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Obesidade Infantil

Como é definida a obesidade infantil?

A obesidade infantil é uma doença na qual a criança está acima de um peso saudável para sua idade e altura.

Da mesma forma que no adulto, ela é definida com base noÍndice de Massa Corporal (IMC). O IMC é definido pela fórmula abaixo:

Obesidade infantil 1

No adulto, a obesidade e o sobrepeso são definidos com base no valor absoluto do IMC, conforme a tabela abaixo:

IMC CLASSIFICAÇÃO
< 18,5 BAIXO PESO
18,5 – 25 NORMAL
25 a 30 SOBREPESO
30 a 40 OBESIDADE
  • 40 
OBESIDADE GRAVE

Nas crianças, porém, a composição corporal varia a medida em que elas crescem, o que interfere no IMC. Assim, estes valores não devem servir como referência.

Para identificar a obesidade, o IMC deve ser colocado em gráficos específicos, considerando-se sempre o gênero (masculino ou feminino) e a idade da criança, conforme as imagens abaixo.

Obesidade infantil 2

Obesidade infantil 3

A obesidade Infantil fica caracterizada quando a criança está acima do percentil 95 nestes gráficos. Isso significa que, com base em uma população pré-estabelecida pelo Center for Disease Control (CDC) dos Estados Unidos, a criança tem peso superior a 95% de seus pares da mesma idade e gênero.

Obesidade Infantil no Brasil

A obesidade infantil é uma condição médica séria que afeta crianças e adolescentes e que têm sido cada vez mais diagnosticada no Brasil e no mundo.

Isso ocorre principalmente em decorrência da adoção de um estilo de vida pouco saudável.

Os registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma a cada três crianças com idade entre cinco e nove anos está acima do peso no País (1).

As notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revelam que 16,33% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9,38% com obesidade; e 5,22% com obesidade grave. Em relação aos adolescentes, 18% apresentam sobrepeso; 9,53% são obesos; e 3,98% têm obesidade grave (2).

Consequências de curto prazo

No curto prazo, o sobrepeso e a obesidade aumentam o risco de uma série de condições, incluindo:

Diversas doenças podem se desenvolver de forma silenciosa ainda na infância, vindo a se manifestar mais tarde ao longo da vida adulta. Algumas destas condições com efeito de longo prazo incluem:

  • Hipertensão Arterial;
  • Resistência a insulina e Diabetes;
  • Colesterol Alto;
  • Doença hepática gordurosa não alcoólica.
    Além disso, crianças obesas costumam sofrer com discriminação, bullying e provocações por parte de outras crianças. Isso pode contribuir para que ela tenha problemas de relacionamento, isolamento social e outros problemas relacionados ao ambiente escolar.Baixo auto-estima e depressão são comuns.

Consequências de longo prazo

A primeira consequência da Obesidade Infantil é que ela aumenta o risco para obesidade no adulto.

No longo prazo, condições como Hipertensão Arterial, resistência a insulina e Colesterol Alto podem evoluir com complicações como:

Qual a causa da Obesidade Infantil?

Assim como no adulto, a obesidade infantil está associada a um desequilíbrio entre a quantidade de calorias consumidas com a alimentação e a quantidade de calorias gastas ao longo do dia.

Diferentes fatores podem contribuir para um maior consumo calórico e para um menor gasto energético. Quando estes fatores são mantidos no longo prazo, a criança tende a desenvolver a obesidade.

Assim, as principais causas da obesidade infantil incluem:

Estilo de vida

A alimentação ruim e o sedentarismo são fatores determinantes na obesidade infantil. Isso é válido especialmente quando há uma combinação destes dois fatores.

Genética

Diversos genes interferem em funções fisiológicas que, em última análise, podem levar a um maior ou menor gasto energético (1).

Crianças que têm menor gasto energético têm uma tendência a desenvolver a obesidade.

Por outro lado, é importante que se compreenda que a genética não trabalha sozinha. Mesmo uma pessoa geneticamente predisposta a desenvolver a obesidade geralmente é capaz de manter um bom controle do peso corporal por meio de uma alimentação saudável e da prática regular de exercícios físicos.

Família

A obesidade é um problema recorrente em muitas famílias.

Embora a genética possa desempenhar um papel importante para isso, o impacto de um estilo de vida ruim não deve ser ignorado.

Hábitos inadequados muitas vezes também são herdados. Quando os pais se alimentam mal, a criança também tende a se alimentar mal. Quando os pais têm uma vida sedentária, a criança tende a desenvolver uma aversão para as atividades físicas.

A combinação entre uma genética desfavorável e hábitos de vida ruins contribuem para muitos dos casos de obesidade familiar.

