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Terapia ocupacional na neurologia (TO)

O que é terapia ocupacional?

A Terapia Ocupacional (TO) é uma profissão da área da saúde que estuda e utiliza a atividade humana como recurso terapêutico. Ou seja, identifica as ocupações que as pessoas se envolvem e avaliam capacidades específicas, contextos, habilidades e padrões de desempenho.

A partir disso, ela se utiliza de diferentes recursos com o objetivo de melhorar a funcionalidade do paciente. Isso inclui, por exemplo, recursos para se comunicar, para usar o banheiro, para se vestir, escovar os dentes e assim por diante.

A terapia ocupacional pode ser usada como método para prevenção e tratamento de alterações psicomotoras, cognitivas, afetivas e perceptivas. Tais desordens podem ter origem em doenças adquiridas, genéticas ou traumáticas e interferem tanto no desenvolvimento, quanto na independência dos indivíduos.

Como a terapia ocupacional atua na neurologia?

As doenças neurológicas podem acometer o sistema nervoso central ou periférico. As consequências variam, incluindo a perda de movimentos, déficits sensoriais ou problemas de percepção, cognição e comunicação.

Em todos estes casos, a capacidade de funcionamento e de realização de atividades pode ser comprometidas. Muitos deixam de fazer atividades até então rotineiras, por não conseguirem mais fazê-las ou por não verem mais sentido nisso.

Dessa forma, a terapia ocupacional atua com o foco nas atividades interrompidas ou prejudicadas. Ela busca minimizar incapacidades e desenvolver habilidades para um desempenho ocupacional mais satisfatório.

Algumas intervenções que podem ser sugeridas para o paciente neurológico incluem:

Atividades terapêuticas
A escolha de uma atividade requer o equilíbrio entre as necessidades e os interesses do paciente.
Podem ser recomendadas técnicas de conservação de energia e a adaptação do ambiente, seja a casa ou o trabalho, para que se torne o mais seguro e funcional possível.
Técnicas de conservação de energia são todas aquelas que buscam fazer com que o paciente consiga realizar a mesma tarefa com um menor esforço.
Um programa de exercícios com ênfase na propriocepção e na sensibilidade tátil também pode ser utilizado para colaborar com a funcionalidade.
Dependendo do caso, poderão ser considerados:

  • Atividades Básicas de Vida Diária (banho, troca de roupa, alimentação);
  • Atividades Instrumentais de Vida Diária (gerenciamento da comunicação, manutenção da casa, mobilidade na comunidade);
  • Atividades que favorecem a coordenação motora fina;
  • Atividades artesanais;
  • Atividades que estimulam a memória;
  • Atividades de lazer.

Recursos Assistivos
O terapeuta ocupacional avalia a necessidade, indica e orienta o uso de diferentes formas de recursos assistivos que podem ser necessários para que o paciente com doença neurológica consiga preservar ou melhorar sua capacidade para realizar as atividades, incluindo:

  • Recursos para marcha, como bengala, muletas ou andadores;
  • Cadeira de rodas elétrica ou manual;
  • Órteses para membros inferiores, mãos ou coluna;
  • Cadeiras para banho;
  • Adaptação de barras de apoio;
  • Calçados terapêuticos;
  • Recursos tecnológicos, incluindo detectores de quedas, alarmes de emergência pessoal, telefones simplificados, computadores simplificados e outros;
  • Aparelhos auditivos;
  • Adaptações para veículos automotores;
  • Outros.

Adaptações domiciliares
A doença neurológica pode exigir certas adaptações na residência para que o paciente continue conseguindo realizar sua rotina da forma mais independente possível.
Uma pessoa que não é capaz de deambular, por exemplo, pode precisar que tenha tudo o que necessita em um único andar da casa. Alternativamente, poderão ser instaladas as cadeiras elevatórias para escadas.
As adaptações podem variar desde medidas mais simples, como a colocação de barras de apoio ou a troca de moveis, até medidas mais complexas, como a abertura de portas para passagem de cadeiras e rodas, substituição de pequenas escadas por rampas ou a melhora no acesso ao chuveiro.

Como é uma sessão de terapia ocupacional?

A avaliação terapêutica ocupacional é individual e são analisados aspectos como força muscular, tônus muscular, aspectos cognitivos, sensibilidade e atividades de vida diária.

O acompanhamento pode ser iniciado ainda em ambiente hospitalar, durante a internação. Nessa fase, são criadas estratégias para tarefas como mudanças de posição, higiene e autocuidado.

O tratamento após a alta hospitalar pode ser realizado em clínicas, consultórios e em domicílio.

As intervenções da terapia ocupacional podem ser feitas de forma individual ou em grupo. A opção por cada abordagem e a dimensão do grupo de pacientes dependerá de cada caso e dos seus objetivos.

Para quem está indicada a terapia ocupacional na neurologia?

A terapia ocupacional pode ser indicada após eventos neurológicos agudos, condições crônicas, pós-operatórios ou doenças neurodegenerativas.
Algumas das principais indicações incluem:

Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Pessoas que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC) podem apresentar deficiências motoras, como a perda total ou parcial do movimento de um lado do corpo. Isso significa que tarefas como abotoar uma blusa ou segurar um copo podem estar comprometidas, por desordens no tônus muscular.
Também podem sofrer perdas sensitivas (sensibilidade), de linguagem e psico-afetivas. Isto é, as sequelas dependem da extensão e da localização do dano cerebral, podendo ser muito diferentes de paciente para paciente.
O terapeuta ocupacional atua dentro de uma equipe multidisciplinar com a finalidade de treinar o indivíduo para retornar à vida, da forma mais independente quanto possível. Os cuidados envolvem técnicas próprias para as atividades de vida diária, bem como o trabalho, o lazer e a participação social.

Síndrome pós Covid
Existem alguns sintomas persistentes relacionados à Covid-19. É a chamada síndrome pós-Covid-19 ou covid longa.
Os efeitos a longo prazo, além das queixas respiratórias, englobam a fadiga, disfunções na mobilidade, alterações cognitivas (como memória e atenção) e limitações na execução das atividades de vida diária.
Assim, o foco da terapia ocupacional nesses casos é a capacidade funcional que o indivíduo ainda possui e o estímulo às habilidades comprometidas pela doença.

Doenças neurodegenerativas
As doenças neurodegenerativas são condições que levam a uma perda progressiva da função neurológica. São alguns exemplos a esclerose múltipla (EM), a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e a doença de Alzheimer.
Conforme o desenvolvimento da doença, o desempenho ocupacional dos pacientes pode diminuir. É provável que necessitem de ajuda para realizar tarefas ou percam papéis ocupacionais, seja no trabalho ou interações sociais.
O objetivo da terapia ocupacional é manter a autonomia, por meio da prevenção e da facilitação às novas formas de desempenhar as tarefas. Isto é, conservar a energia e utilizar equipamentos assistivos fazem parte do tratamento.