Bypass Gástrico (Roux em Y)

A cirurgia de Bypass gástrico, também chamado de bypass gástrico Roux-en-Y, é a técnica cirúrgica mais utilizada de Cirurgia bariátrica.

Ela envolve a criação de uma pequena bolsa no estômago e a conexão da bolsa recém-criada diretamente ao intestino delgado.

Após a cirurgia, o alimento engolido irá para esta pequena bolsa do estômago e, em seguida, diretamente para o intestino delgado. Com isso, o alimento deixa de passar pela maior parte do estômago e a pela primeira seção do intestino delgado.

O bypass gástrico auxilia na perda de peso por diferentes mecanismos:

• Restringindo a capacidade do estômago, o que faz com que o paciente se sinta saciado mais precocemente;
• Limitando a quantidade de calorias e nutrientes que são absorvidas no intestino
• Promovendo uma alteração nos hormônios intestinais, o que contribui para uma maior sensação de saciedade.

Assim como outras formas de cirurgia bariátrica, o Bypass Gástrico é indicado nas seguintes situações:

• Índice de massa corporal (IMC) maior do que 35, na presença de um sério problema de saúde relacionado ao peso, como diabetes tipo 2, Hipertensão arterial ou apnéia do sono grave.
• IMC de 40 ou superior, em pacientes que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico, incluindo o uso de medicamentos

Além disso, é preciso que outros critérios sejam levados em consideração. O principal deles é a capacidade de o paciente estabelecer um estilo de vida mais saudável após a cirurgia. 

Comparativamente com o Sleeve gástrico, o Bypass gástrico promove uma perda de peso maior e mais rápida. Entretanto, isso ocorre às custas de um maior risco de complicações, como veremos adiante.

A indicação depende de qual a quantidade de excesso de peso: 

• O Sleeve Gástrico é geralmente indicado quando o excesso de peso for de 40kg ou menos
• O Bypass gástrico é geralmente indicado quando o excesso de peso for de 70kg ou mais
• No intervalo entre 40 e 70kg de excesso de peso, ambos os procedimentos são comumente realizados.

A cirurgia pode ser dividida em três etapas principais:

• Primeiramente, é feita uma pequena bolsa no estômago, do tamanho de um ovo, dividindo a parte superior do estômago do restante do estômago.
• Em seguida, o intestino delgado é dividido e a extremidade inferior do intestino delgado dividido é trazida para cima e conectada à bolsa estomacal recém-criada.
• No final, a parte superior do intestino delgado dividido é conectada ao intestino delgado mais abaixo para que os ácidos estomacais e as enzimas digestivas produzidos nas porções do estômago e do intestino delgado por onde o alimento não mais irá passar eventualmente se misturem com a comida.

A maioria das cirurgias é feita por laparoscopia, com a realização de pequenos cortes.

Uma pequena câmera é introduzida por um destes cortes e os instrumentos pelas outras incisões. Desta forma, o médico realiza o procedimento olhando por vídeo e não com visualização direta dentro do abdome.

O tempo de internação é de 2 a 3 dias.

Espera-se que o paciente seja capaz de retornar para a maior parte de suas atividades rotineiras após aproximadamente 5 semanas.

Em algumas condições específicas, como cirurgias anteriores, obesidade extrema ou outras condições médicas específicas, a cirurgia laparoscópica pode não ser uma opção, sendo então indicada a cirurgia aberta convencional.

Nestes casos, é necessário realizar incisões cirúrgicas maiores e o tempo de recuperação inicial também é mais prolongado. A expectativa é por um período de internação hospitalar ao redor e 4 a 6 dias.

A cirurgia de Bypass gástrico é considerada o “padrão ouro” entre as cirurgias para a perda de peso. É o procedimento bariátrico mais realizado em todo o mundo e corresponde a 75% das cirurgias bariátricas realizadas no Brasil.

Pacientes com bypass gástrico perdem entre 60 a 80% do excesso de peso corporal no primeiro ano e até 90% do excesso de peso ao longo do tempo, mais do que é observado com outras técnicas como o Sleeve Gástrico (1). 

Os resultados tendem a ser duradouros e de longo prazo. Estudos mostram que a maioria dos pacientes mantém mais de 50% do excesso de peso perdido 20 anos após a cirurgia.

Isso se mostra excelente também para a melhora dos diversos problemas de saúde associados à obesidade, como hipertensão arterial, diabetes e outros.

O bypass gástrico é considerado um tipo misto de cirurgia bariátrica, uma vez que ele não apenas diminui a capacidade de ingestão de alimentos como também diminui a quantidade de calorias que é absorvida no intestino. 

O risco de complicações, desta forma, também acaba sendo maior em comparação com procedimentos puramente restritivos, como a gastrectomia vertical, especialmente em relação ao risco de deficiências nutricionais.

Todos os pacientes precisam tomar vitaminas pelo resto da vida após a cirurgia. Se não o fizerem, pode levar a deficiências de vitaminas / minerais a longo prazo, particularmente às deficiências de vitamina B12, ferro, cálcio e folato.

O risco para a Síndrome de Dumping também é maior. A Síndrome de dumping se caracteriza pela presença de náuseas, vômitos e fraqueza que ocorre principalmente após a ingestão de refeições ricas em açúcar.