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Cistite (Infecção da Bexiga)

O que é a Cistite?

Cistite é um termo usado para se referir à infecção que acomete a bexiga. Esta é a forma mais comum de Infecção urinária.

A cistite acomete homens e mulheres, ainda que as mulheres sejam muito mais acometidas.

Crianças e idosos também apresentam risco aumentado.

A Infecção urinária limitada à bexiga pode ser dolorosa e incômoda, mas tende a se resolver sem maiores percalços. No entanto, graves consequências podem acontecer se a infecção se espalhar para os rins.

Qual a causa da Cistite?

A Cistite geralmente acontece quando as bactérias normalmente presentes de forma inofensiva na pele ou no intestino entram no trato urinário através da uretra e começam a se multiplicar na bexiga.

Embora o sistema urinário seja anatomicamente preparado para impedir a entrada destes microorganismos causadores da infecção, o sistema de defesa eventualmente falha.

Muitas pessoas apresentam a infecção de forma pontual e nunca mais desenvolvem a infecção. Mas, entre 27% e 47% das pessoas, voltam a ter cistite no prazo de um ano (1). Nestes casos, é importante que seja feita a investigação de eventuais fatores que possam favorecer ou perpetuar a cistite.

Fatores de risco

A cistite é especialmente comum entre as mulheres. Muitas mulheres experimentam mais de um episódio de cistite durante a vida, algumas apresentando ela com bastante frequência. A isso chamamos de Infecção Urinária de repetição. Os fatores de risco específicos das mulheres para a cistite incluem:  

  • Anatomia feminina: a mulher tem a uretra mais curta do que um homem, o que diminui a distância que as bactérias devem percorrer para chegar à bexiga. Além disso, a uretra feminina fica mais próxima do ânus, onde a E. Coli (bactéria responsável por mais de 90% das infecções urinárias) é habitualmente encontrada;
  • Atividade sexual: mulheres sexualmente ativas tendem a ter mais infecções do trato urinário do que as mulheres que não são sexualmente ativas. Ter um novo parceiro sexual também aumenta o risco.
  • Certos tipos de controle de natalidade: mulheres que usam diafragmas para controle de natalidade podem estar em maior risco, assim como mulheres que usam agentes espermicidas.
  • Menopausa: após a menopausa, o declínio nos níveis de estrogênio circulante causa alterações no trato urinário que o tornam mais vulnerável a infecções.

A cistite também é mais comum entre idosos. Isso se justifica por diferentes motivos, incluindo:

  • Maior ocorrência de esvaziamento incompleto da bexiga ao urinar nesta faixa etária;
  • Maior risco para outros problemas do trato urinário, como a Cistocele (prolapso da bexiga) ou a Hiperplasia da próstata;
  • Sistema de defesa menos competente;
  • Maior necessidade de hospitalização e uso de cateteres.

Outros fatores de risco para a cistite incluem:

  • Malformações do trato urinário: problemas relacionados ao trato urinário que não permitem que a urina saia do corpo normalmente ou que façam com que a urina volte para a uretra têm um risco aumentado para infecção;
  • Bloqueios no trato urinário: Pedra nos rins ou próstata aumentada podem prender a urina na bexiga e aumentar o risco para Infecção urinária;
  • Imunodeficiência: diabetes e outras doenças que prejudicam o sistema de defesa podem aumentar o risco de infecções do trato urinário;
  • Uso de cateter: pessoas que não conseguem urinar sozinhas e usam um tubo (cateter) para urinar têm um risco aumentado de Infecção urinária. Isso pode incluir pessoas hospitalizadas, pessoas com problemas neurológicos que dificultam o controle de sua capacidade de urinar e pessoas paralisadas;
  • Procedimento urinário recente: cirurgia urinária ou um exame do trato urinário que envolva instrumentos médicos podem aumentar o risco de desenvolver uma infecção urinária.

Quais são os sintomas da Cistite?

A Cistite nem sempre provoca o aparecimento de sinais e sintomas, mas quando o fazem podem incluir:

  • Desejo forte e persistente de urinar;
  • Sensação de queimação ao urinar;
  • Urinar pequenas quantidades cada vez que for ao banheiro;
  • Urina de aspecto turvo;
  • Urina avermelhada ou rosa (um sinal de sangue na urina);
  • Urina com cheiro forte;
  • Dor pélvica, especialmente em mulheres.

Complicações da Cistite

A maior parte dos pacientes com cistite evoluem bem e sem qualquer dificuldade. Ela raramente evolui com complicações. Mas, quando não são adequadamente tratadas, há um risco para sérias consequências.

As complicações podem incluir:

  • Infecções recorrentes, especialmente em mulheres que apresentam duas ou mais infecções em um período de seis meses ou quatro ou mais infecções em um ano.
  • Passagem da Infecção para os rins, causando uma infecção aguda ou crônica (pielonefrite), com risco eventual para dano renal permanente;
  • Parto prematuro, no caso de infecções em mulheres gestantes;
  • Sepse (infecção generalizada), especialmente se a infecção subir pelo trato urinário até os rins.

