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Traumatismo Cranioencefálico – Abordagem Fonoaudiológica

Trauma Crânioencefálico (TCE)


O trauma crânioencefálico se refere a qualquer agressão, lesão ou impacto na cabeça que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges ou encéfalo (cérebro).

Para ser caracterizado como um trauma, não pode ter a característica de ser degenerativo ou congênito, e sim, provocado por uma força física externa.

O trauma pode também ocorrer a partir de movimentos repentinos produzidos em outras partes do corpo. Nestes casos, o cérebro se comprime, expande, acelera, desacelera ou faz movimentos de rotação dentro do crânio, causando lesões secundárias ao trauma original (em outra parte do corpo).

O Traumatismo Cranioencefálico (TCE) constitui a principal causa de óbitos e sequelas em pacientes com lesão cerebral.

Entre as principais causas incluem-se:

  • Acidentes automobilísticos;
  • Quedas;
  • Assaltos;
  • Agressões;
  • Prática esportiva.

A lesão cerebral pode ser classificada de grau leve, moderado ou grave. Pode também ser focal e difusa e pode ser aberta ou fechada.

Fisiologicamente falando, as incapacidades são temporárias ou permanentes. A principal consequência é a lesão cerebral em decorrência de um edema ou sangramento devido ao trauma, que resulta no aumento da pressão intracraniana, ocasionando sequelas diversas cuja gravidade relaciona se à área atingida.

Sequelas da comunicação e linguagem por trauma crânio-encefálico

Sobre as sequelas do TCE, incluem-se:

Desordens de comunicação, incluindo fala, voz, leitura, escrita, memória ou compreensão.

Desordens de alimentação, como as disfagias.

As alterações de linguagem e/ou fala mais encontradas são a afasia, disartria, disfagia e deficiência da audição. Podem acometer também os aspectos cognitivos.

A afasia é considerada um distúrbio que acomete, principalmente, o hemisfério dominante para a linguagem. As alterações podem variar em grau, limitando a capacidade de um indivíduo de se comunicar de forma eficaz.

O trauma pode acometer todos os elementos da linguagem (fonologia, semântica, morfologia, sintaxe e pragmática), todas as modalidades de comunicação (oral e verbal) e nos modos de input (compreensão) e output (expressão).

A disartria é um grupo de distúrbios motores de fala de origem neurológica. Esta alteração pode comprometer a articulação da fala, ressonância e/ou prosódia. Principalmente devido à irregularidade de força, velocidade, amplitude, firmeza, tom ou precisão do mecanismo de fala.

A disfagia acomete a capacidade do indivíduo de se alimentar e as alterações de voz e audição também podem ser visualizadas.

As questões cognitivas também podem ser afetadas e por este motivo precisam ser avaliadas a memória, a concentração, as funções executivas, o raciocínio, a percepção e coordenação.

Uma vez afetados a audição e o labirinto, poderá haver queixas auditivas periféricas (não estou ouvindo bem) ou centrais (ouço, mas não entendo), assim como queixas de tontura.

Terapia fonoaudiológica no traumatismo cranio-encefálico- tce


O Trauma crânio-encefálico deve ser atendido de forma emergencial em hospitais por médicos plantonistas. Em alguns casos, pode haver a necessidade de internação e entubação.

O processo de cuidado e reabilitação após o TCE é geralmente longo e caracterizado por três fases:

1. Reabilitação aguda no hospital no qual foi atendido logo após o trauma, com o objetivo de garantir a sobrevida da pessoa e evitar maiores complicações;

2. Reabilitação subaguda, ainda durante a internação, visando reduzir os prejuízos do TCE, aumentar a independência física, cognitivo e psicossocial, compensar a deficiência e minimizar o sofrimento; considerando que, quanto antes a intervenção fonoaudiológica, melhor os resultados para o paciente, independente da sua idade.

3. Reabilitação ambulatorial, na fase crônica, que além de dar continuidade aos objetivos estabelecidos na fase subaguda no contexto fora do hospital, tem como foco reintegrar a pessoa na comunidade e manter a qualidade de vida.

A colaboração dos familiares e amigos no tratamento é fundamental, podendo considerar-se a presença destes em algumas sessões, nas quais, dirigidos pelo fonoaudiólogo, podem participar de maneira ativa e trabalhar com os pacientes em casa e ambiente social.

A orientação dos familiares e amigos será especialmente útil em relação aos aspectos da linguagem, como vocabulário, morfossintaxe e pragmática, da fala no caso das disartrias e na alimentação, quando há uma disfagia.

Nos casos mais graves, são trabalhados os aspectos sensoriais, relacionados com o tato, o olfato, a visão, o paladar, o movimento e a audição, por meio de diferentes estímulos sonoros (sinos, instrumentos musicais, música, palmas, vozes familiares, etc.)

A atuação fonoaudiológica, como em todos os pacientes com lesões neurológicas e mais graves, exige a participação de uma equipe multiprofissional de médicos neurologistas, neuropsicólogos, fisioterapeutas e outros reabilitadores, além do fonoaudiólogo.