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Câncer de Ovário

O que é o Câncer de Ovário?

O Câncer de Ovário é uma condição na qual as células do ovário sofrem uma mutação e passam a se multiplicar fora de controle, sendo mais comum após a menopausa.

A idade mais comum para o câncer de ovário é após a menopausa, com a maioria dos casos sendo diagnosticados em mulheres com mais de 50 anos, especialmente entre 60 e 70 anos.

Os ovários são glândulas reprodutivas responsáveis pela produção e liberação dos óvulos nas mulheres. Eles são também a principal fonte dos hormônios femininos estrogênio e progesterona.

Cada mulher tem dois ovários, um de cada lado do útero.

Quais os tipos de Câncer de Ovário?

Os ovários são compostos principalmente por 3 tipos de células. Cada tipo de célula pode se desenvolver em um tipo específico de tumor.

São eles:

  • 1. Tumores Epiteliais, formado a partir das células que cobrem a superfície externa do ovário;
  • 2. Tumores de Células Germinativas, formados a partir das células que produzem os óvulos (óvulos);
  • 3. Tumores Estromais, que se iniciam nas células responsáveis pela produção dos hormônios femininos estrogênio e progesterona.

Alguns desses tumores são benignos (não cancerosos) e nunca se espalham além do ovário. Tumores ovarianos malignos (cancerosos) ou limítrofes (baixo potencial de malignidade) podem se espalhar (metástase) para outras partes do corpo e podem ser fatais.

1. Tumores Ovarianos Epiteliais

Carcinoma epitelial de ovário (o mais comum, ~90% dos casos):

Tumores Ovarianos Epiteliais começam na superfície externa dos ovários. Eles podem ser benignos (não câncer), limítrofes (baixo potencial maligno) ou malignos (câncer). Eles Geralmente ocorrem em mulheres pós-menopáusicas, principalmente entre 50 e 70 anos.

  • Tumores Epiteliais Benignos do Ovário: Tumores ovarianos epiteliais benignos não se espalham e geralmente não levam a doenças graves.Existem vários tipos de tumores epiteliais benignos, incluindo o cistoadenomas seroso, cistoadenoma mucinoso e tumores de Brenner.
  • Tumores Epiteliais Limítrofes: Quando examinados em laboratório, alguns tumores epiteliais apresentam características que não permitem definí-los claramente como câncer. Eles são denominados de câncer de ovário epitelial limítrofe.Os dois tipos mais comuns são o carcinoma seroso proliferativo atípico e o carcinoma mucinoso proliferativo atípico.Diferentemente dos cânceres de ovário típicos, eles não crescem para dentro dos tecidos ao seu redor.Os tumores limítrofes tendem a afetar mulheres mais jovens do que os cânceres de ovário típicos.Esses tumores crescem lentamente e são menos fatais do que a maioria dos cânceres de ovário.
  • Tumores Epiteliais Malignos: Tumores epiteliais cancerosos são chamados de carcinomas. Eles representam aproximadamente 90% dos cânceres ovarianos malignos (1). Existem diferentes tipos de tumores epiteliais malignos do ovário, incluindo:
    • Carcinomas serosos (52%);
    • Carcinoma de células claras (6%)<;/li>
    • Carcinoma mucinoso (6%);
    • Carcinoma endometrióide (10%).

2. Tumores de Células Germinativas

As células germinativas do ovário são aquelas que dão origem aos óvulos. Eles representam menos de 2% dos tumores de ovário, sendo mais comuns em adolescentes e mulheres jovens (<30 anos).

Existem diferentes tipos de tumores de células germinativas ovarianas, incluindo os teratomas, disgerminomas, tumores do seio endodérmico e coriocarcinomas.

A maioria destes tumores são benignos, mas alguns podem ser malignos.

Entretanto, o câncer de células germinativas apresenta melhor prognóstico, quando comparado com as outras formas de câncer de ovário. Mais de 90% dos pacientes sobrevivem ao menos 5 anos após o diagnóstico.

