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Surdez e Deficiência Auditiva no Idoso (Presbiacusia)

O que é presbiacusia?

Presbiacusia é o nome que se dá à Perda Auditiva relacionada à idade. Ela habitualmente acontece de forma gradual e pode acometer um ou ambos os ouvidos.

Este é um problema bastante comum, já que 50% dos adultos com mais de 60 anos e dois em cada três adultos com mais de 70 anos são afetados por uma perda auditiva clinicamente significativa (1).

Causas da Deficiência Auditiva no Idoso

A presbiacusia surge gradualmente à medida que a pessoa envelhece.

Ainda assim, ela se mostra mais comum em pessoas expostas a barulhos excessivos por tempo prolongado, certas condições de saúde (incluindo diabetes e problemas na tireoide), além do uso de determinados medicamentos.

Na maior parte dos idosos, a perda auditiva decorre de problemas no ouvido interno, no nervo auditivo ou na interpretação da audição no Sistema Nervoso Central.

A perda auditiva neurossensorial pode ser causada por uma ampla gama de condições. Entretanto, ela é mais comumente uma parte do processo natural de envelhecimento, que é responsável por cerca de 90% desse tipo de perda auditiva. Ela afeta 1 em cada 7 com mais de 65 anos.

Quais os sintomas da Deficiência Auditiva no Idoso?

Os sinais e sintomas mais comuns da Deficiência Auditiva no Idoso incluem:

  • Dificuldade em distinguir determinados sons;
  • Dificuldade para entender uma conversa, especialmente quando existe ruído de fundo;
  • Idoso que aparenta não prestar atenção na conversa, especialmente quando em um grupo maior de pessoas;
  • Alguns sons podem parecer altos e irritantes;
  • Zumbido em um ou ambos os ouvidos;
  • Som da TV ou rádio muito alto; 
  • Falar muito alto no telefone, além de dificuldade para escutar o telefone.

 

Na maioria das vezes, a deficiência se inicia com a perda na capacidade de ouvir ruídos agudos, como um telefone tocando ou o sinal sonoro do micro-ondas. A capacidade de ouvir ruídos de baixa frequência não costuma ser afetada nas fases iniciais.

Avaliação da deficiência auditiva ou surdez

A avaliação da deficiência auditiva no idoso deve seguir os mesmos passos da avaliação da deficiência auditiva em outros públicos.

Otoscopia

A avaliação do paciente com deficiência auditiva ou surdez se inicia com a inspeção do puvido por meio de um instrumento chamado otoscópio.

Neste momento, poderão ser detectadas as seguintes condições, entre outras:

  • Obstrução do conduto auditivo por um objeto estranho (insetos, por exemplo);
  • Acúmulo de cera

Teste do diapasão (Teste de Rinner)

O diapasão é um instrumento metálico com duas pontas, que produz um som quando tocado. 

O teste é usado para diferenciar uma deficiência auditiva de condução de uma deficiência auditiva neurosensorial.

Incialmente, o diapasão é vibrado e colocado atrás da orelha, contra o osso mastóide. O paciente é solicitado a indicar quando não ouve mais nenhum som. 

Imediatamente depois, o diapasão é então colocado de 1 a 2 centímetros do canal auditivo. O paciente é questionado novamente se consegue ouvir o garfo.

Normalmente, a condução aérea é duas vezes maior do que a condução óssea. Assim, podemos classificar a resposta ao teste de duas maneiras:

  • Positivo (normal): quando a condução aérea é maior do que a condução óssea. É indicativo de que a condução do som é normal e que a perda auditiva tem origem neurosensorial.
  • Negativo (anormal): quando a condução aérea é menor do que a condução óssea. É indicativo de que a perda auditiva tem origem condutiva.

Audiometria

Durante o teste de audiometria, o paciente usa fones de ouvido, com os sons sendo direcionados para um ouvido de cada vez. Uma gama de sons é apresentada ao paciente em vários tons. O paciente tem que sinalizar cada vez que um som é ouvido.

Cada som ou palavra é apresentado em vários volumes, para que que seja determinado qual o menor volume que o paciente é capaz de escutar.

