medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Avaliação Médica para a Prática de Atividade Física

Importância da avaliação Médica para a Prática de Atividade Física

A avaliação médica direcionada à prática de atividade física deve ser feita com foco em diferentes objetivos:

Prescrição de exercícios

O médico do esporte poderá ajudar o paciente na escolha das atividades físicas, bem como da frequência, intensidade e progressão, da mesma forma como se prescreve qualquer medicamento. 

Esta escolha deve ser baseada em diferentes fatores, incluindo:

  • Condições clínicas, incluindo doenças ou lesões;
  • Condicionamento físico;
  • Experiência esportiva prévia;
  • Objetivos individuais com a prática de exercícios;
  • Gostos pessoais de cada paciente.

Identificar condições que possam envolver risco à saúde

Por mais inquestionável que sejam os benefícios da prática de exercício físico para a saúde, é preciso reconhecer que também há riscos envolvidos.

O exercício aumenta o estresse sobre os diversos órgãos e tecidos do corpo, o que aumenta momentaneamente o risco para eventos cardiovasculares agudos, lesões musculoesqueléticas e outros problemas de saúde.

A avaliação pré-participação, desta forma, deve avaliar como o corpo responde ao exercício e identificar eventuais problemas que possam descompensar com a prática de exercício físico.

Identificar condições de saúde não relacionadas ao exercício

o atleta, assim como qualquer outra pessoa, está sujeito a ter problemas de saúde que não necessariamente estão relacionados à prática de exercício.

O médico do esporte deve atuar como um médico generalista e estar preparado para identificar estas condições.

Dependendo do problema, ele poderá tratar ou encaminhar o paciente para um médico especialista.

Avaliação cardiológica pré-participação

A avaliação cardiológica é uma parte importante da Avaliação Médica para a prática de atividade física. Ela tem como principal objetivo a prevenção de morte súbita relacionada à atividade física. 

Frequentemente vemos na mídia casos de esportistas profissionais, aparentemente saudáveis e que têm um mal súbito durante a prática esportiva, com parada cardíaca e morte. 

Apesar de relativamente incomuns, as consequências destes eventos são catastróficas, o que justifica uma avaliação cardiológica de rotina para todo praticante de atividade física.

Nos atletas mais jovens, a causa mais comum de morte súbita no esporte é a Cardiomiopatia Hipertrófica. Já a partir dos 30 anos, o risco maior é para a Doença Arterial Coronariana.

A avaliação cardiológica mais básica que temos é por meio de protocolos como o PAR-Q (Physical Activity Readiness Questionnaire). Ele foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde da Colúmbia Britânica e é muito utilizado nos Estados Unidos e Canadá.

 O PAR-Q consiste de 7 perguntas. Caso o indivíduo responda “não” para todas elas, ele ainda assim será estimulado a procurar uma avaliação médica. Entretanto, será liberado para a prática esportiva independentemente desta avaliação. 

Caso tenha respondido “sim” para alguma delas, será orientado a procurar avaliação médica especializada antes de iniciar a prática de exercícios.

A realização de exames complementares é controversa, uma vez que pode dificultar o acesso em massa da população à prática esportiva. 

Entretanto, ela é habitualmente recomendável do ponto de vista individual e especialmente para aqueles que têm alguma condição que aumente o risco cardíaco individual (conforme o questionário PAR-Q).

Além do exame físico e ausculta cardíaca, a avaliação cardiológica poderá incluir exames como o eletrocardiograma, ecocardiograma e o Teste de esforço cardiopulmonar (Teste ergométrico). 

O teste ergométrico consiste em um teste de esforço progressivo, geralmente feito em esteira. Durante a atividade, o paciente é continuamente monitorado do ponto de vista cardiológico, para ver como o corpo reage ao exercício. 

O exame poderá detectar comportamentos anormais da Pressão Arterial e da Frequência cardíaca, bem como sinais de isquemia cardíaca que não foram detectadas nos exames feitos em repouso.

Discutimos mais sobre tudo isso em nossa página sobre a Cardiologia Esportiva.

Avaliação musculoesquelética

O objetivo principal da avaliação musculoesquelética deve ser no sentido de minimizar o risco de lesões.

Ela poderá incluir a avaliação postural, o estudo de mobilidade articular, avaliação de força e testes funcionais.

A avaliação será importante também em relação à prescrição de exercícios. Isso porque certos tipos de lesões podem ser impactadas negativamente por certos tipos de exercícios, da mesma forma que certas deficiências podem ser melhoradas através de uma prescrição direcionada para o problema.

A avaliação funcional tem a vantagem de avaliar indiretamente diferentes qualidades de forma simultânea, como força, mobilidade e estabilidade articular, além de refletir melhor a realidade daquilo que acontece durante a prática esportiva.

