para treinar o esfíncter a “segurar a urina”, pode-se começar tentando adiar a ida ao banheiro por 10 minutos toda vez que sentir vontade de urinar. O objetivo é aumentar o tempo entre micções até que se esteja urinando apenas a cada duas ou três horas.

Outra forma de se fazer isso é com os exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico, conhecidos como “Exercícios de Kegel” (2).

Existem fisioterapeutas especializados em assoalho pélvico que podem orientar e conduzir a realização destes exercícios. Mas, para uma compreensão básica, imagine que você está tentando interromper o fluxo de urina. Então:

  • Contraia os músculos que você usaria para parar de urinar e segure por cinco segundos. Depois, relaxe por cinco segundos. Se isso for muito difícil, comece segurando por dois segundos e relaxando por três segundos.
  • Trabalhe até segurar as contrações por 10 segundos de cada vez.
  • Tenha como alvo realizar pelo menos três séries de 10 repetições por dia.

Além dos exercícios, outra forma de estimular a musculatura esfincteriana a segurar a urina é por meio da radiofrequência. Eletrodos são inseridos temporariamente no reto ou vagina para estimular e fortalecer a musculatura. Diversas sessões podem ser necessárias para atingir o resultado esperado.

Por fim, o tampão de incontinência vaginal foi especialmente concebido para mulheres com incontinência de esforço.

Este é um dispositivo mecânico intravaginal, semelhante aos tampões para fluxo menstrual. Ele pressiona a uretra para controlar o vazamento urinário durante o estresse físico, como caminhar ou correr.

Tratamento cirúrgico - Cirurgia de sling

Envolve a colocação de uma fita cirúrgica específica para apoiar e dar suporte à uretra, aumentando assim a capacidade de segurar a urina.

O procedimento é feito sob anestesia local ou epidural, sendo indicado em casos de incontinência urinária de esforço que não tenham tido o resultado esperado após ao menos 6 meses de tratamento com os exercícios de Kegel e fisioterapia.

Habitualmente, o paciente fica internado por 1 a 2 dias após a cirurgia. Ele deverá evitar esforços por 15 dias, não podendo fazer exercícios, abaixar, pegar peso ou levantar-se bruscamente.

Tratamento cirúrgico - Perineoplastia

A perineoplastia um procedimento cirúrgico que tem como objetivo reparar o assoalho pélvico quando outras formas de tratamento não apresentam resultado, especialmente nos casos de incontinência urinária pós-parto.

Após a cirurgia, habitualmente será recomendado manter o repouso em casa por uma semana, afastar-se de atividades físicas moderadas ou intensas por duas semanas e não ter relação sexual nas primeiras seis semanas.