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Fonoaudiologia neurofuncional

O que é a Fonoaudiologia neurofuncional?

A fonoaudiologia neurofuncional é uma área da fonoaudiologia dedicada à prevenção, diagnóstico, reabilitação e orientação de pacientes com disfunções neurológicas. Estas disfunções podem ser decorrentes de lesões do Sistema Nervoso Central e Periférico e podem envolver doenças neurodegenerativas, doenças raras ou síndromes, entre outras condições.

Bebês, crianças, jovens, adultos e idosos podem ser atendidos pelo fonoaudiologista neurofuncional.

Diferentemente de outras especialidades da fonoaudiologia, o fono neurofuncional atua em todas as áreas acometidas pela disfunção neurológica, incluindo:

  • Motricidade orofacial (mobilidade da boca e face);
  • Alimentação (deglutição);
  • Comunicação expressiva e receptiva;
  • Cognição (mental).

Para isso, ele precisa ter um conhecimento das estruturas do cérebro, da fisiologia, das doenças neurológicas e dos aspectos relacionados à linguagem, fala e motricidade. Ele precisa também compreender sobre a neuroplasticidade, que é a capacidade do sistema nervoso de responder a estímulos e criar novas sinapses para aprender e se reabilitar.
O fonoaudiólogo neurofuncional atua de forma interdisciplinar com outros profissionais, incluindo fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, musicoterapeutas, assim como os médicos neurologistas , fisiatras e especialistas de outras áreas da medicina.

Quais as doenças que podem causar distúrbios da comunicação e alimentação de origem neurológica?

Alterações do sistema nervoso central e/ou periférico variadas como acidentes vasculares, doenças progressivas e degenerativas, traumas, dentre outras, podem ocasionar sequelas fonoaudiológicas as quais serão tratadas pelo fonoaudiólogo especializado em fonoaudiologia neurofuncional, dentre elas:

  • Disfonia (alteração da voz).
  • Disartria (alteração da fala).
  • Disartrofonia (alteração combinada de voz e fala).
  • Afasia (alteração de linguagem – expressão e/ou compreensão)
  • Dislexia (alteração de leitura).
  • Déficit cognitivo.
  • Disfagia (alteração da deglutição)

Disfagia

A disfagia orofaríngea se refere à dificuldade em deglutir e à sensação de alimentos sólidos e/ou líquidos “presos” na garganta. Ela pode conduzir a uma má alimentação e desidratação.
A disfagia pode ser secundária a algum diagnóstico neurológico, mesmo em estado inicial da doença. Isso inclui doenças neurológicas não progressivas (como o AVC – Acidente Vascular Cerebral, traumatismo craniano e paralisia cerebral) e doenças progressivas (como a Doença de Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica e Demência de Alzheimer) que podem causar disfagia.
A terapia fonoaudiológica neurofuncional vai trabalhar a alimentação via oral através de exercícios miofuncionais, adequação postural, técnicas de apoio respiratório, manobras de deglutição e de proteção de vias aéreas, gerenciamento do alimento (como a indicação da melhor consistência, volume, temperatura, apresentação e viscosidade) e gerenciamento do ato de alimentar (como o ritmo, frequência, utensílios, ambiente, períodos de descanso intercalados entre as deglutições). Além disso, serão trabalhadas manobras que evitam a broncoaspiração.

Dispraxias e apraxias

As dispraxias envolve a perda da capacidade de executar gestos proposicionais aprendidos, na ausência de déficits motores ou sensoriais primários, alterações extrapiramidais, disfunção cerebelares, alteração da compreensão e/ou outras alterações cognitivas. Elas resultam da perda ou da alteração na formação do esquema motor exato, necessário à realização do gesto pretendido. Ou seja, a pessoa perde a capacidade de programar atos motores, e a fala se constitui numa série de atos motores.
As dispraxias são, portanto, alterações referentes ao planejamento motor voluntário, que envolve o posicionamento e a sequência dos movimentos musculares, necessários para a produção dos gestos articulatórios. Não há evidências de alterações associadas referentes à aferência, ao sistema motor, às habilidades de atenção e compreensão.
Nas apraxias encontra-se a ausência de planejamento motor. Já a dispraxia se refere a uma dificuldade em realizar este planejamento, em maior ou menor grau.
A principal característica do paciente dispráxico é o melhor desempenho observado em atividades automáticas e espontâneas e o pior desempenho em atividades dirigidas. Não há associação de alterações no controle neuromuscular, o que auxilia no diagnóstico diferencial entre disartria e dispraxia.

Disartria

As disartrias referem-se ao comprometimento da sincronia das cinco bases motoras que compõem a fala: respiração, fonação, ressonância, articulação e prosódia. De forma mais simples, são as alterações fonéticas da fala de origem neurológica. Ou seja, a alteração primária ocorre por um distúrbio no controle da musculatura orofaringolaringeal e, consequentemente, dos mecanismos da fala. Tais alterações de controle muscular podem ser evidenciadas pela presença de sintomas, como: fraqueza (parcial ou total), espasticidade, rigidez, incoordenação, diminuição ou excesso de movimentos.
Dependendo da manifestação muscular, o paciente pode apresentar alteração de fonemas como o p/b/t/d/ ou f/v/s/z/, dificuldade de direcionamento de fluxo aéreo pela boca, alteração da velocidade de fala, alterações da qualidade vocal, redução da prosódia, ressonância, respiração, precisão fonoarticulatória, dificuldade em manter intensidade vocal, redução dos tempos máximos de fonação e não consegue coordenar os movimentos da respiração com a fala. Em vista destas alterações, o paciente não se faz entendido e acaba afetando sua vida social.

Disfonia

As disfonias ou alterações vocais neurológicas são distúrbios vocais que acompanham lesões ou alterações no sistema nervoso e que podem acompanhar ou não outras desordens como disartrias ou apraxias da fala. O tratamento envolve manobras respiratórias e motoras para adequação dos padrões vocais que comprometem a inteligibilidade da fala.

Afasia

As afasias podem ser receptivas (problemas na compreensão da linguagem) ou expressivas (problemas na expressão) e o tratamento envolve as questões semânticas, pragmáticas, enfim, todos os aspectos relacionados à linguagem verbal. Atualmente, além das técnicas para a expressão verbal é possível usar linguagem aumentativa, ou seja, ferramentas através da internet e eletrônicos que “substituem” em menor ou maior grau os símbolos verbais, nos casos que a comunicação oral está mais dificultada.
Se você convive com alguma pessoa que teve um problema no sistema nervoso central que acometeu a linguagem, tanto a compreensão, quanto a expressão desta, assim como sua alimentação, pode procurar um fonoaudiólogo especializado em fonoaudiologia neurogênica. O médico neurologista, por sua vez, como também reconhece a importância da alimentação e da comunicação para a pessoa e a família, fará a indicação de um profissional de confiança nesta área.