Cefaleia (Dor de Cabeça)
Prevalência da dor de cabeça
A dor de cabeça, tecnicamente chamada pelo nome de cefaleia, é um dos problemas mais comuns de saúde pública. 50% das pessoas apresentam cefaleia durante um determinado ano e 95% em algum momento ao longo da vida (1).
A maioria das pessoas são capazes de manejar os sintomas com o tratamento, de forma que a cefaleia acaba por ter uma interferência marginal na qualidade de vida.
Entretanto, aproximadamente 10% da população apresenta dor de cabeça recorrente e suficientemente intensa a ponto de prejudicar seu desempenho no trabalho.
Quais as causas da cefaleia?
Existem inúmeras causas para a cefaleia, que podem ser divididas em dois grupos:
Cefaleia primária
Não tem uma causa identificável. Os tipos mais comuns são a cefaleia tensional, a Enxaqueca e a Cefaleia em Salvas.
Cefaleia secundária
A dor de cabeça é uma consequência de algum outro problema. As causas mais comuns incluem:
- Infecção (Meningite, Sinusite, Gripe, outras)
- Acidente Vascular Cerebral
- Tumor cerebral
- Aneurisma
- Fibromialgia
Cefaléias primárias
Existem 3 tipos pricipais de cefaleia primária: tencional, enxaqueca e salvas.
Cefaleia Tencional
A Cefaleia tensional é o tipo mais comum de dor de cabeça entre adultos e adolescentes. Ela tende a causar uma dor leve a moderada, sem nenhum motivo aparente.
Ela é geralmente desencadeada por cansaço e estresse emocional. Tende a acometer o paciente de tempos em tempos, sendo que as crises melhoraram espontaneamente.
É uma dor é descrita como pressão ou aperto, não pulsátil. Ela é bilateral, de intensidade leve ou moderada. Se manifesta na testa, na nuca ou na parte de cima da cabeça.
A duração da crise varia bastante. Mas, em geral, não impede que a pessoa exerça suas atividades rotineiras.
Sintomas como náusea, vômitos, fotofobia ou fonofobia não estão presentes na cefaleia tensional.
Dependendo da frequência das crises, a dor pode ser categorizada em dois tipos:
- Esporádica: presente em menos do que 180 dias ao ano;
- Crônica: presente em mais do que 180 dias ao ano.
Enxaqueca
A Enxaqueca se caracteriza por uma dor de intensidade moderada a forte, unilateral e latejante. Ela é frequentemente agravada por exposição à luz, barulho ou cheiro.
Para caracterizar a enxaqueca, as crises precisam estar presentes ao menos cinco vezes ao ano, embora geralmente aconteça entre uma e quatro vezes ao mês. A duração da crise varia entre quatro horas e três dias.
As crises podem surgir em qualquer idade, mas é mais comum terem início na adolescência. As mulheres são mais acometidas do que os homens.
A crise pode ser desencadeada por diversas condições, como depressão, ansiedade e distúrbios de sono.
Pode também ser desencadeada pelas oscilações hormonais características do ciclo menstrual, sendo então conhecida como Enxaqueca Menstrual.
Junto com a dor, o paciente pode apresentar outros sintomas, como:
- Sensibilidade à luz, ruídos ou cheiros;
- Náusea ou vômito;
- Perda de apetite;
- Dor de barriga.
Cefaleia em Salvas
A Cefaleia em Salvas se caracteriza por uma dor de forte intensidade que acomete a testa, olhos ou acima dos olhos. Ela se desenvolve em períodos de crises, chamadas de salvas. As salvas geralmente duram de entre 1 e 3 meses (embora possam em alguns casos se prologarem), sendo seguido por um período assintomático.
Algumas pessoas apresentam as salvas em períodos regulares (a cada ano, a cada 2 anos ou a cada 3 anos, por exemplo). Elas são mais comuns nos períodos de primavera e outono, embora isso não seja uma regra.
Durante o período de salvas, as crises de dor de cabeça aparecem repentinamente e desaperecem após um período habitualmente de 15 a 180 minutos. Mas elas podem voltar várias vezes ao dia.
Além da dor, costumam estar presentes sintomas como lacrimejamento, Congestão ou corrimento nasal, Edema palpebral, sentimento de inquietude e agitação.
