Infecção de Vias Aéreas Superiores no Atleta
O que são as Infecções de Vias Aéreas Superiores?
O trato respiratório superior inclui o nariz, seios nasais, garganta, faringe e laringe.
A infecção destas estruturas muitas vezes coexistem. Ainda que diferentes tipos de infecções apresentem características próprias, elas também compartilham de muitos sintomas e tratamentos em comum.
Quais os tipos de Infecção de Vias Aéreas Superiores?
A forma mais comum de infecção de Vias Aéreas Superiores é a gripe, eventualmente chamada de Rinite Viral. Ela é causada pelo Rinovírus e se caracteriza principalmente pelo corrimento ou obstrução nasal.
Outras formas de infecção das vias aéreas superiores incluem:
- Gripe: Infecção do nariz e garganta pelo Influenza Vírus;
- Epiglotite: infecção da epiglote, a parte superior da traqueia;
- Laringite: infecção da laringe. Tem como principal sintoma a rouquidão;
- Faringite: infecção da faringe. Tem como principal sintoma a dor de garganta;
- Sinusite: infecção dos seios nasais. Tem como principal sintoma a dor na teste e maçãs da face.
Por outro lado, as seguintes condições não devem ser consideradas Infecções de Vias aéreas superiores:
- Bronquiolite
Sintomas da Infecção de Vias Aéreas Superiores
A infecção de vias aéreas superiores pode produzir sintomas como:
- Tosse
- Voz rouca.
- Olhos vermelhos.
- Corrimento nasal
- Dor de garganta.
- Linfonodos inchados (inchaço nas laterais do pescoço).
- Febre
- Fadiga e falta de energia.
Quanto tempo dura uma infecção de Vias Aéreas Superiores?
As infecções respiratórias superiores geralmente duram de uma a duas semanas e se resolvem por conta própria, independentemente de qualquer intervenção médica.
Na persistência dos sintomas por mais de duas semanas, é importante que se realize uma avaliação médica para descartar outras condições, como pneumonia ou bronquite.
Infecção de Vias Aéreas Superiores no Atleta
O exercício aeróbico moderado reduz o risco do atleta par a Infecção do Trato Respiratório Superior. Por outro lado, exercícios extenuantes e de alta intensidade podem aumentar o risco (1).
Segundo um estudo norueguês, o risco de Infecção de Vias Aéreas Superiores chega a ser até sete vezes maior (2)
Isso se justifica por três motivos:
Respiração bucal
Durante o exercício intenso, o atleta passa a respirar pela boca ao invés de respirar pelo nariz. O nariz funciona como um filtro, além de aquecer e umidificar o ar que respiramos.
Desta forma, a respiração bucal faz com que uma maior quantidade de partículas nocivas, incluindo vírus e bactérias, entrem pelas vias aéreas.
Além disso, a mucosa do trato respiratório fica ressecada, o que retarda o movimento ciliar, que é um mecanismo importante para eliminar os microorganismo.
Imunodeficiência associada ao exercício
Após um exercício em alta intensidade, é esperado que haja uma queda na contagem de células de defesa do nosso corpo, responsáveis pelo combate imediato aos vírus e bactérias. Isso perdura por 3h a 72h após o exercício, a depender da atividade (3).
Este breve período de imunossupressão resulta em uma “janela imunológica aberta” pela qual um desportista pode ser mais suscetível à infecção.
Outras condições comuns a atletas
A suscetibilidade à infecção é multifatorial. Determinantes como genética, estado nutricional, rápida perda de peso, excesso de treinamento, qualidade do sono, doenças concomitantes, certos medicamentos, tabagismo e consumo de álcool podem contribuir para a suscetibilidade de um indivíduo à infecção.
O atleta é mais susceptível para muitas destas condições, o que pode contribuir para maior risco para infecções.
Treinamento esportivo durante uma infecção
Qualquer atleta com sintomas abaixo do pescoço e/ou sintomas sistêmicos (febre, fadiga, dores musculares, tosse intensa, diarreia/vômito) o atleta deve ficar afastado do treino.
Isso inclui sinais como temperatura >38º C ou frequência cardíaca em repouso >10 batimentos por minuto acima do normal.
Caso o atleta apresente sintomas exclusivamente acima do pescoço (corrimento nasal, congestão nasal, dor de garganta), o treinamento deve ser avaliado caso a caso.
Como regra geral, ele pode começar a treinar com metade da intensidade por 10 minutos. Se os sintomas não piorarem, o treinamento pode continuar conforme tolerado, em intensidade leve a moderada, até 80% de intensidade, mas não em um esforço máximo.
O treinamento modificado pode envolver mais ênfase nas habilidades do que no treinamento aeróbico/resistência.
Prevenção da Infecção de Vias Aéreas Superiores no Atleta
Muitos consideram a Infecção de Vias Aéreas Superiores no atleta um problema secundário. Isso porque, de fato, o atleta tende a resolver a infecção de forma espontânea sem maiores dificuldades e com baixíssimo risco de complicações.
Por outro lado, qualquer atleta sabe a dor que é perder ou ter o rendimento comprometido em uma competição olímpica, em uma final de torneio ou outro jogo importante devido a uma “infecção boba”.
Por isso, algumas medidas devem ser sempre consideradas, especialmente nas vésperas destes eventos, incluindo:
- Evitar festas e eventos com grande aglomeração de pessoas;
- Ter cuidado redobrado com a higiene das mãos antes de se alimentar;
- No caso de contato próximo com uma pessoa infectada, considerar o uso de máscara;
- Tomar anualmente a vacina da gripe (influenza). No caso de equipes, certificar-se de que estão todos vacinados.
Vacina da gripe (Influenza)
A cada ano, aproximadamente 8% da população apresenta uma infecção por Influenza, com duração dos sintomas de aproximadamente 2 semanas (4).
Especialmente no caso de equipes esportivas, que dormem, comem e treinam juntos, um único caso facilmente se espalhar para o resto da equipe.
Nas vésperas de uma competição importante, isso pode ser um desastre, tanto do ponto de vista individual como coletivo.
Assim, ainda que o risco de complicações para a Gripe seja Baixa no atleta, a vacina faz parte, atualmente, das recomendações do Guia de Imunização do Atleta, feito pela Sociedade Brasileira de Imunização e pela Sociedade Brasileira do Esporte e do Exercício.