medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Bursite Trocantérica

O que é a Bursite Trocantérica?

A Bursa Trocantérica é um coxim de gordura que protege as estruturas na lateral do quadril do atrito contra o trocanter maior, que é a proeminência óssea que sentimos na lateral do quadril. A Bursite trocantérica se caracteriza pela inflamação desta bursa.

Historicamente, a Bursite Trocantérica foi vista como a principal causa de dor na lateral do quadril. Estudos mais atuais, porém, mostram que muitos dos casos anteriormente diagnosticados como Bursite Trocantérica estavam de fato relacionados à tendinite glútea.

Essa é uma condição que afeta predominantemente os músculos glúteo médio e glúteo mínimo. Não é incomum que a Bursite Trocantérica e a Tendinite Glútea coexistam no mesmo paciente.

A diferenciação entre estas duas entidades na prática clínica se mostra pouco relevante, uma vez que a causa e o tratamento são semelhantes. Desta forma, alguns especialistas têm preferido se referir ao problema como “Síndrome da Dor Trocantérica”. Pelo seu uso corriqueiro, manteremos aqui o termo Bursite Trocantérica.

Qual a causa da Bursite Trocantérica?

 

A Bursite Trocantérica está associada principalmente a um desequilíbrio funcional das estruturas na face lateral da coxa.

O músculo glúteo médio parece ser o ponto de partida destes desequilíbrios. Ele é o principal responsável por mover o quadril lateralmente e é ele que estabiliza a pelve quando estamos apoiados em um único pé. Isso acontece durante uma caminhada ou corrida e especialmente ao subir ou descer escadas e ladeiras.

Quando o glúteo médio está insuficiente, ele deixa de sustentar a pelve. Ao se apoiar em um só pé, pode-se observar uma leve queda da pelve. Isso leva a um aumento da pressão sobre a Bursa trocantérica, dando origem à bursite.

Além da deficiência do glúteo médio, um aumento na tensão dos músculos Tensor da Fáscia Lata e Glúteo Máximo costuma ser observado nestes pacientes. Estes desequilíbrios contribuem para uma maior força de compressão sobre a Bursa trocantérica.

A Bursite Trocantérica acomete predominantemente mulheres sedentárias a partir dos quarenta anos de idade. Fatores como estresse psicológico, pior qualidade de vida e obesidade foram associados a uma maior incidência (1). Atletas corredores ou de modalidades que envolvem a corrida podem eventualmente sofrer com a Bursite Trocantérica.

O que o paciente sente?

 

A Bursite Trocantérica se caracteriza por uma dor que começa na lateral do quadril, sobre o trocânter maior do fêmur. A dor pode se irradiar para a parte lateral da coxa ou região glútea profunda.

Um sinal comum é a dificuldade para iniciar a caminhada, depois de ficar sentado por um período prolongado. O paciente começa a caminhar mancando por alguns passos até voltar a caminhar normalmente.

Outras condições nas quais a perna é mantida em adução (cruzando a linha média do corpo) também causam dor. Alguns dos posicionamentos e movimentos que causam a dor incluem:

  • Alongamentos da musculatura lateral da coxa;
  • Sentar com a perna cruzada;
  • Ficar em pé apoiado em uma única perna;
  • Deitar sobre o lado afetado ou não afetado, sem um travesseiro firme entre as pernas.

Diagnóstico diferencial

 

A tendinite glútea é a principal causa de dor na face lateral do quadril e quadrante súperolateral dos glúteos.

Ela deve ser diferenciada especialmente das dores intra-articulares irradiadas para esta região. Isso inclui a artrose no quadril, impacto femoroacetabular, lesão do Labrum acetabular e também as dores irradiadas a partir da coluna lombar, como na Discopatia Degenerativa.

Uma forma de diferenciação é com a avaliação da mobilidade do quadril em adução (abrindo a perna). Ela tende a ser aumentada na tendinite glútea e reduzida nos problemas intra-articulares do quadril. Exames de imagem podem ou não mostrar a inflamação nos tendões dos glúteos.

Já nos pacientes com histórico de dor e limitação da mobilidade na coluna deve chamar a atenção para dores irradiadas a partir da coluna. Outro sinal sugestivo é a dor com a elevação da perna estendida.

Tratamento da Bursite Trocantérica

Infelizmente, não existe uma “solução rápida” para o tratamento da Bursite Trocantérica. Muitas pessoas convivem por muito tempo com a dor, lançando mão de medidas para o alívio temporário dos sintomas. Isso é feito especialmente por meio de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.

Além das medicações, outras terapias com efeito neste tipo de dor incluem a acupuntura, agulhamento a seco, laser (especialmente o Laser de Alta potência), Terapia por Ondas de Choque e a fisioterapia manipulativa para liberação fascial e de pontos gatilhos.

Medidas para o alívio sintomático devem sim ser consideradas como parte do tratamento, desde que não se fique restrito a isso. Caso contrário, as deficiências musculares responsáveis pela sobrecarga dos glúteos tende a aumentar progressivamente e estes tratamentos imediatistas se tornam cada vez menos eficazes.

A Bursite Trocantérica está associada a fatores como sedentarismo, obesidade, problemas com o sono e estresse. Todos estes problemas devem ser abordados conjuntamente no tratamento da dor.

Movimentos que contribuem para a dor, incluindo sentar-se com as pernas cruzadas ou dormir deitado de lado e sem um travesseiro entre as pernas, devem ser evitados.

Uma vez que a dor esteja melhor controlada, é fundamental que as deficiências musculares sejam abordadas. Inicialmente isso deve ser feito por meio da fisioterapia. Mas, à medida em que o controle muscular aumenta, um programa estruturado de atividades físicas deve ser considerado.