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Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O que é o Transtorno do Espectro Autista?

O Transtorno do Espectro Autista, muitas vezes descrito apenas como Autismo, refere-se a um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por manifestações comportamentais atípicas, comunicação deficiente e problemas relacionados à interação social.

Dentro do espectro autista, existem diferentes formas de comprometimento e diferentes manifestações, de forma que os pacientes podem ser muito diferentes uns dos outros.

Em alguns casos, a pessoa não fala, não olha, não mostra interesse algum no outro.

Em outros, elas podem ser capazes de acompanhar normalmente as atividades escolares, desenvolver-se em uma profissão e criar vínculos com outras pessoas. Eventualmente, podem até mesmo apresentar habilidades superiores aos da média populacional.

Sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser percebidos nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade.

Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA)?

O termo autismo foi criado em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler para descrever a “fuga da realidade para um mundo interior”, observado em pacientes esquizofrênicos.

Em 1952, A Associação Americana de Psiquiatria publica a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-1. Nesta primeira edição, os diversos sintomas de autismo eram classificados como um subgrupo da esquizofrenia infantil, não sendo entendido como uma condição específica e separada.

Em 1980, o DSM-3 reconhece pela primeira vez o autismo como uma condição específica, sendo incluida em uma nova classe, a dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID).

Em 1981, A psiquiatra Lorna Wing desenvolve o conceito de autismo como um espectro.

Em 2013, O DSM-5 passa a abrigar todas as subcategorias do autismo em um único diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Indivíduos que antes estariam dentro dos critérios diagnóstico de Autismo, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, Transtorno Desintegrativo da Infância ou com Síndrome de Asperger passaram então a ser diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista.

Diagnóstico: como Identificar o TEA?

O diagnóstico do TEA é um tanto complexo, já que o transtorno que essas crianças não tem uma “cara” definida.

Não existe um sinal ou característica física, por exemplo, que seja característico do autismo. Além disso, não existem, exames laboratoriais ou de imagem que confirmem o diagnóstico.

O diagnóstico do espectro autista é apenas clínico. Isso significa que, para certificar se uma pessoa é autista, é preciso observar o comportamento do paciente e analisar informações coletadas com as pessoas que convivem com ela. Além disso, é fundamental o auxílio de questionários estabelecidos e validados para esse fim.

Toda criança deve ter seu desenvolvimento neuropsicomotor monitorado por um profissional experiente, independente de eventuais queixas.

Este profissional avalia diversos marcos de desenvolvimento ou habilidades, comparando a criança com o que se observa na maioria das pessoas da mesma idade.

Nem todo atraso do desenvolvimento indica um transtorno, incluindo o autismo. Entretanto, eles deverão ser monitorados mais de perto pelo pediatra ou pelo neurologista, que fará uma investigação mais aprofundada.

O diagnóstico do autismo deve ser baseado no histórico de desenvolvimento e o comportamento da criança.

Algumas pessoas são diagnosticadas de forma confiável por profissionais experientes ainda antes dos dois anos de idade. Entretanto, muitos casos são caracterizados apenas como suspeitos e muitos são confirmados apenas mais tarde na vida, no paciente adolescente ou até mesmo adulto.

Diagnosticar crianças com autismo o mais cedo possível é importante para garantir que elas recebam os serviços e apoio de que precisam para atingir todo o seu potencial.

O diagnóstico do Autismo é baseado nos dois critérios abaixo, sendo que ambos precisam estar presentes:

  1. Prejuízo persistente na comunicação social e na interação (A, B e C precisam estar presentes)
    1. Déficit na reciprocidade socioemocional: dificuldade para compartilhar interesses e emoções
    2. Prejuizo na linguagem verbal, não verbal ou na integração entre elas
    3. Dificuldades para iniciar e manter relações
  2. Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades (precisa de 2 dos 4 abaixos).
    1. Estereotipias: pode envolver movimentos repetitivos aparentemente disfuncionais ou sons repetitivos (ecolalia)
    2. Insistência na rotina e padrões inflexíveis: como exemplo, o estresse gerado ao mudar um caminho habitual
    3. Adesão inflexível a temas, objetos ou alguma outra coisa: foco excessivo em um mesmo tema (dinossauros, insetos) ou comportamento (rasgar papel, por exemplo).
    4. Alterações sensoriais significativas (aversão a algum som, por exemplo).

Além disso, existem 3 condições que precisam estar presentes:

  1. As características acima precisam aparecer na primeira infância. Ainda que eventualmente essas característica possam ser percebidas apenas mais tardiamente, é preciso olhar para trás e perceber que isso já estava presente na primeira infância.
  2. O prejuízo precisa ser clinicamente significativo.
  3. As características identificadas não podem ser melhor explicadas por uma deficiência global do desenvolvimento ou deficiência intelectual.

Interação Social no autismo

Indivíduos autistas apresentam uma forma diferente de socializar, que precisa ser compreendida e acolhida.

Muitas vezes, as coisas que vemos como habilidades sociais são expectativas ou regras neurotípicas. Isso inclui, por exemplo, fazer contato visual ou bater papo.

Os autistas geralmente evitam o contato visual, o que pode ser interpretado como uma falta de habilidade social. Mas não precisa ser assim – tanto que existem regiões e culturas ao redor do mundo em que o contato visual direto deve ser evitado.

Como os autistas se envolvem com o mundo ao seu redor de uma maneira peculiar, a conversa entre as pessoas neurodivergentes e neurotípicas pode ser um desafio.

É importante ter em mente que existem barreiras de relacionamento em ambos os lados devido a possíveis dificuldades de compreensão: tanto sa pessoas neurodivergentes pode não entender o que se passa na mente da pessoa neurotípica, como o contrário também acontece.

Muitas pessoas enxergam a falta de empatia como uma característica do autismo. Para desenvolver empatia, no entanto, é fundamental que se compreenda a experiência de outra pessoa. Tanto o autista como o indivíduo neurotípico pode ter dificuldade de compreender um ao outro. Assim, a falta de empatia é também muitas vezes bidirecional.

Comunicação no TEA

O autismo pode afetar a fala, o desenvolvimento da linguagem e a comunicação de várias maneiras.

Cerca de uma em cada três pessoas com autismo têm dificuldade de produzir os sons da fala para se comunicar de maneira eficaz. Quando a linguagem é presente, pode ser de difícil compreensão.

Uma pessoa com TEA pode não desenvolver a linguagem verbal, emitir somente grunhidos, gritos, ou sons guturais, balbuciar sons, usar palavras incomuns ou apresentar uma fala robótica.

Estas crianças também podem somente repetir as frases e palavras que ouviu, o que se chama de ecolalia, além de usar um tom de voz sem entonação, ou, sem expressão.

Outros pacientes desenvolvem um bom padrão de linguagem e precisam apenas de um trabalho de articulação de palavras.

