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Linguagem de Sinais

Linguagem de Sinais


Quando pensamos em comunicação, em geral, as palavras são a primeira coisa a vir à mente. Entretanto, esquecemos que as palavras nem sempre precisam ser oralizadas, isto é, comunicadas pela fala – elas podem ser formadas por meio de símbolos com as mãos.

Nesse sentido, as línguas de sinais são uma ferramenta utilizada pela comunidade surda para se comunicar entre si e com os não-surdos.

Nem todos sabem, mas, assim como não temos uma língua falada oficial mundial, que todos tenham acesso e saibam usar, na língua de sinais é o mesmo! Cada país tem uma ou mais línguas de sinais diferentes! Ou seja, um surdo do Brasil tem dificuldade de se comunicar com um surdo de outro país.

Apesar de haver sinais semelhantes, existem regras ou sinais diferentes. Cada uma dessas línguas, como qualquer língua falada, tem suas próprias regras linguísticas, além de serem estruturalmente diferentes das línguas faladas oralmente.

Portanto, é importante conhecer as variações que existem de uma língua de sinais para outra.

A língua de sinais no brasil


A língua brasileira de sinais (Libras) é a língua de sinais mais utilizada no nosso país. São 2 milhões de pessoas que a utilizam, dentre pessoas surdas, familiares e profissionais. Ela não é universal, como vimos acima.

Ela foi instituída no país por lei, em 2002, que a caracteriza como “a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil”.

A língua de sinais e a surdez

Assim como todas as línguas, as línguas de sinais são extremamente ricas e garantem que pessoas surdas possam se comunicar sobre todos os assuntos. Infelizmente, ainda existe muito preconceito e diversos surdos relatam sentir constrangimento ao usar a LIBRAS em público.

Mesmo entre os profissionais da fonoaudiologia, há os que usam a língua de sinais em seus métodos de reabilitação, e há os que não usam. Entretanto, a conscientização está aumentando!

Cada vez mais pessoas percebem que não existe uma língua superior a outra e que a oralização no surdo pode ser beneficiada com a complementação da língua de sinais.

Da mesma forma, pais de crianças surdas podem optar por ensinar aos filhos a leitura labial e a linguagem de sinais, sem o apoio da oralização, o que acontece com frequência.

A língua de sinais nos vários graus de surdez: leve, moderado, severo e profundo.

Como os graus de surdez são diversos e causam impactos diferentes na vida das pessoas, é bem importante discorrermos sobre isso para compreender o porquê algumas crianças, famílias ou fonoaudiólogos resolvem pelo não uso, ou uso precoce da língua de sinais na reabilitação de seus filhos.

SURDEZ LEVE

As surdezes leves, que se encontram entre 25 e 50 db, acabam causando apenas pequenos atrasos na linguagem, mas a criança consegue adquirir a fala e se integrar na sociedade.

Pode precisar ou não de aparelhos auditivos e de terapia fonoaudiológica. Normalmente acontece em famílias de audição normal, que não possuem contato com outras pessoas surdas e com a língua de sinais e por estes motivos, geralmente, a criança se integrará numa escola regular e manterá seus vínculos com a sociedade que já vive, não aprendendo a LIBRAS.

SURDEZ MODERADA

Na surdez moderada, o prejuízo auditivo é um pouco maior, os limiares de audição se encontram entre 50 e 70 dB. A fala se situa entre 50 a 60 dB, ou seja, esta criança ouve a fala, mas em baixa intensidade, assim como os ruídos do ambiente.

Por este motivo, a criança com surdez moderada terá um desenvolvimento de linguagem mais lento, mas precisará usar aparelhos auditivos e fazer terapia fonoaudiológica, por curto prazo, normalmente até a idade escolar.

Como as respostas das células ciliadas do ouvido à colocação dos aparelhos é bastante satisfatória- normalmente a criança ouve (detecta) e interpreta os sons de forma normal com o uso regular destes- a linguagem também se desenvolve de forma típica, com acompanhamento fonoaudiológico, e a fala e voz da criança possuem leves alterações, muitas vezes, imperceptíveis.

A criança se integra em escola regular, com uma vida típica na sociedade. Geralmente a surdez moderada não ocorre em famílias que possuem surdez profunda e usam língua de sinais e, portanto, a fonoaudióloga costuma usar de estratégias auditivas e de linguagem para que a criança se comunique efetiva e primordialmente pela fala oral.

SURDEZ SEVERA

Na surdez severa, o prejuízo auditivo é grande. Os limiares, entre 70 e 90 dB demonstram que a criança não consegue detectar os sons da fala. Por este motivo, ela não desenvolve a linguagem sem aparelhos e fonoterapia.