Socioeconomia e comunidade

A criança é muito influenciada por aspectos comunitários.

A comida que a escola ou creche oferece para a criança e o estímulo a prática de atividade física junto com os colegas deve ser considerada.

Alimentos nutricionalmente pobres tendem a ser mais baratos. Assim, é comum que famílias de baixa renda abusem deles.

Quando a criança cresce se alimentando mal, ela desenvolve um gosto alimentar que fica cada vez mais difícil de ser modificado ao longo da vida.

Doenças endocrinológicas

Distúrbios hormonais podem estar por trás da obesidade infantil. No entanto, esta é uma causa incomum. O exame físico feito pelo médico e alguns exames de sangue descartarão a possibilidade de uma condição endocrinológica de base (2).

Tratamento para Obesidade Infantil

O primeiro passo na abordagem da criança com obesidade infantil é se concentrar na saúde e nos comportamentos dele, não simplesmente no peso.

Dietas pontuais que buscam um “sofrimento de curto prazo” não costumam funcionar nos adultos e funcionam ainda menos com o público infantil.

Mesmo que não fale sobre isso, a criança com obesidade infantil costuma sofrer com seu problema. Ao colocar a culpa na própria criança ou em sí mesmo pode evidenciar ainda mais o sentimento de rejeição.

A melhor conduta, neste caso, é fazer com que a criança aceite o seu peso e o seu corpo, ao mesmo tempo em que se trabalha aspectos como a alimentação saudável e a prática de atividade física.

O foco deve ser no prazer da boa alimentação e do exercício. Isso deve ser uma atitude de toda a família, afinal uma criança não terá uma boa alimentação vendo os pais se alimentando com sanduiches e refrigerantes ou mesmo compartilhando de seus desejos por doces.

Por outro lado, se o filho percebe que o pai está fisicamente ativo e se divertindo, é mais provável que ele seja ativo e permaneça ativo pelo resto da vida.

O tempo de tela precisa ser reduzido. Entretanto, isso não deve ser uma regra apenas para o filho.

Alimentação

A alimentação saudável e equilibrada, evitando-se açúcar e produtos ultra-processados e com foco em alimentos naturais, é um pilar fundamental no tratamento da obesidade infantil.

O foco deve ir muito além de uma restrição calórica. O objetivo deve ser adaptar o paladar da criança e da família para uma escolha natural de alimentos mais saudáveis.

O nutricionista é o melhor profissional para ajudar nesta escolha.

Alguns outros cuidados devem ser adotados:

  • A criança deve ser orientada a fazer melhores escolhas alimentares. Idealmente, os alimentos não devem ser impostos;
  • A criança deve ser estimulada a se alimentar mais devagar. Ela não deve ser “liberada” para sair da mesa precocemente e ficar brincando enquando o resto da família acaba de comer;
  • A alimentação na frente da televisão deve ser desencorajada;
  • Não se deve oferecer recompensar pela boa alimentação. Isso aumenta a imagem da boa alimentação como algo ruim;
  • O cuidado com a alimentação fora de casa é fundamental.

Atividade Física

A criança obesa deve ser estimulada a se exercitar diariamente.

Em muitos casos, ela pode se sentir envergonhada de se exercitar com colegas ou em aulas de iniciação esportiva.

Muitas destas crianças são deixadas de lado, devido a uma menor habilidade esportiva. Isso pode aumentar ainda mais a aversão ao esporte.

Quando a criança se sente estimulada a fazer uma aula, ela deve ser encorajada a fazê-lo. Caso contrário, manter uma rotina de atividade com a própria família pode ser uma estratégia inicial mais interessante, já que ela se sentirá mais à vontade com isso.

O foco deve ser preferencialmente na atividade participativa, não competitiva.

Fazer uma atividade que de prazer a criança é a melhor forma de fazer com que o exercício seja transformado em uma rotina e isso é mais importante do que a escolha de uma atividade ou outra por conta de uma maior ou menor eficiência em perder peso.

Da mesma forma que em relação à comida, a criança não deve ser recompensada por ir se exercitar, já que isso tende a aumentar a associação da atividade física como sendo um sacrifício.

A família deve estimular a criança a se manter ativa durante o dia a dia, não apenas com a prática formal de exercício. Isso inclui caminhar mais para os lugares ao invés de usar carro, usar escada ao invés de elevador e brincar em um parquinho infantil ao invés de ficar na frente da televisão.

A avaliação com um médico do esporte é uma excelente opção para tentar reorganizar a rotina tanto alimentar como de atividades físicas com foco na perda de peso.

Em alguns casos, pode ser interessante uma avaliação inicial apenas entre o médico do esporte e os cuidadores da criança, para apenas depois incluir a criança já em uma segunda avaliação.