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Demência

O que é a demência?


Demência é um termo que abrange uma ampla gama de condições médicas caracterizadas por um declínio nas habilidades de pensamento, memória e raciocínio.

Estas condições são graves o suficiente para prejudicar a vida diária e a função independente. Elas também afetam o comportamento, sentimentos e relacionamentos.

Algumas pessoas com demência não conseguem controlar suas emoções e suas personalidades podem mudar sem uma causa clara para isso.

A doença é mais comum à medida que as pessoas envelhecem. Cerca de 23% dos homens e 30% das mulheres acima de 85 anos apresentam alguma forma de demência (1).

Entretanto, ela não deve ser vista como uma parte normal do envelhecimento. Muitas pessoas vivem até os 90 anos ou mais sem nenhum sinal de demência.

Ainda que qualquer pessoa possa desenvolver demência, manter um estilo de vida saudável ao longo da vida reduz significativamente os fatores de risco.

Quais as principais causas da Demência?


As cinco formas mais comuns de demência são:

1. Doença de Alzheimer

A Doença de Alzheimer é responsável por 60 a 70% dos casos de demência (1). É uma doença de evolução progressiva caracterizada em suas fases iniciais pela perda da memória. Ela é causada por alterações no cérebro decorrentes do acúmulo anormal de proteínas.

2. Demência frontotemporal

A Demência frontotemporal é responsável por 5 a 10% dos casos de demência. Ela tende a ocorrer em pessoas com menos de 60 anos. Está associada a quantidades ou formas anormais das proteínas tau e TDP-43.

3. Demência por corpos de Lewy

A Demência por corpos de Lewy é responsável por 5 a 10% dos casos de demência. Ela é causada por depósitos anormais da proteína alfa-sinucleína, chamados corpos de Lewy.

4. Demência vascular

A Demência vascular é responsável por 5 a 10% dos casos de demência. Ela decorre de sangramento microscópico e bloqueio de vasos sanguíneos no cérebro, sendo causada por condições que danificam os vasos sanguíneos no cérebro ou interrompem o fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro.

5. Demência mista

Decorre de uma combinação de dois ou mais tipos de demência.

Outras causas menos comuns incluem problemas de tireóide e deficiências de vitaminas.

Quais os sinais e sintomas da demência?


A demência é causada por danos às células cerebrais, as quais perdem a capacidade de se comunicarem umas com as outras. Quando isso acontece, o pensamento, o comportamento e os sentimentos podem ser afetados.

O cérebro tem muitas regiões distintas. Cada uma delas é responsável por diferentes funções, incluindo memória, julgamento e movimento.

Quando as células de uma determinada região cerebral são danificadas, essa área não pode realizar suas funções normalmente.

Diferentes tipos de demência estão associados a tipos específicos de danos nas células cerebrais em regiões específicas do cérebro.

Os sintomas da demência, desta forma, podem incluir:

  • Perda de memória, julgamento ruim e confusão;
  • Dificuldade em falar, entender e expressar pensamentos;
  • Dificuldade para ler e escrever;
  • Vagar pela rua e se perder em um bairro familiar;
  • Problemas para lidar com dinheiro ou pagar contas;
  • Perguntas repetidas;
  • Levar mais tempo para completar as tarefas diárias normais;
  • Perder o interesse em atividades ou eventos diários normais;
  • Apresentar alucinações, delírios ou paranoia;
  • Agir impulsivamente;
  • Não se importar com os sentimentos dos outros;
  • Perda do equilíbrio e problemas com o movimento.

Diagnóstico da demência


Não existe um teste específico para determinar se alguém tem demência.

O diagnóstico é geralmente feito pelo Neurologista, Psiquiatra ou Geriatra com base em um histórico médico cuidadoso, um exame físico direcionado e, eventualmente, com exames específicos.

Além disso, outras condições potencialmente tratáveis e que possam estar relacionadas às dificuldades cognitivas apresentadas devem ser investigadas.

Para caracterizar a causa da demência, é preciso reconhecer o padrão de perda de habilidades e funções e determinar o que a pessoa ainda é capaz de fazer.

Os seguintes procedimentos também podem ser usados ​​para diagnosticar a demência:

Testes cognitivos e neurológicos

Envolve testes realizados ​​para avaliar o pensamento e o funcionamento físico e mental. Isso inclui avaliações de memória, resolução de problemas, habilidades linguísticas e matemáticas, bem como equilíbrio, resposta sensorial e reflexos.

Avaliação psiquiátrica

A avaliação psiquiátrica ajuda a identificar depressão ou outra condição de saúde mental que possa estar causando ou contribuindo para os sintomas.

Exames de imagem

Qualquer doente com suspeita de demência deve realizar um estudo de imagem. A Tomografia Computorizada (TC ou TAC) cerebral é o exame mais frequentemente utilizado e permite identificar a maioria das causas tratáveis.