Algumas diferenças na comunicação do autista podem incluir:

  • Não olhar diretamente para os olhos;
  • Achar difícil acompanhar uma conversa em andamento ou se envolver em conversas casuais;
  • Não perceber que os outros estão desinteressados em um assunto sobre o qual estão falando;
  • Problemas para entender indiretas, piadas, ironia, sarcasmo, entrelinhas etc.

Desenvolvimento da Linguagem no TEA

Nas crianças neurotípicas, diferentes habilidades são desenvolvidas de forma natural ao longo da infância que culminarão mais à frente no desenvolvimento da fala.

As crianças aprendem por repetição. Inicialmente, ela “aprende” a repetir gestos e movimentos. Depois, tenta reproduzir os sons, que se tornam cada vez mais complexos até que inicie as primeiras palavras, sempre em um processo de imitação.

Para conseguir imitar, é pré-requisito que ela tenha interação social e que consiga acompanhar outras pessoas com o olhar, habilidades que em muitos casos não se desenvolvem de forma natural no TEA. Sem essas habilidades, a fala e a comunicação estarão comprometidas.

Para que consiga desenvolver a fala, é necessário também que a audição esteja funcionante. Para escutar, o ouvido capta o som, que é então transmitido ao cérebro por meio do nervo auditivo, para então ser filtrado e interpretado pelo cérebro. No caso de crianças autistas, essa interpretação dos sons, chamada de “processamento auditivo”, pode estar deficiente, o que impede que ela perceba esses sons. É como se não estivesse escutando.

Outra diferença é que crianças neurotípicas usam a fala desde o início de uma forma mais funcional. Ela fala para pedir alguma coisa ou para se expressar, ela fala para interagir. Já no autismo, é comum que a fala esteja presente, mas que ela não seja funcional. Isso significa que essa criança pode imitar a fala de alguém ou até mesmo “imitar” uma música. A esse tipo de comunicação dá-se o nome de “ecolalia”. No entanto, ela não é capaz de usar a fala em um processo comunicativo, por exemplo para pedir para ir ao banheiro ou para dizer que está com fome.

Ao avaliar a comunicação como um todo, é preciso considerar também as diferenças na comunicação não falada. A criança autista tem dificuldades para interpretar gestos, expressões faciais ou as diferentes entonações na fala. Ela tende a levar as falas ao pé da letra, ficando confusa quando alguém faz falas indiretas, piadas, ironia, sarcasmo, entrelinhas etc.

Por fim, é preciso levar em contar as dificuldades de interação social. A criança autista pode ter dificuldade para entender o funcionamento de uma conversa, que envolve tanto a fala quanto a escuta. Pode ter dificuldade para responder a uma fala dos outros.

Rigidez Comportamental

A rigidez comportamental é uma característica comum em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Ela se caracteriza pela dificuldade em adaptar pensamentos e comportamentos.

Algumas das características que podem ser observadas nesses indivíduos incluem:

  • Brincar sempre com os mesmos brinquedos e objetos;
  • Se alimentar apenas com alimentos específicos preparados da mesma forma (seletividade alimentar);
  • Não aceita mudar as sequências de atividades;
  • Não aceita mudar o caminho para a escola ou outros locais;
  • Mantém o quarto arrumado sempre da mesma forma
  • Não aceita mudanças em geral.

Processamento Sensorial

A síndrome sensorial se refere às dificuldades, bastante comuns em pessoas com TEA, de lidar com excesso de informações e estímulos. Isso cria dificuldades em processar, por exemplo, fome, frio, sono, luzes, sons, etc.

Essas dificuldades se dividem em dois grupos:

  • Hipersensibilidade: é quando a pessoa sente demais os estímulos. Por isso, os sons podem ser, por exemplo, mais altos e estímulos visuais muito fortes;
  • Hipossensibilidade: o indivíduo precisa de muito esforço para sentir qualquer tipo de estimulação. Por isso é comum que pessoas com hipossensibilidade estejam sempre agitadas e em movimento. Assim, ela pode se cortar e não sentir a mesma for que pessoas sem a condição sentiriam.

A síndrome Sensorial é uma condição separada do autismo. Isso significa que nem todas as pessoas autistas têm essas dificuldades sensoriais, assim como nem todos que são diagnosticados com odistúrbios sensoriais estão no espectro do autismo.

Algumas queixas comuns em crianças com Síndrome Sensorial incluem::

  • Se incomodar com sons comuns, como escapamento de motos e fogos de artifício;
  • Dificuldade de processar e expressar sensações de frio, calor, fome, cansaço, entre outras;
  • Cobrir olhos e ouvidos com frequência;
  • Seletividade ou dificuldade alimentar, evitando algumas comidas de determinada textura, sabor ou consitência;
  • Se incomodar com texturas de tecidos ou etiquetas de roupas;
  • Resistir a abraços e toques repentinos;
  • Agitação e necessidade de estar sempre em movimento (por exemplo, a criança não fica sentada por muito tempo e, quando senta, demonstra inquietação);
  • Linguagem imatura e/ou dificuldade na fala;
  • Não sentir ou reclamar de dores quando se machuca.

Diagnóstico do TEA na primeira infância

O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista na primeira infância é desafiador, uma vez que as crianças ainda estão adquirindo as habilidades básicas de comunicação e interação social.

Assim, eventuais atrasos de desenvolvimento podem em alguns casos ser corrigidos através da intervenção precoce, sem que isso caracterize o TEA.

Algumas crianças são diagnosticadas de forma confiável por profissionais experientes ainda antes dos dois anos de idade.

Entretanto, muitos casos são caracterizados apenas como suspeitos, podendo o TEA ser confirmado ou descartado mais tarde na vida.

Diagnosticar crianças com autismo o mais cedo possível é importante para garantir que elas recebam os serviços e apoio de que precisam para atingir todo o seu potencial.

Nos casos suspeitos, essas crianças devem receber intervenção precoce da mesma forma que seus pares com o diagnóstico já confirmado.

Diagnóstico diferencial

O Transtorno do Espectro Autista compartilha de muitos sinais que são comuns a outras condições, o que faz com que o diagnóstico por vezes não seja fácil de ser feito.

Da mesma forma, não é incomum que crianças recebam um diagnóstico errado – atribuindo sintomas do autismo a outras condições ou atribuindo sintomas de outros tipos de problemas a um diagnóstico errado de autismo.

Por esse motivo, a avaliação com um neuropediatra se faz fundamental.

Entre os principais diagnósticos diferenciais do autismo, é preciso considerar:

Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL)

Transtorno no qual a criança apresenta uma dificuldade persistente para adquirir e desenvolver a fala e a linguagem, em decorrência de uma capacidade limitada de processamento da linguagem.

Deficiência Intelectual sem TEA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a Deficiência Intelectual (DI) são transtornos do neurodesenvolvimento confundidos com muita facilidade, já que alguns dos sinais característicos do autismo pode também estar presente em pacientes com deficiência intelectual.

Essas são condições diferentes que podem estar presentes de forma isolada ou combinada.