Quais as consequências da Deficiência Auditiva no Idoso?

A deficiência auditiva no idoso está relacionada a diversas condições comuns à população geriátrica, incluindo demência, comprometimento e declínio cognitivo, depressão, perda da função física, menor engajamento social e maior utilização de serviços de saúde (2, 3, 4)

A perda auditiva afeta negativamente o processamento da fala, a compreensão e a comunicação, componentes essenciais da vida cotidiana.

O idoso com deficiência auditiva tem dificuldade em acompanhar conversas, o que acaba por comprometer sua socialização e a aumentar a solidão, outro problema comum nesta faixa etária.

A perda cognitiva no idoso é potencializada pela perda auditiva. Estima-se que até 9% dos casos de demência poderiam ser evitados com tratamento auditivo (5). Este é um potencial maior do que qualquer outro fator de risco modificável de demência.

Da mesma forma, o risco para depressão em 12 anos de seguimento é 73% maior nos idosos surdos. O risco é maior quanto mais grave a perda auditiva (6).

Uso de aparelhos auditivos

Estima-se que aproximadamente 50% dos idosos com dificuldade para comunicação tenham como causa principal para o problema a perda da capacidade auditiva.

Nestes pacientes, aparelhos auditivos que compensem a inaudibilidade podem ser suficientes.

Para o restante dos idosos, o problema é mais complexo, podendo ser atribuído a problemas neurológicos ou cognitivos. Eles podem ou não ter uma deficiência auditiva combinada.

Dispositivos como os aparelhos auditivos podem ser considerados, mas tendem a ser insuficientes para remediar as dificuldades vivenciadas por esses idosos.

Uso de Aparelhos Auditivos por idosos

Aparelhos auditivos são usados por 4,3% das pessoas entre 50 e 59 ano e por 22,1% das pessoas com 80 anos ou mais nos Estados Unidos (7).

Estes números são considerados baixos, dado o grande número de idosos com problemas auditivos.

Eles representam apenas 1 em cada 7 idosos com indicação de uso. Entre pessoas de 50 a 59 anos, o problema é ainda maior, com apenas 1 para cada 20 pessoas com potencial benefício dos aparelhos auditivos de fato fazem uso do mesmo (8).

Adaptação aos aparelhos auditivos

Para uma melhor adaptação ao aparelho, o primeiro passo é ajustar as expectativas do paciente e de seus familiares, para evitar uma frustração injustificada.

O aparelho auditivo não é um equipamento como, por exemplo, os óculos ou lentes, na qual o problema é corrigido de imediato assim que ele é colocado.
Como regra geral, leva meses para uma pessoa reaprender a ouvir usando aparelhos auditivos. Mais do que isso, diversos fatores contribuem para diferenças individuais na reaprendizagem da audição, incluindo a cognição.

Alguns idosos, de fato, nunca se adaptam bem a eles. Entretanto, isso acontece na menor parte dos casos.

Os aparelhos auditivos não reproduzem os sons exatamente como a pessoa ouvia antes de ter perda auditiva.

Para algumas pessoas, a maior mudança é o som de sua própria voz. No início, ela pode parecer desconhecida.

A mastigação e a deglutição podem ser especialmente perceptíveis. Essas sensações, que são irritantes no início, vão se dissipando quanto mais o paciente usar seus aparelhos auditivos.

Sons de carro ou o barulho do refrigerador também podem ser incômodos.

A quase qualquer momento, estamos recebendo uma quantidade enorme de ruídos. O cérebro aprende ao longo da vida a ignorar estes ruídos de fundo em detrimento de outros mais importantes.

Quando uma pessoa passa a usar o aparelho auditivo, ela precisa novamente reaprender a ignorar todos estes ruídos de fundo.

Os aparelhos devem ser usados inicialmente por poucos períodos, na casa do paciente, em conversas com apenas uma outra pessoa e sem ruídos de fundo.

Escutar músicas pode ser uma outra maneira de “reeducar” os ouvidos.

Gradativamente, o aparelho pode ser usado por períodos maiores e em ambientes mais desafiadores.