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Diabetes Tipo 1

O que é o Diabetes tipo 1?

O diabetes tipo 1, chamado também de diabetes juvenil ou diabetes insulino dependente, é uma doença crônica em que o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina.

Ela habitualmente se desenvolve ainda durante a infância. Entretanto, dependendo da causa, pode também se desenvolver mais tardiamente.

Qual a causa do Diabetes tipo 1?

O Diabetes tipo 1 habitualmente tem origem autoimune.

O corpo produz uma reação imunológica que destrói progressivamente as células beta do pâncreas, responsáveis por produzir a insulina.

Isso acontece ainda ao longo da infância. Por isso, a Diabetes tipo 1 costuma se manifestar ainda na infância, ao contrário do que acontece com a diabetes tipo 2, de origem mais tardia.

Esta reação auto-imune tem origem genética. Existe uma predisposição racial para isso, sendo que a doença é mais comum em brancos, quando comparado com negros e asiáticos.

Por outro lado, não existe relação com a obesidade, ao contrário do que acontece com a Diabetes tipo 2.

Eventualmente, a Diabetes tipo 1 se desenvolve já na idade adulta, quando outros fatores levam ao comprometimento do pâncreas. Entre eles, incluem-se infecções ou tumores.

Insulina e controle glicêmico

A insulina é um hormônio que regula a quantidade de glicose presente no sangue.

A glicose é uma importante fonte de energia para os mais diferentes órgãos e tecidos do corpo.

Ela é obtida por meio da alimentação e, não sendo utilizada, é armazenada na forma de glicogênio nos músculos e no fígado.

Entretanto, a maior parte das células não é capaz de armazená-la, de forma que precisam estar sempre tirando esta glicose do sangue.

Os níveis de glicose, desta forma, devem ser mantidos relativamente constante ao longo do dia, independentemente das refeições, dos períodos de jejum ou da prática de atividade física.

Esta regulação é feita pela insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas.

Após uma refeição, a glicemia aumenta. Como resposta, o pâncreas secreta mais insulina, fazendo com que parte dela seja armazenada nos músculos e no fígado.

Durante o jejum, a quantidade de glicose no sangue diminui. Assim, a secreção de insulina diminui e o fígado libera mais glicose no sangue.

Quais os sintomas da Diabetes tipo 1?

O aumento da glicose no sangue produz efeitos de curto e longo prazo.

Os sinais e sintomas são comuns tanto à diabetes tipo 1 como à Diabetes tipo 2. Entretanto, ela é mais intensa e precoce na Diabetes tipo 1.

No curto prazo, a hiperglicemia provoca:

  • Aumento da sede;
  • Micção frequente;
  • Fome extrema;
  • Fadiga;
  • Irritabilidade;
  • Perda de peso inexplicável.

No longo prazo, as complicações da diabetes provocam sintomas como:

  • Visão embaçada;
  • Perda da sensibilidade nos membros;
  • Feridas de cicatrização len ta;
  • Infecções frequentes, como gengivas ou infecções de pele e infecções vaginais.

Diagnóstico da diabetes tipo 1

Os critérios diagnósticos para a diabetes são semelhantes, tanto para a Diabetes tipo 1 como para a Diabetes tipo 2.

Entre os exames usados para o diagnóstico da Diabetes, incluem-se a glicemia de jejum, o Teste Oral de Tolerância à Glicose, o teste aleatório de glicemia e a Glicemia Glicada.

Para confirmar o diagnóstico da diabetes, são necessários dois resultados sugestivos. Podem ser considerados dois resultados do mesmo teste (duas glicemias de jejum, por exemplo) ou dois testes diferentes, realizados separadamente ou de forma simultânea (glicemia de jejum e Hemoglobina Glicada, por exemplo).

Isso é valido mesmo que um ou outro teste mostre um resultado dentro da faixa de normalidade. No caso da Hemoglobina glicada, porém, é necessário descartar algumas condições que possam alterar o exame, além da diabetes.

Teste aleatório de glicemia

O teste aleatório de glicemia é feito a partir de um exame de sangue, independentemente do jejum.

Geralmente ele é utilizado no paciente que dá entrada em um serviço médico de emergência com sintomas típicos de uma hiperglicemia.

