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Insônia no idoso

O que é a Insônia no idoso?

A insônia é definida como uma dificuldade em adormecer ou permanecer dormindo. Ela pode causar sonolência diurna e interferir nas atividades diárias.
A incidência da insônia aumenta com o envelhecimento, sendo que até 48% das pessoas apresentam sintomas de insônia nesta fase da vida.

Quais as causas da insônia no idoso?

Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento da insônia no idoso, incluindo:

Mudanças fisiológicas relacionadas à idade
À medida que envelhecemos, nossos corpos passam por muitas mudanças. Algumas dessas mudanças afetam significativamente nossa qualidade de sono e padrões de sono.
Os processos que regulam os ciclos de sono e vigília podem ficar menos eficiente com o envelhecimento. Isso é válido especialmente em relação às mudanças hormonais. Como exemplo, os idosos tendem a ter uma menor produção de melatonina, um dos hormônios que regulam o sono.
O ciclo de sono também é alterado no idoso.
Um ciclo de sono típico é dividido em quatro estágios:

  • Dois estágios de sono “leve”, sem movimentos rápidos dos olhos (NREM);
  • Um estágio de sono NREM “de ondas lentas” ou “pesado”;
  • Estágio final de movimento rápido dos olhos (REM).

As pessoas mais velhas tendem a passar menos tempo no estágio NREM de “ondas lentas”. Isso pode torná-los mais propensos a acordar durante a noite, deixando-os cansados ​​pela manhã.

Outras condições de saúde
Diferentes condições de saúde comuns entre os idosos podem contribuir para a piora na qualidade do sono e aumento no risco para insônia, incluindo:

Medicamentos

Muitos idosos fazem uso de um grande número de medicamentos para o tratamento de diferentes condições de saúde (discutimos isso no artigo sobre polimedicação no idoso).

Alguns desses medicamentos podem ter a insônia como possível efeito colateral. Eventualmente,  a associação de medicamentos pode potencializar a insônia.

Em muitos casos, a troca ou o ajuste de medicamentos pode ser um fator determinante para o bom resultado do tratameno da insônia.

Alterações hormonais

A queda nos níveis de estrogênio que acontece na mulher após a menopausa e a queda nos níveis de Testosterona nos homens idosos contribuem para o desenvolvimento de insônia.

Hábitos de vida
Especialmente após a aposentadoria, muitos idosos adotam um estilo de vida que pode comprometer a qualidade do sono, incluindo:

  • Dormir períodos prolongados ao longo do dia
  • Sedentarismo
  • Consumo excessivo de cafeína, tabaco ou álcool, especialmente quando isso é feito no período noturno.

Sinais e sintomas da insônia no idoso

Alguns dos sinais e sintomas sugestivos de insônia incluem:

  • Dificuldade em adormecer, mesmo que se sinta cansado
  • Dificuldade para voltar a dormir quando acorda durante à noite
  • Não se sentir revigorado depois de uma noite de sono
  • Sentir-se irritado ou sonolento durante o dia
  • Tem dificuldade em ficar acordado quando está parado, assistindo TV ou dirigindo
  • Tem dificuldade de concentração durante o dia
  • Necessidade de consumir álcool ou medicamentos para dormir para iniciar o sono;

Infelizmente, muitos destes sinais são interpretados como uma parte normal do envelhecimento e não como um sinal decorrente da insônia. Isso faz com que muitos pacientes deixem de ser tratados.

Tratamento sem medicamento da insônia

O primeiro passo no tratamento da insônia no idoso é identificar possíveis condições de saúde e eventuais mediamentos que possam contribuir para. a insônia, otimizando o tratamento para todas essas condições.

Além disso, o tratamento deve envolver um conjunto de medidas que melhoram o que chamamos de “higiene do sono”.
Entre estas medidas, devemos considerar:

Ter horários regulares para dormir
Mudar frequentemente os horários de ir para a cama e acorda confunde o relógio biológico do corpo.
Quando possível, procure dormir sempre no mesmo horário.