Em casos específicos poderão utilizar-se estudos adicionais, nomeadamente Ressonância Magnética (RM) cerebral, tomografia por emissão de positrões (PET) e tomografia por emissão de fotão único (SPECT).

Dependendo do caso, poderá ser solicitado a Tomografia Computadorizada, Ressonância magnética ou PET scan.

Eles têm por objetivo identificar derrames, tumores e outros problemas que possam estar por trás das perdas cognitivas.

Os exames de imagem também identificam alterações na estrutura e função do cérebro.

Exame de sangue

Mais recentemente, alguns biomarcadores da doença de Alheimer tornaram-se disponíveis.

Além disso, o exame de sangue pode detectar problemas que podem afetar a função cerebral, como deficiência de vitamina B-12 ou uma glândula tireóide hipoativa.

Tratamento

O tratamento da demência depende da causa e do estágio de evolução da doença.

No início, o paciente pode precisar de ajuda apenas para atividades mais complexas, como administrar o dinheiro. Com o tempo, pode precisar de ajuda para a higiene pessoal ou para a alimentação.

A maior parte não pode ser curada e tende a evoluir com piora progressiva, que pode ser mais ou menos rápida a depender do tipo de demência e do tratamento instituído.

Em alguns casos, medicamentos pode ser prescritos com o objetivo de retardar a evolução da doença, tratar outras condições subjacentes ou para tratar os sintomas.

O foco principal do tratamento deve ser em manter a autonomia do paciente, assegurar a sua segurança no domicílio e promover uma melhor qualidade de vida.

Como regra geral, o tratamento da demência deve incluir:

  • Educação dos familiares;
  • Medidas de apoio, incluindo a melhora do ambiente e da rotina;
  • Cuidados com a segurança;
  • Medicamentos específicos para o controle da evolução da demência, para tratamento dos sintomas ou para tratar outros problemas subjacentes.

Educação dos familiares

O paciente com demência não é capaz de controlar seus comportamentos e não percebe que suas atitudes são inadequadas e perturbadoras para os outros.

Insistir em mostrar para o paciente aquilo que é óbvio para você pode não ter qualquer efeito além de gerar um maior nível de estresse, o que deve ser evitado em pacientes com demência.

Assim, não adianta ficar “brigando” e tentando mostrar para ele que está errado. Quem está no controle dos comportamentos, infelizmente, é a doença.

A melhora da compreensão da doença por parte dos familiares ajuda a direcionar suas ações com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente, ao mesmo tempo em que se oferece segurança.

Considerando a demência como uma doença progressiva, entender o problema pode ajudar a família a se preparar melhor para a progressão da doença.

Isso pode incluir, entre outras coisas:

  • Avaliar o melhor lugar para moradia;
  • Gerenciamento das finanças;
  • Compreensão do nível de suporte necessário ou possível, incluindo família, cuidadores ou mesmo as moradias terapêuticas;
  • Gerenciar medidas de segurança.

Melhora do Ambiente

Em alguns casos, o paciente com demência pode ter dificuldade em organizar, filtrar e interpretar as informações sensoriais que recebe do ambiente e do próprio corpo.

Assim, manter um ambiente com pouco barulho, com luminosidade adequada e com o piso pouco escorregadio ajuda o paciente a se concentrar e funcionar.

Objetos desnecessários ou em excesso devem ser retirados do ambiente, para que o paciente consiga concentrar suas energias naquilo que realmente importa para ele.

Como exemplo, um paciente que tenha muitos pares de sapatos ou meias pode ter dificuldade para achar um par de meia ou de sapato. Da mesma forma, se tiver um número muito grande de livros, terá dificuldade em encontrar um livro específico.

Reestruturação da rotina

No momento do diagnóstico, muitos pacientes ainda estão no mercado de trabalho. Ao olhar para trás, no entanto, é comum que se perceba uma redução no desempenho profissional. Isso pode gerar críticas de terceiros ou mesmo pressão para finalizar tarefas que antes eram feitas com menos esforço e em menor tempo.

Ainda que manter a mente ativa seja fundamental, isso não deve gerar mais estresse e ansiedade no paciente. Em muitos casos, a rotina profissional precisa ser repensada.

Outras atividades que estimulem o raciocínio, como quebra-cabeças, jogos da memória costumam ser boas opções. Mais uma vez, no entanto, é preciso que isso não seja algo estressante.

Manter uma rotina social também é importante. A perda gradativa da independência faz com que muitos desses pacientes deixem gradativamente de sair de casa ou deixem de receber visitas. Isso piora significativamente a evolução da doença.

Por fim, manter a saúde física por meio da prática regular de exercícios contribui para a melhora da saúde mental. O exercício deve estar inserido na rotina da maior parte dos dias da semana, sempre considerando aspectos relacionados à segurança e também aos gostos pessoais de cada pessoa.

