Treino de Core
O que é o treino de Core?
Core é uma palavra da língua inglesa que significa “centro” ou “núcleo”.
Assim, o treino de core se refere a exercícios que buscam fortalecer os músculos centrais do corpo, especialmente os abdominais, lombares, pélvicos e do quadril.
Esses músculos são responsáveis por manter a estabilidade e o alinhamento do corpo, além de fornecer uma boa base de apoio para os movimentos de braços e pernas.
O treino de core se tornou parte fundamental de qualquer programa de treinamento e condicionamento. Quando a mobilidade e/ou equilíbrio desses grupos musculares ficam comprometidos, a capacidade de transferir força eficientemente através do tronco para as extremidades é afetada negativamente.
Estabilização da coluna vertebral
Ainda nos anos 1990 Panjabi descreveu o sistema estabilizador da coluna vertebral (1)
Ele é formado por três subsistemas:
Estabilizadores Passivo
Os estabilizadores passivos da coluna vertebral incluem as vértebras, discos intervertebrais e ligamentos intervertebrais, além da caixa torácica.
Quando essas estruturas estão muito tensas, a mobilidade fica comprometida; quando frouxas, elas ocasionam uma instabilidade. Ambas as situações podem ser parcialmente compensadas através do treino de Core.
Estabilizadores ativos
Os estabilizadores ativos da coluna incluem os músculos e tendões que circundam a coluna vertebral e que podem aplicar forças a ela.
O sistema integrado de estabilização da coluna vertebral (ISSS), conforme descrito por Kolar, é composto pela coativação equilibrada de diferentes grupos musculares:
- Músculos flexores cervicais profundos e extensores da coluna vertebral, na região cervical e torácica superior;
- Diafragma, assoalho pélvico e todas as seções do abdominais e extensores da coluna na região torácica inferior e lombar.
O diafragma, o assoalho pélvico e o transverso do abdome regulam a Pressão Intra-abdominal e fornecem estabilidade postural lombopélvica anterior.
Sistema Neural
O sistema neural é formado pelos nervos que controlam a ativação da musculatura ao redor da coluna e pelo sistema nervoso central (SNC).
Ter uma musculatura forte e equilibrada é fundamental para que o sistema estabilizador da coluna funcione adequadamente. No entanto, isso não é suficiente.
As diferentes articulações e grupos musculares do corpo funcionam em unidade, e não de forma isolada. Assim, durante qualquer movimento complexo, os músculos precisam trabalhar de forma coordenada para garantir bons padrões de movimento. Isso é feito pelo sistema neural, que inclui os nervos periféricos e o cérebro.
Ao se realizar um movimento que coloque estresse sobre a coluna vertebral, o diafragma deve ser empurrado para baixo e a musculatura pélvica deve ser contrair, “empurrando” os órgãos abdominais para cima. A Partir disso, a pressão intra-abdominal é controlada pela contração excêntrica dos músculos abdominais.
Como o diafragma controla também a respiração, precisamos prender a respiração para fazer esses exercícios. Isso explica também a importância de se trabalhar a respiração para melhorar a eficiência dos músculos do Core.
Princípios do treino de Core
O treinamento de Core deve abordar todos os sistemas estabilizadores da coluna, incluindo os estabilizadores passivos, ativos e o sistema neural.
Muito se fala nos exercícios para fortalecimento do core, incluindo as pranchas e os abdominais. Ainda que esses exercícios possam e devam ser utilizados no treino de core, isso não é suficiente.
O Treino de Core deve envolver também exercícios que buscam melhorar a qualidade de movimento, de forma que as musculaturas sejam ativadas de forma coordenada e integrada.
Diversos programas de treinamento foram desenvolvidos ou adaptados justamente para treinar essa habilidade. Podemos incluir aqui modalidades como o pilates, o Yoga ou o treino de Estabilização Neuromuscular Dinâmica (DNS), entre outras.
Treino de Core e Dor lombar
Quando o Core não está funcionando adequadamente, o estresse sobre a coluna vertebral aumenta significativamente, aumentando o risco de lesões por sobrecarga. Essas lesões envolvem especialmente os discos intervertebrais.
Além disso, nos pacientes com problemas na coluna já estabelecidos terão mais dor quando os músculos do Core não estiverem funcionando adequadamente.
Por fim, mesmo pessoas com a coluna estruturalmente sem problemas podem desenvolver dor em decorrência da sobrecarga na coluna.
Dores de origem mecânica representam aproximadamente 90% dos casos de dor nas costas. A deficiência de Core tem um papel fundamental no desenvolvimento dessas dores.
Treino de Core e Incontinência urinária
A deficiência da musculatura do core é um dos principais fatores associados à incontinência urinária de esforço.
A estabilização da coluna se inicia com a contração do diafragma, que empurra os órgãos abdominais para baixo.
Como resposta, é esperado que haja uma co-contração da musculatura do assoalho pélvico, empurrando os ógãos abdominais para cima. Quando isso não acontece, a bexiga é “empurrada” para baixo, favorecendo a incontinência urinária.
O treino de Core deve ser considerado como parte do tratamento da Incontinência Urinária de Esforço.