Distúrbios do Sono em Paciente com Câncer
Distúrbios do Sono em Paciente com Câncer
Distúrbios do sono em paciente com câncer são comuns. Cerca de metade dos pacientes com câncer têm problemas para dormir. Os distúrbios do sono com maior probabilidade de afetar os pacientes com câncer são a insônia e um ciclo sono-vigília anormal.
O que Afeta a Qualidade do Sono em Paciente com Câncer?
O primeiro ponto a se considerar aqui é que os distúrbios do sono são problemas comuns na população em geral.
Muitos pacientes já apresentavam problemas para dormir antes do diagnóstico do câncer e isso não tende a piorar após o diagnóstico da doença.
Diversos fatores podem contribuir para os Distúrbios do sono em paciente com câncer.
O paciente em tratamento por câncer está constantemente preocupado em entender sua doença, sua evolução, seu prognóstico e com a preocupação em relação ao sucesso do tratamento. Isso é ainda mais significativo no paciente com câncer incurável.
Problemas financeiros advindos das dificuldades de manter a rotina de trabalho ou mesmo decorrentes dos custos relacionados ao tratamento são comuns.
Tudo isso pode fazer com que o paciente não consiga relaxar ao se deitar na cama, o que pode comprometer o início do sono.
Problemas de saúde mental, como os Transtorno de Ansiedade e a Depressão, são comuns no paciente com câncer e podem contribuir para a piora do sono.
Outros fatores que podem contribuir para os Distúrbios do sono em paciente com câncer incluem:
- Efeito dos medicamentos para o câncer;
- Alterações físicas provocadas pelo próprio câncer;
- Dor, especialmente a Dor de cabeça;
- Recuperação de cirurgias;
- Internações hospitalares.
Efeitos de Medicamentos para o Câncer
Certos medicamentos usados no tratamento para o câncer podem afetar o sono.
A qualidade do sono de um paciente com câncer pode ser afetada por:
- Terapia hormonal;
- Corticoides;
- Sedativos e tranquilizantes;
- Antidepressivos;
- Anticonvulsivantes.
Alterações Físicas Provocadas pelo Próprio Câncer e Efeitos Colaterais dos Medicamentos
Diversos efeitos podem ser advindos tanto das alterações físicas provocadas pelo câncer como do efeito colaterais de medicamentos. Por este motivo, abordamos estas duas situações de forma conjunta.
Entre estes efeitos, devemos considerar:
- Compressão do tumor na pele ou próximo das articulações, o que pode limitar a mobilidade ou o posicionamento do paciente;
- Problemas gastrointestinais, incluindo náuseas, constipação, diarreia e incapacidade de controlar os intestinos;
- Problemas miccionais, incluindo a irritação, a incontinência urinária ou a necessidade de se levantar para urinar (noctúria);
- Linfedema (pernas inchadas);
- Febre;
- Tosse e outros problemas respiratórios;
- Coceira na pele;
- Sudorese noturno ou ondas de calor.
Como os Distúrbios do Sono Impactam no Tratamento para o Câncer?
O primeiro e mais óbvio impacto de um sono deficiente no paciente com câncer é a piora da qualidade de vida.
O sono não reparador provoca fadiga, estresse, problemas de humor e sonolência diurna. Todos estes sintomas são comuns no paciente com câncer e podem ser potencializados pelas noites mal dormidas.
Outro grave problema associado à deficiência crônica de sono esta relacionado ao sistema imunológico.
O sistema imunológico tem uma função primordial na recuperação do paciente com câncer.
Além disso, a boa qualidade de sono é fundamental para o bom funcionamento do sistema imunológico (1). Em última instância, podemos dizer que a deficiência crônica do sono pode comprometer a recuperação do câncer propriamente dito.
Avaliação do Sono no Paciente com Câncer
A Avaliação do sono no paciente com câncer deve ser avaliada com base nas queixas clínicas e, eventualmente, por meio de achados da polissonografia.
A Polissonografia é um exame não invasivo que é feito enquanto o paciente está dormindo.
Para isso, o paciente passa a noite em um quarto do centro médico. Sensores são colocados delicadamente sobre a pele do paciente com fitas adesivas. Além disso, podem ser feitas gravações em áudio e vídeo, quando necessário.
Os dados coletados pela polissonografia permite diagnosticar diferentes distúrbios de sono, como a insônia, sonolência excessiva, Apneia Obstrutiva do Sono, ronco e comportamentos noturnos, como sonambulismo.
Além disso, é importante identificar por meio da história clínica todos os fatores listados acima que podem estar contribuindo para o desenvolvimento dos distúrbios do sono em paciente com câncer.
Tratamento dos Distúrbios do Sono em Paciente com Câncer
O primeiro passo no tratamento dos distúrbios do sono no paciente com câncer deve ser direcionado para todos os fatores modificáveis que estejam contribuindo para o problema.
