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Câncer da tireoide

O que é o câncer de tireoide?

O câncer de tireoide é um tipo de câncer que se desenvolve quando células da glândula tireoide sofrem uma mutação e passam a crescer e se multiplicar fora de controle.

A tireoide é uma pequena glândula em forma de borboleta localizada na base do pescoço. Ela é responsável por produzir hormônios que regulam o metabolismo corporal.

Além disso, os hormônios da tireoide também ajudam a controlar a temperatura corporal, a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Na maior parte das vezes, este é um câncer altamente tratável e com uma boa possibilidade de cura, quando comparado a outros tipos de câncer.

Fatores de risco

O câncer de tireoide é três vezes mais comum em mulheres do que em homens.

Pessoas de qualquer idade podem desenvolver o câncer de tireoide, inclusive crianças. No entanto, ele é mais comum em mulheres na faixa dos 40 aos 50 anos de idade ou em homens na faixa dos 60 aos 70 anos.

Além da idade, outros fatores de risco para o câncer da tireoide incluem:

  • Tireóide aumentada (bócio).
  • História familiar de doença da tireoide ou câncer de tireoide.
  • Tireoidite (inflamação da glândula tireoide).
  • Baixa ingestão de iodo.
  • Obesidade;
  • Radioterapia para câncer de cabeça e pescoço, especialmente durante a infância.

Sinais e sintomas do câncer de tireoide

O sinal mais comum do câncer de tireoide é a presença de um caroço ou crescimento, denominado de nódulo da tireoide. No entanto, ainda que os nódulos precisem ser avaliados, é preciso considerar que a maior parte destes nódulos são benignos (não cancerígeno).

O câncer de tireoide é identificado em aproximadamente 15% dos nódulos de tireoide.

Outros sintomas menos comuns do câncer de tireoide incluem:

Diagnóstico do câncer da tireoide

Embora apenas 15% dos nódulos de tireoide sejam de fato cancerígenos, é a presença deles que geralmente leva à investigação que culmina no diagnóstico do Câncer de Tireoide.
Na presença de um nódulo de tireoide aumentado ou outros sinais de câncer de tireoide, os seguintes exames poderão ser indicados:

  • Exame de sangue: verifica os níveis hormonais e mostra se a tireoide está funcionando corretamente.
  • Biópsia da tireoide: uma pequena quantidade de células da tireoide é removida por meio de uma agulha fina e enviada ao laboratório, para pesquisar por células cancerígenas.
  • Biópsia do linfonodo sentinela: uma vez confirmado o diagnóstico do câncer de tireoide, a biópsia do linfonodo sentinela permite avaliar se o câncer já se espalhou localmente.
  • Cintilografia: exame usado para avaliar de o câncer já se espalhou para outras áreas do corpo.
  • Exames de imagem: O exame de iodo radioativo, a tomografia computadorizada (TC) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET) podem detectar o câncer de tireoide e a disseminação do câncer.

Quais são os tipos de câncer de tireoide?

O câncer de tireoide pode ser classificado em diferentes tipos, de acordo com o tipo de célula em que ele teve origem.

Papilar
O tipo papilar representa até 80% de todos os casos de câncer de tireoide. Este é um tipo de câncer de crescimento lento.
Embora seja comum que ele já tenha se espalhado para os linfonodos regionais no momento do diagnóstico, o câncer de tireoide papilar responde muito bem ao tratamento e raramente leva o paciente a óbito.

Folicular
O câncer folicular da tireoide é responsável por até 15% dos diagnósticos de câncer de tireoide.
Ele é mais comum em países onde as pessoas não ingerem iodo suficiente em sua dieta. Este não é o caso do Brasil, onde o sal é obrigatoriamente enriquecido com o iodo para ser comercializado.
O câncer folicular geralmente não se espalha para os gânglios linfáticos. No entanto, ele pode se espalhar para outras partes do corpo, como pulmões ou ossos.
O prognóstico não é tão bom quanto para o câncer papilar, embora ainda seja bom na maioria dos casos.