Deficiência Auditiva

Quando há suspeita de TEA, uma das primeiras condições que precisam ser descartadas é a Deficiência Auditiva. A deficiência auditiva poderia justificar a falta de resposta aos estímulos sonoros e também as dificuldades de interação social atribuídas ao autismo .

Depressão

o humor deprimido pode ser caracterizada pela passividade ou falta de expressões faciais, características comuns a muitas crianças autistas.

Esquizofrenia

A Esquizofrenia é um transtorno mental crônico caracterizado pela presença de alucinações, delírio, desorganização do pensamento e isolamento social. O prejuízo social causado por esta patologia, durante muitos anos, foi confundido com o TEA.

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

entendido como um transtorno neurobiológico de origem genética, que inclui três características específicas: o déficit de atenção,

A hiperatividade e a impulsividade característicos do TDAH pode também se fazer presente na criança com TEA. Nesses casos, o TDAH é considerado como uma comorbidade associado ao TEA.

Síndrome de Rett

A Síndrome de Rett é uma síndrome genética que se manifesta exclusivamente no sexo feminino.

Nessas crianças, observa-se o rompimento da interação social, desaceleração do crescimento craniano, perda da coordenação motora ao andar e dos movimentos do tronco, além do desenvolvimento da linguagem se mostrar severamente comprometido.

Comobirdades no Autismo

Comorbidades se referem a outras condições que podem ou não estar presente no indivíduo autista, mas que não fazem parte dos critérios diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista.

Ainda que essas comorbidades não faça parte necessariamente do autismo, elas podem impactar diretamente no diagnóstico, tratamento e cuidados com o autista.

Em alguns casos, a identificação da comorbidade em pessoas autistas pode ser desafiadora, uma vez que os sintomas de ambas frequentemente se assemelham ou se confundem entre si. Como exemplo, uma criança com Síndrome de Down pode também ter autismo. Ainda assim os sinais do autismo podem ser atribuídos à Síndrome de Down, de forma que o autismo pode ficar bastante tempo sem o diagnóstico.

As principais comerbidades observadas nos autistas incluem:

  • Epilepsia (25% – 40%)
  • Deficiência Intelectual (40%)
  • Transtornos gastrointestinais
  • Transtornos alimentares, incluindo a seletividade alimentar
  • Distúrios do sono
  • Comorbidades psiquiátricas, incluindo Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH (28%), Transtorno de ansiedade (29%) e Depressão.

TEA e Deficiência Intelectual

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a Deficiência Intelectual (DI) são transtornos do neurodesenvolvimento confundidos com muita facilidade.

Essas são condições diferentes que podem estar presentes de forma isolada ou combinada.

A deficiência intelectual acomete aproximadamente 1% da população, sendo que 10% das pessoas com deficiência intelectual apresentam também o transtorno do espectro autista. Por outro lado, a deficiência intelectual está presente em aproximadamente 30% dos autistas.

Pessoas autistas podem tanto apresentar deficiência intelectual como podem ter inteligência preservada ou mesmo altas habilidades / superdotação (presente em 3% dos autistas).

TEA e Altas Habilidades / superdotação

As altas habilidades podem ser encontradas com frequência em crianças que estão no espectro autista.

Apesar das dificuldades de comunicação e interação social que essa condição pode apresentar, aproximadamente 3% dos altistas possuem um QI compatível com altas habilidades / superdotação.

Vale aqui considerar que uma das características do autismo é o hiperfoco em determinadas atividades ou determinados temas. Essas crianças tendem a adquirir conhecimentos acima da média para essa habilidade, o que não deve ser confundido com Altas Habilidades / Superdotação.

TEA e Epilepsia

A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por descargas elétricas anormais e excessivas, levando a movimentos involuntários no corpo. Ela pode envolver breves desligamentos, contrações restritas de grupos musculares e formigamentos.

Muitas vezes, a epilepsia, é associada às crises convulvivas. No entanto, é preciso considerar que a convulsão é apenas um tipo, geralmente mais intenso, de ataque epilético.

Estudos mostram que aproximadamente 30% dos autistas apresentam epilepsia como comorbidade. Os ataques epiléticos acontecem principalmente em momentos de crise e desregulação emocional.

Não existe uma posição clara quanto à causa dessa combinação. No entanto, a visão científica atual indica que existem mecanismos neurológicos compartilhados que contribuem tanto para o TEA quanto para a epilepsia.

TEA e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Ainda que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) apresentem muitas características em comum, estas são condições diferentes e que precisam ser avaliadas e conduzidas de forma diferente.

Enquanto pacientes com TDAH apresentam maior dificuldade com o controle inibitório, indivíduos com Autismo apresentam maior dificuldade na flexibilidade cognitiva e planejamento.

Ainda assim, a coexistência dos dois diagnósticos não é incomum. Estudos mostram que 14% dos pacientes diagnosticados com TDAH tamém estão no espectro autista. Entre aqueles com diagnóstico de Autismo, até 70% deles também apresentam os critérios diagnósticos do TDAH.

Muitas crianças pequenas apresentam inicialmente o diagnóstico de TDAH, sem que seja feito o diagnóstico de Autismo. Isso pode impactar nas escolhas terapêuticas e também na resposta aos tratamentos.

TEA e Distúrbios do Sono

Os distúrbios do sono acometem até 85% de indivíduos com TEA, sendo esse risco especialmente elevado entre aqueles que apresentam deficiência intelectual e sintomas graves de autismo.

Entre os problemas comuns com o sono do autista incluem-se a insônia, apneia do sono, sonambulismo, e o bruxismo.

Diferentes fatores podem contrubuir para isso:

Os autistas podem apresentar mais dificuldades para perceber certas pistas sociais. As crianças habitualmente sabem que depois de jantar, tomar banho e ler uma história é chegada a hora de ir para a cama. O autista pode ter maior dificuldade para perceber isso.

Outro fator que pode ajudar a explicar a dificuldade de dormiré que pessoas com TEA podem ter um desequilíbrio do ritmo circadiano. O ritmo circadiano se refere ao relógio biológico do corpo, preparando o corpo e a mente para períodos de vigília ou sono. Um dos principais reguladores do ritmo circadiano é a melatonina, sendo que a liberação de melatonina tende a ocorrer de forma irregular nos pacientes com TEA.

Problemas de sono podem tornar ainda mais graves os desafios comportamentais em crianças e adolescentes, especialmente naqueles com TEA. Noites mal dormidas podem exacerbar alguns sintomas do autismo, gerando prejuízos para o equilíbrio emocional, comportamental, de humor e da função cognitiva.

TEA e Transtornos Alimentares

O Transtorno do Espectro Autista está relacionado a uma incidência elevada de diferentes formas de transtornos alimentares, incluindo a seletividade alimentar, a anorexia e a compulsão alimentar.

Entre os fatores que contribuem para essa alta incidência devemos considerar:

  • Rigidez comportamental, levando a uma rotina alimentar igualmente restrita e rígida
  • sensibilidade sensorial, que faz com que evitem alterações na textura, gosto e temperatura dos alimentos.
  • Maior dificuldade em identificar que está saciado;
  • Utilizar a comida como estratégia de fuga;

Seletividade alimentar

A seletividade alimentar é um problema comum a muitas crianças, mas ainda mais comum entre os autistas.

