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Neuroimunologia

O que é Neuroimunologia?

A neuroimunologia é uma sub-especialidade da neurologia que estuda e trata as condições neurológicas causadas por uma resposta autoimune.
Existem diferentes tipos de doenças autoimunes, cada uma delas produzindo resposta contra células específicas do corpo. As doenças neuroimunes são aquelas que atuam sobre células do sistema nervoso.

O que são as doenças autoimunes?

Doenças autoimunes são condições nas quais o sistema imunológico reconhece células normais do organismo como se fossem agentes agressores, produzindo uma resposta de defesa contra elas.

Esta resposta é semelhante àquela que é produzida para combater vírus, bactérias ou células cancerígenas, por exemplo.

Estas respostas autoimunes são direcionadas, ou seja, atacam células específicas do corpo. Assim, existem doenças autoimunes da pele, das articulações, dos diferentes órgãos internos e, também, do sistema nervoso.

Quais as doenças tratadas pela Neuroimunologia?

As doenças mais comumente tratadas pela neuroimunologia incluem:

  • Lúpus eritematoso sistêmico
  • Esclerose múltipla
  • Esclerose Lateral Amiotrófica
  • Síndrome de Guillain-Barré
  • Miastenia grave
  • Neuromielite óptica

Lupus Eritematoso Sistêmico

O Lúpus Eritomatoso Sistêmico é uma doença autoimune crônica que pode afetar as articulações, pele, rins, células sanguíneas, cérebro, coração e pulmões.

O sinal mais característico do lúpus é uma erupção facial, que se assemelha às asas de uma borboleta e que se desdobra em ambas as bochechas. No etanto, isso não é visto em todos os casos de lúpus.

O lúpus acometa pessoas de todos os gêneros e idades. Entretanto, ele é mais comum entre as idades de 15 e 45 anos, sendo as mulheres acometidas em 90% casos (1).

Quando o lúpus ataca o sistema nervoso, ele pode produzir uma grande variedade de sintomas que, em conjunto, são conhecidos como lúpus neuropsiquiátrico ou neurolúpus.

Os sintomas mais comuns do neurolupus incluem:

Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune que ataca a bainha de mielina, que é uma camada protetora responsável pelo isolamento elétrico dos neurônios. Como o tempo, ela pode causar danos permanentes ou deterioração dos nervos.

Ela geralmente se inicia entre os 20 e os 40 anos de idade, sendo que as mulheres são duas a três vezes mais acometidas do que os homens.

Os sinais e sintomas da Esclerose Múltipla variam bastante, a depender do grau de comprometimento dos nervos e de quais os nervos que estão comprometidos.

Algumas pessoas podem perder a capacidade de andar de forma independente, enquanto outras passam por longos períodos de remissão sem novos sintomas.

Os principais sinais e sintomas da Esclerose Múltipla incluem:

  • Fraqueza, dormência ou formigamento nos membros.
  • Tremor, falta de coordenação ou marcha instável.
  • Dor nos membros.
  • Problemas de visão também são comuns, incluindo perda parcial ou total da visão, visão embaçada ou visão dupla prolongada.
  • Fala arrastada.
  • Fadiga.
  • Problemas com a função sexual, intestinal e da bexiga.

Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma grave doença degenerativa progressiva do sistema nervoso central. Ela afeta as células nervosas do cérebro e da medula espinhal, causando perda do controle muscular.

A doença é mais comum entre os 40 e os 60 anos de idade.

Atualmente, a participação da resposta imune tem sido alvo de pesquisas que indicam o componente autoimune no desenvolvimento da ELA (1). Inclusive, ela é mais comum em pessoas com outros tipos de doenças autoimunes.

A Esclerose Lateral Amiotrófica se caracteriza por um quadro de fraqueza muscular, que piora com o tempo.

A fraqueza geralmente se inicia nas mãos, pés ou membros e depois se espalha para outras partes do corpo.

Além disso, musculaturas responsáveis pela deglutição, fala e respiração também são comprometidos pela doença.

A insuficiência respiratória é, inclusive, a causa mais comum de morte em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica.