Medular
O câncer medular é responsável por cerca de 2% dos cânceres de tireoide.
Ele se desenvolve a partir das células C da tireoide, que normalmente produzem calcitonina, um hormônio que ajuda a controlar a quantidade de cálcio no sangue.
Em 25% dos casos, existe um histórico familiar de câncer de tireoide, o que acontece em decorrência de uma mutação genética.

Anaplásico
O câncer de tireoide anaplásico e a forma mais agressiva e difícil de tratar.
Esse câncer é chamado de indiferenciado porque as células cancerígenas não se parecem muito com as células normais da tireoide.
O câncer anaplásico pode crescer rapidamente e é comum que já tenha produzido metástases no momento do diagnóstico.
Eles são responsáveis por cerca de 2% dos casos de câncer de tireoide.

Estadiamento TNM do câncer da tireoide

A compreensão do estadiamento do câncer da tireoide é fundamental para a escolha do tratamento e para determinar o prognóstico.
Ele leva em conta três fatores:

Tamanho do tumor (T)
Acometimento de linfonodos regionais (N)
Presença de metástases (M)

Estadiamento do câncer da tireoide
T: Tamanho do tumor
T Tx Tumor não pode ser avaliado.
T0 Não há sinal de tumor.
T1 O câncer está dentro da glândula tireoide e tem 2 cm ou menos. 
T1a O tumor está completamente dentro da tireoide e tem até 1 cm de diâmetro.
T1b O tumor está completamente dentro da tireoide e tem entre 1 cm e 2 cm de diâmetro.
T2 O tumor está completamente dentro da tireoide. Ele tem mais de 2 cm, mas não mais de 4 cm de diâmetro.
T3 T3 é dividido em T3a e T3b.
T3a O tumor tem mais de 4 cm de diâmetro, mas ainda está completamente dentro da tireoide.
T3b O tumor é de qualquer tamanho e cresceu em um ou mais dos músculos ao lado da tireoide.
T4 O tumor cresceu para fora da tireoide.
T4a O câncer cresceu fora da tireoide em tecidos moles próximos, como cordas vocais (laringe), traqueia, esôfago ou nervo laríngeo recorrente.
T4b O câncer cresceu para fora da tireoide, na área ao redor dos ossos da coluna ou um dos principais vasos sanguíneos na área do pescoço.
N: linfonodos
N Nx Não existe ainda informações sobre os gânglios linfáticos próximos.
N0 O câncer não se espalhou para os gânglios linfáticos próximos.
N1 O câncer se espalhou para os gânglios linfáticos próximos.
N1a O câncer se espalhou para os linfonodos próximos à tireoide no pescoço (linfonodos pré-traqueais, paratraqueais e pré-laríngeos) ou na parte superior do tórax (linfonodos mediastinais superiores).
N1b O câncer se espalhou para outros gânglios linfáticos no pescoço (gânglios cervicais) ou para gânglios linfáticos atrás da garganta (retrofaríngeos).
M: Metástases
M M1 câncer não se espalhou para outra parte do corpo.
M2 o câncer se espalhou para outra parte do corpo, como pulmões ou ossos.

Estágios numéricos para o câncer de tireoide

Os estágios numéricos para o câncer de tireoide dependem do tipo histológico do tumor.

Câncer papilar ou folicular
O estágio numérico leva em consideração a classificação TNM. Ele usa diferentes critérios para pacientes acima ou abaixo de 55 anos
Pacientes com menos de 55 anos:

  • Estágio 1: qualquer T, qualquer N, M0
  • Estágio 2: qualquer T, qualquer N, M1

Pacientes acima de 55 anos:

  • Estágio 1: (T1 ou T2)N0M0
  • Estágio 2: (T1 ou T2)N1M0 / T3N0M0
  • Estágio 3: T4a, qualquer N, M0
  • Estágio 4:
  • 4a: T4b, qualquer N, M0
  • 4b: Qualquer T, qualquer N, M1