Resultados superiores a 200 mg/dL associados a sintomas característicos fecham o diagnóstico da Diabetes.

Glicemia em jejum

A glicemia de jejum é o teste mais usado para a triagem do diabetes.

Uma amostra de sangue é coletada após um jejum mínimo de 8 horas e não superior a 12 horas.

O resultado é considerado normal quando inferior a 100 mg/dL. Valores entre 100 e 125 mg/dL é considerado pré-diabetes. Valores superiores a 126 mg/dL caracterizam o diabetes.

Teste oral de tolerância à glicose

O paciente ingere o equivalente a 75 g de glicose anidra dissolvida em água. A glicemia é medida após duas horas.

Níveis de glicemia inferiores a 140 mg/dL são considerados normais. Entre 140 e 199 mg/dL são considerados pré diabetes e superiores a 200 mg/dL são classificados como diabetes.

O teste é realizado como rotina na triagem de mulheres grávidas. Além disso, ele é indicado para a mulher com glicemia de jejum entre 100 e 125, para diferenciar a pré diabetes do diabetes.

Hemoglobina Glicada

O exame de Hemoglobina Glicada mede a porcentagem de açúcar no sangue ligado à hemoglobina, que é a proteína transportadora de oxigênio nos glóbulos vermelhos.

Ele indica o nível médio de açúcar no sangue nos últimos dois a três meses.

Um nível de Hemoglobina Glicada de 6,5% ou mais em dois testes separados é indicativo da diabetes. Já a Hemoglobina Glicada entre 5,7 e 6,4% indica uma pré-diabetes. Abaixo de 5,7, ela é considerada normal.

Vale considerar, porém, que algumas condições não relacionadas à diabetes podem alterar o exame e devem ser descartadas, entre elas:

  • Anemia;
  • Problemas renais;
  • Colesterol alto;
  • Problemas na tireoide;
  • Certos medicamentos;
  • Problemas no baço.

Monitoramento da glicemia

O prognóstico da diabetes está diretamente relacionado ao adequado controle da glicemia. O problema é que a glicemia pode variar a depender de um grande número de fatores, incluindo:

  • Alimentação;
  • Atividade física;
  • Medicamentos;
  • Álcool;
  • Estresse;
  • Período do ciclo menstrual
  • Condições clínicas crônicas ou agudas, incluindo infecções.

Assim, o monitoramento cuidadoso é a única maneira de garantir que a glicemia permaneça dentro da faixa-alvo.

Pacientes com diabetes tipo 1 devem medir a glicemia quatro ou mais vezes ao dia.

Para evitar as picadas frequentes, uma opção é o uso de um monitor contínuo de glicose.

Além do monitoramento diário da glicemia, o diabético deve realizar exames regulares para a medição da Hemoglobina Glicada. Para a maoria das pessoas com diabetes, é recomendável que a Hemoglobina Glicada seja mantida em um nível inferior a 7%.

A hemoglobina glicada é menos sensível às variações momentâneas da glicemia. Assim, esta é a melhor forma de se verificar como está o controle da Diabetes nos últimos dois a três meses.

Um nível elevado de Hemoglobina Glicada indica que é necessário realizar ajustes nas medicações ou no plano alimentar.

Monitoramento contínuo da glicose

O monitoramento contínuo da glicose funciona através de um pequeno sensor inserido sob a pele, geralmente na barriga ou no braço.

O sensor mede o nível de glicose intersticial, que é a glicose encontrada no fluido entre as células. Ele testa a glicose a cada poucos minutos. Um transmissor sem fio envia as informações para um monitor.

O monitor pode fazer parte de uma bomba de insulina ou de um dispositivo separado, que o paciente pode carregar no bolso.

Complicações

O Diabetes tipo 1 está associado tanto a complicações agudas como a complicações crônicas.

Quanto mais tempo uma pessoa tem diabetes e quanto menos controlada a glicemia, maior o risco de complicações.

Em alguns casos, estas complicações podem se desenvolver em pacientes sem o conhecimento da diabetes, podendo assim ser a primeira manifestação clínica da doença.

