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Febre no bebê e na criança

Como é definida a febre no bebê e na criança?

Embora a febre seja a queixa principal em grande parte das consultas pediátricas, não existe consenso em como definir a febre. No entanto, a medida de temperatura axilar de 37,5ºC é a medida mais utilizada (1).

Embora pouco utilizada na Brasil, a aferição da temperatura retal é o método mais utilizado na maior parte da Europa e dos Estados Unidos. A justificativa para isso é que ela tem uma melhor correlação com a temperatura central do corpo, que é de fato o que gera preocupação.

Neste caso, é considerada febre uma temperatura retal superior a 38ºC.

Quais as causas da febre no bebê e na criança?

A febre com duração inferior a sete dias é o motivo principal de cerca de 20% das consultas pediátricas de urgência. Na maior parte das vezes, a duração da febre é inferior a 2 dias.

A maior parte destas crianças e bebês têm uma doença infecciosa em curso (1). Doenças virais são as mais comuns, mas doenças bacterianas também precisam ser consideradas.

Em cerca de 80% dos bebês febris, a causa da febre será caracterizada com base na história clínica e avaliação pelo pediatra. Entre elas, as mais comuns incluem:

Outras causas de febre no bebê são a desidratação e o superaquecimento.

O uso excessivo de vestimentas é comum entre muitos bebês. Uma regra geral prática é vestí-lo com uma única camada extra de roupa além do que seria adequado para uma pessoa adulta.

A desidratação pode estar associada a uma mamada insuficiente. Um indício para isso é a redução no volume urinário. É por isso que o pediatra sempre pergunta quantas fraldas molhadas/sujas o bebê usa por dia.

Febre sem foco

Em cerca de 20% dos casos de febre em bebes e crianças, nenhuma causa é encontrada. Estes pacientes são então diagnosticados como Febre sem foco.

A imensa maioria deles são portadoras de uma infecção viral benigna. No entanto, uma menor parte pode ser portadora de uma condição denominada de bacteremia oculta.

Alguns pacientes com bacteremia oculta resolverão espontaneamente essa condição, tornando-se afebris; outros persistirão febris e com bacteremia; e um terceiro grupo evoluirá para uma infecção bacteriana focal (inclusive meningite), quando reavaliado 24-48 horas após a consulta inicial (1).

Sinais e sintomas da febre no bebê

A febre no bebê pode se apresentar de maneiras diferentes.

Alguns podem apresentar sinais de toxemia, incluindo uma aparência doente, toxemiada, infeliz, inconsolável, irritada ou letárgica.

Outros se aparentam bem, sem irritação e brincando e comendo normalmente.

Um dos sinais mais óbvios da febre no bebê é o aumento da temperatura corporal, percebido ao pegá-lo no colo.

No entanto, outros sinais e sintomas também devem ser considerados, de forma que a temperatura deve ser aferida.

Entre eles, incluem-se:

  • Choro e agitação
  • Fadiga excessiva
  • Redução do apetite (bebê que não quer mamar)
  • Tosse ou congestão
  • Babação
  • Ficar segurando a orelha ( devido à infecção de ouvido).

Sinais de alerta da febre no bebê

Em algumas situações, é necessária uma atitude mais rápida dos pais, procurando atendimento imediato com o pediatra particular ou através do pronto socorro de pediatria. Não necessariamente isso significa uma condição grave, mas sim que estas condições de maior gravidade precisam ser descartadas.

Entre elas, incluem-se (1):

  • Bebês abaixo de 3 meses com temperaturas acima de 38º ou abaixo de 35.5º;
  • quando, mesmo após normalizar a temperatura, a criança de qualquer idade se mantiver irritada, com choro persistente ou muito “largada”, mole, apática, com pouca reação, sem querer mamar ou aceitar líquidos;
  • quando a febre for acompanhada de sintomas persistentes como dor de cabeça, pele vermelha, dificuldade de dobrar o pescoço, vômitos que não cessam, confusão mental, irritabilidade extrema ou sonolência, dificuldade importante para respirar.

Tratamento da febre no bebê e na criança

O tratamento da febre no bebê depende da idade, do estado geral e da presença ou não de outros sinais e sintomas.

