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Coluna do Atleta

Qual a incidência da Dor Lombar em atletas?

A dor nas costas, também chamada lombalgia, é uma das mais comuns queixas de saúde e que acometem a coluna do atleta.

Ela acomete jovens e idosos, pessoas sedentárias e atletas. 80% das pessoas têm ou terão uma dor nas costas limitante para suas atividades diárias em algum momento da vida, incluindo a prática esportiva.

No futebol, 30% dos jogadores profissionais perdem ao menos um treino ou jogo ao longo de uma temporada devido à dor nas costas. Na ginástica, 79% dos atletas em nível profissional sofrem com o problema.

Fatores de risco para dor lombar na coluna do atleta

Em geral, mais de um fator contribui para a dor lombar na coluna do atleta.

Entre eles, podemos citar:

Excesso de movimentos de flexão e rotação do tronco

Certos esportes envolvem repetições com mobilidade excessiva da coluna. Isso sobrecarrega as vértebras e os discos inter-vertebrais, podendo gerar sobrecarga e lesões.

Os principais esportes nesta categoria incluem ginástica artística e rítmica, saltos ornamentais, nado sincronizado, ballet e yoga.

Atividades de impacto repetitivo sobre a coluna do atleta

Os esportes que mais preocupam neste sentido incluem corrida, futebol, atletismo, vôlei, basquete, tênis, mountain bike e equitação.

Desequilíbrios musculares

A coluna é sustentada por uma complexa rede de músculos e ligamentos que devem atuar em perfeita harmonia.

A fraqueza e o desequilíbrio entre os diferentes grupos musculares rompem esta harmonia, aumentando assim o estresse sobre as vértebras e os discos intervertebrais e dando origem às dores.

No futebol, por exemplo, é comum que o atleta foque excessivamente nos membros inferiores, dando pouca atenção para a musculatura lombar.

Sobrecarga decorrente de outros problemas ortopédicos

A coluna depende de um perfeito equilíbrio entre todas as articulações do corpo.

Quando uma articulação tem seu movimento alterado devido à dor ou lesão, este equilíbrio será quebrado, podendo levar a uma sobrecarga na coluna.

Isso é especialmente válido na articulação do quadril, já que os movimentos do quadril e da coluna estão bastante interligados e a falta de movimento em uma destas articulações é compensada com excesso de movimento na outra.

Sobrepeso / Obesidade

Sobrepeso e obesidade aumentam o esforço sobre a coluna e contribuem bastante para o desenvolvimento das dores.

Basta carregar uma mala pesada, com 10 ou 15 quilos, para entender este efeito. Nos pacientes obesos, porém, é comum que o excesso de peso ultrapasse bastante estes 10 ou 15 quilos.

Mais do que isso, o excesso de gordura nos obesos muitas vezes está associado a um déficit de musculatura, o que aumenta ainda mais a sobrecarga.

Muitas pessoas com excesso de peso e musculatura fraca vêm na corrida e em outros esportes de alto impacto como uma forma de perder peso. Se esta atividade não for adequadamente orientada, há um risco significativo de dores e lesões articulares, especialmente da lombalgia.

Causas da Dor Lombar

A dor nas costas pode estar relacionada às partes moles (músculos, ligamentos) e ao disco intervertebral ou osso. Muito frequentemente, há uma associação de disfunções nestas estruturas.

  • As lesões das partes moles são as mais comuns, como as contraturas ou distensões musculares. Muitas vezes ela é referida como uma lombalgia de origem mecânica;
  • As lesões do disco intervertebral podem se traduzir na forma de Discopatia degenerativa precoce ou Hérnia de disco traumática;
  • As lesões ósseas podem ocorrer na forma de fraturas por estresse (espondilolise, fratura por estresse do sacro), avulsões ou fraturas do corpo vertebral.