Evitar descanso prolongado durante à tarde
Muitos idosos com insônia, não conseguindo ter um sono reparador durante à noite, adotam o hábito de dormir durante à tarde.
Períodos de descanso de até 30 minutos são considerados adequados. Entretanto, quando o sono se prolonga por mais tempo, isso poderá “confundir” o cérebro, que entende que a pessoa já está entrando no sono noturno (2).
A pessoa se sente mais cansada ao acordar e depois volta a ter dificuldade para dormir à noite.

Melhorar o ambiente do quarto
O corpo precisa diminuir a temperatura para que “embalar” no sono.
Manter a temperatura ambiente elevada faz com que a pessoa demore para diminuir a temperatura do corpo e, quando isso tiver acontecido, ela pode já ter perdido o sono.
Se não for possível ignorar os ruídos ao redor, considere o uso de tampões de ouvido, ventilador ou equipamentos específicos que produza um ruído suave e constante, também chamado de “ruído branco”.
Usar persianas para bloquear a luz externa e certificar-se de que as luzes internas estejam apagadas também pode ajudar.

Melhorar a rotina pré-sono
A luminosidade faz parte do processo que controla os períodos de sono e vigília.
Por isso, cerca de 30 minutos antes de dormir, é importante que a luminosidade e o barulho sejam reduzidos.
Isso inclui aparelhos eletrônicos como computador, celular ou televisão;

Evitar atividades ou conversas que estimulem a atividade mental
Trabalhar até o momento de ir para a cama, conversar sobre problemas profissionais ou familiares e outras atividades do tipo podem fazer com que uma pessoa vá para a cama e continue pensando no que estava fazendo ou conversando.
O ideal é que se realize uma atividade mais relaxante últimos 30 minutos antes de se deitar. Alguns bons exemplos incluem escutar a uma música, ler ou livro, fazer uma palavra cruzada ou montar um quebra-cabeças.

Limitar o consumo de álcool e a cafeína
Tanto o álcool como a cafeína são estimulantes que dificultam o início do sono e devem ser evitados.
Os efeitos da cafeína podem levar de seis a oito horas para passar. Vale lembrar que ela está presente não apenas no café, mas também nos refrigerantes, chás e chocolates.
Já o álcool deve ser evitado por três horas antes de dormir e limitado a uma a duas doses por dia;

Cuidar da alimentação noturna
Evite alimentos de difícil digestão, incluindo frituras, carne vermelha e alimentos ricos em Fibras Alimentares, cafeína e açúcar;

Não ficar acordado na cama
Caso não consiga pegar no sono ou acorde no meio da noite, se não voltar a dormir em até 20 minutos, não adianta ficar insistindo.
O melhor é levantar e fazer algo que tire sua atenção da dificuldade em dormir, deitando-se novamente depois. Procure não se alimentar neste momento.

Tratamento medicamentoso da Insônia

Os medicamentos para dormir podem ser considerados para uso por uma ou duas noites na insônia transitória em decorrência de viagens noturnas, para combater o Jet lag ou outras questões pontuais.
Pode ser usado também em curto prazo em decorrência de um estresse temporário, como a perda de um ente querido ou algum problema familiar sério e angustiante a ponto de atrapalhar significativamente o sono.

Os medicamentos devem ser usados na menor dose possível e pelo menor prazo possível.

As medidas discutidas acima para o tratamento sem medicamentos da insônia devem sempre ser adotados em paralelo aos medicamentos.
O tratamento medicamentoso por tempo prolongado não é recomendado, devido ao alto risco de efeitos colaterais e, principalmente, de desenvolvimento de tolerância, dependência e, no momento da retirada, de abstinência. Diferentemente do que muitos pensam, os medicamentos são ineficazes para o tratamento da insônia crônica em longo prazo (3).

No caso de idosos que já fazem uso prolongado de medicamentos para dormir, a necessidade de retirda dos medicamentos deve ser avaliada caso a coso. Em muitos idosos, o custo-benefício da retirada do medicamento pode não justificar isso.

Escolher a medicação apropriada para insônia para idosos requer muita consideração e cuidado. Alguns desses medicamentos podem levar à dependência e risco de abstinência. Você deve sempre falar com seu médico antes de tomar qualquer medicamento para insônia.