Pielonefrite Crônica (Nefropatia de Refluxo)
O que é a Pielonefrite Crônica?
Pielonefrite crônica é uma condição na qual se observam danos teciduais permanentes nos rins causados por uma infecção contínua ou recorrente.
Atualmente, o termo que tem sido mais recomendado para se referir a ela é Nefropatia de refluxo, uma vez que o refluxo vesicoureteral é a principal causa e o dano pode acontecer independentemente da infecção.
Ela acontece quase que exclusivamente em pacientes com anormalidades anatômicas significativas no trato urinário. O refluxo de urina infectada da bexiga para os rins é o mecanismo usual.
Outras causas incluem a Uropatia obstrutiva e os cálculos renais.
A pielonefrite está associada à lesão no tecido renal e à substituição do mesmo por um tecido fibrótico, cicatricial.
Como consequência, o paciente pode desenvolver uma Doença renal crônica. Outra complicação é a passagem da bactéria para o sangue e a disseminação da infecção para outros órgãos e tecidos.
A gravidade e o prognóstico da Pielonefrite crônica são bastante variáveis e devem ser avaliados caso a caso.
Alguns pacientes têm pouco problema, apenas com uma infecção renal ocasional e comprometimento leve ou ausente da função renal. Outros precisarão de diálise de longo prazo ou transplante de rim.
O problema acomete especialmente crianças e adultos jovens, sendo que as mulheres são mais acometidas do que os homens. Eventualmente, pode acometer adultos ou mesmo idosos, geralmente em decorrência da Uropatia obstrutiva.
Qual a causa da Pielonefrite crônica?
A pielonefrite crônica acontece quase que exclusivamente pacientes com anormalidades anatômicas significativas no trato urinário.
O refluxo de urina infectada da bexiga para os rins é o mecanismo mais usual. Outra causa comum é a Uropatia obstrutiva.
Refluxo Vesicoureteral
O Refluxo vesicoureteral é uma condição anormal na qual a urina que chega à bexiga retorna novamente para os ureteres e rins.
Normalmente, a urina produzida pelos rins é transportada através dos ureteres até chegar à bexiga, onde fica armazenada. A medida em que a bexiga se enche, o indivíduo tem vontade de urinar e vai ao banheiro.
Um sinal é então enviado a partir do cérebro, levando ao relaxamento do esfíncter que conecta a bexiga à uretra, com a saída da urina da bexiga.
Este é um circuito de mão única, já que cada ureter tem uma válvula unidirecional que permite à urina entrar na bexiga, mas não que ela retorne da bexiga para o ureter.
O refluxo ocorre quando essas válvulas falham, permitindo o refluxo da urina da bexiga para o ureter e de lá para o rim.
O principal problema do refluxo é que ele favorece o transporte de bactérias do trato urinário baixo para os ureteres ou até os rins, podendo levar a quadros repetitivos de Pielonefrite e à Pielonefrite crônica.
Uropatia obstrutiva
A Uropatia obstrutiva se caracteriza por qualquer obstrução ao fluxo da urina, desde os túbulos renais até o meato uretral externo.
Essa condição apresenta distribuição bimodal. Na infância, decorre principalmente de anormalidades congênitas do trato urinário.
A incidência diminui até os 60 anos de idade, quando ela se eleva novamente, em particular nos homens, em razão do aumento da incidência de Hiperplasia Prostática Benigna e do câncer de próstata.
Cálculos renais (“pedra nos rins”) pode ser outra causa para a obstrução, em adultos e idosos.
Um dos problemas da Uropatia obstrutiva é que ela provoca a estase da urina e aumenta a pressão ao longo de todo o trato urinário localizado acima da obstrução.
Com isso, há um aumento no risco para infecções urinárias ou a formação de cálculos.
Diagnóstico
O diagnóstico da Pielonefrite crônica deve ser considerado em todo paciente com infecção urinária recorrente.
Em muitos pacientes, a investigação e o diagnóstico são feitos em um paciente assintomático a partir de achados em exames de imagem feitos em decorrência de problemas ou condições sem qualquer relação com a doença renal, como por exemplo um ultrassom gestacional.
Eventualmente, a pielonefrite crônica apenas será investigada quando o paciente passa a apresentar sinais e sintomas da Insuficiência renal crônica, em uma fase tardia da doença.
Os principais sinais e sintomas que levam a esta investigação são as infecções urinárias de repetição, a presença de cálculo renal (pedra nos rins), a observação de proteinúria em um exame de urina, Hipertensão arterial ou a Insuficiência renal crônica.
Infelizmente, não é incomum que a doença se desenvolva de forma assintomática ou pouco sintomática, sendo diagnosticada apenas quando já existe um dano significativo e definitivo ao tecido renal.
A confirmação diagnóstica é feita ao se observar as alterações características no tecido renal, em um exame de ultrassom ou tomografia computadorizada.
A Uretrocistografia miccional também deve ser solicitada, para avaliar eventual refluxo ou obstrução no trato urinário.
Tratamento
O tratamento da Pielonefrite crônica depende da causa.
A maior parte dos pacientes apresenta o problema em decorrência do Refluxo vesicoureteral na infância, que tende a se resolver espontaneamente em 80% dos pacientes.
A lesão renal já estabelecida irá permanecer, mas deixará de progredir.
Na ausência de complicações mais sérias, tudo o que o paciente precisa fazer é adotar um estilo de vida saudável para os rins e fazer um monitoramento periódico.
O uso prolongado de antibióticos em baixas doses é controverso, uma vez que não existem evidências de que isso diminua o dano aos rins (1).
O tratamento cirúrgico fica reservado para pacientes que mantém o quadro de infecções urinárias contínuas, mesmo com o uso de antibióticos, ou para crianças acima de 5 anos com um grau mais severo de refluxo.
No caso da Uropatia obstrutiva, é mais comum que a cirurgia seja indicada, uma vez que o tratamento sem cirurgia para a desobstrução não tiver indicação ou não tiver o resultado desejado.
Isso pode incluir uma cirurgia de próstata ou a remoção de um cálculo renal, por exemplo.