Câncer medular

  • Estágio 1: T1N0M0
  • Estágio 2: T2 ou T3, N0 M0
  • Estágio 3: T3N1aM0.
  • Estágio 4:
  • 4A: T4a, qualquer N, M0
  • 4B: T4b, qualquer N, M0
  • 4C: qualquer T, qualquer N, M1

Câncer anaplásico
O sistema de estadiamento numérico geralmente agrupa os cânceres em 4 grupos, de 1 ao 4.
No caso do câncer anaplásico, no entanto, todos eles já são classificados como tipo 4. Ele é subdividido nos seguintes grupos:

  • 4A: T1 a T3a, N0, M0
  • 4B: T1-3a, N1, M0 / T3b, qualquer N, M0 / T4, qualquer N, M0.
  • 4C: qualquer T, qualquer N, M1

Tratamento do câncer papilar de tiroide

Como regra geral, o câncer papilar da tireoide é tratado com cirurgia seguido por outros tratamentos complementares, incluindo o uso de iodo radioativo, radioterapia, quimioterapia ou terapia alvo.
Quando toda a tireoide é removida, o paciente precisa fazer uso de hormônios tireoideanos para o resto da vida após a cirurgia.

Tratamento cirúrgico
A maioria dos cânceres papilares da tireoide é tratada com a remoção cirúrgica completa da glândula tireoide, um procedimento denominado de tireoidectomia.
Alguns tumores em estágio ainda bastante inicial podem eventualmente ser tratados com a remoção apenas do lado da tireoide onde está o tumor, procedimento este denominado de lobectomia.
Se os gânglios linfáticos estiverem aumentados ou mostrarem sinais de disseminação do câncer, eles também são removidos.
Primeiramente, são removidos os linfonodos mais próximos ao tumor. Caso estes estejam comprometidos, uma remoção mais ampla dos linfonodos é realizada.
Mesmo que não haja sinais clínicos de comprometimento dos gânglios linfáticos, eles podem em alguns casos ser removidos. A justificativa para isso é que alguns estudos mostram que isso pode reduzir as chances de o câncer voltar após a cirurgia inicial.

Tratamento pós cirúrgico
O tratamento após a cirurgia depende do estágio do câncer:
Nos cânceres em estágio inicial (T1 ou T2), a cirurgia pode ser o único tratamento ou, em alguns casos, poderá ser complementada com o uso de iodo radioativo.
Nos cânceres mais avançados (T3 ou T4), bem como naqueles que já se espalharam para os linfonodos próximos ou para outras partes do corpo, a cirurgia costuma ser complementada por radioterapia e eventualmente também com quimioterapia.

Tratamento de longo prazo
Mesmo após a cura, pessoas que realizaram uma tireoidectomia precisam tomas pílulas diárias de hormônio tireoidiano (levotiroxina) para o resto da vida.
O medicamento é necessário para repor o hormônio que não mais será produzido naturalmente pela pessoa.

Tratamento do câncer folicular da tireoide
Como regra geral, o câncer folicular da tireoide é tratado com cirurgia seguido por outros tratamentos complementares, incluindo o uso de iodo radioativo, radioterapia, quimioterapia ou terapia alvo.
Quando toda a tireoide é removida, o paciente precisa fazer uso de hormônios tireoideanos para o resto da vida após a cirurgia.

Tratamento cirúrgico
A biópsia muitas vezes não é capaz de diferenciar com segurança um tumor folicular maligno (câncer folicular) de uma condição benigna.
Assim, o termo neoplasia folicular é muitas vezes utilizado, sendo que apenas cerca de 2 em cada 10 neoplasias foliculares serão de fato um câncer.
O primeiro passo no tratamento é a remoção da metade da glândula tireoide onde está localizado o tumor, um procedimento denominado de lobectomia.
Caso a análise do tumor removido comprove ser um câncer folicular, geralmente é necessária uma segunda cirurgia para remover o restante da tireoide, um procedimento denominado de tireoidectomia completa.
Se antes da cirurgia inicial já houverem sinais de que o câncer se espalhou, isso significa que o tumor deve ser um câncer e, portanto, a tireoidectomia é realizada neste primeiro momento.
Junto com a tireoidectomia, alguns gânglios linfáticos são também removidos e testados para câncer. Caso seja detectado câncer nestes linfonodos, outros linfonodos são também removidos.

