Suplementos Alimentares

Os suplementos alimentares são compostos produzidos em laboratório com a finalidade de complementar a alimentação, quando esta não for suficiente para suprir todas as necessidades de um indivíduo.

Os suplementos não se destinam a substituir totalmente os alimentos. Eles não podem replicar todos os nutrientes e todos os benefícios de alimentos integrais, como frutas e vegetais.

A alimentação regular oferece uma série de benefícios em relação aos suplementos alimentares:

• Mais nutritivos: os alimentos integrais contêm uma variedade de micronutrientes que são fundamentais para o corpo e que não estão presentes nos suplementos;
• Fibras alimentares: os alimentos integrais são a principal fonte de fibras alimentares. Elas são fundamentais para a saúde gastrointestinal e para um menor risco de diabetes tipo 2, câncer colorretal, derrame e doenças cardíacas;
• Substâncias protetoras: os alimentos integrais contêm antioxidantes, substâncias que retardam o processo natural de danos às células e tecidos.

A suplementação alimentar deve ser considerada sempre que uma pessoa não for capaz de suprir todas as suas demandas nutricionais apenas com a alimentação regular.

Como o próprio nome diz, ela deve sempre ser vista como uma suplementação e não como uma substituição à alimentação regular.

Entre as principais indicações para a Suplementação alimentar, incluem-se:

• Atletas;
• Gestação e amamentação;
• Idosos;
• Dietas restritivas (especialmente vegetarianos e veganos)
• Cirurgia do aparelho digestivo (especialmente a cirurgia bariátrica)

A maioria das pessoas, incluindo atletas, são capazes de suprir todas as suas demandas nutricionais por meio de uma alimentação equilibrada.

A demanda energética e de nutrientes pelos atletas é bastante elevada, o que aumenta o risco de deficiências nutricionais. 

Entretanto, muitos atletas, mesmo no nível olímpico, são capazes de manter suas necessidades nutricionais sem qualquer forma de suplemento. 

Quando este é o caso, não haverá nenhum benefício esportivo em se consumir uma dose extra de qualquer nutriente.

Em algumas situações, a alimentação regular pode ser pouco prática. Isso inclui, por exemplo:

Atletas de ultra-resistência que precisam de um aporte energético diário total excessivamente elevado;

Atletas no pós-treino que não terão condições de realizar uma refeição completa após o treino, lembrando-se da importância da alimentação pós-treino.

Nestes casos, o suplemento pode ser uma comodidade e deve ser considerada, mas de fato não é uma necessidade.

Discutimos mais a respeito em um artigo específico sobre Suplementos Alimentares para o atleta.

Os dois suplementos nutricionais mais importantes para a gestante são o ácido fólico e a vitamina D1. 

O ácido fólico, inclusive, é recomendado ainda antes da gravidez, no momento em que a mulher decide engravidar. Ele ajuda a prevenir defeitos do tubo neural, como a espinha bífida. Mas, para isso, precisa estar presente em níveis adequados bem no início da gestação, antes de muitas mulheres descobrirem que estão grávidas.

Já a vitamina D é necessária para um crescimento ósseo saudável. A necessidade deste mineral aumenta em 50% durante a gestação e a amamentação, de forma que a suplementação costuma ser recomendada.

Outros suplementos que podem ser indicados para a gestante incluem:

• Ômega 3: ajuda no desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso do bebê. Além disso ele contribui para um coração saudável;
• Ferro: necessário para suportar o aumento do volume sangüíneo e reduzir o risco de anemia por deficiência do nutriente;
• Vitamina B12: ajuda o corpo a processar o ácido fólico e está envolvido na liberação de energia dos alimentos e na produção de glóbulos vermelhos.

Diferentes fatores contribuem para um maior risco de deficiência nutricional no idoso, incluindo:

• Menor consumo de alimento, em decorrência da redução do apetite, digestão mais lenta, dificuldade para engolir e problemas dentários, entre outros;
• Perda da capacidade pelo organismo de produzir e processar diversas substâncias na quantidade que o corpo precisa. Isso ocorre em função de um funcionamento gastrointestinal mais lento e comprometido; 
• Interação negativa de diversos medicamentos tipicamente usados pelos idosos com a função gastrointestinal.

Isso não significa que todo idoso precisa de suplemento alimentar. A indicação é geralmente feita quando o consumo é menor que 70% das recomendações diárias via alimentação.

O Instituto de Medicina dos EUA e o Food and Nutrition Board recomendam suplementação de B12 em todos os indivíduos (que comem ou não carne) acima dos 50 anos de idade, pois 10 a 30% desses indivíduos apresentam dificuldade de extrair a vitamina do alimento.

Existem diferentes vertentes do vegetarianismo. Nenhuma deles usa a carne como alimento. Entretanto, algumas restringem também o ovo, o leite e seus derivados.