Em média, a morte ocorre dentro de 3 a 5 anos após o início dos sintomas. No entanto, algumas pessoas com ELA vivem 10 anos ou mais.

Um caso de longevidade que sempre é lembrado é o de Stephen Hawkins, que viveu por mais de 50 anos com a doença.

Síndrome de Guillain-Barré

A Síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune que ataca as células produtoras da bainha de mielina nos nervos.

Embora possa acontecer em qualquer idade, ela é mais comum entre os idosos.

A Síndrome geralmente é desencadeada por uma infecção viral ou bacteriana.

O sistema imunológico normalmente produz anticorpos durante o curso da infecção, de forma a combater o agente agressor.

Eventualmente, estes anticorpos desenvolvem uma reação cruzada e passam a reconhecer células normais como se fossem o agente infecioso, desenvolvendo uma resposta para destruí-las.

A doença se caracteriza por uma neuropatia sensitiva e motora de início agudo.

Os sintomas sensitivos geralmente progridem em 03 a 07 dias, enquanto que os sintomas motores podem piorar em até 14 dias.

A neuropatia da Síndrome de Guillain-Barré é ascendente. Isso significa que ela se inicia nos pés e sobe gradativamente para outras articulações mais acima. Além disso, ela é simétrica, acometendo igualmente o lado direito e esquerdo do corpo.

À medida em que a paralisia sobe, o envolvimento dos nervos da cabeça e do pescoço pode afetar a manutenção das vias aéreas, músculos faciais, movimentos oculares e a deglutição.

O acometimento das vias aéreas pode tornar a Síndrome de Guillain-Barré potencialmente perigosa, sendo que aproximadamente 30% dos pacientes precisarão de um aparelho para ajudar a respirar.

A maioria dos pacientes evolui bem e se recupera completamente.

Por outro lado, alguns pacientes podem persistir com algum grau de fraqueza muscular, dificuldade para caminhar ou dormência e formigamento.

Em alguns poucos casos, o paciente pode precisar de um andador ou cadeira de rodas de forma mais definitiva.

Miastenia Gravis

A Miastenia Gravis é uma doença que acomete as conexões entre os nervos e os músculos, também chamada de Junção neuromuscular. Com isso, os impulsos nervosos que fazem com que os músculos se contraiam deixam de funcionar.

A maior parte dos casos tem origem autoimune, o que significa que ela resulta de um mau funcionamento do sistema imunológico, que passa a atacar células normais do próprio corpo.

A Miastenia Gravis pode acometer pessoas de todas as idades, mas é rara em crianças.

Ela acomete principalmente mulheres de 20 a 40 anos e homens de 50 a 80 anos. No entanto, cerca de 10% dos casos se desenvolve ainda durante a adolescência.

O paciente com miastenia grave apresenta fraqueza muscular e fadiga de graus variados e acometendo diferentes grupos musculares.

A Miastenia gravis pode ser dividida em dois tipos:

  • Ocular: forma localizada com acometimento dos músculos que movem os olhos e as pálpebras.
  • Generalizada: a fraqueza muscular afeta os olhos, mas também outras partes do corpo, como rosto, pescoço, braços, pernas e garganta.

Quase metade das pessoas com Miastenia Gravis ocular evolui para a forma generalizada dentro de dois anos após o primeiro sintoma.

Neuromielite Óptica

A Neuromielite Óptica é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação e destruição da camada de mielina nos nervos do olho e da medula espinhal.

A bainha de mielina é uma camada que envolve e isola eletricamente os neurônios. Quando ela fica comprometida, os nervos deixam de funcionar normalmente.

A doença se manifesta inicialmente com uma inflamação do nervo óptico, podendo provocar dor retro-ocular, visão turva ou perda da visão. O acometimento pode ser de um ou de ambos os olhos.

Em um segundo momento, os braços e pernas também são afetados, levando a perda da sensibilidade, espasmos musculares, fraqueza ou paralisia.

Dependendo do caso, o acometimento dos membros pode ocorrer dias, semanas ou até mesmo anos após o acometimento ocular.