Medicamentos ou outras medidas podem ser considerados para o tratamento de problemas gastrointestinais, problemas miccionais, dor ou prurido na pele, por exemplo.
Modificações nos medicamentos específicos para o câncer podem ser considerados em alguns casos.
A Psicoterapia pode ajudar na melhora da saúde mental. Na suspeita de depressão ou transtornos da ansiedade, a avaliação com o Médico Psiquiátra pode ser considerada.
Diversas medidas discutidas abaixo podem ser implementadas para melhorar a higiene do sono. Quando tudo isso estiver sendo insuficiente, o tratamento medicamentoso pode ser considerado.
Medidas Gerais para a Melhora do Sono
O tratamento sem medicamento da insônia envolve um conjunto de medidas que melhoram o que chamamos de “higiene do sono”.
Entre estas medidas, devemos considerar:
Ter horários regulares para dormir
Mudar frequentemente os horários de ir para a cama e acorda confunde o relógio biológico do corpo.
Quando possível, procure dormir sempre no mesmo horário. Isso é válido principalmente aos finais de semana, quando muitas pessoas têm o hábito de dormir mais tarde do que o habitual.
Depois, levam alguns dias para readaptar o corpo para o horário habitual dos dias de trabalho, escola ou faculdade.
Este fenômeno é conhecido como “Jet Lag social”.
Evitar descanso prolongado durante à tarde
Muitas pessoas com insônia, não conseguindo ter um sono reparador durante à noite, adotam o hábito de dormir durante à tarde.
Períodos de descanso de até 30 minutos são considerados adequados. Entretanto, quando o sono se prolonga por mais tempo, isso poderá “confundir” o cérebro, que entende que a pessoa já está entrando no sono noturno (2).
A pessoa se sente mais cansada ao acordar e depois volta a ter dificuldade para dormir à noite.
Melhorar o ambiente do quarto
O corpo precisa diminuir a temperatura para que “embalar” no sono.
Manter a temperatura ambiente elevada faz com que a pessoa demore para diminuir a temperatura do corpo e, quando isso tiver acontecido, ela pode já ter perdido o sono.
Se não for possível ignorar os ruídos ao redor, considere o uso de tampões de ouvido, ventilador ou equipamentos específicos que produza um ruído suave e constante, também chamado de “ruído branco”.
Usar persianas para bloquear a luz externa e certificar-se de que as luzes internas estejam apagadas também pode ajudar.
Melhorar a rotina pré-sono
A luminosidade faz parte do processo que controla os períodos de sono e vigília.
Por isso, cerca de 30 minutos antes de dormir, é importante que a luminosidade e o barulho sejam reduzidos.
Isso inclui aparelhos eletrônicos como computador, celular ou televisão.
Evitar atividades ou conversas que estimulem a atividade mental
Trabalhar até o momento de ir para a cama, conversar sobre problemas profissionais ou familiares e outras atividades do tipo podem fazer com que uma pessoa vá para a cama e continue pensando no que estava fazendo ou conversando.
O ideal é que se realize uma atividade mais relaxante últimos 30 minutos antes de se deitar. Alguns bons exemplos incluem escutar a uma música, ler ou livro, fazer uma palavra cruzada ou montar um quebra-cabeças.
Limitar o consumo de álcool e a cafeína
Tanto o álcool como a cafeína são estimulantes que dificultam o início do sono e devem ser evitados.
Os efeitos da cafeína podem levar de seis a oito horas para passar. Vale lembrar que ela está presente não apenas no café, mas também nos refrigerantes, chás e chocolates.
Já o álcool deve ser evitado por três horas antes de dormir e limitado a uma a duas doses por dia.
Cuidar da alimentação noturna
Evite alimentos de difícil digestão, incluindo frituras, carne vermelha e alimentos ricos em Fibras Alimentares, cafeína e açúcar.
Não ficar acordado na cama
Caso não consiga pegar no sono ou acorde no meio da noite, se não voltar a dormir em até 20 minutos, não adianta ficar insistindo.
O melhor é levantar e fazer algo que tire sua atenção da dificuldade em dormir, deitando-se novamente depois. Procure não se alimentar neste momento.
Medicamentos para dormir
A necessidade de medicamentos para dormir deve ser avaliada caso a caso. Elas não devem ser usadas como medida única para o tratamento da insônia.
O uso a longo prazo deve ser evitado na maior parte dos casos, devido aos efeitos colaterais, efeitos de tolerância (quando a mesma dose do medicamento deixa de fazer efeito) e a dependência química.
Entretanto, o uso a curto prazo pode ser importante em alguns casos, até que outros problemas relacionados à deficiência de sono possam ser melhor controlados.