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Síndrome de Guillain-Barré

O que é a síndrome de Guillain-Barré?

A síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune que ataca os nervos.

Embora possa acontecer em qualquer idade, ela é mais comum entre os idosos.

Da mesma forma como ocorre com outras doenças autoimunes, o sistema imunológico do paciente com a Síndrome de Guillain-Barré identifica erroneamente certas células normais do indivíduo como agressoras, desencadeando uma resposta para destruí-las.

No caso da Síndrome de Guillain-Barré, o sistema imunológico ataca as células produtoras da bainha de mielina nos nervos.

A bainha de Mielina envolve os axônios dos nervos periféricos e provê um isolamento elétrico para eles, sendo fundamental para o seu funcionamento.

Qual a causa da Síndrome de Guillain-Barré?

A Síndrome de Guillain-Barré é geralmente desencadeada por uma infecção viral ou bacteriana.

O sistema imunológico normalmente produz anticorpos durante o curso da infecção, de forma a combater o agente agressor.

Eventualmente, estes anticorpos desenvolvem uma reação cruzada e passam a reconhecer células normais como se fossem o agente infecioso, desenvolvendo uma resposta para destruí-las.

Entre as infecções que podem causar Síndrome de Guillain-Barré, incluem-se:

  • Infecções de vias aéreas superiores
  • Gastroenterites
  • Infecção por Citomegalovírus;
  • Infecção pelo Vírus Epstein-Barr;
  • Hepatite B e Hepatite C;
  • HIV;
  • Arboviroses, incluindo a Dengue, Zika e a Chikunguya.

Quais são os sintomas da síndrome de Guillain-Barré?

A síndrome clássica de Guillain-Barré geralmente se caracteriza por uma neuropatia sensitiva e motora de início agudo.

Ainda que tanto a sensibilidade como a motricidade sejam acometidas, a sensibilidade é afetada antes da motricidade.

Os sintomas sensitivos geralmente progridem em 03 a 07 dias, enquanto que os sintomas motores podem piorar em até 14 dias.

Sintomas sensitivos
Sinais de comprometimento dos nervos sensitivos incluem dor, dormência, formigamento e queimação.

Sintomas motores
Os sintomas motores incluem fraqueza muscular e dificuldades para caminhar.
A neuropatia da Síndrome de Guillain-Barré é ascendente. Isso significa que ela se inicia nos pés e sobe gradativamente para outras articulações mais acima. Além disso, ela é simétrica, acometendo igualmente o lado direito e esquerdo do corpo.
À medida em que a paralisia sobe, o envolvimento dos nervos da cabeça e do pescoço pode afetar a manutenção das vias aéreas, músculos faciais, movimentos oculares e a deglutição.
O acometimento das vias aéreas pode tornar a Síndrome de Guillain-Barré potencialmente perigosa, sendo que aproximadamente 30% dos pacientes precisarão de um aparelho para ajudar a respirar.
Mesmo nos paciente com paralisia completa, a consciência, visão e audição não são afetadas pela Síndrome de Guillain-Barré.

Sintomas autonômicos
Além dos sintomas sensitivos e motores, pode haver também o comprometimento de nervos autonômicos.
Isso pode provocar sinais e sintomas como taquicardia, arritmias, hipotensão arterial, hipertensão arterial e disfunções da motilidade gastrointestinal.

Qual a evolução esperada da Síndrome de Guillain-Barré?

Os sintomas da Síndrome de Guillain-Barré variam consideravelmente de pessoa para pessoa, podendo durar de semanas a anos.

A maioria dos pacientes evolui bem e se recupera completamente.

Por outro lado, alguns pacientes podem persistir com algum grau de fraqueza muscular, dificuldade para caminhar ou dormência e formigamento.

Em alguns poucos casos, o paciente pode precisar de um andador ou cadeira de rodas de forma mais definitiva.

Diagnóstico

O diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré deve ser considerado a partir da história clínica e exame neurológico característicos.

Entretanto, estes sinais e sintomas são semelhantes aos de muitas outras condições neurológicas.

Assim, exames específicos são geralmente solicitados para descartar outras condições que possam justificar o quadro clínico do paciente.

Entre eles, incluem-se:

Eletroneuromiografia
A eletroneuromiografia é o exame mais importante para o diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré.
Este é um exame neurofisiológico, que avalia a função dos nervos. Ela é também capaz de demonstrar qual o tipo de acometimento que está afetando o nervo.
As alterações da eletroneuromiografia na Síndrome de Guillain-Barré geralmente começam a surgir cerca de sete dias após o início dos sintomas. Entretanto, pode levar até três semanas para que estas alterações se tornem mais evidentes.