Estiramento Muscular

Estiramentos musculares ou dos ligamentos são as causas mais comuns de lombalgia na coluna do atleta. Elas decorrem do alongamento dos tecidos para além da capacidade normal de tolerância dos mesmos.

O paciente se refere à dor que começa após um movimento súbito ou o levantamento de um objeto pesado.

A limitação de movimento é variável, mas pode ser suficientemente grave para impossibilitar a pessoa de andar ou ficar de pé.

Pode haver irradiação para a virilha, nádega ou parte superior da coxa, mas raramente passa para baixo do joelho.

O toque no local tende a ser bastante doloroso. A dor é pior entre 24 e 48 horas após a atividade e melhora gradualmente com o tempo. O exame neurológico é normal.

Discopatia Degenerativa

A Discopatia Degenerativa caracteriza-se pelo desgaste progressivo nos discos intervertebrais.

Ela é comum especialmente em atletas que realizam atividades de alto impacto.

O tratamento é feito com fisioterapia e controle da carga de treino na maior parte dos atletas.

A cirurgia é um tratamento de exceção nestes casos, principalmente entre atletas. Entretanto, ela pode ser considerada quando todas as demais formas de tratamento falharem.

A Artrodese Lombar, cirurgia em que se tira o movimento do local acometido, é a principal opção cirúrgica na Discopatia degenerativa.

Entretanto, os resultados são pouco previsíveis e o pós-operatório não é bem tolerado pelo atleta.

Hérnia Discal

A Hérnia de Disco resulta da lesão do ânulo fibroso do disco intervertebral, com extravasamento do conteúdo do núcleo pulposo.

A hérnia causa dor lombar baixa. No caso de compressão e irritação de raízes nervosas, pode gerar também uma radiculopatia, que é a irradiação da dor para um dos membros. Essa irradiação respeita a área de inervação da raiz nervosa acometida.

A dor piora com a flexão da coluna e melhora com repouso com a barriga para cima.

Os níveis L4-5 e L5-S1 correspondem a 90% das hérnias sintomáticas, devido à grande mobilidade deste seguimento da coluna.

O tratamento clínico com anti-inflamatórios, analgésicos e fisioterapia proporciona bons resultados e a história natural é favorável.

Se a dor persistir apesar do tratamento inicial, infiltração da coluna ou uma abordagem cirúrgica podem ser consideras.

Espondilolise e Espondilolistese

A Espondilolise é um tipo de fratura por estresse que ocorre no anel posterior das vértebras, mais especificamente na pars interarticular.

Ela ocorre devido a movimentos repetitivos de hiperextensão da coluna, sendo comum em esportes como a ginástica e o ballet.

Esta é a causa mais comum de dor nas costas em atletas entre 8 e 20 anos de idade. Entretanto, muitos destes pacientes não apresentam dor mesmo competindo em alto rendimento.

Como referência, 50% dos ginastas da equipe dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de 1996 tinham o diagnóstico de espondilolise sem dor ou com dor não limitante para sua atividade esportiva.

85% dos casos acometem a vértebra L5, os demais casos ocorrem na vértebra L4. O paciente apresenta dor que piora com a hiperextensão da coluna. A maior parte dos pacientes pode ser diagnosticado com o uso de radiografias, mas a tomografia e a ressonância são exames com maior sensibilidade para o diagnóstico.

A maior parte dos pacientes pode ser adequadamente tratada de forma não cirúrgica, com afastamento das atividades de hiperextensão da coluna seguido de fortalecimento e reequilíbrio muscular. A cirurgia fica reservada aos casos que não obtiverem melhora com o tratamento não cirúrgico.

O tratamento não cirúrgico ainda possui bons resultados em grande parte dos pacientes com espondilolistese, mas a cirurgia deve ser indicada caso haja um grande escorregamento ou a progressão deste escorregamento – cerca de 25% dos pacientes com espondilolise evoluem para algum grau de escorregamento de uma vértebra sobre a outra.