Síndrome de Cushing
O que é a Síndrome de Cushing?
A síndrome de Cushing envolve um conjunto de sinais e sintomas que se desenvolvem em decorrência do excesso do hormônio cortisol.
A síndrome acomete pessoas de qualquer idade. Entretanto, ela é mais comum entre os 25 e os 50 anos.
70% dos pacientes são mulheres e 30% são homens. Entretanto, habitualmente os homens apresentam doença mais grave (1).
Pessoas que fazem uso de medicamentos corticoesteroides são especialmente vulneráveis.
O que é o cortisol?
O cortisol é também conhecido como o “hormônio do estresse”, uma vez que ele tende a se elevar em situações de maior estresse. Ele promove o aumento do açúcar no sangue e ajuda a transformar os alimentos em energia, preparando o corpo para enfrentar situações de maior estresse.
Entre os efeitos do excesso de cortisol, incluem-se:
- Aumento da frequência cardíaca;
- Aumentando sua pressão arterial;
- Aumento da glicose no sangue;
- Aumento da frequência respiratória;
- Aumentando sua tensão muscular.
O cortisol também atua “desligando” temporariamente sistemas do corpo que sejam menos importantes durante períodos de maior estresse, como digestão e reprodução.
Quais as causas da Síndrome de Cushing?
As principais causas para a Síndrome de Cushing incluem:
Uso de medicamentos corticoesteroides
Os medicamentos corticoesteroides são usados para o tratamento de um grande número de problemas caracterizadas pela inflamação crônica. Algumas das mais comuns são a Artrite Reumatóide e a Asma.
Desregulação no funcionamento das glândulas suprarrenais
As glândulas suprarenais são duas pequenas glândulas localizadas acima dos rins, responsáveis pela produção do cortisol.
A desregulação no funcionamento das suprarrenais acontece geralmente em decorrência de um tumor das suprarrenais.
Desregulação no funcionamento da hipófise ou do hipotálamo
A hipófise produz o hormônio ACTH, responsável pelo controle da produção do cortisol pelas glândulas suprarrenais.
Já o hipotálamo é responsável por regular a produção do ACTH pela hipófise.
A doença de Cushing é um tipo específico de síndrome de Cushing. Ela é causada por um Adenoma de Hipófise (tumor benigno da Hipófise), o qual secreta quantidade excessiva de ACTH.
Entretanto, é preciso considerar que apenas 10% dos Adenomas de Hipofise produzem quantidade excessiva de ACTH.
A doença de Cushing é responsável por aproximadamente 80% dos casos endógenos de síndrome de Cushing. São considerados endógenos aqueles que não são causados pelo uso de medicamentos.
Sinais e sintomas da Síndrome de Cushing
O sinal mais prontamente reconhecido da Síndrome de Cushing é o rápido ganho de peso no rosto (às vezes chamado de “rosto de lua”). O acúmulo extra de gordura também acontece no abdômen, parte de trás do pescoço e peito.
Outros sinais e sintomas característicos incluem:
- Fraqueza muscular;
- Ganho de peso incomum e rápido, especialmente ao redor da barriga;
- Dor de cabeça;
- Insônia;
- Perda de memória;
- Hirsutismo (crescimento excessivo de pelos faciais);
- Acnes;
- Problemas de ereção, nos homens;
- Amenorreia (parada das menstruações).
Complicações
Diferentes complicações podem se desenvolver em decorrência do excesso de cortisol, incluindo:
- Infecções frequentes;
- Osteoporose;
- Hipertensão Arterial Sistêmica;
- Problemas de visão;
- Diabetes Mellitus;
- Depressão.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença e da Síndrome de Cushing é muitas vezes feito de forma tardia.
Isso acontece porque esta é uma condição incomum e na qual os sintomas podem ser facilmente confundidos com outras condições.
Frente a um paciente com suspeita clínica da Síndrome de Cushing, um dos três testes abaixo deve ser usado para a confirmação diagnóstica:
- Teste de corticosol urinário em 24 horas: a urina é coletada ao longo de 24 horas. 50-100 microgramas por dia é indicativo da Síndrome de Cushing;
- Cortisol salivar noturno;
- Cortisol sérico (exame de sangue) após teste de supressão noturna de dexametasona: em indivíduos normais, a administração de uma dose suprafisiológica de glicocorticóide resulta na supressão da secreção de ACTH e cortisol. No paciente com síndrome de Cushing endógena, essa supressão não ocorre.
Quando um dos três testes resultar positivo, um segundo teste deve ser feito antes de se confirmar o diagnóstico.
Vale considerar que a medição aleatória do cortisol em um exame de sangue não é recomendada como método diagnóstico para a Síndrome de Cushing, de acordo com as diretrizes da Endocrine Society (2). Isso se deve ã variabilidade do cortisol ao longo do dia, que torna o exame pouco confiável.
A dosagem de ACTH ajuda a diferenciar a causa da Síndrome de Cushing:
- Baixos níveis de ACTH indicam um problema primário das glândulas suprarrenais;
- Níveis elevados de ACTH indicam um problema no eixo hipotalâmico hipofisário, mais comumente um Adenoma de Hipófise.
Exames de imagem poderão ser usados para identificar o Adenoma de Hipófise, especialmente a Ressonância Magnética.
A Tomografia abdominal pode ser usada na suspeita de um tumor nas glândulas suprarrenais.
Tratamento
O tratamento da Síndrome de Cushing depende da causa.
Quando ela é causada por um Adenoma de Hipófise, o tratamento de escolha pode envolver cirurgia, medicamentos ou radioterapia.
Cirurgia
O tratamento cirúrgico é a primeira opção de escolha para o paciente com Adenoma de Hipófise hipersecretor de ACTH.
a cirurgia tem índice de sucesso de aproximadamente 80% na remoção do Adenoma (3).
Medicamentos
Para alguns pacientes, a cirurgia não é uma opção ou não resolve totalmente o problema.
Os medicamentos são habitualmente utilizados nas seguintes condições:
- Antes da cirurgia, para controlar os níveis de cortisol;
- Pacientes que não pode fazer a cirurgia por outros motivos de saúde;
- Após a cirurgia, quando o neurocirurgião não for capaz de remover todo o tumor;
- Pacientes com excesso de ACTH, mas não se encontra o tumor nos exames de imagem.
Radioterapia
A radioterapia é a terceira linha para o tratamento da Síndrome de Cushing causada pelo Adenoma de Hipófise.
Ela é geralmente indicada quando a cirurgia e os medicamentos não forem uma opção ou não forem bem sucedidas em resolver o problema do paciente.
O principal problema da radioterapia é que ela também reduz os níveis de outros hormônios hipofisários – não apenas o GH. Em muitos casos, a reposição hormonal para o resto da vida pode se fazer necessário.