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Ansiedade na Adolescência

Ansiedade na Adolescência

Infelizmente, a ansiedade na adolescência é a realidade de milhares de adolescentes em todo o mundo. As causas, que são multifatoriais e envolvem-se com questões fisiológicas, psicológicas, ambientais e sociais, podem ocasionar diversos tipos de ansiedade, como por exemplo:

  • Ansiedade de separação;
  • Fobia social;
  • Transtorno de ansiedade generalizada;
  • Transtorno de pânico.Cada quadro pode apresentar as suas singularidades, porém, todos abrangem alguns sintomas em comum, como medo excessivo com relação a um gatilho, sensação de perder o controle e sintomas psicossomáticos (como cefaleia, dor de barriga, diarréia, etc.).
    Pensar sobre esses quadros é importante para que possamos oferecer suporte aos nossos jovens. Por isso, convidamos você para acompanhar este texto até o fim e saber mais sobre a temática.

Definindo a ansiedade

Antes de qualquer coisa, é importante termos em mente que não existe forma de extinguir a ansiedade de nossas vidas. Isso porque ela tem um papel importante na manutenção do nosso bem-estar e, inclusive, da nossa vida!
Afinal, a ansiedade nos ajuda a nos prepararmos para momentos importantes, bem como oferece um “olhar mais cuidadoso” para situações que possam colocar a nossa saúde, integridade, moralidade ou reputação em risco.
Portanto, compreender que a ansiedade fará parte de nossas vidas é algo que pode mudar a perspectiva como a enxergamos. Aprender a lidar com a presença da ansiedade é um caminho interessantíssimo!
Por isso, sempre que conversar com o seu filho adolescente sobre os momentos em que ele sente ansiedade, deixe-o entender que ela faz parte da vida de qualquer ser humano, e converse sobre a função desse sentimento.
No entanto, em casos extremos, nos quais a ansiedade impede que o adolescente cumpra as suas demandas escolares, por exemplo, a busca por ajuda é necessária.

Sintomas da ansiedade na adolescência

Os sintomas da ansiedade na adolescência podem ser percebido pelos pais e educadores, uma vez que representam um conjunto de sinais bastante característico, que pode incluir sintomas como:

  1. Medo excessivo com relação a um gatilho: O gatilho pode ser variável: medo de interagir com outras pessoas; medo de apresentar um trabalho; medo de perder o controle sobre algo; etc. O jovem apresenta uma resposta de medo que costuma ser desproporcional à situação.
  2. Tremor nas pernas: O medo pode servir de gatilho para o tremor nas pernas, que aumenta a insegurança e a angústia do adolescente.
  3. Sudorese e batimentos acelerados: A sudorese e os batimentos acelerados também são decorrentes dos desequilíbrios emocionais, que podem promover sensações de “nervosismo” diante de diversas situações.
  4. Medo de perder o controle: O medo de perder o controle pode aparecer. Por exemplo, o adolescente pode ter medo de perder o controle do próprio corpo ou da própria mente, inclusive medo de enlouquecer diante dos sintomas.
  5. Falta de ar ou sensação de fôlego curto: A falta de ar aparece em forma de hiperventilação, atrapalhando a fala e o bem-estar do adolescente. Em alguns casos, essa falta de ar pode desencadear o medo de morrer.
  6. Náuseas e diarréia: Diante dos gatilhos que causam ansiedade, o adolescente pode ter náuseas, vômitos e até mesmo diarréia.
  7. Tontura e desmaio: A tontura também pode aparecer diante das situações ansiosas, provocando, em alguns casos, quadros de desmaio.
  8. Dores musculares e cefaléia: As dores musculares e a cefaléia podem ser sintomas psicossomáticos decorrentes da grande tensão que o indivíduo vive diante de um quadro de ansiedade.

A recorrência e a intensidade dos sintomas podem variar de acordo com o histórico clínico do indivíduo, bem como outras questões circunstanciais e subjetivas.