Diagnóstico da Cistite

O diagnóstico da cistite é feito pela combinação da história clínica, exame de urina e exames de imagem.

A técnica de coleta da urina é importante, para que não ocorra a contaminação da amostra que possa levar a um resultado falso positivo para infecção. Para coletar a urina, é preciso inicialmente que se higienize a área genital e que se despreze o jato inicial de urina, fazendo a coleta do jato médio.

A amostra será então avaliada para quantificar os glóbulos brancos (células de defesa), glóbulos vermelhos (sangue) e poderá também identificar bactérias.

Esta análise poderá ser seguida pela cultura de urina (urocultura) e antibiograma. A urocultura tem como objetivo confirmar a infecção urinária e identificar qual o microrganismo responsável pela infecção. Já o antibiograma busca analisar a sensibilidade desta bactéria para diferentes tipos de antibióticos.

A importância da cultura se dá pelo fato de que o uso de excessivo de antibióticos pela população tem levado ao surgimento de diversas cepas de bactérias resistentes aos antibióticos comumente utilizados.

Nestes casos, o antibiótico convencional poderá não fazer efeito e precisará ser substituído por outro, ao qual a bactéria seja sensível. Como o exame de cultura demora alguns dias para ficar pronto, o ideal é que ele já seja solicitado junto com o exame de urina, na suspeita de infecção.

Uma avaliação mais aprofundada é indicada no caso de Infecção urinária de repetição. Esta avaliação poderá incluir exames como o ultrassom, Tomografia computadorizada e a Cistoscopia. Discutimos isso em um artigo específico sobre a Infecção urinária de repetição.

Exames de imagem também devem ser solicitados na pielonefrite aguda com o objetivo de identificar complicações significativas (por exemplo, infecção formadora de gás, formação de abscesso, obstrução urinária).

Estas complicações podem exigir uma mudança no tratamento. O risco de complicações é maior em pacientes com diabetes, imunidade comprometida, procedimento urológico recente ou história de pedra nos rins.

Pacientes sem esses fatores de risco geralmente não precisam de exames de imagem, a menos que febre ou leucocitose persistam 72 horas após o início dos antibióticos.

Tratamento da Infecção urinária assintomática

A infecção urinária é um problema bastante comum que na maior parte das pessoas não causa sintomas. A maior parte destes pacientes tem baixo risco de complicações e não precisa ser tratada. Até porque, em caso de tratamento, o risco de recorrência é bastante elevado (1).

O tratamento deve ser feito em situações específicas, especialmente em gestantes, pessoas em programação para procedimentos urológicos ou associado a determinadas doenças, como transplantados renais.

Tratamento da cistite sintomática

O tratamento de primeira linha da cistite sintomática é feito com antibióticos. A escolha do antibiótico depende da condição de saúde geral do paciente e do tipo de bactéria encontrada na urina.

Muitas vezes, os sintomas da Infecção urinária desaparecem dentro de alguns dias após o início do tratamento. Ainda assim, o antibiótico deve ser mantido conforme a prescrição médica, pelo risco de recorrência da infecção com formas ainda mais graves e resistentes ao antibiótico.

Quando o paciente não responde adequadamente ao tratamento, é preciso considerar a possibilidade de a infecção se tratar de uma bactéria resistente aos antibióticos utilizados. Neste caso, o antibiótico poderá ser trocado com base no exame de cultura e antibiograma.

Como evitar a recorrência da Infecção urinária?

Diferentes medidas podem ser utilizadas para prevenir a recorrência da infecção urinária, incluindo:

  • Higiene pessoal: a bactéria E. Coli, responsável pela maior parte dos casos de infecção urinária, é encontrada habitualmente no reto. Para evitar que estas bactérias sejam levadas até a uretra, é recomendável que as mulheres se limpem sempre da frente para trás após a evacuação. 

As mulheres também devem usar boas práticas de higiene durante o ciclo menstrual para evitar infecções. Trocar absorventes e tampões com frequência, bem como não usar desodorantes femininos, também pode ajudar a prevenir infecções do trato urinário.

  • Hidratação: Consumir mais líquidos, especialmente água, aumenta a produção de urina e pode ajudar a remover bactérias do trato urinário. 
  • Hábitos de micção: urinar com frequência pode reduzir o risco de desenvolver Infecção urinária. Além disso, é recomendável que se treine para esvaziar completamente a urina, minimizando o volume residual;
  • Vestimenta: realizar a troca frequente de roupa, evitar roupas apertadas e dar preferência por roupas de algodão pode ajudar a se manter seco, impedindo o crescimento de bactérias no trato urinário.