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Depressão

Incidência da depressão


A depressão é um problema muito mais comum do que a maior parte das pessoas imaginam, até porque poucas pessoas falam abertamente sobre seus problemas.

Pelo contrário: a maior parte do conteúdo que lemos em redes sociais ou que ouvimos em grupos de pais de alunos de uma escola estão relacionadas a experiências positivas, viagens, bons relacionamentos e demonstrações de sucesso financeiro.

Mas, na vida real, relacionamentos conturbados, problemas familiares e problemas financeiros são muito mais comuns do que se faz parecer.

Dados do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) do governo norte-americano estimam que 18,5% dos adultos americanos tiveram sintomas de depressão em qualquer período de 2 semanas em 2019 (1).

O transtorno atinge hoje cerca de 280 milhões de pessoas no mundo e a previsão da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que em breve ela será a doença mais comum do planeta (1).

Além disso, diversos outros problemas do mundo moderno contribuem para uma maior incidência da depressão no mundo de hoje, incluindo:

  • A ideia de felicidade constante nas mídias sociais;
  • O aumento do desemprego e das diferenças entre as classes sociais;
  • A supervalorização da aparência;
  • A globalização crescente, fazendo com que pessoas jovens mudem de sua cidade natal e se distanciam fisicamente de seus entes queridos.

Embora a depressão sempre tenha existido, o diagnóstico é cada vez mais comum. Existe muito mais abertura para falar sobre depressão hoje do que havia trinta anos atrás, o que tem reduzido um pouco a resistência em buscar um tratamento efetivo.

Muitos artistas e celebridades estão falando abertamente sobre a depressão e ajudando a diminuir o estigma da doença. Campanhas como o Setembro Amarelo também contribuem para isso.

Sinais e sintomas da depressão


A depressão é uma condição complexa, caracterizada essencialmente por uma sensação de mal-estar, desconforto, ansiedade e/ou tristeza.

Ela apresenta sinais e sintomas cuja intensidade e duração prejudicam a qualidade de vida, resultando em prejuízo nas funções que desempenhamos nas diferentes esferas da nossa vida. Isso inclui o autocuidado, cognição, relacionamentos sociais e trabalho, entre outras.

A depressão pode se manifestar com diferentes sinais e sintomas em diferentes pessoas. Os sintomas também podem variar na intensidade e frequência.

Algumas pessoas apresentam sinais de depressão constantemente. Mas, em outros casos, ela pode ser intermitente.

Se você ou algum conhecido tiver alguns dos seguintes sinais e sintomas quase todos os dias ao longo de pelo menos 2 semanas, a possibilidade de depressão deve ser considerada:

  • Sentir-se triste, ansioso ou “vazio”;
  • Sentir-se sem esperança, sem valor e pessimista;
  • Chorar muito;
  • Sentir-se incomodado, irritado ou com raiva;
  • Perder o interesse em hobbies ou outras atividades que gostava antes;
  • Diminuir a energia;
  • Sensação de fadiga;
  • Dificuldade em se concentrar ou tomar decisões;
  • Problemas com a memória;
  • Mover-se ou falar mais devagar do que o habitual;
  • Dificuldade para dormir, acordar cedo pela manhã ou dormir demais;
  • Mudanças no apetite ou peso corporal;
  • Dor crônica sem causa clara e que não melhora com o tratamento, incluindo dor de cabeça; dores nas articulações, problemas digestivos ou cólicas;
  • Pensamentos de morte, suicídio, automutilação ou tentativas de suicídio.

Depressão na infância e adolescência

Os critérios para a caracterização da depressão na infância são, em essência, os mesmos utilizados para o público adulto.

Transtornos depressivos em crianças e adolescentes são especialmente preocupantes, uma vez que são prevalentes e podem resultar em efeitos adversos a longo prazo. Ela prejudica o relacionamento com os colegas e familiares, a realização de atividades sociais e compromete o desempenho escolar, entre outras coisas.