Complicações agudas do Diabetes tipo 1

Hipoglicemia

A Hipoglicemia se caracteriza por um nível de glicose no sangue menor do que 70 mg/dl.
Ainda que o diabetes mellitus seja habitualmente relacionada a um aumento do nível da glicose no sangue, o paciente pode ter períodos de hipoglicemia, em decorrência do uso de medicamentos para o tratamento do Diabetes.
Os sintomas mais comuns da Hipoglicemia incluem:

  • Fome excessiva;
  • Sudorese;
  • Tremores;
  • Fraqueza;
  • Pensamento confuso e lentificado.

Nos casos mais graves, a hipoglicemia pode provocar sintomas como:

  • Confusão;
  • Convulsões;
  • Coma.

Cetoacidose Diabética

A Cetoacidose Diabética é uma complicação decorrente da falta de insulina, que acontece principalmente na Diabetes tipo 1.

Na falta da insulina, o nível de açúcar no sangue aumenta gradativamente, ao mesmo tempo em que as células sofrem com a falta de glicose e energia.

Sem glicose, as células passam a usar os estoques de gordura para gerar energia.

Com a metabolização da gordura, formam-se os corpos cetônicos, responsáveis pela cetoacidose diabética.

Os corpos cetônicos são substâncias ácidas que levam a uma redução no Ph do sangue. Sem o tratamento adequado, isso pode levar o paciente ao coma ou até mesmo à morte.

Complicações crônicas do diabetes tipo 1

A maior parte das complicações crônicas do diabetes está associada ao efeito deletério do excesso de glicose no sangue sobre os pequenos vasos sanguíneos do nosso corpo, chamados de capilares.

Rins, olhos, cérebro, coração e nervos periféricos são estruturas ricas nestes capilares. São assim os locais mais predispostos a desenvolverem lesões graves em decorrência do diabetes.

Doença cardiovascular

A diabetes aumenta drasticamente o risco de Doença Arterial Coronariana e suas complicações, incluindo a Angina, Infarto Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral e a Aterosclerose.

Neuropatia

O excesso de açúcar no sangue pode comprometer os pequenos vasos sanguíneos que nutrem os nervos, especialmente nas pernas. Com isso, o funcionamento destes nervos também é afetado.

Os primeiros sinais daNeuropatia Diabética incluem:

  • Formigamento;
  • Dormência;
  • Queimação;
  • Dor.
  • Com a evolução da neuropatia, os membros podem se tornar insensíveis.

Além das pernas, outras estruturas podem ter os nervos acometidos:

  • Danos aos nervos do aparelho digestivo podem causar náusea, vômitos, diarréia ou constipação;
  • Nos homens, a neuropatia pode levar à disfunção erétil.
Nefropatia Diabética

O diabetes pode danificar o sistema de filtragem dos rins. Nos casos mais graves, a Nefropatia Diabética pode levar à insuficiência renal, com necessidade de Diálise ou Transplante de rim.

Retinopatia Diabética

A diabetes pode danificar os vasos sanguíneos da retina, o que caracteriza a Retinopatia Diabética. Nos casos mais graves, pode levar à cegueira. Ela também aumenta o risco de outras condições graves de visão, como a catarata e o glaucoma.

Pé Diabético

O paciente diabético pode desenvolver uma série de complicações nos pés, por uma combinação de três mecanismos:

  • A insensibilidade decorrente da Neuropatia Diabética faz com que o paciente não proteja o pé. No caso de uma ferida, por exemplo, ele não terá dor e continuará apoiando o peso na área machucada.
  • O comprometimento da microcirculação faz com que o fluxo sanguíneo se torne insuficiente, dificultando a recuperação da ferida.
  • Por fim, a diabetes aumenta o risco de infecções, que podem piorar ainda mais a ferida.

Nos casos mais graves, o pé diabético pode exigir a amputação do membro ou pode provocar a sepse, uma infecção generalizada com alto índice de mortalidade.

Tratamento do Diabetes tipo 1

O objetivo do tratamento da Diabetes tipo 1 é manter o nível de açúcar no sangue o mais próximo possível do normal para atrasar ou prevenir complicações.

Isso significa uma glicemia entre 80 e 130 mg / dL antes das refeições e não superior a 180 mg / dL, duas horas depois de comer.

Isso deve ser obtido por meio de uma combinação de alimentação adequada, prática regular de atividades físicas e uso de Insulina.