Exame de líquor
O exame de líquor envolve a punção e análise laboratorial de uma amostra do líquido cefalorraquidiano (líquor). Esta amostra é retirada da parte baixa da coluna.
Ele serve principalmente para descartar outras causas de fraqueza muscular, devendo ser realizado durante a avaliação inicial do paciente.
No paciente com a Síndrome de Guillain-Barré, o exame de líquor apresenta as seguintes características:

Aumento das proteínas totais
Glóbulos brancos normais (achado clássico conhecido como dissociação albumino-citológica).
Níveis normais de proteína no líquor não descartam o diagnóstico da síndrome de Guillain-Barré, especialmente na primeira semana de sintomas.

Exame de sangue
O exame de sangue busca identificar os diferentes tipos de infecções que podem desencadear a Síndrome de Guillain-Barré.

Exames de Imagem
Exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética podem ser indicados com o objetivo de excluir outras condições que podem justificar os sintomas neurológicos, incluindo:

Testes de função Pulmonar
A função respiratória deve ser sempre monitorizada, uma vez que a fase inicial da insuficiência respiratória pode ocorrer antes que o paciente apresente os primeiros sintomas.

Tratamento da Síndrome de Guillain-Barré

Os sintomas da Síndrome de Guillain-Barré geralmente progridem rapidamente, de forma que requerem internação para monitoramento próximo.

Flutuações da pressão arterial e da frequência cardíaca, sinais de dificuldade para urinar e de evacuar ou sinais de insuficiência respiratória devem ser monitorados.

Nestes casos, o paciente deve ser imediatamente transferido para Unidades de Terapia Intensiva.

Terapia imunomoduladora

A terapia imunomoduladora envolve o uso de Imunoglobulina ou Plasmaférese. Ambos os procedimentos são igualmente eficazes para o tratamento da Síndrome de Guillain-Barré, sendo indicados de acordo com a disponibilidade ou preferências individuais.

O tratamento imunomodulador deve ser iniciado nos 14 primeiros dias de sintomas. Aqueles que demoram mais de 14 dias para procurar ajuda médica ou que apresentam uma evolução lenta dos sintomas não têm grandes benefícios com a terapia imunomoduladora, já que o próprio organismo está controlando os danos causados pela doença.

A infusão intravenosa de Imunoglobulina pode ser usada para reduzir o ataque do sistema imunológico aos nervos. Ela atua neutralizando os anticorpos circulantes que estão atacando os nervos.

A imunoglobulina dever ser administrada por via endovenosa uma vez ao dia ao longo de cinco dias, em regime hospitalar.

Já a plasmaférese é um procedimento no qual o plasma sanguíneo é removido e filtrado, com a remoção dos anticorpos, antes de ser devolvido à circulação.

São necessárias cerca de 4 a 6 sessões de plasmaférese para o adequado tratamento da Síndrome de Guillain-Barré.

Tratamento da Dor
Medicamentos antidepressivos e anticonvulsivantes são muitas vezes usados no tratamento da dor do paciente com a Síndrome de Guillain-Barré.
Pacientes tratados com esses medicamentos necessitam de menos opióides e apresentam menos efeitos colaterais do que com outros medicamentos classicamente utilizados no tratamento da dor, com sedação mínima.

Fisioterapia
O paciente com a Síndrome de Guillain-Barré torna-se fisicamente imobilizado pela doença. Assim, a fisioterapia é fundamental para preservar a mobilidade das articulações, para prover mudanças frequentes de posição e evitar as consequências do imobilismo.
A fisioterapia pode ser necessária por um período prolongado após a remissão da doença, para que o paciente recupere a força e a função da musculatura.

Ventilação Mecânica
aproximadamente 30% dos pacientes com a Síndrome de Guillain-Barré terão a musculatura respiratória comprometida a ponto de precisar de ventilação mecânica para ajudar a respirar.

Tratamento de longo prazo

A maior parte dos pacientes com a Síndrome de Guillain-Barré se recuperam com pouca ou nenhuma sequela.
Entretanto, algumas complicações podem se fazer presentes e exigem tratamento de longo prazo, incluindo:

  • Dificuldade de engolir (odinofagia)
  • Contraturas de membros.
  • Dor crônica;
  • Limitação da mobilidade, às vezes com necessidade de auxílios como muletas ou cadeira de rodas.
  • Sintomas psiquiátricos, incluindo alucinações, ansiedade e depressão.

Diagnóstico e Tratamento da Síndrome de Guillain-Barré