Uma boa referência é o diagrama abaixo, da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

febre
FONTE DA IMAGEM: Sociedade de Pediatria de São Paulo (1)

Tratamento da febre (0 – 3 meses)

Bebês recém-nascidos, ou seja, com até 28 dias de vida, devem ser sempre internados para a realização exames de sangue e urina, radiografia de tórax e punção liquórica.

A punção liquórica tem por objetivo descartar a meningite. Embora isso represente a minoria dos casos, é fundamental que o exame seja feito, devido aos benefícios do início precoce do tratamento.

Geralmente a associação dos antibióticos ampicilina e cefotaxima é indicada para contemplar estreptococo do grupo B e germes gram-negativos.

Crianças entre 1 e 3 meses de idade também devem ser avaliadas pelo pediatra de imediato, além de realizar os mesmos exames descritos acima. Com base na avaliação clínica e exames, o pediatra decidirá a melhor conduta, que pode ou não envolver a internação.

Tratamento da febre (a partir dos três meses)

A partir dos três meses, poderá ser feito um tratamento doméstico antes de se levar o bebê ou a criança ao pediatra.
Entre elas, incluem-se:

compressas
Fazer compressas frias nas articulações e na testa pode ajudar a baixar a temperatura. No entanto, não se deve exagerar, já que uma queda muito rápida na temperatura pode provocar convulsão febril. Por este mesmo motivo, os banhos gelados também não são recomendados.
Também não se deve realizar compressas de álcool no pescoço, uma vez que o álcool é absorvido pela pele e pode causar intoxicações, além de causar irritação na pele.

Repouso
Não se deve obrigar o filho a dormir a qualquer custo. No entanto, ela não deve também ser forçada a se manter ativa.
Quando a criança fica muito agitada, seu metabolismo aumenta e, consequentemente, a temperatura do corpo também.

Hidratação
O estado febril faz com que a criança transpire mais, levando a uma maior perda de líquidos.
Assim, se o bebê estiver solicitando mais mamadas, ele deve ter sua demanda atendida.
O bebê maior ou a criança devem ser estimuladas a se hidratarem com maior frequência. No entanto, a água deve ser oferecida aos poucos, evitando-se grandes volumes de uma única vez.
Caso a criança esteja urinando pouco, isso é um sinal de desidratação. Isso pode ser verificado pelo número de vezes em que a fralda é trocada e o peso da fralda a cada troca.

Roupas leves
Uma vez que a febre estabilize, é esperada uma sensação de calor. Assim, procure deixa-la confortável, utilizando tecidos mais leves, como o algodão.

Medicamentos antitérmicos
Não existem uma regra única em relação a quando oferecer um medicamento antitérmico para o bebê ou para a criança. Mas, como regra geral, eles devem ser uma segunda opção, quando todas as medidas acima estiverem sendo insuficientes e a criança continuar com febre e sinais de toxemia (mal estar, inapetência, apatia, outros).
Uma criança que persista com a febre, mas que esteja bem, com bom aspecto geral e animada para brincar não precisa ser medicada.

Quando levar o bebê ou criança ao pediatra?

Crianças ou bebês com temperatura superior a 39,5ºC devem ser levadas para avaliação pelo pediatra, para uma melhora investigação.
Além disso, quando a febre não sede apesar das medidas acima ou quando a febre se torna muito recorrente, a avaliação pediátrica também deve ser indicada.
Lembrando-se que estamos falando aqui dos bebês acima dos 3 meses de idade, já que antes disso todo bebê deve ser levado de imediato para atendimento pediátrico.

Convulsão febril

A convulsão febril se refere a uma crise convulsiva que pode acontecer quando uma criança apresenta febre.
Ela geralmente acontece entre os 6 meses e os 6 anos de idade, embora seja mais frequente até os 2 anos.
Ao contrário do que se pensa, não é a febre alta que causa a convulsão febril. O que pode levar a esse quadro é a elevação ou a queda muito rápida da temperatura que faz com que o termostato natural do corpo da criança não tenha tempo adequado para se adaptar e sofra uma “pane”.
Por este motivo, os banhos gelados não devem ser usados para baixar a temperatura da criança.
Discutimos mais sobre o assunto em um artigo específico sobre a convulsão febril.