3. Tumores Estromais do Ovário

Cerca de 1% dos cânceres de ovário são tumores de células do estroma ovariano. Esses são as células responsáveis pela produção dos hormônios estrógeno e progesterona.

Tumores Estromais do Ovário podem ocorrer em diferentes idades, mas têm pico entre 40 e 60 anos. Muitos destes tumores são produtores de hormônio. Assim, um dos sintomas mais comuns é o sangramento vaginal anormal. Isso pode acontecer inclusive em mulheres na menopausa ou em meninas que ainda não passaram pela puberdade.

Menos frequentemente, os tumores estromais produzem hormônios masculinos, como a testosterona. Quando isso acontece, a mulher pode parar de menstruar e pode desenvolver sinais como aumento dos pelos faciais ou corporais.

Algumas mulheres podem ter dor abdominal intensa, devido ao sangramento anormal.

Devido a estes sintomas, os tumores estromais cancerosos são frequentemente encontrados em estágio inicial e têm melhor prognóstico do que o câncer de célula epitelial, com mais de 75% dos pacientes sobrevivendo a longo prazo.

Sintomas

O câncer de ovário pode causar diferentes sinais e sintomas, inclusive nos estágios iniciais.

Entre eles, incluem-se:

  • Dor e Inchaço na pelve ou abdome;
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • Dor nas costas;
  • Dificuldade para se alimentar, com a sensação de plenitude;
  • Constipação;
  • Urgência miccional ou aumento da frequência urinária;
  • Fadiga;
  • Distúrbios menstruais, como o aumento no volume ou sangramentos; irregulares.

Vale considerar, entretanto, que todos estes sintomas são bastante inespecíficos e na maior parte das vezes estão associados a outros problemas que não o câncer de ovário.

Diagnóstico do Câncer de Ovário

O câncer de ovário não é fácil de ser diagnosticado.

Clinicamente, os sintomas mais comuns são pouco específicos, podendo ser causados por diversas outras condições além do câncer de ovário.

Além disso, a maioria dos tumores ovarianos iniciais são difíceis ou impossíveis de serem sentidos em um exame pélvico de rotina.

Os exames de imagem e laboratoriais podem ajudar no diagnóstico, mas apresentam limitações importantes.

Os dois exames mais usados para isso são o ultrassom transvaginal e a dosagem do marcador tumoral CA-125.

O ultrassom transvaginal pode ajudar a encontrar uma massa ovariana. Entretanto, é difícil distinguir um tumor benigno (a grande maioria dos casos) de um câncer.

Já o CA-125 é um marcador que tendem a aumentar no paciente com câncer de ovário. Entretanto, na maior parte das vezes ele encontra-se aumentado em decorrência de outras condições, como a Endometriose. Além disso, alguns cânceres de ovário não provocam o aumento do CA-125.

Por conta de todas estas dificuldades, apenas cerca de 20% dos cânceres de ovário são encontrados em estágio inicial.

Melhores maneiras de rastrear o câncer de ovário estão sendo pesquisadas, mas atualmente não há testes de triagem confiáveis.

O exame de escolha para fazer a confirmação, no caso de uma lesão suspeita, é a biópsia.

Além de confirmar o diagnóstico, a biópsia permite determinar o tipo de câncer e o grau de diferenciação celular.

Estadiamento do Câncer de Ovário

O sistema de estadiamento FIGO (International Federation of Gynecology and Obstetrics) é usado com frequência para tumores dos órgãos reprodutivos femininos, incluindo o câncer de ovário.

Os estágios variam de 1 a 4, onde o estágio 1 significa uma doença em sua fase inicial e o estágio 4 significa que doença está disseminada à distância.

O estadiamento do câncer é fundamental para determinar o prognóstico e para a escolha do tratamento. Como regra geral, tumores com estágios similares tendem a ter um prognóstico semelhante e geralmente são tratados da mesma maneira.

Grau de diferenciação do tumor

O câncer de ovário pode ser classificado histologicamente quanto ao grau de diferenciação do tumor.

Quanto mais diferenciada é uma célula, mais parecida ela é com a célula normal do ovário.