Alimentação

A dieta indicada para o diabético segue as mesmas recomendações habitualmente indicadas para a população em geral.

Ela deve incluir preferencialmente alimentos nutricionalmente ricos e com grade quantidade de fibras alimentares.

Por outro lado, gorduras saturadas, carboidratos refinados e doces devem ser evitados.

Ajustes nos planos alimentares poderão ser feitos de acordo com o monitoramento da glicemia.

Atividade física

Toda a população deve ser recomendada a manter uma prática regular de atividades físicas. No caso do paciente diabético, isso é ainda mais importante.

O exercício aumenta a sensibilidade à insulina, o que ajuda o diabético mover o açúcar do sangue para dentro das células, onde será usado como fonte de energia. Isso ajuda a manter a glicemia sob controle.

O ideal é que seja feito ao menos 30 minutos de exercício aeróbico na maioria dos dias da semana. Entretanto, para aqueles que estão sedentários há bastante tempo, é indicado que o início seja gradual.

Antes de iniciar a prática de exercício, porém, é recomendável que o diabético realize uma avaliação Médica pré-participação.

Nesta avaliação, será feita uma avaliação do risco cardiovascular (lembrando-se que o diabetes é um importante fator de risco para complicações cardiovasculares).

Além disso, poderá ser feita uma prescrição de exercícios que atenda tanto aos interesses pessoais do paciente como os potenciais benefícios que poderão ser obtidos com o exercício físico.

Ajustes no monitoramento da glicemia e nas doses e horários das medicações poderão ser indicados, a depender do nível de controle do Diabetes e da atividade praticada.

Insulina

Qualquer pessoa diagnosticada com diabetes tipo 1 precisa de tratamento com insulina para o resto da vida.

Existem diferentes tipos de insulina, incluindo:

Insulina de ação curta (insulina regular)
A Insulina Regular começa a funcionar cerca de 30 minutos após a injeção. Ela atinge o efeito máximo em 90 a 120 minutos e mantém o efeito por 4 a 6 horas.

Insulina de ação rápida
A Insulina de ação rápida começa a funcionar em 15 minutos. Ela atinge o efeito máximo em 60 minutos e mantém o efeito por aproximadamente 4 horas.
Ela é habitualmente usada 15 a 20 minutos antes das refeições.

Insulina de ação intermediária
A insulina de ação intermediária, também chamada de insulina NPH, começa a funcionar em cerca de 1 a 3 horas. Ela atinge o efeito máximo em 6 a 8 horas e mantém o efeito por 12 a 24 horas.

Insulina de ação longa e ultra-longa
Este tipo de insulina pode fornecer cobertura por até 14 a 40 horas.

Combinações de Insulina para o tratamento da Diabetes Tipo 1

Diferentes esquemas terapêuticos podem ser utilizados no tratamento de indivíduos com Diabetes tipo 1.

Habitualmente, eles incluem:

  • Uma insulina basal, cuja função é manter a glicemia o mais próximo possível do normal quando a pessoa não está comendo.
  • Uma insulina durante as refeições;
  • Doses de insulina necessárias para corrigir hiperglicemias pré e pós-prandiais ou no período interalimentar.

Como é feita a aplicação da Insulina?

A insulina é usada por meio de injeção subcutânea.

A aplicação pode ser feita por meio de uma agulha fina e seringa ou de uma caneta de insulina.

Uma bomba de insulina também pode ser uma opção. A bomba é um dispositivo usado na parte externa do seu corpo. Ela é conectada a um cateter inserido sob a pele do abdômen.

Bomba de insulina

A infusão subcutânea contínua de insulina, também conhecida como terapia com bomba de insulina, é uma forma de tratamento para a Diabetes tipo 1 no qual a insulina é aplicada por um dispositivo usado na parte externa do corpo. O dispositivo fica conectado a um cateter inserido sob a pele do abdômen.

Mais recentemente, a bomba foi integrada a um dispositivo de monitoramento contínuo de glicose.

Assim, a bomba pode ser ajustada para responder aos dados do sensor, ajustando as doses basais de insulina e administrando doses de bolus de correção automática, uma vez que a glicose atinja valores alvos pré-determinados.

A terapia com bomba de insulina oferece maior flexibilidade de estilo de vida e melhor controle da glicose.