Nódulos da Tireoide
O que são os Nódulos da Tireoide?
Nódulos da tireoide são crescimentos sólidos ou cheios de líquido que se formam dentro da tireoide.
A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, logo acima do esterno.
Os nódulos são observados em 3 a 7% das pessoas por meio da palpação. Além disso, são vistos em até 67% das pessoas quando avaliado por meio de ultrassonografia (1, 2).
A maioria dos nódulos da tireoide não é grave e não causa sintomas.
Por outro lado, alguns poucos nódulos podem se tornar grandes o suficiente para serem visíveis ou para dificultar a deglutição ou a respiração.
Mesmo que assintomáticos, os nódulos da tireoide não devem ser ignorados. Isso porque uma pequena parte deles pode ser cancerígena.
O tratamento, nestes casos, será mais efetivo quanto mais precoce eles forem descobertos.
Sintomas
A maioria dos nódulos da tireoide não causa sinais ou sintomas. Quando sintomático, as queixas podem estar associado à compressào de estrutura próximas ou a um eventual hipertiroidismo ou hipotiroidismo. Isso pode variar a depender de qual a causa da nodulação.
Bócio obstrutivo
Bócio é um termo que se refere a diferentes formas de crescimento irregular da tireóide, incluindo alguns casos de nódulos da tireoide.
Quando se tornam grandes, os nódulos podem ser sentidos com a palpação ou podem levar a um inchaço no pescoço.
Os sintomas se fazem presentes quando o bócio se torna muito grande, em decorrência da compressão do esôfago ou da Traqueia.
O bócio obstrutivo pode provocar sintomas como:
- Dificuldade para respirar, especialmente durante o esforço físico;
- Dificuldade para deglutir o alimento (odinofagia);
- Tosse crônica;
- Ronco;
Hipotireoidismo
São sinais e sintomas característicos do hipotireoidismo:
- Fadiga;
- Sonolência;
- Fraqueza muscular;
- Pele seca;
- Constipação;
- Sensibilidade ao frio;
- Problemas de memória ou concentração.
Hipertireoidismo
No caso do Hipertireoidismo, os principais sinais e sintomas do Hipertireoidismo incluem:
- Perda de peso;
- Taquicardia (aumento da frequência cardíaca);
- Hipertensão arterial;
- Maior sensibilidade ao calor;
- Suor excessivo;
- Tremores;
- Irritabilidade e nervosismo;
- Aumento do apetite;
- Insônia;
- Fraqueza muscular;
- Disturbios menstruais.
Quais as causas de nódulos de tireoide?
Várias condições podem causar o desenvolvimento de nódulos na glândula tireoide, incluindo:
Adenoma de tireoide
Supercrescimento de tecido tireoidiano normal, não cancerígeno. Não é considerado grave, mas pode provocar sintomas característicos em decorrência do seu tamanho. Alguns adenomas da tireoide levam ao hipertireoidismo.
Cistos de tireóide
Cavidades cheias de líquido, geralmente em decorrência de adenomas tireoidianos degenerados. Geralmente não são cancerosos, mas eventualmente podem conter componentes sólidos cancerosos.
Doença de Hashimoto
Doença autoimune que leva à inflamação da tireoide, com a formação de nódulos. Ela geralmente resulta em um hipertireoidismo passageiro, seguido por hipotireoidismo.
Esta é a causa mais comum de hipotireoidismo no Brasil. Ela afeta em torno de 5% da população adulta, sendo que o diagnóstico é realizado geralmente entre 30 e 50 anos de idade (3).
Bócio
O termo bócio é usado para descrever qualquer aumento da glândula tireoide. Ele pode acontecer como consequência do hipotireoidismo, hipertireoidismo ou à deficiência de iodo.
Entretanto, a falta de iodo na dieta é incomum no Brasil e na maioria dos países desenvolvidos, onde o iodo é rotineiramente adicionado ao sal de cozinha.
Câncer de tireoide
As chances de um nódulo ser cancerígeno são pequenas. No entanto, um nódulo grande e duro ou que causa dor ou desconforto é mais preocupante.
Certos fatores aumentam o risco de câncer de tireoide, incluindo:
- Histórico familiar de câncer de tireoide ou outros cânceres endócrinos;
- Histórico de radioterapia.
Diagnóstico
Os principais objetivos da avaliação de um nódulo da tireoide devem ser a avaliação da função tireoideana e descartar a possibilidade de Câncer de Tireoide.
Além do exame clínico e da identificação de sintomas característicos, outros exames habitualmente solicitados incluem:
Exames laboratoriais
A dosagem dos hormônios TSH e T4L são usadas para a avaliação da função tireoideana.
Ultrassom
A ultrassonografia da tireoide fornece informações sobre o tamanho e a anatomia da glândula tireoide e das estruturas próximas no pescoço, bem como as características do nódulo.
A avaliação dessas características permite ao médico estratificar o risco de malignidade do nódulo, quando então a punção por agulha fina (PAAF) deve ser realizada.
O sistema TI-RADS classifica os nódulos da tireoide em uma escala de 1 a 5, com base em cinco características principais: composição, ecogenicidade, formato, margem e focos de calcificação.
Nenhuma dessas características de forma isolada é capaz de determinar se um nódulo é maligno ou não. No entanto, a somatória de características aumentarão ou não o grau de suspeição.
