Pesquisar

Fibromialgia

O que é a Fibromialgia?

Fibromialgia é uma síndrome clínica que tem como principal manifestação a dor no corpo todo, principalmente na musculatura.

O paciente apresenta grande sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura pelo examinador ou por outras pessoas.

Outros sintomas e condições que costumam estar presentes, além da dor, incluem:

  • Fadiga (cansaço);
  • Sono não reparador;
  • Alterações de memória e atenção;
  • Ansiedade;
  • Depressão;
  • Alterações intestinais.

Qual a causa da fibromialgia?

As causas da fibromialgia não são claras.

Ela não é de um distúrbio autoimune nem inflamatório.

Pesquisas atuais sugerem envolvimento do sistema nervoso, particularmente do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).

A doença é mais comum em familiares de outras pessoas acometidas, o que sugere uma influência genética (1).

O estresse emocional também pode desencadear a fibromialgia.

Mais recentemente, a fibromialgia foi descrita como transtorno de amplificação central da dor, o que significa que o volume da sensação de dor no cérebro está muito alto.

A fibromialgia tem sido relacionada a uma sobrecarga sensorial. Isso acontece quando os diferentes sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar) absorvem mais informações do que o cérebro pode processar.

Quando isso acontece, o cérebro entra em um modo de luta, fuga ou congelamento.

O corpo fica mais sensível a novos estímulos, incluindo o estímulo doloroso característico da fibromialgia.

Condições associadas

A fibromialgia está frequentemente associada a outras condições relacionadas à saúde mental, incluindo:

Distúrbios do sono
A má qualidade de sono é um sintoma importante de pacientes com fibromialgia, incluindo dificuldade para adormecer, despertares noturnos e sono não reparador.
Por outro lado, o tempo total de sono não costuma ser afetado ​​(2).
A análise dos eletroencefalogramas indica que os pacientes com fibromialgia demoram mais para adormecer e têm despertares frequentes, sono prolongado no estágio 1 e pouco sono de ondas lentas, o que pode indicar um estado de alerta vigilante durante o sono (3).
A melhora da qualidade do sono nestes pacientes está associada a uma melhora na dor e em outros sintomas da fibromialgia (4). Discutimos a respeito do tratamento da Insônia em um artigo específico.
Uma consequência prática disso tudo é que quem sofre de fibromialgia deve evitar turnos noturnos, o que pode piorar ainda mais a qualidade de sono e a fibromialgia.

Depressão
A Depressão está presente em aproximadamente 20% das pessoas com fibromialgia, índice três vezes maior do que o que é visto na população geral (5).
A depressão pode ser tanto causa como consequência da dor crônica e da fibromialgia. Ela promove a liberação de substâncias neurotransmissoras que causam mais sensibilidade à dor.
O estresse da dor e fadiga da fibromialgia pode causar ansiedade, sedentarismo e isolamento social, que por sua vez aumenta o risco para depressão
Algumas pessoas com fibromialgia e dor crônica podem estar cientes de que estão deprimidas. Outros podem perceber que estão com problemas, mas sem associar isso à depressão.
O tratamento concomitante da depressão é fundamental para o sucesso do tratamento da fibromialgia.

Estresse
O estresse emocional pode afetar a percepção da dor. Isso faz com que pessoas com fibromialgia sejam mais suscetíveis ao estresse do que as pessoas que não têm a doença.
Ao eliminar certos gatilhos que provocam o estresse, pode haver uma melhora significativa da qualidade de vida e dos sintomas da fibromialgia.
Atividades profissionais com alto nível de estresse, incluindo o serviço militar, mercado financeiro e serviços de emergência médica, entre outros, aumentam o risco para a fibromialgia. Para aqueles que já estão com a doença, estas profissões podem dificultar significativamente o tratamento.

Ansiedade
O Transtorno de ansiedade é uma condição de saúde mental no qual uma pessoa desenvolve ansiedade excessiva frente ao que seria esperado em determinadas situações.
Assim como em outras formas de doença mental, o transtorno de ansiedade está relacionado a desequilíbrios químicos no cérebro combinado a fatores genéticos e ambientais (um trauma, por exemplo).
Quando uma pessoa tem transtorno de ansiedade, a pessoa fica mais sensível a diferentes sensações físicas. Ela não é a causa direta da fibromialgia, mas pode amplificar os sintomas e tornar a doença mais evidente e perceptível.

Fatores de risco

A Fibromialgia acomete entre 2 e 4% da população, sendo que 90% das pacientes são mulheres (6).

Ela é mais comum em familiares de pessoas com fibromialgia e entre aqueles que sofrem com outras condições de saúde mental, incluindo estresse crônico, depressão, ansiedade e outros.

Pessoas com insônia e pessoas com estilo de vida sedentário são mais vulneráveis a desenvolverem a fibromialgia.

Diagnostico da fibromialgia

A fibromialgia deve ser considerada a partir de uma história clínica e exame físico compatível.

Não existem testes diagnósticos que possam confirmar a doença. No entanto, certos exames podem ser considerados com o objetivo de descartar outro problema de saúde que pode ser confundido com fibromialgia.

Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são:

  • Dor por mais de três meses em todo o corpo.
  • Presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos, de 18 que estão pré-estabelecidos).

Além disso, o diagnóstico da fibromialgia deve ser feito por exclusão. Isso significa que outras condições que possam causar um quadro clínico semelhante devem ser descartadas.
Fibromialgia 1

Diagnóstico diferencial

A Fibromialgia deve ser diferenciada de outras condições que causam dor muscular generalizada, especialmente o Hipotireoidismo e a Polimialgia Reumática.