Essas crianças buscam comer apenas alimentos que são vistos como seguros ou aceitáveis, ou seja, não há rotatividade alimentar. Elas desenvolvem o hábito de comer sempre o mesmo alimento, textura e tempero, o que leva a uma certa monotonia alimentar.

Alguns dos sinais que indicam a seletividade alimentar incluem-se:

  • Alegar que não gostam de determinados alimentos, antes mesmo de experimentá-los;
  • Escolha sempre pelos mesmos alimentos, mesmas marcas ou modo de preparo dos alimentos;
  • Sentir aversão a grupos alimentares inteiros, como frutas, vegetais ou leguminosas;
  • Ficar angustiado quando é encorajado a experimentar alimentos diferentes, seja por causa de uma fobia ou medo de engasgar ou vomitar;
  • Apresentar náusea e vômito ao se deparar com a necessidade de comer novos alimentos.

Anorexia nervosa

Pacientes com TEA apresentam maior risco para anorexia.

Semelhanças foram observadas entre perfis cognitivos de anorexia nervosa (AN) e transtornos do espectro do autismo (TEA) (1).

Tanto o TEA quanto a anorexia nervosa são caracterizados pela presença de padrões obsessivos, limitados e repetitivos de comportamentos e interesses. Além disso, há uma predisposição para rotinas estritas e dificuldades com interações sociais.

Compulsão alimentar

Ao mesmo tempo em que alguns indivíduos autistas desenvolvem anorexia nervosa, outros apresentam o problema oposto, que é a compulsão alimentar.

O autista pode ter uma maior dificuldade em identificar que está saciado, de forma que seguem comendo por mais tempo quando a comida está disponível. Além disso, alguns deles podem utilizar a comida como estratégia de fuga em momentos de dificuldade.

Classificação do Autismo

O Transtorno do espectro autista é classificado de forma diferente pelo CID11 e pelo DSM5.

A CID 11 é um termo que se refere a “Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde”.

Ele se refere a uma padronização desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para identificação de doenças e condições médicas.

A classificação envolve uma lista de códigos, sendo esse o padrão adotado oficialmente no Brasil.

Já o DSM5 é a sigla para “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders”, que em português significa “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais”.

É um manual escrito pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) que serve para padronizar os critérios de diagnóstico de doenças mentais.

Classificação do autismo – CID11

Na CID-11, o Transtorno do Espectro do Autismo é identificado pelo código 6A02 em substituição ao F84.0, e as subdivisões passam a estar relacionadas com a presença ou não de Deficiência Intelectual e/ou comprometimento da linguagem funcional:

6A02.0 – Transtorno do Espectro do Autismo sem Transtorno do Desenvolvimento Intelectual e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional.

6A02.1 – Transtorno do Espectro do Autismo com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual e com leve ou nenhum comprometimento da linguagem funcional.

6A02.2 – Transtorno do Espectro do Autismo sem Transtorno do Desenvolvimento Intelectual e com linguagem funcional prejudicada.
6A02.3
 – Transtorno do Espectro do Autismo com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual e linguagem funcional prejudicada.

6A02.5 – Transtorno do Espectro do Autismo com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual e ausência de linguagem funcional.

Classificação do Autismo – DSM5

O DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, fifth edition) classifica o autismo em três níveis, de acordo com o nível de suporte necessário:

Nível 1: necessita de suporte pontual

Nível 2: necessita de suporte frequente

Nível 3 necessita de suporte extensivo

Essa classificação passou a ser usada em substituição à classificação em níveis leve / moderado / grave.

Uma das justificativas para isso é a designação de um autismo como leve pode muitas vezes ser mal interpretada.

A própria deficição do autismo diz que “O prejuízo precisa ser clinicamente significativo”, o que vai na contamão de um comprometimento “Leve”.

Nível 1

O nível 1 é a forma mais leve do TEA. Ele é caracterizado por dificuldades na interação social e comunicação, bem como pelos comportamentos repetitivos e interesses restritos.

As pessoas com TEA no nível 1 podem ter dificuldade em iniciar ou manter conversas, interpretar expressões faciais e entender as nuances da linguagem. Porém, por se apresentarem de forma mais suave, normalmente essas dificuldades não são limitantes para a interação social.

Indivíduos com TEA no nível 1 geralmente têm habilidades de linguagem e comunicação relativamente intactas e podem se adaptar bem a mudanças na rotina.

Nível 2

O TEA nível 2 se caracteriza por dificuldades significativas na comunicação e na interação social.

Pessoas neste nível podem enfrentar maiores desafios para iniciar ou manter conversas, interpretar expressões faciais e compreender nuances da linguagem.

Indivíduos com TEA no nível 2 apresentam maior dificuldade para se adaptar a mudanças na rotina e podem necessitar de apoio extra para lidar com situações sociais mais complexas.

Nível 3

O nível 3 é a mais grave do TEA. Além de apresentarem as características já descritas nos níveis 1 e 2, este também é caracterizado por dificuldades significativas de comportamentos repetitivos.

Normalmente, possuem uma deficiência mais severa nas habilidades de comunicação, tanto verbal quanto não verbal, e, consequentemente, dependem de maior apoio para se comunicar. Isso pode resultar em dificuldades nas interações sociais e uma redução na cognição.

Além disso, eles tendem a apresentar um perfil comportamental inflexível e podem ter dificuldades em se adaptar a mudanças, o que pode levá-los a se isolar socialmente se não forem incentivados.

Crises Disruptivas

O que são as crises Disruptivas?

Crises disruptivas em pessoas com autismo se referem a momentos em que ela perde o controle emocional e apresenta comportamentos extremos.

Qual a causa das crises disruptivas no autismo?

Diferentes motivos podem desencadear uma crise disruptiva em pessoas autistas, incluindo:

Sobrecarga sensorial

O autista tem habitualmente uma maior dificuldade para lidar com excesso de informações e estímulos. Assim, ambientes barulhentos, luminosos ou caóticos podem ser mal assimilados e podem desencadear uma crise disruptiva.

Mudanças na rotina

A rigidez na rotina é uma característica comum do autismo. Alterações inesperadas em suas rotinas podem dessa forma provocar sobrecarga e estresse. Isso pode acontecer por exemplo ao mudar o caminho para a escola ou quando uma pessoa diferente do habitual vai busca-la na escola.

Barreiras na comunicação

Dificuldades na comunicação podem levar a frustrações, especialmente quando a pessoa autista não consegue expressar suas vontades e suas necessidades de forma adequada.

Estresse social

interações sociais podem ser desafiadoras para indivíduos autistas. Eles podem ter dificuldade em acompanhar conversas ou em compreender o que outras pessoas querem expressar por meio de expressões faciais ou por meio da intonação da voz, por exemplo. Essa dificuldade pode gerar estresse e desencadear uma crise disruptiva.