Crianças muito pequenas com depressão maior costumam ser vistas como tristes ou apáticas, embora tenham uma maior dificuldade em expressar seus sentimentos.

Algumas das queixas comumente vistas nestas crianças e adolescentes incluem:

  • Queixas somáticas, como dores de cabeça, dores no estômago ou dores pelo corpo, não justificados por outros problemas de saúde.
  • Aparência tímida e triste.
  • Baixa autoestima.

Estima-se que aproximadamente uma a cada 300 crianças entre 2 e 4 anos apresente algum transtorno de humor. Nas crianças entre 5 aos 10 anos, a incidência é de aproximadamente 2 a 3%, sem distinção entre meninos e meninas.

Infelizmente, no entanto, muitos destes casos evoluem sem que a criança receba o diagnóstico de depressão.

Diagnóstico da depressão


Depressão é um sentimento de tristeza suficientemente intenso para afetar o desempenho de funções e/ou reduzir o interesse ou o prazer em atividades.

Estes sentimentos acontecem sem uma motivação clara ou de forma desproporcional em relação a um acontecimento traumático. Além disso, o sentimento se prolonga para além do que seria normal para a situação específica que o desencadeou.

Muitos ainda enxergam a depressão meramente como um momento de tristeza e não como uma doença grave. Embora a depressão e a tristeza compartilhem algumas características, elas não são a mesma coisa.

A tristeza sentida após a perda de um ente querido, demissão do emprego, diagnóstico de uma doença ou de uma separação não apenas é normal como é esperada.

Eventos tristes e perturbadores acontecem com todos. Mas, quando o sentimento de tristeza é constante ou muito frequente, é preciso considerar a possibilidade de um transtorno depressivo.

A forma como a depressão e tristeza se manifestam costuma ser diferente. No luto, por exemplo, os sentimentos alternam emoções positivas e memórias felizes da pessoa perdida com os sentimentos de dor emocional. No transtorno depressivo maior, os sentimentos de tristeza são constantes.

As pessoas experimentam a depressão de maneiras diferentes. Ela pode interferir no trabalho diário, resultando em perda de tempo e menor produtividade.

Também pode influenciar nos relacionamentos e em algumas condições crônicas de saúde.

Conflitos emocionais X depressão


Conflitos emocionais e distúrbios mentais são problemas diferentes, muitas vezes confundidos. O conflito emocional está atrelado à dificuldade para expressar os sentimentos, o que quer e o que pensa.

Em razão disso, desenvolve-se uma tensão interna grande, que interfere nas ações, relacionamentos e atitudes da pessoa.

Muitos destas atitudes podem ser confundidas com aqueles, da depressão, incluindo:

  • Atitude defensiva: pessoas que estão vivenciando conflitos sociais estão sempre prontas para reagir contra possíveis críticas, contrariedades e divergências de opinião. A pessoa está sempre justificando seus comportamentos e reações e tem dificuldade para aceitar uma opinião diferente.
  • Intransigência: a pessoa pode se tornar excessivamente crítica consigo mesma e com as pessoas ao redor. Passa a encarar a vida com negatividade e pessimismo, não enxerga as próprias qualidades nem os pontos positivos das outras pessoas. A crítica não é construtiva, mas depreciativa.
  • Isolamento social: Pessoas que estão vivendo conflitos emocionais não enxergam motivação para compartilhar os momentos ao lado da família ou dos amigos. As emoções negativas ficam mais afloradas, dificultando as relações interpessoais.

Pessoas que desenvolvem conflitos emocionais muitas vezes também podem se beneficiar da psicoterapia.

Em alguns casos, profissionais especializados naquilo que está causando o conflito podem ajudar, como um consultor financeiro (no caso de os problemas estarem relacionados a questões econômicas) ou uma terapia de casal (no caso de conflitos conjugais).

