medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Hepatite

O que é a Hepatite?

Hepatite é um termo que se refere a qualquer forma de inflamação no fígado.

Existem vários tipos diferentes de hepatite. Entretanto, as causas mais comuns são a infecção viral ou o alcoolismo.

Alguns tipos não apresentam maio gravidade, enquanto outros podem se tornar crônicas e levar à substituição do tecido hepático normal por tecido cicatricial, condição esSa conhecida como Cirrose hepática.

A cirrose pode levar à perda da função hepática e a sérias complicações para o paciente.

Sintomas da Hepatite aguda

A Hepatite aguda se refere a uma inflamação recente no fígado. Muitos casos não apresentam sintomas perceptíveis. 

Quando sintomáticos, as queixas mais comuns incluem:

  • Dor muscular ou articular
  • Febre e mal-estar geral
  • Fadiga, fraqueza e perda de apetite
  • Dor de barriga
  • Urina escura
  • Olhos e pele amarelados

Sintomas da Hepatite Crônica

A hepatite de longo prazo pode se desenvolver por um longo período sem que o paciente tenha qualquer queixa que possa ser atribuída a ela.

Os sintomas só aparecem quando o fígado se torna cirrótico e não é mais capaz de exercer sua função normal.

Quais as causas da Hepatite?

Hepatite A

A Hepatite A é causada pelo vírus da hepatite A. 

Ele é transmitido por meio do consumo de alimentos e bebidas contaminados com as fezes de uma pessoa infectada. Assim, a doença é mais comum em países onde o saneamento é precário.

A infecção geralmente se resolve espontaneamente em até seis meses e não se torna crônica. Entretanto, alguns casos podem ser bastante graves ou até mesmo fatal.

Não há tratamento específico para combater o vírus da Hepatite A. Assim, o foco do tratamento está no alívio sintomático e manejo de eventuais complicações.

A infecção pode ser prevenida por meio de vacina específica.

Hepatite B

A Hepatite B é causada pelo vírus da hepatite B, que se espalha no sangue de uma pessoa infectada.

É uma infecção comum em todo o mundo e geralmente é transmitida de mulheres grávidas infectadas para seus bebês.

Eventualmente, ela pode ser transmitida por meio da relação sexual desprotegida ou pelo uso de drogas injetáveis.

A maioria dos adultos infectados é capaz de combater o vírus espontaneamente e se recuperar totalmente da infecção em alguns meses.

Por outro lado, a maior parte das crianças contaminadas desenvolve uma infecção crônica, podendo levar a complicações como cirrose e câncer de fígado. 

Medicamentos antivirais podem ser usados ​​para tratá-lo.

A Hepatite B também pode ser prevenida por meio de vacina.

Hepatite C

A Hepatite C é causada pelo vírus da hepatite C. Este é o tipo mais comum de hepatite viral em países desenvolvidos.

Geralmente se espalha através do contato de uma ferida com o sangue de uma pessoa infectada.

Isso pode acontecer pelo compartilhamento de agulhas usadas para injetar drogas ou por acidentes com agulhas e instrumentos cirúrgicos em hospitais.

Na fase inicial, a infecção geralmente não causa sintomas perceptíveis ou causa sintomas leves que não levam a pessoa a procurar atendimento médico.

Cerca de 1 em cada 4 pessoas consegue combater a infecção nesta fase e vem a ficar livre do vírus. Os outros 75% das pessoas desenvolvem a forma crônica da doença.

Quando identificada precocemente, a hepatite C crônica pode ser tratada com medicamentos antivirais muito eficazes. Isso pode ser feito por exemplo quando uma pessoa tem um acidente hospitalar com material contaminado.

 Entretanto, não existe ainda uma vacina disponível contra a Hepatite C.

Hepatite D

A hepatite D é causada pelo vírus da hepatite D. 

Ele afeta apenas pessoas que já estão infectadas com hepatite B, pois depende deste vírus para poder sobreviver no corpo.

Ela é geralmente transmitida através do contato sangue-sangue ou contato sexual. 

A infecção a longo prazo com os vírus das hepatites B e D pode aumentar o risco de desenvolver problemas graves, como cirrose e câncer de fígado.

Hepatite E

A hepatite E é causada pelo vírus da hepatite E. 

O vírus tem sido associado principalmente ao consumo de carne de porco crua ou mal cozida. 

O número de casos vem aumentando e em algumas regiões é a causa mais comum de hepatite aguda.

A maior parte das pessoas tem infecção leve e de curto prazo que não requer nenhum tratamento. Entretanto, ela pode ser grave em algumas pessoas, especialmente em imunodeficientes.

Hepatite alcoólica

A Hepatite alcoólica se refere à inflamação do fígado que acontece em decorrência do consumo abusivo e prolongado de álcool.

No início, o paciente não apresenta qualquer sintoma. O diagnóstico é geralmente feito de forma tardia, quando o paciente já desenvolveu cirrose e insuficiência hepática.

Parar de beber não fará com que o fígado se recupere. Entretanto, isso evitará a evolução da doença.

Hepatite autoimune

A hepatite autoimune é uma causa rara de hepatite na qual o sistema imunológico ataca e danifica o fígado.

Da mesma forma que acontece com outros tipos de hepatite crônica, o paciente pode desenvolver insuficiência hepática.

O tratamento envolve geralmente o uso de medicamentos corticoides.

Hepatite medicamentosa

Alguns medicamentos largamente usados na medicina, embora seguros para a maior parte das pessoas, podem desenvolver hepatotoxicidade em algumas pessoas e causar a Hepatite Medicamentosa.

Isso é mais comum com o uso de doses muito elevadas.