Como são as crises disruptivas?

Indivíduos autistas podem reagir de diferentes formas durante uma crise disruptiva. Podemos divivir essas crises em dois tipos:

Meltdown

É uma crise mais explosiva, com perda de controle emocional e comportamentos agressivos e repetitivos.

Ela pode envolver gritos, choros, enjoos, tremores, mal-estar, automutilação ou agressividade contra terceiros.

O termo Meltdown poderia ser traduzido como “derretimento”. Ele busca expressar as sensações vividas durante essa crise.

Shutdown

É uma crise mais interna e silenciosa, em que a pessoa se desliga ou se dissocia do ambiente. O indivíduo pode apresentar falta de comunicação, olhar vago e respiração atípica.

Essas crises, ainda que imponham sofrimento ao indivíduo, tendem a ser mais discretas, podendo passar despercebidas por quem não sabe o que está acontecendo.

A tradução do termo Shutdown seria “desligamento do sistema”

Como agir durante uma crise disruptiva?

Para ajudar uma pessoa com autismo em crise, é importante manter uma voz calma e acolhedora e leva-la para um local silencioso e calmo, onde ele terá menos estímulos para gerenciar.

Deve-se evitar durante a crise fazer perguntas ou comentários em excesso sobre o que está acontecendo no momento, já que isso pode gerar ainda mais estresse e potencializar as crises.

De outra forma, mudar o foco para outras coisas que sejam do interesse da pessoa podem ajuda-la a tirar a atenção do problema e com isso, ajuda-la a sair da crise.

Uma vez que a crise disruptiva esteja controlada, é importante que os cuidadores busquem compreender o que aconteceu antes da crise. A partir disso, é possível criar estratégias para evitar situações semelhantes e também estratégias que ajudem o indivíduo a assimilar uma situação parecida no futuro.

Por fim, é importante também que se avalie o que funcionou e o que não funcionou para tirá-la da crise, de forma a criar um “plano de ação” no caso de crises futuras.

Tratamento do Autismo

O autismo pode se manifestar de maneiras bastante diferentes de paciente para paciente, de forma que o tratamento deve ser sempre individualizado de acordo com as necessidades específicas de cada paciente.

Não existem medicamentos para tratar os principais sintomas do TEA. Entretanto, a medicação pode ajudar no controle de algumas condições associadas, como ansiedade, depressão, convulsões, problemas de sono ou problemas gastrointestinais.

Como regra geral, o tratamento deve incluir:

Terapias Comportamentais

Diferentes formas de abordagens comportamentais visam incentivar comportamentos desejados, enquanto desestimulam os comportamentos indesejados.

Abordagens psicológicas também podem ajudar o paciente a lidar com ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental.

As terapias comportamentais com maiores evidências no tratamento do autismo são aquelas baseadas nos princípios da Análise do Complortamento Aplicato, também chamadas de Terapias ABA.

Fonoaudiologia

A fonoaudiologia se concentra na melhoria das habilidades de linguagem.

Algumas pessoas se comunicam verbalmente, enquanto outros podem se comunicar por meio de sinais, gestos ou imagens.

Terapia Ocupacional

A Terapia Ocupacional ensina habilidades que ajudam a pessoa a viver da forma mais independente possível. Isso pode incluir técnicas para se vestir, comer, tomar banho e se relacionar com as pessoas.

Outra abordagem fundamental da Terapia Ocupacional no Autismo está relacionada ao desenvolvimento da capacidade de processamento sensorial. As maiores evidências nesse sentido estão relacionadas às técnicas desenvolvidas por Jean Ayres, chamdas também de “Processamento Sensorial de Ayres”.

Fisioterapia

A Fisioterapia pode ajudar com a melhora de habilidades físicas, incluindo movimentos finos dos dedos ou movimentos envolvendo as grandes articulações.

Abordagens Educacionais

Tratamentos educacionais envolvem diferentes abordagens a serem feitas em sala de aula.

O paciente autista tende a responder melhor, por exemplo, para instruções visuais/ físicas, quando comparado com instruções verbais.

 

Terapia ABA

O que é a Ciência Análise do Comportamento Aplicado – ABA?

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA, do inglês Applied Behavior Analysis) é uma ciência que busca analisar e explicar a interação entre o ambiente, o comportamento e a aprendizagem.

A terapia ABA envolve um conjunto de diferentes formas de intervenções que estão baseadas nos princípios da ciência ABA. Entre essas formas de intervenção ABA podemos citar o Discrete Trial Training (DTT) e o Denver, entre muitas outras.

Embora a Terapia ABA possa ser utilizada para outros tipos de transtornos do neurodesenvolvimento, o método consagrou-se como a principal forma de abordagem para o tratamento de pessoas no espectro autista, sejam elas crianças ou adultos.

Inclusive essa é a ciência da aprendizagem recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para pessoas com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo.

Sendo a ABA um método científico, tudo que é sugerido dentro das intervenções foi submetido a testes empíricos e é fruto de pesquisa científica, com rigor metodológico.

Como é feita a Terapia ABA?

As intervenções baseadas em ABA são divididas em algumas etapas. São elas:

  1. Anamnese;
  2. Avaliação comportamental
  3. Definição de objetivos
  4. Plano de intervenção
  5. Implementação
  6. Revisão contínuada
Anamnese

A anamnese é uma entrevista que o profissional faz com a criança e a família, buscando entender a condição da criança. Ela é que irá direcionar as avaliações subsequentes.

Avaliação comportamental

A Terapia baseada ABA começa com uma avaliação completa do comportamento da criança.

A avaliação pode incluir habilidades sociais, linguagem, brincadeiras, autocuidado, habilidades acadêmicas.

Nessa avaliação, busca-se identificar duas coisas:

  • Comportamentos em excesso: tudo aquilo que prejudica o indivíduo. Isso inclui comportamentos de crises e também aqueles que colocam em risco a integridade física, como agressão e autoagressão.
  • Comportamentos em Déficit: aqueles que deveriam estar presentes, mas não estão.

O terapeuta deve investigar aquilo que acontece antes e depois do comportamento ocorrer para identificar os eventos antecedentes e consequentes. Isso ajuda a desenvolver estratégias para reduzir comportamentos desafiadores.

Diante das respostas apresentadas e interpretadas de acordo com a realidade do pequeno, o terapeuta identifica as áreas que precisam ser estimuladas ou coibidas.

Definição de objetivos

Após a avaliação da criança, é preciso que sejam definidos os objetivos de uma intervenção.

Habitualmente, uma série de comportamentos em excesso ou em déficit são identificados. Infelizmente, querer trabalhar todas essas necessidades de uma só vez é infrutífero e levará à frustração da criança, da família e do terapeuta.

Assim, é fundamental que sejam estabelecidas as prioridades. A prioridade será sempre a abordagem dos comportamentos em excesso ou em déficit que tragam um maior prejuízo para o indivíduo

Esses objetivos devem ser claros e mensuráveis.