Avaliação da gravidade da Depressão

Depressão leve

Envolve sintomas como:

  • Irritabilidade ou raiva;
  • Desesperança;
  • Sentimentos de culpa e desespero;
  • Perda de interesse em atividades que gostava;
  • Dificuldades de concentração no trabalho;
  • Falta de motivação;
  • Desinteresse em socializar;
  • Dores e sofrimentos aparentemente sem causa direta;
  • Sonolência diurna;
  • Fadiga;
  • Insônia;
  • Mudanças de apetite;
  • Mudanças de peso.

Os sintomas devem persistir na maior parte do dia em ao menos quatro dias na semana por ao menos duas semanas consecutivas.

Depressão moderada:

A principal diferença em relação à depressão leve é que os sintomas da depressão moderada são graves o suficiente para causarem problemas em casa e no trabalho, além de interferir de forma mais definitiva na vida social.

Problemas de autoestima, perda de produtividade, sentimentos de inutilidade e sensibilidade emocional aumentada para eventos do dia a dia são mais evidentes do que na depressão leve. Familiares e pessoas próximas não costumam ter dificuldade em perceber que alguma coisa está errada.

Depressão grave:

Entre os sinais que diferenciam a depressão grave da depressão moderada incluem-se:

  • Perda significativa de apetite e peso;
  • Problemas de sono;
  • Delírios, alucinações e pensamentos frequentes de morte ou suicídio.

O paciente com depressão grave tende a se isolar e tem problemas para sair da cama ou sair de casa.

Risco de suicídio

Pensamentos de morte são um dos sintomas mais graves de depressão. Muitas pessoas deprimidas querem morrer ou sentem que, por valerem pouco, merecem morrer.

Aproximadamente 20% das pessoas deprimidas não tratadas terminam a sua vida se suicidando (1).

Alguns destes suicídios não são reconhecidos porque são classificados como acidentes, overdoses de drogas ou tiroteios.

Alguns dos fatores associados a maior risco para suicídio incluem:

  • História atual ou passada de abuso de substâncias;
  • História anterior de tentativa de suicídio;
  • História familiar de suicídio;
  • História familiar de doença mental ou abuso de substâncias;
  • Presença de armas de fogo em casa;
  • Encarceramento;
  • Sentimentos de desespero;
  • Transtorno bipolar.

Aniversários importantes e datas comemorativas, como o natal, são momentos de maior risco para o suicídio.

Quais as principais causas da depressão?


A depressão, assim como outras formas de doença mental, está relacionada a desequilíbrios químicos no cérebro. Além disso, fatores genéticos e ambientais (um trauma, por exemplo) também podem contribuir para o problema.

Ela não deve ser vista como um sinal de fraqueza pessoal, falhas de caráter ou problemas com a educação.

São fatores que podem contribuir para a depressão:

  • Química cerebral: pode haver um desequilíbrio químico em partes do cérebro que controlam o humor, os pensamentos, o sono, o apetite e o comportamento em pessoas que sofrem de depressão;
  • Níveis hormonais: mudanças nos hormônios femininos estrogênio e progesterona durante diferentes períodos de tempo, como durante o ciclo menstrual, período pós-parto, perimenopausa ou menopausa, podem aumentar o risco de depressão;
  • Histórico familiar: histórico familiar de depressão aumenta o risco tanto para a depressão como para outros transtornos do humor;
  • Trauma na infância: alguns eventos traumáticos na infância afetam a maneira como o corpo reage ao medo e a situações estressantes e podem contribuir para o desencadeamento de um quadro depressivo;
  • Condições médicas: certos problemas de saúde aumentam o risco para depressão, como doença crônica, insônia, doença de Parkinson, Acidente Vascular Cerebral (AVC), Infarto do miocárdio e câncer;
  • Uso de substâncias: histórico de uso indevido de drogas recreativas ou álcool pode contribuir para o quadro depressivo. Além disso, medicamentos incluindo alguns tipos de anticoncepcionais hormonais, corticosteróides e beta-bloqueadores, podem estar associados a um maior risco de depressão.
  • Dor: pessoas com dor emocional ou física crônica por longos períodos de tempo têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolver depressão.

