Odontogeriatria
O que é a odontogeriatria?
A odontogeriatria é a ciência que previne, estuda e trata os problemas da saúde bucal nas pessoas na terceira idade.
Como regra geral, ela é indicada para o seguimento odontológico de rotina em pacientes com mais de 60 anos de idade.
Quais os diferenciais do odontogeriatra?
Ainda que os odontologistas em geral estejam tecnicamente preparados para o acompanhamento de pacientes independentemente da idade, o odontogeriatra possui alguns diferenciais para o atendimento do público acima dos 60 anos, especialmente para aqueles com maior limitação física ou funcional.
Doenças sistêmicas como a diabetes, deficiências nutricionais e outras formas de imunodeficiência comuns aos idosos podem tanto impactar como serem impactadas pela saúde bucal.
Um abcesso dental, cárie ou outros tipos de infecção da cavidade oral pode se tornar um grande problema para pessoas com uma prótese de joelho ou prótese de quadril, por exemplo.
Isso porque estas bactérias podem entrar no sangue e se instalar ao redor da prótese, causando uma infecção mesmo anos após a colocação da prótese.
Sempre que possível, todo paciente deve passar por uma avaliação odontológica antes de realizar estes procedimentos e deve manter um seguimento odontológico de rotina para o resto da vida.
Muitos idosos passam a ter menor preocupação com a aparência ou mesmo avaliam os problemas dentais como algo inerente ao envelhecimento, o que não é verdade. Também avaliam o tratamento odontológico de rotina como algo meramente estético, o que também não é verdade.
Além do problema estético, os dentes tortos, moles, ausentes ou doloridos podem comprometer de forma significativa a mastigação e a ingestão de alimentos. Estes problemas são mais comuns entre os idosos e também deve ser levado em consideração no tratamento.
Por fim, é preciso considerar que limitações físicas no ombro ou mão, por exemplo, podem dificultar a escovação. A escovação também pode ser comprometida em doenças como o Parkinson ou o Alzheimer.
O odontogeriatra está preparado para entender e orientar o paciente quanto a estas limitações.
Atendimento domiciliar
Em casos cuja mobilidade está demasiadamente afetada, o atendimento odontológico pode eventualmente ser feito na casa do paciente.
Atualmente existem odontogeriatras que atendem os pacientes na sua própria casa, ao lado da família, no conforto de seu lar.
Estes profissionais providenciam uma odontologia humanizada e afetiva. Pacientes idosos com comorbidades, acamados e com dificuldades de locomoção, com doenças como Alzheimer, doenças degenerativas e outras demências, Idosos institucionalizados, internados e em home care, pessoas em fase final de vida ou em cuidados paliativos podem se beneficiar do ramo da odontogeriatria e da odontologia residencial.
Quais as doenças dentais mais comuns na terceira idade?
O envelhecimento modifica quimicamente a cavidade oral e contribui para o surgimento de algumas manifestações bucais, como halitose (mal hálito), saburra lingual, gengivite, periodontite e cáries.
A redução do fluxo salivar, por sua vez, retém células epiteliais descamadas, restos alimentares e grande acúmulo de microrganismos e também facilita o aparecimento das cáries.
A mesma bactéria que causa a halitose também pode estar presente na placa bacteriana lingual das doenças periodontais, por exemplo.
Os medicamentos utilizados a longo prazo podem trazer efeitos colaterais que refletem na boca por meio de xerostomia (boca seca), alterações no paladar, estomatites e hiperplasia gengival. Por isso, a avaliação multidisciplinar do paciente geriátrico é essencial.
A diabetes deixa os tecidos bucais edemaciados e cabe ao cirurgião-dentista levantar esses pontos na anamnese e aprofundar os estudos nessas doenças.
Também é importante citar as próteses dentais, muito utilizadas pelos pacientes idosos. O uso incorreto destas e a falta de higienização podem causar doenças. Lesões da mucosa bucal, como hiperplasia fibrosa inflamatória, estomatites, candidíase e outras, são bem comuns.
Finalmente o câncer de boca, que é uma das doenças bucais mais comuns em idosos no mundo inteiro. Ele pode atingir lábios, gengiva, língua, ossos maxilares e outras estruturas da boca e são causados pelo fumo, consumo de bebidas alcoólicas e predisposições genéticas.
O câncer de boca muitas vezes não causa sintomas em suas fazes iniciais, quando o tratmentotende a ser melhor suscedido. No entanto, lesões suspeitas que podem levar ao diagnóstico podem ser identificadas durante uma avaliação odontológica de rotina.
Como evitar doenças bucais nos idosos?
Muitos problemas odontológicos encontrados no idoso são, na realidade, complicações de processos patológicos acumulados durante toda a vida do indivíduo, devido à higiene bucal deficiente, consequências de tratamentos anteriores mal sucedidos, falta de orientação e de interesse em saúde bucal e ao não-acesso aos serviços de assistência odontológica.
As principais estratégias de prevenção são os cuidados com a saúde bucal através do uso de escova dental e fios dentais, tanto para os idosos que usam ou não próteses.
É importante controlar o uso de medicamentos das doenças sistêmicas presentes nesta faixa etária. Estes podem gerar problemas bucais secundários e efeitos colaterais na boca.
As reações mais comuns são xerostomia, alterações no paladar e estomatites. Também pode ocorrer hiperplasia gengival decorrente de efeito colateral de anticonvulsivantes.
A função mastigatória apropriada tem importância fundamental, pois interfere de maneira direta na digestão dos alimentos e na melhoria da qualidade de vida.
Com o avanço da idade, há uma redução natural na secreção dos sucos gástricos, por isso o preparo adequado do bolo alimentar na cavidade oral torna-se de fundamental importância.
A sensibilidade dentária também é outra condição que pode estar presente na população idosa. Isto ocorre principalmente pela presença da exposição do dente que perde seu esmalte ou a recessão gengival.