O carcinoma seroso do ovário é classificado em dois tipos:

  • Carcinoma de baixo grau: formado por células bem diferenciadas, mais parecidas com as células normais;
  • Carcinoma de alto grau: formada por células indiferenciadas.

Os demais tipos de câncer de ovário são classificados em três categorias:

  • Grau I: células bem diferenciadas;
  • Grau II: características intermediárias entre o Grau I e o Grau III;
  • Grau III: células indiferenciadas.

Os tumores de alto grau se multiplicam e crescem mais rapidamente. Por outro lado, eles costumam responder melhor ao tratamento com quimioterapia.

Tratamento para o Câncer de Ovário

O tratamento do câncer de ovário geralmente envolve uma combinação de cirurgia e quimioterapia.

A cirurgia é feita com o objetivo de remover o tecido cancerígeno, enquanto a quimioterapia é usada para matar células cancerígenas que tenham se espalhado.

Tratamento Cirúrgico

A cirurgia é o principal tratamento para a maioria dos cânceres de ovário. Ela tem por objetivo remover todo o câncer junto com uma margem de tecido saudável, para minimizar a possibilidade de que células doentes tenham ficado para trás.

Na maior parte das vezes, a cirurgia envolve a remoção de ambos os ovários, das trompas de falópio e do útero, além de outros tecidos afetados. Quando o câncer já se espalhou e a remoção de todo ele não for possível, o cirurgião deve se esforçar para remover o máximo de tecido doente possível. .

A preservação de um ovário é uma opção válida especialmente no caso dos tumores estromais, que habitualmente estão confinados a um único ovário.

Quando apenas um dos hovários é removido, a fertilidade é preservada, bem como a produção hormonal – isso considerando que o ovário remanecente seja saudável.

Já a mulher submetida à salpingooforectomia bilateral (retirada de ambos os ovários, tuba e útero), a mulher se torna infértil e entra em menopausa, independentemente da idade.  Para a maior parte das pacientes com câncer de ovário, que desenvolvem a doença entre os 50 e os 70 anos de idade, isso não representa um problema. A preocupação é maior para mulheres mais jovens, que entram em menopausa  de forma precoce.

Como consequência da menopausa, há uma redução na libido, dor na relação por conta de secura vaginal, aumento do risco cardiovascular e de osteoporose e outros sintomas característicos da menopausa. Discutimos isso em um artigo específico sobre a menopausa precoce. Esse é um problema especialmente para as mulheres mais jovens

A reposição hormonal poderá ser considerada no tratamento. No entanto, ela está contraindicada no caso dos tumores estromais, por conta de eles serem responsivos aos hormônios.

Quiomioterapia

Na maior parte das vezes, a quimioterapia é usada de forma complementar a cirurgia nos cânceres de ovário epiteliais e germinativos. Já os cânceres estromais geralmente não são tratados com quimioterapia.

A quimioterapia é aplicada em ciclos, com períodos de descanso entre os ciclos para permitir que o corpo se recupere dos efeitos colaterais do ciclo anterior. Os tipos de medicamentos e como eles são administrados podem variar a depender do tipo de câncer.

A quimioterapia pode ser usada antes da cirurgia, com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor, ou após a cirurgia, para matar eventuais células que tenham se espalhado.

Ela pode ser usada também nos cânceres metastáticos, para destruir o máximo possível de tecido cancerígeno.

Prognóstico do Câncer de Ovário

O prognóstico do câncer de ovário depende de fatores como idade, saúde geral da paciente e o estágio de evolução da doença.

A maioria das mulheres com câncer de ovário em estágio 1 tem um excelente prognóstico. Infelizmente, a maior parte dos casos são diagnosticados mais tardiamente, quando o prognóstico é pior.

Para todos os tipos de câncer de ovário juntos, a taxa de sobrevida em um ano é de 72,4% e em 5 anos de 46,2%. Mulheres diagnosticadas com menos de 65 anos apresentam melhor prognóstico, quando comparado com mulheres mais velhas.

A tabela abaixo mostra a sobrevida média em 5 anos para os diferentes estágios da doença. (Fonte: American Cancer Society).