Quais os tipos de depressão?

1. Transtorno depressivo maior (depressão unipolar)

Esse é o tipo de depressão mais comum e mais conhecido. Caracteriza-se por um quadro de humor deprimido, perda de interesse e de prazer, fadiga, sensação de esgotamento físico e abandono ou diminuição de atividades rotineiras.

2. Depressão bipolar

O Transtorno Bipolar caracteriza-se pela alternância de momentos depressivos com períodos de euforia ou excitação.

Ainda que não seja tecnicamente classificada como depressão, a pessoa pode apresentar humor bastante deprimido durante as crises, com sintomas que satisfazem os critérios para depressão maior.

3. Distimia (transtorno depressivo persistente)

Forma crônica de depressão, com duração mínima de dois anos.

O indivíduo se encontra triste, desanimado, pessimista e sem vontade de agir na maior parte do tempo, com pouca energia e baixa capacidade de concentração.

Os episódios de depressão maior se alternam com períodos de sintomas menos graves.

4. Depressão pós-parto

Os sintomas podem aparecer nas primeiras semanas depois do parto ou mesmo durante a gestação.

Os sentimentos de extrema tristeza, ansiedade e exaustão podem dificultar que a mãe realize os cuidados com o bebê e de si mesma.

5. Transtorno Disfórico pré-menstrual

Assim como com a Tensão Pré Menstrual (TPM), os sintomas reaparecem mensalmente no período pré-menstrual em decorrência das alterações hormonais que acontecem neste período e desaparecem quando o ciclo se inicia.

Os sintomas, no entanto, são muito mais graves do que na tensão pré-menstrual comum, a ponto de deixar a paciente incapaz de exercer atividades, por tristeza, irritabilidade, vontade de isolamento e muita indisposição.

6. Transtorno afetivo sazonal

É o nome dado à depressão durante os meses de inverno, quando há menos luz solar natural. Ela acontece especialmente em países de clima temperado, onde os dias de invernos são curtos e a exposição à luz é reduzida.

7. Depressão psicótica

Ocorre quando uma pessoa tem depressão grave e sintomas psicóticos, incluindo:

  • Delírios: falsas crenças decorrentes de uma visão distorcida da realidade;
  • Alucinações: pessoa que escuta ou enxerga coisas perturbadoras que os outros não conseguem perceber.

Os delírios frequentemente têm conteúdo persecutório.

8. Transtorno depressivo induzido por substância/medicamento

Sintomas depressivos que se desenvolvem em decorrência da ingestão, injeção ou inalação de uma droga recreativa ou medicamento.

Os sintomas depressivos persistem além da duração esperada dos efeitos fisiológicos da intoxicação ou período de abstinência.

Tratamento da depressão


As manifestações, motivações e gravidade da depressão variam de pessoa para pessoa. Assim, o tratamento também precisa ser individualizado.

Como regra geral, as seguintes formas de tratamento devem ser consideradas:

  • Depressão leve: terapia de suporte, incluindo visitas frequentes ao médico, educação e psicoterapia;
  • Depressão moderada a grave: Medicamentos, psicoterapia ou ambos. Às vezes, pode ser considerada a eletroconvulsoterapia;
  • Depressão sazonal: Fototerapia

Atividade física


A depressão é uma causa comum de sedentarismo. Assim, cada vez mais a prática de atividade física tem sido reconhecida como uma forma eficaz de tratamento da depressão.

O exercício físico reduz a ansiedade e o estresse, melhora a autoestima e a autoconfiança.

Além disso, ele melhora outros aspectos gerais da saúde, incluindo:

  • Melhora da capacidade cardiopulmonar;
  • Melhora do controle corporal;
  • Controle de dores musculoesqueléticas;
  • Controle da Obesidade
  • Melhora do bem-estar geral.
  • Todos estes benefícios têm impacto direto nos sintomas depressivos.