Cada característica recebe uma pontuação, e a soma dessas pontuações determina a categoria final do nódulo e a recomendação de investigação ou do acompanhamento, conforme abaixo:
- TI-RADS 1 (0 pontos): Benigno, sem risco de malignidade.
- TI-RADS 2 (2 pontos): Muito provavelmente benigno, sem necessidade de PAAF.
- TI-RADS 3 (3 pontos): Levemente suspeito, PAAF recomendada se ≥ 2,5 cm.
- TI-RADS 4 (4-6 pontos): Moderadamente suspeito, PAAF recomendada se ≥ 1,5 cm.
- TI-RADS 5 (≥ 7 pontos): Altamente suspeito, PAAF recomendada se ≥ 1 cm.
Biópsia aspirativa por agulha fina
Nódulos com risco considerável de malignidade de acordo com a avaliação pelo ultrassom devem ser biopsiados. Neste procedimento, uma pequena amostra de células é retirada para análise em microscópio.
A agulha é habitualmente guiada através do ultrassom. Em aproximadamente 85% dos casos a biópsia permite um diagnóstico preciso. No entanto, ele pode ser classificado como ïndeterminado”ou “supeito” em aproximadamente 15% dos caso.
Quando isso acontece, nova biópsia ou cirurgia poderão ser indicadas.
Cintilografia
Outro exame usado para diferenciar nódulos cancerígenos de nódulos não cancerígenos. Durante este teste, um isótopo de iodo radioativo é injetado em uma veia do braço.
Nódulos que produzem excesso de hormônio da tireoide (chamados de nódulos quentes) aparecem no exame porque absorvem mais isótopo do que o tecido normal da tireoide. Habitualmente, eles não são não cancerígenos.
Nódulos cancerígenos habitualmente são frios. No entanto, a maior parte dos nódulos frios também não são cancerígenos.
Lesão cancerígena é observada em aproximadamente 4% dos nódulos frios em mulheres e 8% dos nódulos frios nos homens (4).
50 a 85% dos nódulos da tireoide são frios, 10% são quentes e cerca de 40% são indiferentes (5).
Tratamento de nódulos benignos (não cancerígenos)
As opções de tratamento para os nódulos benignos da tireoide incluem:
Observação
O paciente deve ser submetido a avaliação médica, exames de função tireoideana e exames de imagem a intervalos regulares.
Em alguns casos estes nódulos nunca precisarão ser tratados.
Tratamento hormonal
O uso de hormônio tireoideano pode ser indicado no paciente com nódulo da tireoide associado a hipotireoidismo.
Cirurgia
Alguns nódulos não cancerígenos podem crescer bastante de tamanho e provocar sintomas em decorrência da compressão do esôfago ou da traqueia. A cirurgia poderá ser indicada nestes casos.
Nódulos identificados pela biópsia como indeterminados ou suspeitos também precisam de remoção cirúrgica, para que possam ser examinados em busca de sinais de câncer.
Tratamento de nódulos de tireoide associados a hipertireoidismo
O tratamento de nódulos da tireoide associados a hipertireoidismo pode incluir:
Iodo radioativo
O iodo radioativo pode ser usado por meio de uma cápsula ou na forma líquida.
Ele é absorvido pela tireóide, fazendo com que os nódulos encolham e os sinais e sintomas de hipertireoidismo diminuam. Isso geralmente acontece dentro de dois a três meses.
Medicamentos antitireoidianos
Medicamentos antitireoideanos, como metimazol (Tapazol), podem ser usados para reduzir os sintomas do hipertireoidismo.
O tratamento geralmente é de longo prazo e pode ter sérios efeitos colaterais no fígado, de forma que é importante avaliar os riscos e benefícios do tratamento de forma individualizada.
Cirurgia
A remoção cirúrgica do nódulo da tireoide pode ser uma opção frente ao tratamento com iodo radioativo ou medicamentos antitireoidianos.
Tratamento de nódulos cancerígenos
Observação
Cânceres muito pequenos têm um baixo risco de crescimento. Em alguns casos, poderá ser optado por manter uma observação atenta antes de se decidir pela cirurgia.
A observação inclui o monitoramento por ultrassom e a realização de exames de função tireoideana.
Cirurgia
A maior parte dos nódulos de tireoide são tratados cirurgicamente.
No passado, era padrão remover a maior parte da tireoide. No entanto, hoje se tem uma maior segurança para tratar muitos destes casos por meio de uma ressecção parcial da glândula.
Dependendo da extensão do tumor, a tireoidectomia quase total continua sendo necessária
Ablação com álcool
Pequenos nódulos cancerosos podem eventualmente ser tratados por meio da ablação com álcool.
Uma pequena quantidade de álcool é aplicada no nódulo canceroso da tireoide para destruí-lo. Em muitos casos, múltiplas sessões de tratamento podem ser necessárias.
Cirurgia da Tireoide
A cirurgia para a retirada de toda a glândula tireoide ou de parte dela é indicada geralmente nas seguintes condições:
- Glândula excessivamente grande, com dificuldade em respirar ou engolir;
- Nódulos associados ao hipertireoidismo;
- Câncer de tireoide.
Os riscos da cirurgia da tireoide incluem danos ao nervo que controla as cordas vocais e danos às glândulas paratireoides.
As paratireoides são quatro pequenas glândulas localizadas na parte de trás da tireoide e que ajudam a controlar os níveis de minerais do corpo, como o cálcio.
Após uma cirurgia para a retirada da tireoide, é necessário manter um tratamento contínuo com levotiroxina, o hormônio produzido pela tireoide.