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Demência – Abordagem Fonoaudiológica

Demência


Todas as pessoas precisam e dependem de um bom funcionamento orgânico para que se comuniquem, se alimentem e tenham uma vida social funcional e plena.

Com a idade, os órgãos acabam se deteriorando e uma parcela da população começa a apresentar degeneração nas funções cerebrais.

A vida útil das pessoas ou a qualidade de vida dos idosos está aumentando na atualidade, e com isso, aumentam também os índices de problemas da linguagem e cognitivos em função das doenças progressivas.

Com o aumento da população idosa, doenças típicas nesta fase tornam-se mais comuns, entre as quais, as degenerativas, como a Demência.

A demência é uma síndrome caracterizada pelo declínio de memória e déficit cognitivo que influenciam no desempenho social do indivíduo e que ocorre com o envelhecimento.

São vários sinais e sintomas que, de forma progressiva e com o avanço da idade, culminam em uma deterioração crônica do funcionamento do intelecto, da personalidade e da comunicação.

Independentemente do tipo de demência, um dos seus primeiros indícios é o comprometimento da memória, com maior dificuldade de atenção e concentração, perda de habilidades intelectivas, desorientação espaço temporal, mudanças no comportamento, no humor e na personalidade.

Além dessas alterações, conforme a doença evolui, o paciente pode apresentar dificuldades para se alimentar e deglutir. Assim, é função do fonoaudiólogo intervir nos distúrbios de memória, fala e deglutição.

Importância do trabalho multidisciplinar na demência


Na maioria das vezes um médico neurologista especializado em doenças neurocognitivas ou um médico geriatra é procurado, quando existe suspeita de alteração neurológica no idoso.

Estes profissionais farão o diagnóstico diferencial se utilizando de exames clínicos, comportamentais, cognitivos e de imagem, descartando doenças como Acidente Vascular Crebral (AVC), Doença de Alzheimer, ou Demência, dentre outras.

Encontrando alterações na comunicação, alimentação, cognição ou equilíbrio será feito o encaminhamento para diagnóstico fonoaudiológico, assim como fisioterapia, psicologia e outras reabilitações como musicoterapia, terapia ocupacional.

Ou seja, é bem importante que cada profissional tenha um olhar individual, mas também integrado, para comunicar e ajudar a equipe no caso de novos dados, progressão da doença, etc…

Alterações na comunicação e cognição na demência e terapia fonoaudiológica


O fonoaudiólogo pode intervir na reabilitação dos sintomas da Demência, pois, independente do tipo de lesão e grau, a doença acaba acometendo a memória, fala e deglutição.

Este profissional contribui no tratamento das alterações de linguagem, sobre os déficits cognitivos e linguísticos, sobre as desordens da fala quanto à forma dos órgãos fono articulatórios e sobre os distúrbios de deglutição (disfagias), resgatando a qualidade física, comunicativa e social do paciente.

No caso do paciente com alto grau de acometimento cognitivo, o trabalho consiste em manter a estimulação e auxiliar no gerenciamento das disfagias (distúrbios alimentares de origem neurogênica).

A intervenção fonoaudiológica visa melhorar a qualidade de vida desses sujeitos. Podemos relacionar, em alguns casos, as dificuldades de deglutição com as de emissão vocal, de fala ou de comunicação (rouquidão, baixa intensidade vocal, disartrias-alterações na produção da fala de origem neurogênica).

As alterações linguístico-cognitivas, se tornam marcantes quando o idoso inicia um processo de alteração na compreensão e expressão oral.

Estes domínios linguísticos estão dentro do que denominamos como campo das funções executivas. Nestes casos, a fonoaudiologia atua com estratégias linguísticas para manter as funções de comunicação preservadas e funcionantes durante o maior tempo possível.

Uma atividade que, geralmente, requer orientações para melhor interação do idoso com os familiares.

Já as alterações alimentares, vão desde a recusa para fazer as refeições, passando pela dificuldade no ato de deglutir e, podem até mesmo chegar ao “esquecimento” sobre o passo-a-passo para a ingestão de alimentos.

Alterações essas que vão requerer um conjunto de técnicas específicas de reabilitação do tônus muscular, como também orientações específicas para familiares e cuidadores sobre adaptação da consistência alimentar, oferta da refeição diária e postura no momento e pós-refeição.

O trabalho fonoaudiológico pode ser feito em casa, nos hospitais, instituições de idosos ou na própria casa do paciente, o que favorece as orientações dadas à família e cuidadores.

Alterações auditivas e do equilíbrio nas demências


As alterações auditivas na geriatria, tecnicamente chamada de presbiacusia, são bastante comuns e podem aumentar com a evolução da idade. As alterações podem ser específicas da cóclea, órgão sensorial auditivo.

Mas, na maior parte dos casos de demência, elas são associadas a lesões neurológicas, que afetam o processamento auditivo central.

Ou seja, a indicação de aparelhos auditivos é questionável e precisa ser avaliada com cuidados e testes, assim como um período de treino para sua viabilidade. Já os exercícios de processamento auditivo estão indicados, em conjunto com toda a metodologia de trabalho da linguagem, da fala e da alimentação.

Assim como podem ocorrer sintomas auditivos, também poderá haver distúrbios do equilíbrio de origem periférica e central, o que pode comprometer os movimentos e a marcha.

A fonoaudiologia pode interceder via um trabalho de “reabilitação vestibular” para melhorar o equilíbrio e diminuir a sensação de “tontura “.

Desta forma, evita-se quedas e traumas, comuns nesta idade.