Discutimos mais sobre isso em um artigo sobre Atividade física e depressão.

Psicoterapia


A psicoterapia é um dos pilares principais do tratamento da depressão.

Muitas pessoas com depressão têm dificuldade de compreender ou aceitar uma perda, uma situação familiar ou outras condições que comprometam sua saúde e bem-estar. É comum e esperado que elas não se sintam à vontade para discutir o problema com pessoas próximas.

O psicoterapeuta é um profissional neutro, que pode trazer um ponto de vista mais isento e menos enviesado, por exemplo, em relação a um conflito familiar.

Dependendo da situação, poderá ajudar a encontrar alternativas que possam contribuir para a resolução destes conflitos. Em outros casos, poderá ajudá-lo a aceitar melhor uma determinada situação.

O terapeuta provavelmente está mais do que acostumado a ouvir problemas como o seu. Entretanto, isso não significa que seja fácil para você se abrir para um desconhecido sobre coisas que são muito pessoais ou difíceis de falar.
Durante a terapia, você será estimulado a falar aquilo que considera mais importante.

Por outro lado, você não deve se sentir pressionado a falar sobre algo que não considere relevante. Saber isso antes ou no início da terapia pode deixar o paciente mais relaxado e à vontade com o terapeuta.

Uma boa forma de tirar o melhor proveito na terapia é pensar consigo mesmo aquilo que você sente necessidade de falar com alguém e sente que falta uma oportunidade adequada ou uma pessoa para isso.

O ideal é que você leve uma demanda para o terapeuta, e não que fique aguardando passivamente que ele tome a iniciativa.

A maior parte das pessoas com depressão demoram para procurar ajuda e chegam para o tratamento com pouca esperança de melhora.

Muitos se sentem fracassados e impotentes diante da situação. Assim, criar um ambiente positivo e uma esperança real no paciente é o primeiro passo. Quando um paciente vai para a terapia achando que está perdendo o tempo, provavelmente ele estará de fato perdendo tempo.

A confiança mútua é fundamental. Quando um paciente não gosta ou não confia no terapeuta, é menos provável que ele se sinta capaz de se abrir sobre seus sentimentos e menos provável que tenha uma experiência positiva.

Muitas vezes, pode levar algumas sessões até que você se sinta confortável para falar sobre assuntos mais delicados. O terapeuta precisa respeitar o seu tempo para isso.

Nenhum problema em falar, simplesmente, que ainda não está preparado para conversar sobre um determinado assunto.

Para melhorar a experiência e o resultado da terapia, é preciso considerar também o que se faz antes e depois da terapia.

Você deve chegar relaxado para o tratamento e deve ser capaz de dar este tempo para si, ao invés de ficar sobrecarregado pensando nos problemas do trabalho ou de casa.

Sua sessão pode trazer emoções difíceis. Para ajudar a controlar isso, ter um tempo para assimilar aquilo que foi conversado é importante.

Você pode tentar uma atividade relaxante, como ouvir sua música ou fazer uma caminhada antes de voltar à sua rotina habitual.

Medicações antidepressivas


Como regra geral, os antidepressivos são indicados na depressão moderada ou grave, sempre acompanhados da psicoterapia.

Os Antidepressivos podem ajudar a melhorar o humor, o interesse por atividades, o sono, o pensamento e a concentração.

Por outro lado, podem provocar efeitos colaterais como ganho de peso, náusea, dor de cabeça, boca seca e dificuldade em dormir.

Os efeitos colaterais diferem entre os antidepressivos e também de paciente para paciente.

Diferentes tipos de antidepressivos estão disponíveis no mercado, sendo que eles diferem pouco em relação a eficácia. A principal diferença está relacionada à tolerabilidade e efeitos colaterais.

Não existe um que possa ser considerado o melhor para qualquer paciente, até porque as manifestações da depressão são muito variáveis. A escolha depende dos sintomas e das necessidades individuais.