Dependendo do tipo de vegetarianismo adotado, a probabilidade de precisar de suplementação será maior ou menor.

A única necessidade absoluta de suplementação é a Vitamina B12 no vegetariano com restrição também para ovos, leite e derivados.

Entretanto, o risco de deficiência de ômega 3 e 6, vitamina D, Cálcio, Ferro e Zinco também é mais comum entre vegetarianos. Assim, os níveis destas vitaminais e minerais devem ser monitorados regularmente, com suplementação quanto necessário.

Especialmente no caso do atleta, a suplementação de proteína pode ser recomendada. Ainda que a proteína possa ser obtida com o consumo exclusivo de alimentos reais, a maior demanda de macronutrientes por estes indivíduos torna isso mais difícil. 

Existem, inclusive, diversas opções de suplementação de proteína vegetal disponíveis no mercado.

As cirurgias do aparelho digestivo, incluindo a cirurgia bariátrica, pode levar a uma maior dificuldade ou mesmo à incapacidade de absorver determinadas vitaminas e minerais. Isso é válido especialmente no caso do Bypass gástrico.

Estas deficiências precisarão ser supridas por meio da suplementação alimentar. Em alguns casos, isso precisa ser feito por via intramuscular, já que a absorção do suplemento consumido por boca também será comprometida.

Estas reposições, até prova em contrário, serão por toda a vida.

Discutimos mais a respeito em um artigo sobre a Alimentação pós-cirurgia bariátrica.

Os suplementos alimentares podem ser usados com diferentes objetivos, incluindo:

• Fornecimento de energia e nutrientes
• Ação direta sobre a performance esportiva
• Perda de peso
• Prevenção ou tratamento de deficiências nutricionais
• Melhora da imunidade

O fornecimento de energia para o atleta deve considerar não apenas o valor energético total dos alimentos consumidos ao longo do dia, mas também o momento em que cada nutriente é consumido. 

Isso é válido, no caso do atleta, para a alimentação pré-treino, alimentação pós treino e, dependendo da modalidade, da alimentação durante a atividade física.

 Em algumas situações, pode ser pouco prático para o atleta usar alimentos reais para atender às suas metas de nutrição, devido a dificuldades com a preparação ou armazenamento, horários de treinamento, desconforto intestinal ou pelo alto gasto calórico total ao longo do dia. 

Estes atletas poderão considerar o uso de suplementos de carboidratos (incluindo bebidas esportivas e gels de carboidrato) e suplementos de proteína (Whey Protein) e aminoácidos (BCAA).

A utilização de suplementos de proteína e macronutrientes também pode ser considerada no idoso, em pessoas submetidas a cirurgia bariátrica e outras pessoas que estejam se recuperando de uma condição com deficiência energética significiativa, como a anorexia e outros trasntornos alimentares.

Substâncias termogênicas, especialmente a cafeína, outros alimentos com grande quantidade de cafeína (como o chá verde e o Guaraná) e a capsaicina, presente na pimenta, gengibre e pimentão têm potencial para aumentar o gasto energético basal em até 5%, ajudando com isso as pessoas que buscam a perda de peso.

No entanto, o ganho deve ser considerado marginal, sendo muito menos relevante do que uma adequação alimentar e outras medidas para a perda de peso.

Os atletas apresentam risco aumentado para deficiências nutricionais, devido ao aumento no processo de perda e reposição de muitos nutrientes. 

Estas deficiências podem comprometer a saúde geral, aumentar o risco para doenças e comprometer o rendimento esportivo. 

Entre as deficiências nutricionais mais comuns nos atletas, incluem-se a deficiência de ferro e a deficiência de cálcio e vitamina D. 

Algumas destas deficiências podem se desenvolver de forma assintomática e em alguns casos discute-se se os valores de referência usados para a população em geral também devem ser válidos para os atletas.

A atividade física intensa pode levar a um comprometimento do sistema imunológico do atleta, deixando-o mais vulnerável para infecções. 

Além disso, viagens frequentes, alimentação em locais onde a qualidade do alimento é questionável e convívio próximo com as delegações são outros fatores que aumentam o risco para infecções.

Entre os suplementos que prometem a melhora da imunidade, devemos considerar os probióticos, vitamina C, Vitamina D e Zinco.

Pode parecer contraditório, mas não é incomum que atletas desenvolvam deficiências nutricionais justamente em decorrência do excesso do uso de suplementos alimentares.

Os alimentos reais, especialmente aqueles pouco manipulados e processados, apresentam diversos nutrientes que ajudarão a compor as necessidades individuais de cada pessoa.

Os suplementos alimentares, por outro lado, habitualmente repõem apenas parte destes nutrientes. O atleta deixa de comer os alimentos reais e passa a desenvolver deficiência daqueles nutrientes que não são suplementados.