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Tendinite Glútea (Síndrome da Bunda Morta)

O que é a Tendinite Glútea?

A Tendinite glútea, também conhecida como Síndrome da Bunda Morta, é a principal causa de dor na face lateral da coxa. Ela se desenvolve em decorrência da insuficiência dos músculos glúteos médio e mínimo.

O músculo glúteo médio se localiza na face lateral do quadril e se fixa no Trocanter maior do fêmur, a proeminência óssea que sentimos ao passar a mão sobre a face lateral da coxa. Ele é o principal responsável por mover o quadril lateralmente e é ele que estabiliza a pelve quando estamos apoiados em um único pé. Isso acontece,, por exemplo, durante uma caminhada ou corrida e especialmente ao subir ou descer escadas e ladeiras.

A fraqueza dos glúteos é a principal causa para a dor. Mas, uma vez que a pessoa desenvolva a tendinite, a dor provoca um processo de inibição muscular que dá a sensação de que os glúteos foram “desligados”. Daí a expressão “Síndrome da Bunda Morta”.

A Tendinite Glútea é a tendinopatia mais comum dos membros inferiores, sendo que uma a cada quatro mulheres com mais de 50 anos apresentam o problema. Ela acomete quatro vezes mais mulheres do que os homens e 73% delas estão próximas ou após a menopausa.

Fatores como estresse psicológico, pior qualidade de vida e obesidade estão associados a uma maior incidência. Estes problemas podem ser tanto causa como consequência da tendinite glútea. Acredita-se que a maior incidência próximo à menopausa possa ter alguma relação com as alterações hormonais que acontecem neste período.

A maior parte das pacientes são sedentárias, sendo um problema especialmente comum entre pessoas que ficam grande parte do dia sentadas. Eventualmente, pode acometer também atletas corredores e de outros esportes que envolvem a corrida.

Tendinite Glútea X Bursite Trocantérica

A dor na face lateral do quadril foi tradicionalmente diagnosticada como Bursite Trocantérica, ou seja, como uma inflamação da Bursa. A Bursa Trocantérica é um coxim gorduroso que protege o trocânter maior e que está intimamente relacionado aos tendões glúteos.

Estudos recentes mostram que a tendinite glútea é a principal causa de dor na face lateral da coxa, não a bursite. Ainda assim, algumas organizações propõem agrupar estas duas entidades sobre o termo “Síndrome da dor trocantérica” (1).

A fraqueza do glúteo médio faz com que o músculo seja sobrecarregado, dando origem à tendinite glútea. Ao mesmo tempo, o glúteo médio insuficiente faz com que a pessoa não seja capaz de manter a pelve estável durante o apoio monopodálico, podendo-se observar uma leve queda da pelve.

Quando isso acontece, a pressão sobre a Bursa trocantérica aumenta e o paciente tende a desenvolver a bursite trocantérica.

Daí a relação entre estes dois problemas, que muitas vezes coexistem no mesmo paciente. Na prática clínica, a diferenciação entre estas duas condições não parece ter grande importância.

O que o paciente sente?

A tendinite glútea se caracteriza por uma dor que começa na lateral do quadril, sobre o trocânter maior do fêmur, que é a proeminência óssea na face lateral do quadril. Ela pode irradiar para a parte lateral da coxa ou região glútea profunda.

Um sinal comum é a dificuldade para iniciar a caminhada depois de ficar sentado por um período prolongado. O paciente começa a caminhar mancando por alguns passos até voltar a caminhar normalmente.

Outras condições nas quais a perna é mantida em adução (cruzando a linha média do corpo) também são causa de dor no paciente com tendinite glútea. Alguns dos posicionamentos e movimentos que causam a dor incluem:

  • Alongamentos da musculatura lateral da coxa;
  • Sentar com a perna cruzada;
  • Ficar em pé apoiado em uma única perna;
  • Deitar sobre o lado afetado ou não afetado, sem um travesseiro firme entre as pernas.

Diagnóstico diferencial

A tendinite glútea é a principal causa de dor na face lateral do quadril e quadrante súperolateral dos glúteos.

Ela deve ser diferenciada especialmente das dores intra-articulares irradiadas para esta região, como a Artrose no quadril, Impacto femoroacetabular ou lesão do Labrum acetabular. Finalmente, ela deve também ser diferenciada das dores irradiadas a partir da coluna lombar, como na Discopatia degenerativa.

Uma diferença crucial é que a mobilidade do quadril em adução tende a ser aumentada na tendinite glútea. Já nos problemas intra-articulares do quadril, ela tende a ficar reduzida. Exames de imagem podem ou não mostrar a inflamação nos tendões dos glúteos.

Já nos pacientes com histórico de dor e limitação da mobilidade na coluna deve chamar a atenção para dores irradiadas a partir dessa região. Outro sinal sugestivo é a dor com a elevação da perna estendida.


Tratamento da Tendinite Glútea

Infelizmente, não existe uma “solução rápida” para o tratamento da Bursite Trocantérica. Muitas pessoas convivem por muito tempo com a dor, lançando mão de medidas para o alívio temporário dos sintomas. Isso é feito especialmente por meio de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.

Além das medicações, outras terapias com efeito neste tipo de dor incluem a acupuntura, agulhamento a seco, laser (especialmente o Laser de Alta potência), Terapia por Ondas de Choque e a fisioterapia manipulativa para liberação fascial e de pontos gatilhos.

Medidas para o alívio sintomático devem sim ser consideradas como parte do tratamento, desde que não se fique restrito a isso. Caso contrário, as deficiências musculares responsáveis pela sobrecarga dos glúteos tende a aumentar progressivamente e estes tratamentos imediatistas se tornam cada vez menos eficazes.

Movimentos que contribuem para a dor, incluindo sentar-se com as pernas cruzadas ou dormir deitado de lado e sem um travesseiro entre as pernas devem ser evitados.

Uma vez que a dor esteja melhor controlada, é fundamental que as deficiências musculares sejam abordadas. Inicialmente isso deve ser feito por meio da fisioterapia. Mas, à medida em que o controle muscular aumenta, é recomendável que se faça uma transição para atividades físicas regulares.