Tratamento pós-cirúrgico
A varredura com radioiodo geralmente é feita após a cirurgia para procurar áreas que ainda absorvem iodo. A disseminação para os gânglios linfáticos próximos e para locais distantes que aparecem na varredura pode ser tratada por iodo radioativo (RAI).
Para cânceres que não absorvem iodo, a radioterapia externa pode ajudar a tratar o tumor ou impedir que ele volte a crescer no pescoço.
Quando o câncer já apresenta metástase a distância, incluindo pulmões, fígado ou óssos, poderá ser indicado o tratamento com radioterapia, terapia alvo ou, eventualmente, com quimioterapia.

Tratamento de longo prazo
Mesmo após a cura, pessoas que realizaram uma tireoidectomia precisam tomas pílulas diárias de hormônio tireoidiano (levotiroxina) para o resto da vida.
O medicamento é necessário para repor o hormônio que não mais será produzido naturalmente pela pessoa.

Tratamento do câncer medular de tireoide

A maioria dos pacientes diagnosticados com câncer medular de tireoide devem ser testados para outros tumores que podem se desenvolver juntos com o câncer da tireoide, especialmente o feocromocitoma e os tumores de paratireoide.
A triagem para feocromocitoma é particularmente importante, porque a anestesia e a cirurgia podem ser extremamente perigosas quando esses tumores estão presentes.
Se os cirurgiões e anestesiologistas souberem desses tumores com antecedência, eles podem tratar o paciente com medicamentos antes e durante a cirurgia para tornar o procedimento mais seguro.
Já o tratamento específico do câncer medular depende do estágio da doença.

Estágios I e II
A tireoidectomia total associada à remoção dos linfonodos próximos tem boa chanse de sucesso no tratamento destes cânceres.
Com a remoção da tireoide, a terapia com hormônio tireoidiano se faz necessária após a cirurgia.
Como as células do CMT não absorvem iodo radioativo, a terapia com iodo radioativo tem indicação no tratamento do câncer medular da tireoide.

Estágios III e IV
A cirurgia nos estágios III e IV é a mesma que para os estágios I e II. No entanto, é provável que a associação de radioterapia se faça necessária após a cirurgia, para tentar reduzir a chance de recorrência no pescoço.
Para cânceres que se espalharam para partes distantes do corpo, cirurgia, radioterapia ou tratamentos semelhantes podem ser usados, se possível. A terapia alvo também pode ser considerada em alguns casos.

Prognóstico do câncer de tireoide

O prognóstico do câncer de tireoide depende do tipo e do estágio da doença.
Se o câncer estiver localizado apenas na tireoide, ele é chamado de câncer de tireoide localizado. Cerca de dois terços dos casos são diagnosticados nesta fase.
A taxa de sobrevida em 5 anos é de quase 100% no caso dos cânceres papilar, folicular ou medular. Para câncer de tireoide anaplásico localizado, a taxa de sobrevida em 5 anos é de 34%.
Se o câncer de tireoide se espalhou para tecidos ou órgãos próximos e/ou linfonodos regionais, é chamado de câncer de tireoide localmente disseminado.
A taxa de sobrevida em 5 anos nestes casos é de 99% para o câncer papilar, 98% para o câncer folicular, 90% para o câncer medular e 9% para o câncer anaplásico.
O câncer metastático, na maior parte das vezes, está relacionado aos tipos medular ou anaplásico. Nestes casos, a taxa de sobrevida em 5 anos é de 75% para o câncer papilar, 63% para o câncer folicular, 40% para o câncer medular e 4% para o câncer anaplásico.