Lesões das Cordas Vocais (Nódulos, Pólipos e Cistos)

As lesões das cordas vocais são crescimentos benignos (não cancerosos) que incluem nódulos, pólipos e cistos. Todos podem causar rouquidão e podem estar associados ao uso excessivo da voz ou ao trauma das cordas vocais.

• Nódulos: crescimentos semelhantes a calos. São mais comuns em mulheres entre 20 e 50 anos de idade.
• Pólipos: apresentam coloração avermelhada, devido à maior vascularização. Geralmente são maiores que nódulos e se assemelham a bolhas. 
• Cistos: são crescimentos formados por uma coleção de fluido envoltos por uma estrutura semelhante a um saco. Os cistos se diferem dos nódulos de cordas vocais por ocorrerem geralmente em apenas em uma prega vocal e por não estarem na mesma localização clássica dos nódulos das pregas vocais.

Cordas vocais normais (A); nódulo de corda vocal (B); Pólipo de corda vocal (C); Cisto de corda vocal (D).

As lesões das cordas vocais são mais comuns em pessoas que usam a voz alta no trabalho, incluindo cantores profissionais, professores, treinadores, vendedores e radialistas.

Em um estudo, o abuso vocal foi encontrado em associação ao nódulo de cordas vocais em 68,75% dos casos, ao pólipo de corda vocal em 57,14% dos casos e ao cisto de corda vocal em 40,0% dos casos (1).

Outros fatores que podem contribuir para a ocorrência destas lesões incluem tabagismo, abuso de álcool, sinusite, alergias e hipotireoidismo.

Estas lesões geralmente representam um continuum de mudanças. Inicialmente, as pregas vocais ficam inchadas. Persistindo o uso indevido contínuo, o edema aumenta e os nódulos aumentam e endurecem. Com o tempo eles podem se tornar bastante duros e fibróticos, semelhantes a um calo.

As lesões nas cordas vocais podem resultar em rouquidão, soprosidade, perda de alcance vocal, fadiga vocal ou perda de voz.

A dor também pode estar presente. Ela pode ser sentida de orelha a orelha, no pescoço ou na garganta.

Os pacientes também podem apresentar tosse frequente, pigarro ou fadiga geral.

O diagnóstico é geralmente feito pelo Médico Otorrinolaringologista a partir da combinação de sintomas característicos com os exames de laringoscopia e estroboscopia.

Os nódulos podem ser adequadamente tratados de forma conservadora com terapia de voz e medidas comportamentais sob a orientação de um fonoaudiólogo. A maioria deles responde bem a este tratamento e, neste caso, nada mais precisa ser feito (2).

Por outro lado, o tratamento sem cirurgia pode ser demorado, de forma que alguns pacientes optam por realizar a cirurgia mais precocemente.

A cirurgia é reservada para lesões refratárias ou em situações em que as necessidades vocais não estão sendo atendidas apenas com a terapia fonoaudiológica. 

Pólipos e cistos, por outro lado, normalmente não respondem à terapia de voz e são melhor tratados com uma abordagem cirúrgica (3).

Além disso, outras condições subjacentes que podem afetar a voz, como Refluxo gastroesofágico, alergias respiratórias (Alergia a ácaro, Alergia a animais domésticos, Alergia ao pólen) e Sinusite, também precisam ser tratados.

Algumas medidas comportamentais devem ser adotadas pelo paciente com lesão nas cordas vocais. Estas medidas podem retardar a evolução do problema e reduzir os sintomas, ainda que não sejam suficientes para resolver definitivamente o problema.

Entre elas, incluem-se:

• Parar de fumar e evitar contato próximo com fumantes; 
• Evitar o uso excessivo de álcool e cafeína.
• Beber bastante água. Considerar o uso de um umidificador de ambiente;
• Evitar o abuso da fala. Isso pode incluir, por exemplo, o uso de um microfone;
• Aqueça a voz antes de cantar ou falar por muito tempo.
• Descansar a voz em antecipação a momentos em que abusará mais da voz;
• Evitar cantar ou falar excessivamente durante o curso de uma infecção de vias aéreas superiores.
• Use técnicas de redução de estresse, terapia cognitiva ou ioga para diminuir a tensão muscular.

As lesões nas cordas vocais podem ser removidas cirurgicamente por meio da laringoscopia.

Com o paciente dormindo, um laringoscópio é inserido na boca e um microscópio é usado para ampliar a visão da prega vocal.

Instrumentos especiais são usados ​​para remover o pólipo, cisto ou nódulo.

Após a cirurgia, o paciente é colocado em repouso vocal por um curto período e, em seguida, inicia a terapia de voz com um fonoaudiólogo.