Um exemplo de objetivo claro e mensurável seria “sustentar o olhar por dois segundos ao ser chamado por pelo menos 3 pessoas diferentes em um mesmo dia”.

Já um exemplo de um objetivo vago, que não é adequado na intervenção baseada em ABA, seria algo como “desenvolver as habilidades sociais”. Isso porque esse não é um objetivo mensurável, não se tem como dizer se ele foi atingido ou não de uma forma objetiva.

Plano de Intervenção

A partir da definição dos objetivos, é feito um plano de intervenção. Esse plano, da mesma forma, precisa ser claro e objetivo.

A ABA utiliza técnicas de reforço positivo para o desenvolvimento de comportamentos desejados. Quando uma criança realiza uma ação desejada, ela é recompensada com algo que valoriza, como elogios, brinquedos ou atividades favoritas.

Faz parte também do plano de intervenção a criação de uma folha de registros.

Toda tentativa de intervenção deve ser anotada em uma folha de registro. Nessa folha, deve ser anotado se o objetivo foi atingido, bem como se a criança precisou de ajuda para atingir o objetivo.

Implementação

A intervenção comportamental é feita um-a-um, ou seja, um terapeuta para uma criança.

Após a definição de um plano terapêutico, o terapeuta especializado em ABA e que está responsável pelo tratamento treina outras pessoas envolvidas para que possam implementar o plano que foi desenvolvido. Essa pessoa pode ser pai, mãe, outros familiares, o acompanhante terapêutico na escola ou mesmo um terapeuta menos capacitado.

Revisão contínua

De tempos em tempos (habitualmente uma vez por semana) é feita uma avaliação da folha de registro pelo terapeuta especializado em ABA.

A partir disso, o plano terapêutico será revisado. Eventualmente, novas intervenções podem ser incluídas e outras podem ser colocadas em uma etapa de “manutenção”.

Quem pode aplicar o ABA?

No Brasil, analista ABA não é considerada uma profissão e não existe uma certificação oficial em Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

Isso é diferente do que acontece nos Estados Unidos, onde existe uma certificação obrigatória para quem quer trabalhar com ABA, o Board Certified Behavior Analyst (BCBA).

Até 2023, brasileiros podiam tirar a certificação BCBA, mas desde então ela ficou restrita a moradores dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália.

A falta de certificação faz com que muitos profissionais se digam terapeutas ABA, mesmo sem uma formação adequada para isso.

Como resultado, temos pessoas mal assistidas por profissionais sem a devida capacitação.

Apesar da certificação para analista do comportamento não ser obrigatória no Brasil, a Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC) desenvolveu uma acreditação própria que indica que o profissional passou por uma capacitação mínima para se tornar analista ABA.

Níveis de prestadores de serviço ABA

A operacionalização da intervenção ABA requer diferentes prestadores de serviços com diferentes níveis de formação.

A Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental divide os profissionais em três níveis:

Supervisor ABA

Profissionais com título de Mestre ou Doutor em Análise do Comportamento, Psicologia Experimental ou áreas associadas ao desenvolvimento atípico (ex., Psicologia, Educação, Educação Especial, Distúrbios do Desenvolvimento, Psiquiatria)

As principais funções do supervisor ABA são:

  • Orientar e treinar terapeutas;
  • Desenvolver planos individualizados de tratamento;
  • Monitorar o progresso dos pacientes;
  • Garantir a qualidade do tratamento;
  • Gerir relações humanas e administrativas;
  • Planejar intervenções;
  • Supervisionar profissionais e familiares envolvidos.
Coordenador ABA

Profissionais com pós-Graduação Lato Sensu em Análise do Comportamento Aplicada (ex., Clínica Analítico Comportamental, Terapia Comportamental).

São atribuições do Coordenador ABA:

  • Avaliar o repertório comportamental do paciente
  • Supervisionar o trabalho do aplicador ABA
  • Intervenir no planejamento do caso
  • Garantir um tratamento eficaz, respeitoso e focado no bem-estar do paciente
  • Facilitar a terapia
Aplicador ABA

O aplicador ABA deve ter realizado no mínimo 40h de Cursos Livres para se preparar para o trabalho com ABA.

Ele é o responsável pelo dia a dia do paciente com TEA ou outras neurodivergências. Pode atuar em casa, na escola ou em outros ambientes.

Suas principais atribuições incluem:

  • Acompanhar o paciente diariamente, aplicando o plano de tratamento;
  • Desenvolver habilidades de autonomia e independência;
  • Prevenir e reduzir problemas de comportamento;
  • Ajudar a família a adaptar-se e a desenvolver independência;
  • Intervir em situações de risco;
  • Comunicar-se com a equipe técnica e com os familiares;
  • Preencher relatórios sobre a evolução do paciente.

 

Modelo Denver de Intervenção Precoce

O que é o Modelo Denver de Intervenção Precoce?

O Modelo Denver é uma terapia comportamental desenvolvida para crianças entre 12 e 48 meses de idade que tenham diagnóstico ou suspeita do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Ele é baseado nos princípios da Análise do Comportamento Aplicado (ABA). Isso significa que o Denver é baseado em evidências científicas e que existem diferentes estudos que comprovam a eficiência de cada tipo de intervenção por ele proposto.

Nesse modelo, a criança é incentivada a aprimorar habilidades linguísticas, sociais e cognitivas por meio de brincadeiras naturais e atividades cotidianas.

Tanto crianças que têm desafios de aprendizagem significativos como aquelas com menores dificuldades de aprendizagem podem beneficiar do Denver.

O Modelo Denver pode ser usado em muitos ambientes, inclusive em casa, em uma clínica ou na escola. Nas clínicas é fornecida em ambientes de grupo e também de forma individualizada.

O envolvimento dos pais é uma parte fundamental do programa Denver. Os terapeutas devem explicar e modelar as estratégias que utilizam para que as famílias possam praticá-las em casa.

Quais profissionais atuam com o Modelo Denver?

O Early start Denver Model é uma marca registrada e que exige certificação específica do profissional para que possa aplicá-lo.

Profissionais de diferentes áreas podem ser treinados e registrados para aplicar o Denver, incluindo:

  • Psicólogo;
  • Terapeuta ocupacional;
  • Fonoaudiólogo;
  • Pdediatras / neuropediatras / Pediatras do desenvolvimento.

Como é feita a Terapia Denver?

O Método Denver envolve um protocolo de diferentes tipos de abordagens com a intenção de estimular a interação social e ajudar no desenvolvimento de pessoas autistas.

Ele busca explorar os interesses naturais da criança para potencializar sua aprendizagem, moldando as atividades cotidianas entre a criança e seus cuidadores.

Assim, as intervenções que ocorrem de acordo com a motivação da criança, adolescente ou adulto no espectro. Isso significa que a equipe vai buscar o aprendizado por meio de atividades que são reforçadoras para esses indivíduos.

