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Lesão SLAP

O que é a Lesão SLAP?


A Lesão SLAP se caracteriza por uma lesão na parte superior do labrum que envolve o ombro. O nome deriva do termo em inglês “Superior Labrum Anterior and Posterior”.

O labrum é um anel de cartilagem de formato oval que envolve toda a borda da cavidade glenoidal e ajuda na estabilização do ombro.
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Em sua parte superior, onde se localiza a lesão SLAP, o labrum serve de fixação para o tendão do bíceps, sendo que o bíceps pode ou não estar envolvido na lesão.

A lesão SLAP corre para frente (anterior) ou para trás (posterior) do ponto de fixação do tendão do bíceps.

Como acontece a Lesão SLAP?


A lesão SLAP pode ser causada por trauma agudo ou por movimentos repetitivos do ombro.

As lesões traumáticas podem ser resultado, por exemplo, de um acidente automobilístico, queda com o braço estendido ou de uma luxação do ombro.

A lesão pode também ser decorrente de esforço repetitivo. Isso acontece em esportes com movimentos repetitivos do braço acima do nível da cabeça. Entre estes espontes, incluem-se os arremessadores e os levantadores de peso.

Com o envelhecimento, a estrutura do labrum se desgasta e fica mais frágil. Assim, ele pode se romper com traumas de menor intensidade.

Algumas pessoas referem dor após um movimento corriqueiro. Outras simplesmente não são capazes de recordar de qualquer evento que tenha dado início às suas dores.

Sintomas da Lesão SLAP

De modo geral, os sintomas da Lesão SLAP são semelhantes aos de outros problemas no ombro e incluem:

  • Estalos ou sensação de travamento;
  • Dor para movimentos específicos do ombro, como erguer o braço acima da cabeça, alcançar as costas com a mão ou carregar objetos;
  • Dor durante atividades do dia a dia, como lavar louça, varrer a casa, tomar banho ou deitar sobre o ombro;
  • Perda da força do ombro e sensação de “braço morto”, como se ele não respondesse a estes movimentos;
  • Instabilidade no ombro, com a sensação de que vai “sair do lugar”.

Diagnóstico da Lesão SLAP

O diagnóstico clínico da Lesão SLAP é bastante impreciso e pode se confundir com outros tipos de lesão, especialmente a Instabilidade do Ombro e as Lesões do Manguito Rotador.

O diagnóstico por imagem é feito principalmente por meio da ressonância magnética. Eventualmente, poderá ser necessário o uso de contraste, já que algumas lesões não serão vistas em uma ressonância comum.

A interpretação dos exames deve ser feita com cuidado, uma vez que 31% dos pacientes com Lesão SLAP também apresentam lesão nos tendões do manguito rotador. Neste caso, é preciso uma avaliação completa para determinar a origem da dor.

Classificação


As Lesões SLAP podem ser muito diferentes uma da outra, sendo que o tratamento e o prognóstico dependem das características de cada lesão. Assim, as lesões podem ser classificadas em quatro tipos:

  • Tipo I: lesão degenerativa, sendo a mais comum das Lesões SLAP e a menos grave. Acomete geralmente pacientes acima de 50 anos. Em jovens, acontece em associação com as lesões do manguito rotador. São lesões pouco sintomáticas, de forma que é preciso procurar outros motivos para a dor do paciente;
  • Tipo II: é o tipo de lesão SLAP mais comum em atletas. É também uma lesão degenerativa, mas desta vez com a desinserção completa do lábio superior junto com o bíceps, gerando instabilidade;
  • Tipo III: Lesão em “alça de balde” do lábio superior, no qual ele fica fixo na parte da frente e na parte de trás, com toda a parte superior deslocada da mesma forma que ocorre ao de mover a alça de um balde;
  • Tipo IV: também é uma lesão em “alça de balde”, mas que se prolonga até o tendão do bíceps, com ambos entrando para dentro da articulação.

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Tratamento da Lesão SLAP


O tratamento da Lesão SLAP depende de qual o tipo da lesão e dos sintomas do paciente.

Pacientes diagnosticados com a Lesão SLAP mas que não apresentam sintomas ou limitações, não necessitam de nenhum tratamento. Isso é mais comum em pacientes mais velhos com lesão grau I.

O tratamento não cirúrgico envolve o uso de gelo, fisioterapia e medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.

A reabilitação não será capaz de reparar a lesão do lábio superior, pois esta região não cicatriza sozinha.

Mesmo assim, na maioria dos casos, ela será suficiente para reduzir a dor e os sintomas da lesão SLAP. Assim, exames futuros continuarão mostrando a lesão, mas ela simplesmente não provocará qualquer sintoma.

A cirurgia é indicada nos casos com instabilidade do bíceps e do labrum e que não apresentem melhora com o tratamento não cirúrgico.

Tratamento cirúrgico da Lesão SLAP


O tratamento cirúrgico é a opção de escolha na maior parte das lesões de grau II, III e IV. A cirurgia é feita por artroscopia (vídeo).

Lesões tipo II e IV

As lesões tipo II e IV apresentam instabilidade do bíceps e podem ser tratadas de três formas diferentes:

Reparo labral

Realizado com a colocação de âncoras de sutura (pontos cirúrgicos) que “prendem” o labrum em seu local de origem na cavidade glenoidal.

Embora apresente resultados satisfatórios, o tempo de recuperação é prolongado e envolve um risco de rigidez, dor residual e limitação do movimento de rotação externa do ombro.

Além disso, a não cicatrização do labrum e eventual necessidade de outro procedimento cirúrgico é relativamente comum.
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Tenodese do Bíceps


A cirurgia de tenodese do bíceps envolve cortar o tendão do bíceps no local de sua inserção na glenoide e, em seguida, fixá-lo em uma posição mais baixa ao longo do seu curso no úmero.

Esta é a técnica que vem sendo mais utilizada atualmente, especialmente em pessoas acima dos 35 anos.
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Tenotomia do Bíceps


O tendão do bíceps é cortado e deixado solto. A recuperação pós-operatória é mais simples, mas pode levar a perda de força e função do ombro. Assim, ela é indicada para pacientes mais velhos e com menor demanda.

Lesões Tipo III

As lesões tipo III podem ser tratadas pela ressecção do fragmento solto do labrum. Como o bíceps continua inserido, ele não precisa ser abordado, o que ajuda bastante na recuperação após a cirurgia.

Pós-operatório

A reabilitação pós-operatória é determinada depende de diferentes fatores:

  • Tipo de Lesão SLAP;
  • Procedimento cirúrgico escolhido;
  • Presença outras patologias;
  • Procedimentos realizados concomitantemente.

Como regra geral, após a fixação da lesão, o paciente deverá usar uma tipoia por 3 a 4 semanas. Exercícios pendulares são permitidos durante este período, mas a abdução será limitada a 60 graus. A rotação externa deve ser evitada.

Entre as semanas 4 e 8, a abdução e a rotação interna e externa são aumentadas progressivamente. Exercícios resistidos podem ser iniciados em aproximadamente 8 semanas de pós-operatório.

Treinamento esportivo com os membros superiores deve ser iniciado entre 4 e 6 meses após a cirurgia.