O Sistema de Avaliação Funcional do Movimento (Functional Movement Screen, ou FMS) é um sistema estruturado de avaliação criado em 1995, nos Estados Unidos, pelo fisioterapeuta Gray Cook e pelo preparador físico Lee Burton.

O FMS é constituído por sete testes de movimento funcionais que exigem um equilíbrio entre mobilidade, estabilidade e força e pode ser aplicável a qualquer indivíduo, seja ele atleta ou não.

A avaliação nos permite descobrir quais padrões de movimento que são problemáticos para o indivíduo avaliado. Dependendo do padrão de comprometimento, o examinador pode inferir quais as habilidades que precisam ser melhor trabalhadas.

Outros sistemas de avaliação estão disponíveis atualmente, com movimentos diferentes daqueles sugeridos pelo FMS.

Dependendo da modalidade praticada, poderá ser considerado também a realização de testes de força, como a Dinamometria ou o teste isocinético.

O que se busca com estes testes, mais do que avaliar a força total de diferentes musculaturas, é a identificação de desequilíbrios de força entre os membros ou entre diferentes grupos musculares.

Estes desequilíbrios estão por trás de muitos quadros dolorosos e muitas das lesões habitualmente vistas em atletas.

Avaliação nutricional

Muitas pessoas buscam a prática de exercício com o objetivo principal de perda de massa gorda e ganho de massa muscular. 

Ambos os objetivos dependem de uma combinação de alimentação adequada e prática de atividade física.

Por um lado, o exercício dificilmente terá resultado para a perda de peso com uma dieta muito calórica. Por outro lado, a falta de energia dificultará a progressão dos exercícios e impedirá o ganho adequado de massa muscular.

Vale aqui considerar que a alimentação, além de fornecer os nutrientes necessários, também deve respeitar os horários de prática do exercício, especialmente em relação à alimentação pré-treino e a Alimentação pós-treino.

Além do valor energético das alimentações, é preciso que se tenha cuidado com os micronutrientes (vitaminas e minerais). 

Eles são importantes para o funcionamento dos diferentes órgãos e sistemas do corpo, o que tem impacto tanto na saúde geral como no resultado esperado com a prática de exercícios.

O médico do esporte está preparado para interroga-lo sobre seus hábitos alimentares e para orientar eventuais ajustes. Habitualmente, ele trabalhará junto com o nutricionista neste sentido.

Discutimos mais sobre todos estes fatores em nossa página sobre a Nutrição Esportiva.

Avaliação do peso e composição corporal

Como discutido acima, grande parte das pessoas procuram a prática de exercício com o objetivo de perda de massa gorda e ganho de massa muscular.

Neste sentido, a avaliação da composição corporal se mostra mais importante do que o controle de peso. 

Como exemplo, uma pessoa que tem uma perda de 3kg de peso corporal pode ter perdido 5kg de gordura e ganhado 2Kg de musculatura, como pode ter perdido 2kg de gordura e 1kg de massa muscular. 

Ainda que a avaliação pontual da composição corporal tenha valor limitado para a avaliação, as variações observadas por meio da mensuração seriada são bastante importantes para o acompanhamento de dietas e programas de exercício físico.

Avaliação da rotina de sono

A insônia é um problema bastante comum na população e que pode ter impacto no resultado de dietas e de programas de atividade física.

Sempre que nos exercitamos, o corpo sofre um desgaste. Em outras palavras, isso significa que ele fica mais fraco e mais frágil. A maior parte do ganho observado com a atividade física ocorre justamente enquanto estamos dormindo. 

Sem um bom sono, a recuperação de um treino é incompleta, o equilíbrio hormonal fica comprometido bem como a disposição para se exercitar novamente no dia seguinte. Além disso, a uma tendência de quem tem problemas com o sono de se alimentar mais e pior.

O médico do esporte poderá orientá-lo sobre diversas medidas que podem contribuir para melhorar sua qualidade de sono, sem a necessidade de medicamentos. 

Os medicamentos podem ser usados por curto prazo em situações específicas, quando as medidas não medicamentosas não forem suficientes. Muitos solicitarão a avaliação do Médico especialista em sono nestes casos.

Exames laboratoriais

Exames laboratoriais de rotina servem para avaliar o equilíbrio fisiológico dos diversos órgãos e sistemas do corpo, avaliação do status nutricional e para o rastreamento de diversas condições de saúde, incluindo câncer, doenças hepáticas e renais, equilíbrio hormonal e outros que podem ser solicitados de acordo com problemas individuais de cada pessoa.

Os exames de rotina servem tanto para rastrear estes problemas antes do aparecimento de sinais e sintomas como para a avaliar problemas já identificados ou suspeitos a partir da história clínica.