O passo a passo das interevenções em Denver incluem:

  1. Observação: a intervenção começa com a observação do indivíduo em seu próprio contexto, sem que se busque impor a ela uma atividade. Para isso, o terapeuta deve acompanhar a rotina e atividades recorrentes para entender onde existem dificuldades, quais habilidades já foram adquiridas e quais precisam ser reforçadas.
  2. Registro: enquanto observa, o terapeuta identifica as diferentes possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento para o indivíduo;
  3. A partir desses registros, é feito o Planejamento e início da intervenção. O indivíduo começa a aprender novas habilidades a partir de suas atividades corriqueiras.

Os principais objetivos das intervenções no Denver incluem:

  • Foco no envolvimento interpessoal;
  • Desenvolvimento da imitação fluente, recíproca e espontânea de gestos, movimentos e expressões faciais e uso de objetos;
  • Ênfase no desenvolvimento da comunicação verbal e não verbal;
  • Foco nos aspectos cognitivos da brincadeira realizada em rotinas de brincadeira diádica;
  • Parceria com os pais.

Abordagem da Fonoaudiologia

O primeiro passo na avaliação fonoaudióloga de uma criança autista com dificuldades na comunicação é compreender quais são os pontos de bloqueio para o desenvolvimento da linguagem.

Não adianta, por exemplo, querer estimular a fala quando a criança não é capaz de manter o contato visual ou de interagir e imitar terceiros.

Algumas pessoas apresentam dificuldades mais pontuais que deverão ser trabalhadas nas sessões de fonoaudiologia. Em outros casos, as limitações podem ser bem maiores, sendo então necessário lançar mão da comunicação alternativa.

A comunicação alternativa envolve uma série de recursos que buscam ajudar uma criança que não fala a se comunicar.

Esses recursos podem ser divididos em recursos com apoio ou sem apoio:

  • Sem apoio: A comunicação é feita com recursos próprios da pessoa, como gestos, expressões faciais, língua de sinais, movimentos corporais, piscar de olhos, entre outros.
  • Com apoio: envolve o uso de materiais e equipamentos especiais, como imagens, livros, tablets, placas com imagens, vocalizadores, entre outros.

Integração Sensorial de Ayres

Terapia de Integração Sensorial é uma forma de tratamento de problemas relacionados à Integração Sensorial.

Ela busca auxiliar o paciente na inibição e/ou modulação da informação sensorial e organizar o processamento das respostas mais adequadas aos diferentes tipos de estímulos sensoriais.

Já a Integração Sensorial de Ayres se refere a uma prática baseada em evidências descrita e registrada por A. Jean Ayres.

Essa é a forma de Integração Sensorial com maiores evidências científicas para o tratamento das disfunções sensoriais.

Por ser uma marca registrada, um terapeuta só pode dizer que está realizando a Integração Sensorial de Ayres caso tenha passado por um treinamento e recebido uma certificação específica.

A Integração Sensorial de Ayres foca em três sistemas sensoriais que são centrais na teoria de integração sensorial: O tátil, o vestibular e o proprioceptivo.

Sensibilidade vestibular

O órgão receptor do sistema vestibular está localizado dentro do ouvido, ao lado dos receptores da audição.

Ele é que permite que uma pessoa com os olhos fechados perceba que está de cabeça para baixo, que está girando ou caindo

Pessoas autistas podem ter o sistema vestibular hipersensíveis ou hiposensíveis.

O sistema vestibular hipersensível sentem-se como se estivessem o tempo todo dentro de um barco. Issofaz com que elas evitem atividades com movimentos giratórios, incluindo carrossel ou balanços. Também não gostam de ficar de cabeça para baixo e podem ter até mesmo medo de elevador.

Pessoas com o sistema vestibular hiposenssível habitualmente têm dificuldade de ficar parados. Querem estar sempre em movimento, especialmente com atividades rotatórias. Gostam também de se colocar de cabeça para baixo.

A Terapia de Integração sensorial, com foco no Sistema Vestibular hipersensível, consiste em brincadeiras com movimentos como rodar, balançar, pular e correr.

No caso de pessoas com o sistema vestibular hiposensível, podem ser feitas brincadeiras de Estátua, por exemplo.

Nesses exercícios, é preciso observar a reação da criança para evitar super-excitação.

Propriocepção

A propriocepção é a capacidade que o próprio corpo tem de avaliar em que posição se encontra a fim de manter o equilíbrio quando está parado, em movimento ou ao realizar esforços. Ele é que permite, por exemplo, caminharmos sem ficar olhando o tempo todo para o pé.

Crianças com transtorno proprioceptivo podem parecer mais “atrapalhadas” ou “descoordenadas”. Podem ficar agitadas e buscando desafios que estimulem esses sensações. De forma oposta, algumas crianças podem se mostrar pouco ativas no espaço, inseguras e passivas em relação aos desafios motores do ambiente.

Sensibilidade tátil

A sensibilidade tátil se refere à percepção de estímulos que são transmitidos através do toque. Ela se refere à capacidade de perceber e interpretar estímulos como texturas, temperaturas, pressões e dor,

Quando uma pessoa com autismo tem hipersensibilidade tátil, ela pode ter uma resposta exagerada ou aversiva a estímulos táteis comuns, como toque, texturas ou roupas. Isso pode levar a desconforto, ansiedade e até mesmo que evitem situações que envolvam contato físico.

Inclusão Escolar no TEA

O primeiro ponto no processo de inclusão escolar da criança com Transtorno do Espectro Autista é o acesso à educação, preferencialmente na rede regular de ensino, tanto em escolas públicas quanto em escolas particulares.

Mas apenas estar na escola não é suficiente. Em caso de matrícula de aluno com TEA ou qualquer outro tipo de deficiência, é dever da escola desenvolver um projeto pedagógico que envolva o atendimento educacional individualizado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade.

Em outras palavras, é a escola que deve se adaptar para se adequar às crianças com necessidades especiais, não o contrário.

Essas crianças devem também ter acesso em igualdade de condições a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer.

Vale lembrar aqui que no caso de escolas privadas não é permitida a cobrança de valores adicionais ou praticar preços diferenciados para matricular pessoas com TEA, mesmo que seja para o fornecimento de atendimento educacional especializado e profissionais de apoio. Essa prática é ilegal!

Plano Educacional Individualizado (PEI)

O Plano Educacional Individualizado (PEI) é um instrumento de planejamento e acompanhamento do processo de aprendizagem e desenvolvimento de estudantes com deficiência, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e altas habilidades/superdotação.

Como o próprio nome diz, ele deve ser elaborado de forma individualizada, considerando-se a trajetória e a necessidade de cada criança.

O PEI é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de atendimento especializado, devidamente habilitada e qualificada, com base em protocolos cientificamente validados. Essa elaboração deve também contar com a participação do aluno (sempre que possível) e de seus pais ou responsáveis.

Outras fontes poderão ser utilizadas para a elaboração do PEI, como laudos, pareceres técnicos e avaliações pedagógicas, emitidos, inclusive, por equipes externas à escola que acompanham o estudante.

O PEI não poderá ser posto em execução sem a anuência dos pais ou responsáveis e do próprio educando, sempre que possível.