É imperativo o uso dos aparelhos de amplificação sonora em todas estas crianças. As células ciliadas estão, em parte, ainda íntegras. Desta forma, se a reabilitação der início antes do segundo ano de vida, preferencialmente antes dos 12 meses, a criança tem chance de aprender a ouvir, ou seja, ela será capaz de interpretar os sons através dos aparelhos auditivos e conseguirá se comunicar através da fala.

A voz pode ter leves alterações, por falta de um feedback auditivo satisfatório. Estas crianças podem nascer de famílias com surdez, pois uma das causas é a hereditariedade. O que facilita o emprego da língua de sinais.

Nos casos que os pais buscam os aparelhos e a terapia após os 2 anos de vida, a linguagem de sinais poderá ser útil, já que se perdeu o melhor período da plasticidade cerebral para a obtenção das melhores respostas na reabilitação.

Ou seja, a linguagem verbal poderá ou não ser a principal forma de comunicação, associada ou não à LIBRAS.

SURDEZ PROFUNDA

Nestes casos, a criança não ouve nem a fala gritada, nem os ruídos fortes, muitas vezes, só ouve sons muito fortes e graves e poderá ter até uma perda total da capacidade de ouvir. Os casos de surdez profunda também são comuns em famílias de surdos que usam a LIBRAS, quando por causa genética.

Nestes casos a linguagem de sinais será aprendida de forma natural. Dependem do entendimento dos pais sobre a surdez, alguns procuram o apoio da fonoaudiologia e outros, não.

Para a aquisição da linguagem oral sem apoio da língua de sinais (há pais que não desejam que os filhos usem a língua dos surdos) o início da reabilitação deve ser antes do primeiro ano de vida. Nestes casos, também está indicado o uso de implantes cocleares, que são substitutos implantados em cirurgia, do órgão da audição que proporcionam às crianças uma capacidade auditiva próxima de uma perda leve/moderada protetizada, e, portanto, um prognóstico auditivo, de linguagem e vida social bastante favoráveis.

Os fonoaudiólogos que defendem as metodologias orais (linguagem oral como principal recurso) vão estimular os pais a fazerem a cirurgia e também a reabilitação auditiva e de linguagem por um tempo, e só vão indicar o aprendizado da LIBRAS, se o prognóstico de desenvolvimento não for favorável para esta criança, após este período de tratamento.

Estas crianças podem se beneficiar com a LIBRAS, diante das dificuldades observadas de aquisição da linguagem oral e assim, obterem melhores respostas.

Abordagens fonoaudiológicas na surdez-terapia fonoaudiológica


Existem vários contextos que vão indicar a melhor decisão em relação a qual abordagem ser utilizada, com ou sem a língua de sinais. Não existe a melhor abordagem, existe o que melhor fará bem a cada criança.

Se existe um bom prognóstico de aprendizado do português oral, ou seja, se a perda auditiva for leve ou moderada como descrito neste texto, e se o diagnóstico e início de reabilitação forem precoces, tudo indica que a criança poderá aprender a língua falada dos pais. Se os pais desejarem, a criança pode aprender a língua de sinais, como segunda língua.

Por outro lado, se a criança nascer numa família de surdos que usam a LIBRAS e entendem que o filho deva aprender prioritariamente, a LIBRAS e não aprender ou aprender secundariamente a linguagem oral, é aos pais facultado a decisão de, por qual caminho seguir e qual abordagem escolher.

ORALISMO


O oralismo visa a capacitação da pessoa com surdez, de preferência, no primeiro ano de vida e com aparelhos auditivos ou implantes cocleares, para utilizar a língua da comunidade ouvinte na modalidade oral como única possibilidade linguística.

Deste modo, busca-se tornar possível o uso da voz e da leitura labial, tanto na vida social, como na escola.

Em alguns casos, como aqueles que iniciam a reabilitação auditiva em idade mais tardia, é recomendado a busca pelas metodologias que se utilizem da LIBRAS como complemento ou como língua primária.

ABORDAGEM BILÍNGUE


O bilinguismo tem como pressuposto básico a necessidade do surdo ser bilíngue. A Língua de Sinais é adotada como a língua materna, mas tendo a linguagem oral utilizada em seu país como segunda língua. Estas duas não devem ser utilizadas simultaneamente para que suas estruturas sejam preservadas.

COMUNICAÇÃO TOTAL


Propõe o uso simultâneo de diversos recursos para a comunicação com os surdos, abrangendo oralização, sinalização e uso de sinais para tentar uma correspondência com a língua oral. Segundo os autores desta teoria, a língua de sinais ou sinais naturais reforçam e facilitam a aquisição da linguagem oral.