Cefaléias Secundárias
Cefaleias secundárias são aquelas que se desenvolvem em decorrência de algum outro problema de saúde, que pode ter maior ou menor gravidade.
Entre as possíveis causas, incluem-se:
- Infecção (Meningite, Sinusite, Gripe, outras)
- Acidente Vascular Cerebral
- Tumor cerebral
- Aneurisma
- Fibromialgia
Sinusite
O paciente com sinusite sente uma dor profunda e constante nas maçãs do rosto, na testa ou na ponta do nariz.
Ela acontece quando os seios nasais ficam inflamados.
A dor geralmente vem junto com outros sintomas de sinusite, incluindo:
- Corrimento amarelado ou esverdeado pelo nariz;
- Febre;
- Rosto inchado.
Meningite
A Meningite é uma inflamação grave da meninge, a membrana que reveste o cérebro e a medula espinhal. Ela geralmente tem origem infecciosa.
A rigidez no pescoço é um dos principais sintomas de meningite. O paciente tem dificuldade para encostar o queixo no peito. Outros sintomas incluem dor de cabeça intensa, febre e náusea.
Acidente Vascular Cerebral (AVC)
O quadro clínico do Acidente Vascular Cerebral é bastante variado, a depender de qual a extensão e a área do cérebro acometida.
A dor de cabeça é intensa e de início repentino.
Outros sinais e sintomas que podem sugerir o AVC incluem:
- Fraqueza ou paralisia em um lado do corpo;
- Dificuldade para falar;
- Perda de visão;
- Perda da sensibilidade de um lado do corpo;
- Alterações de movimento;
- Alteração no nível de consciência.
Avaliação da Dor de cabeça
A maior parte dos casos de dor de cabeça podem ser diagnosticados apenas a partir da história clínica.
Por outro lado, em alguns casos ela pode também ser o sintoma inicial de um quadro de maior gravidade. Entre eles, incluem-se doenças intracranianas graves, como tumores ou infecções cerebrais. Isso acontece em menos de 2% dos pacientes (2).
O Neurologista ou outro médico que esteja avaliando o paciente, desta forma, precisa estar atento a certos sinais de alerta que exigem uma avaliação mais aprofundada.
Eles incluem:
- A pior Cefaleia da vida do paciente;
- Cefaleia de início súbito;
- Dor de cabeça de início recente;
- Cefaleia associada a alterações do exame neurológico, rebaixamento do nível de consciência, rigidez de nuca ou a febre;
- Cefaleia nova em paciente com história de neoplasia, infecção por HIV ou coagulopatias;
- Dor de cabeça após traumatismo de crânio;
- Cefaleia de esforço;
- Cefaleias progressivas ou refratárias ao tratamento.
Na maior parte das vezes, estes pacientes são avaliados por meio de exames de imagem, como a Ressonância Magnética ou a Tomografia Computadorizada.
Fatores desencadeantes da Cefaleia primária
Ainda que não exista uma causa estrutural ou orgânica para a dor, alguns fatores podem contribuir para o início da dor, incluindo:
- Consumo de bebidas alcoólicas;
- Noites mal dormidas ou insônia;
- Dificuldade para enxergar;
- Oscilações hormonais;
- Estresse;
- Ansiedade;
- Tensão emocional.
Tratamento
Uma vez que tenha sido identificada alguma causa secundária para a dor de cabeça, o tratamento é direcionado para a causa primária da dor.
Diferentes formas de tratamentos medicamentosos podem ser considerados a depender do tipo de cefaleia (tensional, enxaqueca, salvas). Discutimos mais sobre isso nos conteúdos específicos sobre cada tipo de dor de cabeça.
Além dos medicamentos, medidas simples podem ajudar a aliviar a cefaleia, incluindo:
- Repouso
- Hidratação
- Aplicação de compressas frias na testa
- Bolsa de água quente no pescoço ou nuca
- Banho relaxante.
Outros fatores desencadeantes precisam ser avaliados e abordados.
Isso pode incluir:
- Redução no consumo de bebidas alcoólicas;
- Tratamento da insônia
- Uso de terapias hormonais;
- Psicoterapia e outras formas de controle do estresse e da ansiedade
- Tratamento da depressão.