Fazem parte do PEI:

  1. a avaliação do estudante: realizada por meio de protocolo de avaliação cientificamente validado, que contemple o exame dos domínios das habilidades da criança;
  2. Objetivos mensuráveis de ensino, em termos de habilidades-alvo a serem desenvolvidas, acompanhadas das metas mínimas aceitáveis como critério de aprendizagem;
  3. Programas de ensino aplicáveis para cada objetivo estabelecido. Esse programa deve incluir:
  4. Descrição dos procedimentos de ensino aplicáveis a cada habilidade-alvo;
  5. Frequência e prazo de aplicação para cada procedimento;
  6. Formulários de registro de execução de cada procedimento e dos resultados objetivamente alcançados;
  7. Meios de monitoramento e de avaliação dos resultados dos programas.
  8. Recursos de acessibilidade utilizados para a execução dos programas;
  9. Protocolo de conduta individualizado, contemplando as orientações a serem seguidas tanto pelos profissionais como pelos demais estudantes na interação com a criança em questão, incluindo a forma e aspectos de comunicação;
  10. Diretrizes para adaptação de atividades e de avaliações.

Relação com os colegas

Sem a intervenção apropriada, é esperado que as dificuldades de comunicação e interação social característicos do Transtorno do Espectro Autista promovam o isolamento social dessas crianças.

Para os colegas, perde-se a oportunidade de visualizar uma sociedade democrática, plural, competente e associado a visões de empatia, criatividade e capacidade de trabalhar em conjunto.

A noção falaciosa e preconceituosa de que a presença de estudantes com deficiência “atrapalha” a aprendizagem esbarra em evidências concretas que apontam o oposto.

Mais do que aprender conteúdo, a escola é um local fundamental para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. Assim, aprender a conviver e respeitar pessoas diferentes tem uma importância que vai muito além da moralidade.

Se até pouco tempo atrás essas crianças com alguma forma de deficiência eram escondidas em casa ou em instituições especializadas, hoje felizmente elas estão sendo cada vez mais inseridas não apenas nas escolas, mas também nos diferentes ambientes sociais e de trabalho.

Podemos dizer assim que essa interação é fundamental para os alunos com deficiência e bom também para os alunos sem deficiência.

Habilidades educacionais no TEA

O Plano Educacional Individualizado para a criança autista deve ir além das habilidades acadêmicas, de conteúdo. É preciso considerar também suas habilidades de aprendiz.

Permanecer sentado, manter contato visual, esperar a vez para falar e compreender instruções (participar da rotina, fazer tarefa) são algumas dessas habilidades.

Ainda que qualquer criança precise ser educada nesse sentido, os autistas podem ter maior dificuldade para isso.

Ele precisa também aprender a pedir quando quiser ir ao banheiro ou frente a qualquer outra necessidade.

Diferentes intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicado (ABA) já se mostraram eficazes nesse sentido.

Em alguns casos, a presença de um mediador escolar pode ser necessária.

Mediador Escolar

Mediador ou tutor escolar é um profissional que atua na promoção da inclusão escolar e da educação de alunos com autismo e outras necessidades especiais.

Ele atua como intermediário entre a criança e as situações que ela vivencia, facilitando a comunicação entre alunos, professores e familiares. Dessa forma, o mediador ajuda na inclusão social e na mediação de conflitos.

Por outro lado, não faz parte das atribuições do mediador atuar diretamente nas habilidades individuais dos alunos, papel esse que cabe ao professor regente da classe.

Nem todas as crianças TEA necessitam de um mediador em sala de aula. Quando mal aplicado, ele pode ser até mesmo prejudicial para o desenvolvimento da criança. Ainda que fundamental para alguns, o mediador acaba tirando a independência da criança, um elemento-chave para a qualidade de vida presente e futura dessas crianças. Assim, é fundamental um bom processo avaliativo para a tomada de decisão.

Para saber se uma criança precisa ou não de um mediador, podem ser aplicados protocolos de avaliação como o VB-MAPP (Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program / Avaliação de Marcadores do Comportamento Verbal). Essa escala já foi traduzida e validada para a língua portuguesa e pode ser aprendida e aplicada por professores de Educação Especial.

Ele considera a presença de habilidades esperadas para 13 domínios diferentes, além de avaliar barreiras de aprendizagem, como a agressividade.

De acordo com a Lei Federal 12.764, “Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista […] terá direito a acompanhante especializado”. Em outras palavras, ter o diagnóstico de autismo não é o suficiente, é preciso haver comprovada necessidade.

O problema é que não existem critérios claros na lei para determinar essa comprovada necessidade.

Por motivos econômicos, a maioria dos sistemas educacionais entende que a maior parte das pessoas com TEA não possui este direito, o que leva os pais a contestarem administrativamente (quase sempre perdendo) e depois judicialmente, onde a probabilidade de sucesso é maior.

Desafios alimentares no TEA

A seletividade alimentar é um problema bastante comum nas crianças em geral e ainda mais comum naquelas com transtorno do espectro autista (TEA).

Diferentes características do TEA contribuem para isso, especialmente:

Rigidez comportamental e a necessidade da mesmice, o que inclui a alimentação;

Hipersensibilidade sensorial, com aversão a certas texturas, sabores ou cheiros.

O primeiro passo na avaliação da seletividade alimentar é entender em cada criança o que pode estar contribuindo com o problema.

Isso inclui também descartar outras condições médicas subjacentes que possam estar perpetuando as dificuldades alimentares da criança, como a Doença do Refluxo Gastroesofágico e/ou alergias ou intolerâncias alimentares.

A avaliação com o pediatra deve buscar também identificar eventuais deficiências nutricionais decorrentes da seletividade alimentar. Em alguns casos, a suplementação pode ser considerada.

Feito isso, precisamos entender também outros aspectos do TEA que possam dificultar o tratamento.

As mudanças alimentares em crianças com seletividade alimentar devem ser feitas de forma gradativa e com a participação ativa da criança. Isso pode ser mais difícil no TEA, devido às dificuldades com a comunicação e a interação social. Em muitos casos, até mesmo manter a criança sentada na mesa pode ser um problema muito mais difícil de se resolver.

Prognóstico

Algumas crianças com autismo leve podem apresentar alguma melhora entre os 4 e os 6 anos de idade, especialmente aquelas que receberam tratamento precocemente.

Algumas destas crianças passam a ter um melhor convívio social com outras crianças da mesma idade e eventualmente podem ter uma vida independente quando adultas.

Por outro lado, a maior parte dos pacientes apresenta limitações importantes ao longo de toda a vida.

Diferentes estudos mostram que:

  • Entre 25% e 70% dos autistas podem ter graus variados de atraso mental;
  • 49% dos adultos com autismo ainda vivem com os pais e apenas cerca de 12% têm empregos em tempo integral;
  • 12% dos adultos autistas alcançam um alto nível de independência quando adultos;
  • 12% necessitam de cuidados hospitalares de alta complexidade.