Linfoma Não Hodgkin
O que é o Linfoma Não Hodgkin?
O Linfoma Não Hodgkin é o tipo mais comum de linfoma, um tipo de câncer que se desenvolve no sistema linfático.
O sistema linfático é uma rede complexa formada pelos vasos linfáticos, linfonodos, baço, timo e amigdalas.
Ele possui três funções principais:
- Drenar o excesso de fluido tecidual, também chamado de linfa. Com isso, ele equilibra os volumes de fluidos presentes no sangue e nos tecidos;
- Combate a infecção, por meio da filtragem dos fluidos corporais;
- Absorção de gorduras no intestino, transportando os mesmos até o sangue.
O Linfoma Não Hodgkin pode afetar todas as estruturas listadas acima. Outros órgãos podem ser afetados secundariamente pela disseminação das células cancerígenas.
Linfoma Não Hodgkin X Linfoma de Hodgkin
O Linfoma Não Hodgkin corresponde a 80% dos casos de linfoma (1). Ele precisa ser diferenciado do Linfoma de Hodgkin, responsável pelos outros 20% dos casos.
A principal diferença entre estes tipos de câncer é o tipo de linfócito afetado.
O Linfoma de Hodgkin é marcado histologicamente pela presença de células de Reed-Sternberg, que estão ausentes no Linfoma Não Hodgkin.
Para fazer esta diferenciação, é necessário remover um linfonodo acometido através de uma biópsia cirúrgica e, em seguida, enviar o linfonodo a um patologista.
O patologista avalia então a presença ou ausência das células de Reed-Sternberg por meio da análise do linfonodo com um microscópio.
Outras diferenças entre o Linfoma de Hodgkin e o Não Hodgkin incluem:
- A maioria dos pacientes com Linfoma Não-Hodgkin tem mais de 55 anos no momento do diagnóstico (2). Já os linfomas de Hodgkin tendem a aparecer em uma idade mais precoce, com idade média de 39 anos no momento do diagnóstico (3);
- O Linfoma Não Hodgkin pode surgir nos gânglios linfáticos em qualquer parte do corpo. Já o Linfoma de Hodgkin geralmente começa na parte superior do corpo, como pescoço, tórax ou axilas;
- O Linfoma de Hodgkin é muitas vezes diagnosticado em um estágio inicial, o que aumenta as possibilidades de cura. Já o Linfoma Não Hodgkin geralmente não é diagnosticado até que tenha atingido um estágio mais avançado.
Subtipos de Linfoma Não Hodgkin
Existem muitos subtipos de Linfoma Não Hodgkin. Entretanto, eles podem ser classificados em três categorias mais amplas, conforme a tabela abaixo:
GRAU DO LINFOMA | SUBTIPOS |
Baixo grau | Linfoma de zona marginal extranodal do tipo MALT
Linfoma folicular Linfoma de células do manto |
Grau Intermediário | Linfoma difuso de grandes células B
Linfoma mediastinal de grandes células Linfoma anaplásico de grandes células |
Alto grau | Linfoma de Burkitt
Linfoma linfocítico de pequenas células Linfoma linfocítico crônico |
Um tipo de linfoma de alto grau significa que ele tende a ter crescimento rápido e agressivo. Já os subtipos de baixo grau indicam que o câncer cresce lentamente e que o paciente pode não apresentar nenhum sintoma por muitos anos
Quais os sintomas do Linfoma Não Hodgkin?
Os sintomas do Linfoma Não Hodgkin e do Linfoma de Hodgkin são semelhantes.
O sintoma mais comum é um inchaço indolor em um linfonodo, geralmente no pescoço, axila ou virilha.
Outros sintomas que costumam estar presentes incluem:
- Febre de causa desconhecida;
- Sudorese noturna;
- Exaustão;
- Perda de peso involuntária;
- Erupção inexplicável ou coceira na pele.
Qual a causa do Linfoma não Hodgking?
O Linfoma não Hodgkin se desenvolve a partir de uma mutação genética que afeta os linfócitos, um dos tipos de glóbulos brancos que atuam no combate a infecções.
A mutação faz com que estes linfócitos doentes comecem a se multiplicar rapidamente, substituindo as linhagens normais de linfócitos.
