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Avaliação Médica de Rotina do Idoso

Como é feita a Avaliação Médica de Rotina do Idoso?

A Avaliação Médica de Rotina do Idoso deve englobar ao menos quatro aspectos que impactam a saúde destes pacientes (1).

São elas:

  • Capacidade funcional;
  • Condições médicas;
  • Funcionalidade social;
  • Saúde mental

O objetivo da avaliação é de detectar fatores relacionados à incapacitação e fazer o planejamento terapêutico e de reabilitação com foco não só no diagnóstico e tratamento de doenças específicas, mas principalmente na manutenção e recuperação da capacidade funcional.

Avaliação funcional

O objetivo final do tratamento do idoso, em última análise, é justamente a melhora da capacidade funcional. 

Isso engloba desde uma melhora na velocidade de caminhada e melhora do equilíbrio até a capacidade de realização de atividades físicas e esportivas específicas.

A capacidade funcional é influenciada pelas condições da musculatura e das articulações, pela capacidade cardiopulmonar, pelo controle neuromotor e pelo bom funcionamento de praticamente qualquer órgão ou tecido do corpo.

Por isso tudo, ela é considerada o melhor fator prognóstico tanto de qualidade de vida como de sobrevida para o idoso (2).

Um idoso cardiopata capaz de impor uma boa velocidade de caminhada apresenta um prognóstico de sobrevida maior do que outro sem doença cardiovascular conhecida, mas com uma velocidade de caminhada significativamente mais lenta. 

Da mesma forma, um idoso obeso, mas que consegue manter uma rotina ativa, tende a ter uma sobrevida maior do que um idoso magro, mas com rotina bastante restrita.

Existem diferentes testes descritos para a avaliação da capacidade funcional do idoso, a depender das condições clínicas e dos objetivos individuais. Entre eles, incluem-se o teste ergométrico ou ergoespirométrico, o Teste de Caminhada de 10 metros e o Teste de Caminhada de 6 minutos.

Avaliação da saúde mental

Aposentadoria, sensação de fadiga, luto pela perda do companheiro ou de pessoas próximas, isolamento social, doenças crônicas, limitações decorrentes de ter que cuidar de alguém, insônia e abuso de substâncias são apenas alguns dos fatores que contribuem para a deterioração da Saúde Mental do Idoso.

Os problemas de saúde mental não devem ser vistos como uma parte inevitável do envelhecimento. A maioria dos idosos, inclusive, não vêm a desenvolver problemas de saúde mental.

A depressão maior acomete entre 1 e 5% dos idosos vivendo em comunidade, 13,5% daqueles que necessitam de cuidados de saúde domiciliares e 11,5% dos idosos hospitalizados (3).

Já a demência é vista em 5 a 20% dos idosos brasileiros (4)

Problemas de saúde mental estão associados a perda de qualidade de vida e deterioração da saúde no idoso. Uma vez identificados, o tratamento pode ser bastante efetivo para a melhora clínica.

Avaliação de condições médicas específicas

As pessoas idosas apresentam, em média, seis distúrbios diagnosticáveis. Entretanto, é comum que alguns deles sejam desconhecidos.

Um dos motivos para o subdiagnóstico é que sinais e sintomas que são prontamente investigados nos pacientes mais jovens são erroneamente interpretados como uma parte normal do envelhecimento, quando observados em idosos.

Demência, Depressão, deficiência auditiva, dependência química (incluindo alcoolismo, tabagismo, medicamentos e outros), perda de massa muscular (sarcopenia) e deficiências nutricionais são apenas alguns destes problemas subdiagnosticados.

Com isso, é comum que se perca a oportunidade de oferecer terapias que possam ser bastante eficazes para a melhora sintomática ou para se evitar a progressão da doença.

Avaliação da qualidade do sono

A qualidade do nosso sono muitas vezes se deteriora à medida que envelhecemos. As pessoas tendem a dormir menos e são propensas a acordarem no meio da noite.

Estima-se que entre 12 e 20% dos idosos sofram com a insônia (5).

Diferentes motivos justificam uma maior incidência de insônia entre idosos, incluindo:

  • Maior incidência de condições médicas e psiquiátricas que podem provocar a insônia;
  • Maior incidência de outros distúrbios do sono, como distúrbios respiratórios do sono ou síndrome das pernas inquietas. 
  • Desregulação dos hormônios que regulam os períodos de sono e vigília;
  • Uso de certos medicamentos que apresentam a insônia como efeito colateral.