Entre as principais medicações com potencial para hepatotoxicidade, incluem-se o acetaminofeno (Tylenol) e a vitamina A.

Diagnóstico da Hepatite

Diagnóstico da Hepatite Viral

A sorologia para hepatite envolve um conjunto de exames de sangue usados na identificação dos diferentes tipos de vírus.

Eles ajudam a identificar tanto uma infecção ativa (aguda ou crônica) como a presença de anticorpos, decorrentes de uma infecção previa ou vacina.

A sorologia inclui testes para anticorpos e antígenos. 

  • Os anticorpos são proteínas que o sistema imunológico produz para ajudar a combater infecções. 
  • Antígenos são partículas do vírus que causam uma resposta imune. 

A interpretação dos resultados é discutida nos artigos específicos para cada tipo de hepatite viral.

Diagnóstico da Hepatite Auto imune

Não existe nenhum exame capaz de definir isoladamente o diagnóstico da Hepatite Autoimune.

A dosagem de autoanticorpos é importante para o diagnóstico e classificação da doença, mas eles também podem estar presentes em outras doenças hepáticas, infecciosas e reumatológicas. Além disso, os autoanticorpos estão ausentes em até 10% dos casos  (1). 

O diagnóstico definitivo, desta forma, deve ser feito mediante a combinação de achados clínicos, laboratoriais e histológicos, com exclusão de outras causas para a doença hepática.

Diagnóstico da Hepatite Alcoolica

Não existe nenhum exame capaz de definir isoladamente o diagnóstico da Hepatite Alcoólica.

Para fechar o diagnóstico, deve-se combinar os achados dos testes de função hepática e exames de imagem com um histórico de consumo abusivo e prolongado de álcool.

Testes de função Hepática

Testes de função hepática são exames de sangue usados ​​para ajudar a diagnosticar e monitorar doenças ou danos no fígado. Os testes medem os níveis de certas enzimas e proteínas no sangue que podem ser afertados de diferentes maneiras pelo mau funcionamento do fígado.

Os principais testes de função hepática incluem:

  • Alanina transaminase (ALT);
  • Aspartato transaminase (AST);
  • Fosfatase Alcalina (ALP);
  • Albumina e proteína total;
  • Bilirrubina;
  • Gama-glutamiltransferase (Gama-GT);
  • Tempo de protrombina (TP).

Tratamento

O tratamento deve combater a inflamação hepática e suas complicações. Além disso, é o tratamento específico de acordo com cada tipo de hepatite discutido acima.

Algumas medidas gerais devem ser adotadas em todos os pacientes, como discutiremos abaixo.

Medidas comportamentais

Algumas medidas devem ser adotadas com o objetivo de minimizar as repercussões da Hepatite e para evitar a evolução da doença.

O primeiro passo, sem dúvidas, envolve fazer todos os esforços possíveis para abandonar a bebida alcoólica. Discutimos mais sobre como gerenciar este processo em um artigo específico sobre Alcoolismo.

Quando for o caso, o abandono de drogas recreativas tem igual importância.

O paciente com Hepatite deve ter cuidado redobrado com as medicações com potencial hepatotóxico, já que estas drogas podem aumentar ainda mais o dano ao fígado.

Suporte nutricional

A desnutrição é um fator de grande importância para o prognóstico do paciente com doença hepática. 

Como referência, em um estudo com pacientes com doença hepática em estado inicial, aqueles que estavam desnutridos tiveram uma taxa de mortalidade em 1 ano de cerca de 20%, enquanto nenhum dos pacientes avaliados como bem nutridos morreu neste mesmo período (5).

Entre os principais cuidados nutricionais, incluem-se:

  • Correção das deficiências nutricionais
  • Restrição no consumo de sódio, especialmente no paciente com ascite e edema de membros inferiores;
  • Substituição da proteína da carne pela proteína láctea ou proteína vegetal, no paciente com Encefalopatia Hepática;
  • Evitar jejum prolongado

Discutimos mais a respeito dos cuidados nutricionais em um artigo específico sobre Dieta para o Hepatopata.

Derivação Portossistêmica Intra-hepática

A derivação portossistêmica intra-hepática é uma conexão artificial feita entre a veia porta, que leva o sangue do trato gastrointestinal para o fígado, e a veia hepática, que leva o sangue do fígado para o coração.

Desta forma, o sangue é desviado por fora do fígado, sem passar por esta área com grande resistência ao fluxo de sangue.

O procedimento é uma excelente alternativa para o paciente com repercussões graves da Hipertensão portal, incluindo:

  • Varizes esofágicas com grande risco para sangramento;
  • Ascite refratária ao tratamento convencional;
  • Trombose da veia porta. 

Por outro lado, o procedimento faz com que o sangue deixe de ser filtrado no fígado. Assim, ela não costuma ser uma boa alternativa para o paciente com encefalopatia hepática mal controlada pela lactulose. 

A derivação portossistêmica também não é uma boa alternativa para o paciente com Insuficiência Hepática grave (pontuação MELD superior a 15) (6). Nestes casos, a indicação deve ser o Transplante Hepático.

Transplante de Fígado

O Transplante de fígado é uma cirurgia na qual um fígado que não funciona mais é substituído pelo fígado saudável de um doador falecido ou uma porção de um fígado saudável de um doador vivo.

De acordo com estudo realizado nos Estados Unidos (7), a sobrevida após o transplante de fígado é de 79% em um ano, 67% em 5 anos, 57% em 10 anos, 50% em 15 anos e 48% em 18 anos. 

Além de uma maior sobrevida, os pacientes mostram uma significativa melhora na qualidade de vida um ano após o transplante de fígado. Esta melhora tende a ser mantida no longo prazo.