A eficácia dos antidepressivos varia de paciente para paciente. Entretanto, os efeitos não são imediatos e podem levar de 6 a 8 semanas para serem percebidos (1).

Os antidepressivos ajudam a equilibrar os níveis de neurotransmissores, incluindo a serotonina, dopamina e norepinefrina.

Estas substâncias são responsáveis pela comunicação entre os neurônios no cérebro e seus níveis costumam estar reduzidos no paciente com depressão.

Por outro lado, os efeitos colaterais podem aparecer precocemente e muitas vezes podem levar ao abandono do tratamento medicamentoso.

Aproximadamente 30% dos pacientes pararam de tomar os antidepressivos dentro de um mês após o início do tratamento e entre 45% e 60% interromperam o tratamento prescrito nos três primeiros meses (1).

Falta de informação sobre os efeitos colaterais contribuem para um maior risco de descontinuação.

Náusea e cefaléia são os principais efeitos que levam à descontinuação no primeiro mês, sintomas estes que tendem a melhorar entre 2 e 4 semanas após o início da medicação.

Nos segundo e terceiro meses, os efeitos colaterais mais comuns incluem:

  • Fadiga;
  • Visão turva;
  • Dificuldade para adormecer;
  • Ansiedade;
  • Alterações do apetite;
  • Ganho de peso;
  • Diminuição da libido, retardo da ejaculação ou ausência de orgasmo.

A retirada dos antidepressivos geralmente é recomendada quando os sintomas estiverem bem controlados por ao menos 6 meses.

Outros motivos que podem levar à descontinuação dos antidepressivos incluem a presença de efeitos colaterais, gestação ou falta de resposta ao tratamento.

No momento da retirada da medicação, é importante observar eventuais sintomas de abstinência e, também, a eventual recorrência dos sintomas.

A recorrência dos sintomas pode ser um sinal de que ainda não estava na hora de a medicação ser retirada.

Eletroconvulsoterapia


A eletroconvulsoterapia é uma técnica utilizada no tratamento de uma série de distúrbios psiquiátricos, incluindo a depressão.

Neste caso, ela tem por objetivo o controle dos sintomas mais graves da doença. Ela é indicada sobretudo quando é necessária uma resposta mais rápida ao tratamento ou quando os medicamentos não surtem o efeito desejado.

A técnica começou a ser utilizada na psiquiatria na década de 1930, quando se percebeu que a convulsão atenua significativamente os sintomas de doenças psiquiátricas que não respondiam a outras formas de tratamento.

Nessa época, os estudos sobre a eletroconvulsoterapia eram limitados e os métodos de utilização ainda não eram bem definidos. Os efeitos colaterais eram severos e o tratamento era bastante sofrido.

Muito mudou de lá para cá e hoje podemos dizer que a eletroconvulsoterapia é uma técnica segura e que não gera desconforto no paciente.

O procedimento tem duração de aproximadamente 30 minutos e é feito sob anestesia geral, de forma que é preciso estar em jejum.

O paciente é acompanhado pelo psiquiatra e pelo anestesista durante todo o procedimento.

Após a anestesia ser administrada, o paciente recebe relaxantes musculares, para evitar a contração muscular e possíveis fraturas, sobretudo em pacientes idosos ou com problemas ósseos.

Além disso, o paciente ainda recebe oxigenação e monitoramento cardíaco, cerebral e de pressão arterial.

Em seguida, são colocados os eletrodos por onde o estímulo elétrico será aplicado. O estímulo só é disparado na quantidade suficiente para provocar a convulsão. Entretanto, a convulsão não será perceptível visualmente, mas apenas por meio de monitores.

Normalmente, a frequência da terapia é de até três vezes na semana. O paciente não costuma se lembrar das aplicações devido à anestesia, e podem ocorrer lapsos de memória temporal durante os meses de tratamento, que passam em seguida.