Estas condições podem ser descartadas por meio de um exame de sangue.

A Fibromialgia também é frequentemente confundida com a Artrite Reumatoide ou com o Lúpus.

Entretanto, as características clínicas destas doenças são diferentes. Enquanto a Fibromiagia causa dor especialmente na musculatura, o Lúpus e a Artrite Reumatoide causam dor nas articulações e tecidos.

Tratamento da Fibromialgia

Nenhum tratamento disponível atualmente é capaz de curar uma pessoa da fibromialgia. Isso não significa que não exista tratamento. O tratamento envolve um conjunto de medicas medicamentosas e não medicamentosas que podem levar a uma melhora substancial nos sintomas e na qualidade de vida.

É importante também entender que a fibromialgia é uma condição que vai muito além da dor muscular profunda e dos pontos sensíveis para dor. Tratar todos os aspectos da doença e especialmente as condições relacionadas de saúde mental são fundamentais para o sucesso do tratamento.

Isso envolve, entre outras coisas:

  • Prática regular de atividade física;
  • Fisioterapia;
  • Psicoterapia;
  • Tratamento de condições associadas, incluindo insônia, depressão, estresse e ansiedade, entre outros.

Atividade Física
A atividade física é o tratamento mais eficaz para a fibromialgia.

Além da melhorar da dor, ela ajuda no controle de sintomas comuns ao paciente com fibromialgia, como insônia e fadiga.

Algumas atividades físicas habitualmente recomendadas incluem:

  • Exercícios aeróbicos, como o ciclismo, caminhadas ou mesmo corrida;
  • Atividades aquáticas, como a natação e a hidroginástica;
  • Pilates;
  • Ioga;
  • Tai chi chuan.

Fisioterapia
A fisioterapia atua no tratamento da fibromialgia promovendo o relaxamento e o aumento da flexibilidade muscular.

Diferentes técnicas podem ser usadas para isso, incluindo a hidroterapia e as diferentes técnicas de fisioterapia manipulativa, como a quiropraxia ou a osteopatia.

A eletroterapia, como o TENS ou biofeedback, podem ser utilizados para reduzir a dor nos pontos dolorosos da fibromialgia e melhorar a circulação sanguínea local.

Psicoterapia
A Psicoterapia é uma parte importante do tratamento da dor de qualquer origem, incluindo a fibromialgia.

O cérebro tem um papel central na sensação de dor. É ele que, de fato, é responsável pela sensação que as pessoas interpretam como dor.

O paciente com fibromialgia habitualmente apresenta outras condições que levam a uma sobrecarga sensorial do cérebro e a uma hipersensibilidade, incluindo:

  • Estresse;
  • Fadiga;
  • Sono não reparador;
  • Alterações de memória e atenção;
  • Ansiedade;
  • Depressão.

Muito do tratamento de todas estas condições envolve uma mudança substancial no estilo de vida e em uma adequação na forma como a pessoa encara certas condições do dia a dia, como a rotina de trabalho, atividades de lazer e de exercício e rotina de casa, entre outras.

Tirar um tempo para relaxar e priorizar a saúde pode ser tudo o que o paciente com fibromialgia precisa para controlar suas dores.

A psicoterapia pode ter um papel importante na identificação e condução dos diferentes problemas de saúde mental e dos fatores estressores que acompanham o paciente com fibromialgia.

Tratamento dos pontos gatilhos

Os ponto-gatilhos de dor são a característica clínica mais importante da fibromialgia. Assim, nada mais lógico do que atacar a doença com tratamentos específicos para o alívio dos pontos gatilhos.

Existem diferentes técnicas para isso, incluindo (7):

  • Massagem
  • Laser
  • Agulhamento a seco
  • Injeção anestésica

Para todas estas terapias, existe algum grau de evidência. Entretanto, elas são capazes apenas de prover um alívio momentâneo da dor.
Isso significa que é fundamental que todas as outras modalidades discutidas neste artigo sejam levadas em consideração, com foco no controle de médio e longo prazo da doença.

Tratamento medicamentoso sistêmico

Medicamentos usados para o tratamento da dor crônica podem ajudar a regular neurotransmissores responsáveis pela sensação dolorosa, incluindo a serotonina e a norepinefrina.

Entre estes medicamentos, incluem-se:

  • Duloxetina (Cymbalta)
  • Amitriptilina;
  • Ciclobenzaprina;
  • Pregabalina

Estes medicamentos podem causar efeitos colaterais importantes, incluindo tonturas, sonolência, inchaço e ganho de peso.

É altamente recomendável evitar o uso prolongado demedicamentos opióides, como o tramadol e a codeína.

Quando usado de forma prolongada, estes medicamentos não são úteis para a maioria das pessoas com fibromialgia. Eles também causarão maior sensibilidade à dor ou farão com que a dor persista.

O uso do tramadol por curto prazo no controle da dor pode ser considerado.

Medicamentos analgésicos como acetaminofeno (Tylenol) ou anti-inflamatórios não esteróides não são eficazes para a dor da fibromialgia.

No entanto, esses medicamentos podem ser úteis para tratar os gatilhos de dor da fibromialgia. Isso inclui pessoas que têm outras causas de dor além da fibromialgia, como a artrose.

Também não é recomendado o uso de medicamentos indutores do sono, como zolpidem ou os benzodiazepínicos.