Medidas de Segurança

Medidas de segurança devem incluir:

  • Segurança da moradia;
  • Segurança em ambientes externos;
  • Prevenção de golpes financeiros.

Segurança da moradia

A maior preocupação em relação à segurança da moradia está relacionada à cozinha. É comum que se esqueça a comida no forno ou fogão, podendo gerar acidentes. Pessoas que ainda saem de casa sozinhas podem muitas vezes sair e deixar o fogão ligado.

Pode ser necessário também esconder objetos que possam ameaçar a segurança, como facas ou a chave de carro.

Sistemas de monitoramento podem ser usados para alertar os familiares caso a pessoa com demência comece a vagar.

Segurança em ambientes externos

Localizar-se em ambientes pouco familiares torna-se um problema que aumenta a cada dia. No entanto, sem aviso prévio, o paciente com demência pode se perder até mesmo em locais com os quais estão habituados.

Uma caminhada para a padaria na esquina de casa pode fazer com que ele se perca e comece a vagar pelas ruas. Quando isso acontece, pode não ter a iniciativa para ligar para alguém ou para pedir ajuda.

Um dos primeiros passos que a família deve tomar ao receber o diagnóstico é pensar na segurança ao sair de casa.

Existem dispositivos como pulseiras identificadoras que podem ajudar a localizar o paciente caso ele se perca. O telefone celular pode não ser a melhor forma para isso, já que podem esquecê-lo em casa.

Alguns pacientes podem ter problemas para tomar decisões no trânsito. Aqueles que ainda dirigem devem reconsiderar o uso do carro. Em outros casos, o paciente pode simplesmente ir atravessando a rua sem se preocupar com o trânsito. Ter um acompanhante ao sair na rua é fundamental nesses casos.

Prevenção de golpes financeiros

Pessoas com demência ficam mais susceptíveis a caírem em golpes financeiros, sejam eles por telefone ou email.

Em alguns casos, mesmo o uso de dinheiro ou cartão de crédito pode deixar o indivíduo mais vulnerável.

Ao se perceber algum nível de dificuldade ou confusão, pessoas mal intencionadas podem cobrar um valor duas vezes, passar valores errados na maquininha ou devolver troco errado.

O paciente pode também ser convencido a fazer compras desnecessárias ou sem sentido.

No caso de famílias mal estruturadas ou com conflitos familiares, até mesmo membros da família podem tentar se aproveitar da situação.

Em alguns casos, medidas de segurança financeira podem ser necessárias, seja com a anuência do paciente ou por meio de intervenção judicial.

Tratamento medicamentoso

Nenhum tratamento pode restabelecer a função mental para a maioria das demências. No entanto, tratar os distúrbios que estão causando ou a piorando a demência pode, às vezes, parar ou reduzir a progressão da demência.

Algumas das condições que podem ser tratadas incluem problemas hormonais como o hipotireoidismo, um hematoma subdural ou a deficiência de vitamina B12.

Medicamentos que atuam aumentando alguns neurotransmissores no cérebro, como acetilcolina, serotonina e noradrenalina, podem ajudar na melhora dos sintomas, embora não sejam capazes de modificar o curso da demência.

Problemas neuropsiquiátricos como ansiedade, depressão e insônia são mais comuns no paciente com demência. O tratamento, nesses casos, pode contribuir para a melhora dos sintomas e da qualidade de vida.

No caso de pessoas com abuso de tabaco ou álcool, o tratamento do vício deve ser avaliado caso a caso, mas certamente pode contribuir na evolução da doença.

Por outro lado, é preciso considerar também que certos medicamentos usados no tratamento de diferentes condições clínicas podem piorar os sintomas demenciais. Alguns desses medicamentos podem ser suspensos ou substituídos, outros não.

Moradia

A moradia é sempre um ponto de preocupação e pode de fato ser um fotor decisivo para a qualidade de vida tanto do paciente como dos seus familiares.

Em muitos casos, a residência em que se passou boa parte da vida pode não mais atender às necessidades individuais.

As possibilidades nesses casos podem incluir:

  • Reformas estruturais na residência;
  • Residência própria com maior suporte de cuidadores ou familiares;
  • Mudar-se para a casa de um familiar;
  • Mudar-se para uma residência assistida.

A escolha deve levar em consideração questões financeiras, o suporte de terceiros (especialmente o cônjugue e os filhos), o nível de suporte indicado e a familiaridade com o local.

É muito difícil prever como um familiar demenciado estará daqui há 01 ano, 5 anos ou 10 anos. Assim, é preciso sempre contar com a possibilidade de precisar uma nova mudança em breve.

Com a evolução da demência, o paciente perde gradativamente a capacidade de reconhecer novos ambientes. Em alguns casos, pode ter dificuldade até de reconhecer como chegar até a cozinha ou ao próprio quarto. Todo o esforço nesses casos deve ser feito para mantê-lo em sua antiga residência.