Tipos de transtornos de ansiedade na adolescência

Como vimos no início deste conteúdo, existem alguns tipos de transtornos de ansiedade que podem acometer a saúde e o bem-estar do indivíduo. Abaixo fizemos uma breve descrição dos principais transtornos e quadros clínicos:

Ansiedade de separação
O transtorno de ansiedade de separação pode ser compreendido como um quadro clínico no qual o adolescente sente uma extrema ansiedade ao se separar das suas figuras de vinculação.
Essas figuras podem ser os pais, bem como podem ser os avós, irmãos, tios ou outros cuidadores/familiares.
O adolescente sente um temor intenso em ficar longe de casa e/ou dos pais, resultando em prejuízos sociais e em prejuízos para o desenvolvimento escolar.

Fobia social
A fobia social pode ser compreendida como o medo excessivo e desproporcional de estar próximo de pessoas desconhecidas e/ou em um ambiente público, com circulação de outros indivíduos.
O adolescente pode tentar se isolar em casa, temendo qualquer local que possa ter uma quantidade maior de pessoas.

Transtorno de ansiedade generalizada
O transtorno de ansiedade generalizada diz respeito a um transtorno no qual o adolescente não tem uma única causa para as suas crises de ansiedade. Isto é, as crises podem aparecer diante de diversos eventos diferentes.
Por exemplo, hoje o adolescente pode ter uma crise de ansiedade relacionada a uma prova importante, e em outro dia ele pode ter uma crise semelhante pelo fato de ter que se afastar da família.

Transtorno de pânico
No transtorno de pânico o adolescente costuma apresentar sintomas físicos intensos, como sudorese, palpitação, tontura e até desmaio. Normalmente, apresenta em seu discurso um medo profundo de morrer ou ter alguma doença grave.
As crises podem acontecer periodicamente, prejudicando a convivência social e as atividades cotidianas do adolescente.

Quais as causas da ansiedade na adolescência?

Como vimos no início deste conteúdo, as causas podem ser multifatoriais, uma vez que muitas questões de ansiedade surgem da combinação de fatores fisiológicos, psicológicos e até mesmo sociais.

Portanto, não existe uma única causa para esses quadros, e cada indivíduo pode atravessar o transtorno de ansiedade de uma forma diferente. Por isso, o acompanhamento psicológico e psiquiátrico deve sempre partir de um tratamento singular e subjetivo.

Quais os tratamentos para ansiedade na adolescência?

Os tratamentos para ansiedade na adolescência consistem no acompanhamento psicoterapêutico, medicação em casos específicos (e prescritos pelo médico), bem como na orientação de mudanças de hábitos que aumentem a qualidade de vida do indivíduo. Abaixo descrevemos com mais detalhes:

1. Psicoterapia
Na psicoterapia o adolescente poderá conversar e desabafar sobre as suas questões internas, seus medos, angústias e, claro, suas sensações de ansiedade.
Os gatilhos das crises poderão ser trabalhados em consultório, visando a dessensibilização em muitos casos, bem como a compreensão mais profunda das causas de determinadas crises.
O adolescente também receberá apoio para trabalhar o seu autoconhecimento e a sua autoestima, sendo estes dois fatores que impactam na nossa maneira de encararmos os desafios da vida.
Além disso, o psicólogo, por meio da psicoeducação, poderá auxiliar o adolescente na hora de este saber um pouco mais sobre mecanismos e exercícios (como de respiração) que podem ajudar a reduzir os sintomas e as crises de ansiedade.

2. Mudanças de hábitos
As mudanças de hábitos também fazem parte do tratamento da ansiedade na adolescência. Afinal, os exercícios físicos, a alimentação, a rotina de sono e de atividades podem impactar diretamente nas emoções e nos sentimentos que construímos ao longo de nossas vidas.
Por exemplo, os exercícios físicos podem auxiliar na liberação de neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar, que provocam relaxamento, mais tranquilidade e aumentam a qualidade de vida.
Ao relaxar após colocar em prática hábitos e atividades positivas, o adolescente, tendencialmente, poderá reduzir os momentos de ansiedade.

3. Acompanhamento psiquiátrico
Em casos mais extremos, o acompanhamento psiquiátrico também é recomendado. Nesse acompanhamento, o médico poderá prescrever medicamentos naturais que auxiliam no equilíbrio emocional e cerebral do sujeito, inibindo os sintomas causados pelos transtornos de ansiedade.
No entanto, jamais se automedique! Sempre consulte um médico antes de iniciar qualquer tratamento medicamentoso.

Como os pais podem auxiliar o adolescente com ansiedade?