Fatores de Risco
Fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver o Linfoma Não Hodgkin incluem:
Idade
O Linfoma Não Hodgkin é mais comum em pessoas com mais de 55 anos de idade.
Imunodeficiência
O Linfoma Não Hodgkin é mais comum em pessoas com outros tipos de doenças que acometem o sistema imunológico ou em pessoas que tomam medicamentos imunossupressores.
Infecções
Algumas infecções estão associadas a um risco aumentado de linfoma não Hodgkin, incluindo o vírus Epstein-Barr e a infecção por Helicobacter pylori.
Como o Linfoma Não Hodgkin é diagnosticado?
O diagnóstico do Linfoma não Hodgkin é geralmente feito pelo Médico Hematologista. Para isso, ele poderá solicitar os seguintes exames:
Biópsia de Linfonodo
A única maneira de confirmar um diagnóstico do Linfoma Não Hodgkin é através da biópsia de um linfonodo acometido, seguida pela avaliação ao microscópio pelo patologista.
A biópsia é importante também para avaliar o subtipo do linfoma.
Aspirado da Medula Óssea
O Aspirado da Medula Óssea costuma ser feito junto ou após a biópsia de linfonodos para avaliar se o câncer já atingiu a medula óssea.
Exames de sangue
Na maioria absoluta dos casos, o hemograma não está alterado em pacientes com linfomas.
O hemograma só se altera quando a doença infiltra a medula óssea, nas fases mais avançadas da doença.
Quando isso acontece, pode haver um aumento no número de linfócitos e redução de uma ou mais das linhagens mielóides (anemia, neutropenia ou plaquetopenia).
Exames de Imagem
Exames de imagem podem ser usados após o diagnóstico, para procurar sinais de metástase.
A metástase significa que as células cancerígenas já se espalharam para outras áreas do corpo.
Os testes podem incluir tomografia computadorizada, tomografia por emissão de pósitrons (PET) ou ressonância magnética.
Estagiamento do Linfoma Não Hodgkin
O linfoma não Hodgkin é classificado em quatro estágios, a depender de qual o grau de disseminação da doença no momento do diagnóstico.
Estágio I
Linfoma restrito a apenas um linfonodo ou órgão linfoide. Ou ele está presente de forma localizada em um único órgão fora do sistema linfático.
Estágio II
Linfoma em 2 ou mais grupos de linfonodos do mesmo lado (acima ou abaixo do diafragma). Isso pode incluir nódulos nas axilas e no pescoço, por exemplo, mas não a combinação de nódulos nas axilas e virilhas.
O linfoma está em um único grupo de linfonodo além de estar presente de forma localizada um órgão próximo. Também pode afetar outros grupos de linfonodos do mesmo lado do diafragma.
Estágio III
O linfoma está presente em linfonodos tanto acima quanto abaixo do diafragma.
O linfoma está nos linfonodos acima do diafragma, bem como no baço.
Estágio IV
O linfoma se espalhou amplamente em pelo menos um órgão fora do sistema linfático, como medula óssea, fígado ou pulmão.
Tratamentos para Linfoma Não Hodgkin
O tratamento e o prognóstico do Linfoma Não Hodgkin é bastante variável, a depender do subtipo histológico, da idade do paciente e do grau de acometimento.
Tumores de baixo grau podem em alguns casos ser apenas acompanhados. Entretanto, eles são mais difíceis de se curar completamente.
Os linfomas de alto grau precisam ser tratados imediatamente, mas têm a vantagem de responder muito melhor ao tratamento e ter maior probabilidade de cura.
Os principais tratamentos utilizados para o Linfoma Não Hodgkin incluem:
Observação Ativa
Algumas formas de linfoma têm crescimento muito lento. Estes linfomas de baixo grau também apresentam resposta ruim a quimioterapia ou radioterapia e dificilmente são curados com o tratamento.
Assim, a observação ativa pode ser considerada em alguns destes casos, adianto o tratamento até que a doença esteja causando sinais e sintomas que interfiram em suas atividades diárias.
Estes linfomas frequentemente evoluem para formas de maior grau, quando se tornam mais responsivos a eventuais tratamentos.
Quimioterapia
A Quimioterapia envolve o uso de medicamentos que destroem as células de crescimento rápido, como é o caso das células cancerígenas.
Radioterapia
A radioterapia usa feixes de energia de alta potência, como raios X e prótons, para matar as células cancerígenas.