Avaliação cardiovascular

O avanço da idade é um dos principais fatores de risco para a maior parte das doenças cardiovasculares.

Isso faz delas as doenças mais comumente relatadas entre idosos (6):

  • 62% dos homens e 67% das mulheres declaram ter hipertensão;
  • 23% dos homens e 37% das mulheres declaram ter colesterol alto. 

Além disso, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 34% das mortes em homens e por 35% das mortes em mulheres. 

As principais causas de morte por doenças cardiovasculares estão mostradas na tabela abaixo (7).

Homem (%) Mulher (%)
Infarto Agudo do Miocárdio 26,0 21,4
Acidente Vascular Cerebral 13,7 13,7
Insuficiência cardíaca 8,2 9,4
outros 52 55,5

 

Por fim, é preciso considerar que as complicações das doenças cardiovasculares, incluindo o Infarto Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral, estão entre as principais causas de incapacitação entre os idosos.

Assim, pacientes idosos independentes e com longa expectativa de vida devem ser tratados de forma abrangente, com foco tanto na prevenção como na intervenção.

Por outro lado, o Idoso frágil requer uma avaliação quanto a prioridades individuais, bem como uma avaliação do risco-benefício de decisões terapêuticas específicas.

Avaliação auditiva

A Deficiência Auditiva no Idoso acomete 50% daqueles com mais de 60 anos e em dois a cada três pessoas com mais de 70 anos(7). 

Ela está relacionada a diversas condições comuns à população geriátrica, incluindo demência, comprometimento e declínio cognitivo, depressão, perda da função física, menor engajamento social e maior utilização de serviços de saúde (8, 9, 10).

Aparelhos auditivos são usados por 4,3% das pessoas entre 50 e 59 ano e por 22,1% das pessoas com 80 anos ou mais nos Estados Unidos (11).

Estes números são considerados baixos, dado o grande número de idosos com problemas auditivos.

Eles representam apenas 1 em cada 7 idosos com indicação de uso. Entre pessoas de 50 a 59 anos, o problema é ainda maior, com apenas 1 para cada 20 pessoas com potencial benefício dos aparelhos auditivos de fato fazem uso do mesmo (12).

Avaliação nutricional

A desnutrição no idoso é um problema comum relacionado à deficiência de proteína e energia. Ela pode ou não estar associada à deficiência de micronutrientes (vitaminas e minerais). 

A desnutrição é vista em:

  • Mais de 10% dos idosos na comunidade (13);
  • 10 a 50% dos idosos internados por uma condição aguda;
  • Até 70% dos idosos institucionalizados (14, 15). 

A desnutrição pode ser tanto causa como consequência de diversos problemas de saúde comuns à população idosa.

Ela pode ser tratada por meio de ajustes na rotina alimentar e, eventualmente, uso de suplementos alimentares.

Avaliação musculoesquelética

O idoso é frequentemente acometido pela artrose no joelho ou Artrose no Quadril, uma doença caracterizada pelo desgaste das articulações.

Além disso, perda de mobilidade, força e equilíbrio são comuns e podem piorar a capacidade funcional e a dor decorrente da artrose.

A Sarcopenia é uma condição comum associada à fragilidade do idoso. Ela é definida como uma síndrome que deve englobar perda de massa muscular, perda de força e perda de função da musculatura.

Rastreamento do câncer

O câncer e as doenças cardiovasculares são as principais causas de mortalidade entre idosos.

O Rastreamento de câncer com o objetivo da identificação precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. 

O exame físico pode ajudar a identificar alguns tipos de cânceres, incluindo o câncer de mama e o câncer de próstata.

A pesquisa de marcadores tumorais por meio de exame de sangue deve ser considerada caso a caso, a depender de eventuais fatores de risco.

Polimedicação

Como regra geral, podemos considerar a polimedicação como sendo o uso de cinco ou mais medicamentos. Já a hiperpolimedicação pode ser definida como o uso de 10 ou mais medicamentos de forma simultânea.

Estudos mostam que 21% da população europeia com duas doenças crónicas tomam entre 4 e 9 medicamentos diariamente e 10 % da população europeia toma mais de 10 medicamentos por dia (16).

Diferentes estudos com idosos em uso de polimedicação encontraram uso de medicações classificadas como inapropriadas em aproximadamente 40 a 50% dos participantes (17, 18).