Além de investir na psicoterapia e no acompanhamento profissional, os pais também podem incentivar algumas ações que auxiliem o filho adolescente com ansiedade. Veja a seguir:

1. Incentive hábitos saudáveis
O incentivo aos hábitos saudáveis é muito importante. Como vimos anteriormente, os exercícios físicos ajudam a promover sensações de prazer e bem-estar, bem como ajudam a relaxar o corpo e a mente, oferecendo mais qualidade de vida e uma redução na ansiedade.
Sendo assim, considere convidar o seu filho para praticar um esporte, caminhar, correr, fazer academia, ou algo semelhante. Incentive práticas positivas e invista no incentivo de hábitos que possam agregar à qualidade de vida, como a rotina de sono e o consumo de alimentos saudáveis e que ajudam a reduzir a ansiedade.

2. Escute as emoções do seu filho e ajude-o a elaborá-las
Comece a escutar mais as emoções do seu filho. Às vezes, ele sente medo, angústia e têm dúvidas que não consegue responder, o que pode gerar crises de ansiedade.
Sendo assim, converse com ele, escute o que ele tem a dizer e ajude-o a elaborar os medos e as emoções vividas.
Por exemplo, se o seu filho está muito ansioso para uma prova, converse com ele sobre o quanto essa prova é algo que revela apenas uma parte do que ele realmente sabe, e que ela não é a maior prova de sua vida. Ajude-o a entender que a ansiedade é natural e que ela pode ajudá-lo a se preparar melhor.
Também auxilie-o na hora de colocar essas emoções em palavras, pois tudo isso pode ajudá-lo na hora de compreender melhor o que acontece dentro de si.

3. Ajude-o a implementar mudanças gradativas mostrando que não há perigo
Se o seu filho tem fobia social, por exemplo, ajude-o a implementar mudanças gradativas na rotina, sem “forçar a barra”.
Mostre a ele o quanto as situações não oferecem perigo algum, sempre tirando dúvidas e clarificando as ideias que ele pode ter sobre determinado estímulo.
Claro que tudo isso deve ser feito com respeito, e não diminuindo o seu filho para que ele se sinta “incapaz” de enfrentar o medo.
Nenhum medo deve ser diminuído. O que pode ser feito é a desmistificação do gatilho do medo. Mas não devemos apenas dizer “não precisa ter medo”, ou “pare de ser medroso”. Esse tipo de discurso machuca e piora a situação.
O ideal é falar algo como “essa situação costuma acontecer assim e assim, filho, e não costuma causar nenhum tipo de problema”, ou ainda “você já viveu uma situação semelhante e se saiu muito bem, lembra?”. Perceba que esse discurso é mais carinhoso e acolhedor.

4. Não “force” a situação
Não pense que expor o seu filho à situação estressora irá “curá-lo”. Pelo contrário. Essa forçação pode, na verdade, piorar o quadro e tornar as crises mais recorrentes e intensas.
Além disso, o seu filho pode perder a confiança que tem em você, diminuindo a força do vínculo existente entre vocês e abalando ainda mais o emocional do jovem.
Respeite as limitações e o tempo do seu filho. O caminho gradativo, respeitoso e carinhoso é muito mais saudável.

5. Aprenda mais sobre a ansiedade na adolescência
Procure aprender um pouco mais sobre ansiedade na adolescência. Você também pode conversar com um psicólogo para tirar as suas dúvidas, falar sobre as suas aflições frente ao diagnóstico do seu filho, etc.
Assim, torna-se possível compreender um pouco mais sobre a situação, visando oferecer uma atmosfera ainda mais saudável e agradável para o seu filho.
Afinal, o conhecimento pode fazer toda a diferença nessas horas. Invista nisso.

Referências
BRITO, I. Ansiedade e depressão na adolescência. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, [S. l.], v. 27, n. 2, p. 208–14, 2011. DOI: 10.32385/rpmgf.v27i2.10842. Disponível em: https://www.rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/10842. Acesso em: 4 out. 2022.

BATISTA, Marcos Antonio; OLIVEIRA, Sandra Maria da Silva Sales. Sintomas de ansiedade mais comuns em adolescentes. Psic, São Paulo , v. 6, n. 2, p. 43-50, dez. 2005 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-73142005000200006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 04 out. 2022.