Transplante de Medula Óssea
O Transplante de Medula Óssea, também conhecido como transplante de células-tronco, envolve o uso de altas doses de quimioterapia e radiação para destruir as células da medula óssea, incluindo as células do linfoma.
Em seguida, células-tronco saudáveis da medula óssea de um doador são infundidas no sangue. Estas células viajam para os ossos e se estabelecem na medula óssea, que passa a produzir linfócitos não cancerígenos.
Ainda que bastante eficaz, o transplante de medula óssea está associado a importantes efeitos colaterais.
Imunoterapia
A Imunoterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que visa combater o avanço da doença pela estimulação do próprio sistema imunológico do paciente.
A ideia é que o organismo produza uma resposta de defesa contra as células cancerígenas, eliminando a doença de forma mais eficiente e com menos toxicidade.
Prognóstico
O prognóstico do Linfoma não Hodgkin pode variar bastante a depender do subtipo, do estágio, da idade e de alguns outros indicadores clínicos.
O índice internacional de prognóstico revisado foi desenvolvido com o objetivo de individualizar o prognóstico.
Existem dois Índices diferentes, um para os Linfomas Não Hodgkin de grau intermediário ou alto e outro para o subtipo folicular, de baixo grau.
Índice internacional de prognóstico revisado
O índice internacional de Prognóstico se mostra adequado para a maior parte dos casos de grau moderado a alto.
Nos linfomas de baixo grau e crescimento lento, ele não se mostra confiável.
O índice avalia cinco critérios prognósticos, conforme a tabela abaixo.
FATORES DE BOM PROGNÓSTICO | FATORES DE MAU PROGNÓSTICO |
Idade inferior a 60 anos no momento do diagnóstico | Idade superior a 60 anos no momento do diagnóstico |
Estágios I ou II | Estágios III ou IV |
Metástase em apenas 1 linfonodo | Metástase nos linfonodos e à distância |
Paciente capaz de realizar suas atividades diárias normalmente | Paciente precisa de muita ajuda para realizar suas atividades diárias |
DHL normal | DHL aumentado |
Para cada fator de mau prognóstico, é atribuído 1 ponto. Pacientes sem fatores de mau prognóstico recebem a pontuação 0, enquanto aqueles com todos os fatores de mau prognóstico chegam a pontuação de 5.
Os pacientes são então subdivididos em três grupos de risco:
- Muito bom (não existem fatores de mau prognóstico);
- Bom (com 1 ou 2 fatores de mau prognóstico);
- Ruim (com 3 ou mais fatores de mau prognóstico);
Estudos mostram que cerca de 95% dos pacientes do grupo de risco muito bom viveram, pelo menos, 4 anos, enquanto que apenas cerca de 55% dos pacientes do grupo ruim sobreviveram aos quatro anos iniciais após o diagnóstico (4).
Índice Internacional de Prognóstico para Linfoma Folicular
Critérios diferentes são usados para a avaliação do paciente com linfoma do tipo folicular, que possui crescimento lento e para os quais o Índice acima não se mostra adequado.
Ele considerada os seguintes fatores de risco:
FATORES DE BOM PROGNÓSTICO | FATORES DE MAU PROGNÓSTICO |
Idade inferior a 60 anos no momento do diagnóstico | Idade superior a 60 anos no momento do diagnóstico |
Estágios I ou II | Estágios III ou IV |
Metástase em até 4 linfonodos | Metástase em mais de 4 linfonodos |
Hemoglobina > 12 g/dL | Hemoglobina < 12 g/dL |
DHL normal | DHL aumentado |
A cada fator de mau prognóstico é atribuído 1 ponto. Pacientes sem fatores de mau prognóstico recebem a pontuação 0, enquanto que aqueles com todos os fatores de mau prognóstico teriam a pontuação de 5. Esse índice classifica os pacientes com linfoma folicular em 3 grupos:
- Baixo risco. Nenhum ou apenas 1 fator de mau prognóstico;
- Risco intermediário. Com 2 fatores de mau prognóstico;
- Alto risco. Com 3 ou mais fatores de mau prognóstico.
Estudos mostram uma sobrevida média em dois anos de 98%, 94% e 87%, para linfomas foliculares de baixo, intermediário e alto risco, respectivamente (4).